O JARDIM DOS VIRTUOSOS
Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso
Abreviaturas usadas no Livro
AS (AIaihis SaIam): Expressão árabe utilizada
após a citação do nome dos profetas e dos
anjos de Deus, e significa: "Que a paz
esteja com ele".
Prefácio
A majestade e a importância dos ahádice (plural de hadice) ditos ou tradições
do Profeta do Islam, Mohammad (S), além de seu valor moral, podem ser
inteiramente apreciadas apenas quando alguém se conscientiza de que toda a
estrutura religiosa, moral, social econômica e política de mais de um quinto da
humanidade, assenta-se no Alcorão Sagrado e nos ditos e atos, ou sunna, do
Profeta Mohammad (S).
O Alcorão Sagrado, juntamente com as tradições e a sunna do Profeta são
as fontes da chari'a ou ajurisprudência islâmica. OAlcorão Sagrado é a palavra
divina de Deus, revelada ao Profeta Mohammad (S). É para o muçulmano, de
qualquer escola, a inquestionável e principal fonte, e autoridade final para todas
as leis - religiosa, civil ou criminal.
O Profeta Mohammad (S) é o derradeiro Mensageiro de Deus, e a mensagem
que ele recebeu é a última mensagem divina do Todo-Poderoso Deus para os
Seus servos. Não haverá mais profetas depois do Profeta Mohammad (S). Como
tal, Deus não apenas revelou Sua última comunicação a ele, mas fez dele uma
perfeita espécie humana, e cornessionou-o como Seu último Mensageiro,
admoestador e orientador para toda a humanidade. O Profeta do Islam (S) foi
um modelo perfeito a ser imitado e seguido; em outras palavras, ele foi a
personificação do Alcorão. Cada aspecto, cada uma de suas ações, seu
comportamento no lar e fora dele, está registrado e preservado nos mínimos
detalhes, para servir como guia e exemplo para a humanidade.
O Alcorão Sagrado nos diz a respeito disso:
"Realmente, tendes no Mensageiro de Deus um excelente exemplo"
(Alcorão Sagrado, 33:21).
O grande líder indiano, Mahatma Ghandi, em sua introdução ao livro de
Abdullah AI Mamun AI Suharawardy, "Os Ditos de Mohammad", disse: "Eles
(os ditos) incluem-se entre os tesouros da humanidade, e não são meramente
muçulmanos."
Tolstoy, o famoso escritor e pensador russo, apreciava a personalidade do
Profeta, carregando sempre com ele um livro contendo os seus ditos. Uma
cópia desse livro foi encontrada no bolso da capa que ele usou quando saiu para
a sua última caminhada para morrer nos campos que costumava cultivar.
OAlcorão Sagrado, sem dúvida, é a fonte principal da Lei Islâmica. Porém,
qualquer ponto não coberto explicitamente pelo Alcorão, é resolvido com a
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referência às palavras e os atos do Profeta, ou às palavras e aos atos de seus
companheiros, aprovados por ele. As ações e as palavras do Profeta foram
escutadas atentamente e observadas pelos membros da sua família e pelos seus
companheiros, que preservaram cada palavra e cada ação dele em suas mentes
e as passaram, intactas, às gerações seguintes. Eles acreditavam certamente
que cada palavra que saia de sua boca, ou ação que ele praticava, era inspirada
por Deus. Esta crença é corroborada pelo Alcorão Sagrado:
"Isto não é senão a inspiração que lhe foi revelada, que lhe transmitiu
o fortíssimo (Gabriel)" (53:4-5).
"Em verdade, aqueles que te juram fidelidade, juram fidelidade a Deus.
A Mão de Deus está sobre as suas mãos" (48: 10).
Devido à importância dos sermões e dos ditos do Profeta (S) para a nossa
orientação, é necessário que o muçulmano suplemente os seus conhecimentos
do Alcorão Sagrado com os ditos do Profeta (S).
Étambém um fato que, enquanto o Alcorão Sagrado é a palavra de Deus, o
hadice e a sunna não são. A linguagem dos dois diferem, e as pessoas
familiarizadas com a língua árabe conseguem diferenciar entre eles pela sua
dicção. O Alcorão Sagrado é, indubitavelmente, obra-prima - incomparável,
inimitável. Nenhum ser humano consegue imitá-lo ou produzir mesmo uma
simples linha igual a ele. Este é um desafio permanente, porém, sem resposta,
desde há 1400 anos. O Alcorão Sagrado é um milagre vivo e uma prova da
verdade e da veracidade do Profeta (S) e do Islam. Todavia, a linguagem das
tradições, apesar de não ser do nível da linguagem do Alcorão, sobrepuja
quaisquer outros escritos terrenos, em composição e eloqüência. As tradições
são classificadas como soberbas e excelentes obras da literatura árabe.
Depois do Livro Sagrado, as tradições (ahádice) e a sunna do Profeta,
desempenharam um papel preponderante na composição e no desenvolvimento
da Lei Islâmica, a chari'a. São consideradas como os princípios básicos da fé
islâmica. Elas contêm material exaustivo e orientação para todos os aspectos
da vida do muçulmano. Sem algum conhecimento das tradições e da sunna,
seria difícil para o muçulmano a abordagem apropriada dos problemas da vida,
e compreender os seus direitos e deveres em sua vida cotidiana.
As tradições e a sunna contêm assuntos que cobrem todos os setores da
vida humana, e são, de fato, a caixa do tesouro das boas maneiras e das
excelências morais necessárias para aperfeiçoar a vida espiritual e material da
pessoa. Seguir os passos do Profeta (S), deve ser o objetivo do muçulmano para
alcançar o sucesso e a salvação neste mundo e no Outro. Num versículo, o
Alcorão nos diz:
"Dize: Se verdadeiramente amais a Deus, segui-me; Deus vos amará"
(3:31).
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Quanto à compilação e preservação das tradições e da sunna, podemos
dizer que na sociedade árabe pré-islâmica era raro encontrar três dúzias de
pessoas que soubessem ler e escrever. Era um tempo em que inexestia a
confecção de livros, de uma maneira sistemática, e as indústrias gráficas eram
desconhecidas. Por isso, os árabes dependiam, para a transmissão de suas
tradições, inteiramente, de suas privilegiadas memórias. A poesia pré-islâmica,
que havia alcançado um nível altíssimo, era preservada somente pela tradição
ora!. Essa situação ajudou no surgimento de uma classe de profissionais que
faziam de seu poder de memorização um negócio lucrativo. Um desses
profissionais, Hammad, declarou e provou que ele poderia recitar, para cada
letra do alfabeto, cem longos poemas rimando naquela letra. Posteriormente,
ele declarou que conhecia, de cor, milhares de poemas. Outra pessoa, Abu Zam
Zam, uma vez recitou poemas de cem poetas, contendo o nome "Ômar". Outro
profissional recitador, Rawi, declarou que poderia recitar poemas continuamente
durante um mês, sem recorrer a nenhuma repetição. Podemos citar aqui um
exemplo recente. Hassan AI Banna, o famoso gênio e sábio egípcio foi urna vez
solicitado a recitar algumas parelhas de versos de uma antologia em particular.
Em resposta, ele recitou, de improviso, mil parelhas da antologia, citada, e disse
que poderia recitar mais.
No começo, as tradições do Profeta e sua sunna foram memorizadas pelos
membros de sua família e pelos seus companheiros, que lhe eram muito íntimos,
e desfrutavam do privilégio de estarem constantemente em sua companhia. Essas
pessoas estavam, portanto, em melhor posição de ouvirem as suas palavras e
observarem as suas atividades.
Os colecionadores e narradores das tradições e da sunna eram pessoas
extremamente piedosas, possuiam um excelente e inimitável caráter moral. Eles
costumavam escrever ou decorar as tradições e a sunna do Profeta (5), e as
recitavam em diferentes locais públicos, nas mesquitas e nas reuniões. Apesar
de grande número dessas tradições terem sido gravadas, um considerável número
deles era preservado na memória dos companheiros íntimos do Profeta (5).
Depois de algum tempo, como resultado de rivalidade política entre os
seguidores de Áli (R) e de Muáwiya (R), cada grupo começou produzir ditos,
ordens e orientações do Profeta (5), em defesa de seus próprios pontos de vista.
Nesse tempo, os hipócritas e os inimigos do Islam, começaram forjar falsas
tradições e falsos casos sobre a vida e missão do Profeta (5). Eles misturaram
muitas tradições espúrias com as verdadeiras. Para coibirem essa confusão,
sábios muçulmanos e teólogos sentiram a necessidade de planejar um sistema
para controlar a dissiminação das falsas tradições e separar as tradições genuínas
das falsas.
No ano 101 da Hégira, Ômar Ibn Abdul Aziz, um piedoso e virtuoso califa,
designou alguns teólogos para separarem as tradições genuínas. Esses teólogos
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estabeleceram regras para descobrirem as fontes das tradições e os dados
bibliográficos dos narradores, prestando especial atenção a seus pontos de vista
religiosos. Seus esforços resultaram na criação e no desenvolvimento das ciências
críticas como 'Ilmul Hadice" (ACiência das Tradições), "Ilmur Rijal" (A Ciência
das Personagens) e "Ilmul Asmá" (A Ciência dos Nomes). De acordo com isso,
toda tradição era submetida a uma severa checagem e escrutínio quanto ao estilo
de linguagem, forma, redação e vocabulário. Então, a idéia ou o tema da tradição
era minuciosamente examinado quanto àsua coerência com o Alcorão Sagrado
e com as outras tradições, e sua relevância com outros fatos historicamente
estabelecidos. Oconteúdo ou o tema era também testado pela sua criteriosidade
e racionalidade. Depois de tudo, toda corrente de narradores (isnad) era sujeita
ao mais rígido teste de historicidade e verificação, de acordo com os princípios
estabelecidos na Ciência dos Personagens, ou o exame crítico, nos mínimos
detalhes, da vida pessoal de milhares de companheiros do Profeta e de seus
contemporâneos. Este era o modus operandi do teste desenvolvido pelos sábios
muçulmanos, há mais de mil anos atrás, para avaliar a autenticidade ou não de
um fato histórico. O criticismo islâmico utilizado textualmente na pesquisa
científica era um tipo único e incomparável, que o mundo nunca viu ou
provavelmente verá.
Como resultado da pesquisa e do trabalho desses sábios teólogos (ulemá),
muitos livros padrão foram escritos e publicados, tratando das vidas dos
narradores, especialmente, de seu caráter e comportamento, em seu dia a dia,
de sua reputação e honestidade.. Nesse exercício, o estilo de narração dos
narradores e os assuntos eram diretamente comprovados. Alguns desses notáveis
tradicionalistas ou compiladores, que trabalharam sistematicamente nessas
linhas, foram Ibn Chihab Az-Zuhri e Abu Bakr Ibn Hazm. Uma idéia sobre o
cuidado e o trabalho desenvolvido na coleção e inspeção das tradições pode ser
tirada dos seguintes exemplos:
Aiub AI Ansári viajou de Madina para o Egito para colecionar um único
hadice. O mesmo aconteceu com Jábir Ibn Abdullah que levou um mês na sua
viagem para obter um único hadice de Abdullah Ibn Anas. Outro colecionador
das tradições soube que um determinado indivíduo conhecia um hadice. Ele,
então viajou muito para encontrá-lo. Ao chegar ao seu destino, ele procurou por
ele. Alguém lho indicou. O indivíduo, na ocasião, estava tentando pegar o seu
cavalo, que havia escapado, mostrando-lhe uma bolsa vazia, como se houvesse
alguma comida nela. O colecionador, vendo-o tentando enganar o animal,
concluiu que ele não seria suficientemente confiável e, portanto, sua versão do
hadice não podia ser aceita. Por isso, ele retornou para sua terra sem conversar
com o indivíduo.
No século dois da Hégira um grande número de sábios de tradição trabalhou
na matéria, e deixou um registro valioso de suas maravilhosas pesquisas e
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codificações das tradição. Dentre desses sábios podemos citar Abu Juraij, em
Makka; lmam Málik, em Madina; Imam Sufian Sauri, em Kufa; lmam Hammad .
Ibn Salma, em Basra; ImamAbdullah lbn Mubárak, em Khurassan; ImamAuzái,
na Síria e lmam Abu Hanifa, no Iraque. O lmam Abu Hanifa é o fundador da
Escola Hanafi; o lmam Málik é o fundador da Escola Máliki; lmam Cháfi'i é o
fundador da Escola Cháfi'i e lmam Ahmad lbn Hanbal é o fundador da Escola
Hanbali de jurisprudência islâmica.
O trabalho feito até ali quanto à compilação e codificação das tradições não
era completo. Como exemplo, o livro "Muwatta, do lmam Málik, tinha apenas
1700 hadice, e tratava de poucos tópicos, como a oração, o jejum, o zakat, a
peregrinação, etc .. Por isso, houve a necessidade de se fazer as compilações
mais completas e características, incluindo todos os assuntos e ampliando seu
alcance para abranger todo o Mundo Islâmico. Por isso, trabalhos em larga
escala foram efetuados, envolvendo minuciosas pesquisas das tradições, por
sábios eminentes como o lmam Musslim (falecido no ano 18 I H.) e o lmam AI
Bukhári (falecido no ano 256 H.).
As principais características desse trabalho era vincular cada tradição com
a corrente de seus narradores ou autoridades, traçando-a até o narrador original.
Além disso, direta e detalhada investigação era feita quanto a moral, a veracidade,
os pontos de vista religiosos e o poder de memorização do narrador. O lmam al
Bukhári prestou muita atenção ao exame cuidadoso de cada tradição para a
escolha das mais autênticas, entre as milhares tradições em circulação naquela
época. Das seiscentas mil tradições que foram colocadas perante ele, escolheu
apenas sete mil e duzentas e setenta e cinco tradições e as incluiu em seu livro:
"Sahih ai Bukâri", uma obra prima de pesquisa, erudição e trabalho árduo.
Similarmente, o lmam Málik escolheu apenas nove mil e duzentas tradições de
trezentas mil. As coleções do lmam aI Bukhári e do lmam Musslim são muito
respeitadas pelos muçulmanos que os consideram quase igual ao Alcorão.
Depois, esses dois livros foram suplementados por mais quatro compilações,
conhecidas como as "Quatro sunan", do lmam Abu Daúd (Falecido no ano 275
H.), do lmam Tirmizi (falecido no ano 279 H.), do lmam lbn Mája (falecido no
ano 295 H.), e do lmam Nassá'i (falecido no ano 303 H.). Além desses, há uma
importante compilação do lmam Ahmad lbn Hanbal (falecido no ano 241 H.).
Essas coleções dos ditos e atas do Profeta (S), além de seus valores morais
e religiosos, são os mais autênticos e cotidianos registras dos eventos e
acontecimentos dos primeiros dias do lslam. São muito úteis para a escrita de
livro sobre história, biografia, etc .. Eles derramam muita luz sobre o
desenvolvimento e a expansão do lslam durante os primeiros estágios e quanto
aos movimentos políticos, sociais e sectários durante aquele período.
A coleção do hadice é tão grande e volumosa que não seria possível para
cada pessoa lê-la, compreendê-la e se lembrar em agir de acordo com ela. Por
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isso, é necessário compilar um volume condensado contendo importantes e
selecionadas tradições para aquele que não podem ter tempo suficiente para ler
os inúmeros volumes. Esse livro é intitulado "Riadus-Sálihin" ou (o Jardim dos
Virtuosos), compilado pelo grande sábio e tradicionalista Imam Mohiddin Abu
Zakariya Yahia Ibn CharafAn-Nawawi.
O ImamAn-Nawawi teve muito trabalho para selecionar, aproximadamente,
1900 tradições, extraídas das compilações de Bukhári e Musslim e de um ou
dois livros de hadice, como o livro "Muwatta" do Imam Málik. Ele arranjou
essas tradições sob diferentes tópicos, suplementando-as com versículos
pertinentes do Alcorão. Ele cita os versículos no início de cada capítulo. Isso
criou um solene respeito nas mentes dos leitores e confirma o ponto de vista de
que as tradições são anotações quanto ao Alcorão.
O presente trabalho é uma tradução literal da primeira parte do texto árabe.
Cuidados especiais foram tomados para ser fiel ao texto original tanto quanto
possível.
A pessoa do Imam An-Nawawi não necessita de nenhuma apresentação,
uma vez que ele é sobejamente conhecido no Mundo Islâmico. É suficiente
dizermos que ele é um dos grandes teólogos, tradicionalistas, sábios e abnegados,
que abandonou o mundo e os confortos terrenos, para levar um vida de retiro,
devotada ao serviço dos muçulmanos e do Islam. Na sua devoção à religião, em
suas orações, piedade e abnegação, ele é, talvez, incomparável.
O ImamAn-Nawawi é autor de um grande número de livros, particularmente
sobre tradições e seus comentários. Mas o seu "Riadus-Sálihin", é o mais
importante, o mais útil e o mais popular de seus livros. Nos últimos cem anos,
ele tem servido como guia e comêndio de informações úteis para os sábios e
teólogos muçulmanos, e representa uma grande ajuda a eles na propagação e
nas práticas do Islam.
Uma vez que a obra original é em árabe, não seria possível para um grande
número de muçulmanos não árabes tirarem qualquer benefício dela. Apesar de
um número de tradução do livro existirem em outras línguas, como o urdu, o
turco, o persa, não há muito em línguas faladas no Ocidente. Esta tradução
portuguesa do "Riadus-Sâlihin" é destinada aos muçulmanos da língua
portuguesa. Ela também será de grande valia para as novas gerações de
muçulmanos que vivem no Brasil, em Portugal, em Moçambique, em Angola,
em Guinê Bissau, em Cabo Verde e em São Tomé e Príncipe, auxiliando-os a
moldarem suas vidas de acordo com o código islâmico de ética. Devemos estar
conscientes de que a verdadeira educação islâmica alerta a mente para o
significado e o valor da vida, estimulando-a e guiando-a em todas as suas
atividades. O Islam é uma religião completa, em todos os sentidos, e é a última
Palavra de Deus, Todo-Poderoso. É uma coerente e sistemática filosofia humana,
um meio natural de vida e uma crença prática.
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Os muçulmanos, que vivem em países não muçulmanos, têm de enfrentar
uma variedade de problemas; eles não apenas vivem em um ambiente estranho,
mas estão rodeados por práticas e costumes não islâmicos. A vida nesse países,
sem dúvida, é excitante e interessante, mas tudo não passa de miragem que, no
fim, leva à frustração, ao desapontamento e à ruína. Nessa situação, é muito
difícil para o muçulmano manter sua identidade islâmica, se não estiver
apropriadamente equipado e instruído nas maneiras e no meio de vida islâmico.
Esperamos que este livro capacite os muçulmanos preservarem sua
identidade islâmica, não importa o que estejam fazendo os outros ao seu redor.
Sarnir El Hayek
Março de 200 1
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Biografia do Imam Nawawi
o lmam Yahia lbn CharafIbn Mari lbn HassanAbu Zakaria an-Nawawi
é conhecido pelo nome abreviado de lmam Nawawi.
O lmam Nawawi nasceu no primeiro mês (Muharram) do ano de 631 H.
(que corresponde ao ano 1233 d.C.), em Nawa, uma aldeia perto de Damasco.
O lmam passou a sua adolescência e atingiu a maioridade nessa aldeia, onde
memorizou o Alcorão Sagrado.
O Cheikh Yassin lbn YoussefAI Maráquichi ficou impressionado com o
menino e recomendou-o ao Cheikh que lhe dava aula. Ele parecia ter nascido
para os estudos. Ele disse a respeito dele: Eu vi o Cheikh Nawawi, em Nawa,
quando era um jovenzinho de dez anos. Os outros meninos da sua idade
costumavam forçá-lo a brincar com eles, mas o Cheikh não gostava de brincar,
e permanecia ocupado com os estudos. Se seus colegas insistiam com que ele
fosse brincar com eles, a tomar parte nas suas brincadeiras, o Cheikh começava
a chorar (de raiva)." O Professor Maráquichi diz mais: "Comecei a gostar
imensamente do lmam Nawawi, a partir daquele momento."
O pai do lmam Nawawi queria que o seu filho se juntasse a ele nos
negócios, mas devido ao imponente e altruístico temperamento deste último,
ele não quis aquilo. A natureza guardava para ele uma missão mais nobre.
Ademais, ele não mostrava ter inclinação para os negócios. Durante esse tempo,
ele completou a sua leitura do Alcorão Sagrado, sendo que, desse modo, deu o
primeiro passo para o seu aprendizado.
O pai do lmam Nawawi havia-se então conscientizado dos excelentes
dotes intelectuais do seu filho. Tendo em vista o pedido do filho no sentido de
aprender, o pai resolveu providenciar uma educação adequada para o seu filho.
Portanto, levou-o para Damasco, cidade essa que era o berço do aprendizado.
Em Damasco, o lmam Nawawi iniciou os seus estudos sob a orientação do
renomado professor, Kamal Ibn Ahmad.
O lmam Nawawi diz: "Quando eu atingi a idade de 19 anos, meu pai me
levou para Damasco, onde eu ingressei na madrasa (escola) Rawaha. Estudei
naquela instituição por dois anos. Durante a minha estada na madrasa Rawaha,
eu me mantive com o alimento suprido pela madrasa. A maior parte do meu
tempo eu me dediquei ao estudo, aos comentários e às correções de vários livros.
Quando o meu professor, Professor Moghrabi (R), viu o meu interesse pelos
estudos e o meu progresso, começou a gostar muito de mim, e demonstrou
grande preocupação pela minha educação. No ano de 650 H., eu realizei a
peregrinação (hajj) juntamente com o meu pai, e fiquei na cidade de Madina
um mês e meio."
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As Preocupações dele com Seus Estudos
o lmam Nawawi costumava dormir pouco, comer pouco, fazia jejum
constante, gastando a maior parte de seu tempo nos estudos. Devido à sua
capacidade privilegiada de memorização, ele conseguiu decorar uma grande
número de livros importantes, em pouco espaço de tempo, Ele costumava estudar
cerca de 12matérias diariamente, com os seus professores; algumas das matérias
eram: Sahih Musslim (um livro de tradições), sintaxe e etimologia, lógica e
princípios de fiquih, ou jurisprudência islâmica, etc..
O lmam Nawawi ocupou altos postos na área de ensino, porém sem
nenhuma remuneração. Vivia numa casa modesta, e se sustentava com o que
seu pai lhe enviava. Apesar de ter vivido apenas 46 anos, conseguiu produzir
uma vasta coleção de livros de importância extraordinária. Algumas de suas
obras eram compostas de mais de dez volumes.
Sua Piedade
O lmam Nawawi não foi apenas um renomado sábio e literato por
excelência; ele era uma pessoa altamente religiosa, muitíssimo devotado à
oração. Sempre seguia estritamente a sunna, ou as tradições e práticas do Profeta
(S). Sempre ingeria comida simples, e recusava convites para banquetes e festas
suntuosos, e usava roupas gorsseiras. Desse modo ele viveu a vida inteira
As pessoas doutas, a elite da sociedade e as pessoas comuns daquela
época, todos respeitavam grandemente o lmam, devido à religiosidade dele, ao
homem estudado que era, e à sua excelência de caráter. Volta e meia, todos
procuravam uma oportunidade de presenteá-lo com algo, mas ele nunca aeeitava
nada como doação ou presente de ninguém, uma vez que levava uma vida de
total retiro quanto às coisas terrenas, e menosprezava toda pompa,
espetaculosidade e riqueza terrena. O lmam nunca aceitava qualquer subsídio
monetário, benefício ou favor, do governo vigente. Dizem que somente uma
vez ele aceitou, de um pobre, um pequeno presente, uma pequena vasilha de
pôr água.
Olmam passava a maior parte do seu tempo dedicando-se à disseminação
e expansão do conhecimento religioso, ou à oração e penitência. Costumava
pouco descansar, e apenas uma vez ao dia fazia a sua refeição e bebia água.
Suas Obras
O ilustre lmam viveu por apenas 46 anos; mas mesmo durante esse curto
período ele escreveu um grande número de livros sobre vários assuntos, cada
um dos quais é uma obra-prima e um tesouro de permanente conhecimento e
informação.
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Algumas das obras do Imam estão enumeradas abaixo:
1. Charh Sahih al Bukhâri (Comentário Sobre Sahih ai Bukhári). Quanto
a esse livro, o lmam Nawawi disse: "Nesse Comentário, eu tenho apresentados
bons e valiosos conhecimentos.
2. AI Minhaj Fi Charah Musslim Ibn al Hajjaj (Comentário Sobre a
Exegese de Musslim Ibn aI Hajjaj). Acerca desse Comentário, o lmam Nawawi
disse: "Se eu não tivesse levado em conta a fragilidade de persistência e paciência
dos leitores, teria sido bem mais diligente, e teria estendido a obra para mais de
100 volumes; mas (por essa razão) eu segui o meio termo." Presentemente,
esse Comentário está disponível em apenas dois volumes. O Cheikh Chamsuddin
Mohammad bin Yusuf Hanafi (falecido em 788 H.) resumiu a obra.
3.Aobra Riadhus Sâlihin -, Jardim dos Virtuosos) Trata-se duma coleção
de quase 2000 tradições selecionadas, mas autênticas, apoiadas por relevantes
versículos do Alcorão, de modo objetivo.
Sua Morte
Em 676 H. o Imam Nawawi devolveu, para os seus respectivos donos,
todos os livros que tinha tomado emprestado; visitou os túmulos dos seus
professores e dos mais velhos, e orou por eles. Nessa ocasião ele ficou tão
comovido, que as lágrimas lhe vieram aos olhos. Depois, dando adeus aos seus
amigos e admiradores, ele voltou para a sua cidade natal, Nawa. Um grupo de
conhecidos o acompanhou até à saída de Damasco para lhe dar adeus. Eles lhe
perguntaram: "Quando nos encontraremos de novo?" O Imam respondeu:
"Depois de duzentos anos." Os que estavam presentes nessa ocasião entenderam
que o Imam se referia ao Dia do Julgamento.
Depois daquilo, o Imam foi para Bait al Makdis (Jerusalém), onde visitou
o túmulo do profeta Abraão (Ibrahim - AS), e voltou para a sua terra natal,
Nawa. Logo depois da sua chegada àquele lugar, ele caiu doente, e expirou na
noite de quarta-feira, dia 14 do mês de Rajab do ano 676 H., estando o seu pai
ainda vivo.
Quando a notícia da morte do Imam Nawawi chegou a Damasco, as
pessoas da cidade e das áreas ao redor ficaram contristadas de pesar. O Câdi al
Qudat (Ministro da Justiça) de Damasco, o senhor Izzuddin Mohammad Ibn
Saígh, visitou o túmulo do lmam, em Nawa,juntamente com uma delegação de
dignitários, e orou por ele. Um grande número de poetas compôs elegias
elogiosas ao Imam, lastimando o seu desaparecimento. O Cheik Wali al Din
Ibn ai Khatib (R), o compilador do Mishkat, dedicou o seu livro Akmal Fi Asma
al Rijal ao lmam Nawawi.
Que Deus conceda graça e paz ao nosso Profeta Mohammad, a seus
familiares e a seus companheiros até o Dia do Juízo Final.
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Em noime de Deus, o Clemente, o Misericordioso
CAPÍTULO I
A SINCERIDADE, O DESPRENDIMENTO E A BOA INTENÇÃO EM
TODOS OS ATOS E ASSUNTOS, PÚBLICOS E PRIVADOS
Deus, o Altíssimo, disse:
"E nada lhes foi recomendado a não ser que adorassem sinceramente
a Deus, fossem monoteístas, observassem a oração e pagassem o zakat; esta
é a verdadeira religião" (Alcorão Sagrado, 98:5).
E o Altíssimo disse também:
"Nem suas carnes, nem seu sangue chegam até Deus; outrossim,
alcança-O a vossa piedade" (Alcorão Sagrado, 22:37).
E o Altíssimo disse ainda:
"Diz: Quer oculteis o que encerram vossos corações, quer o
manifesteis, Deus bem o sabe" (Alcorão Sagrado, 3:29).
1. Ômar lbn AI Khattab (R) relatou que ouvira o Mensageiro de Deus
(S) dizer: "As obras são avaliados pelas intenções. Assim, cada pessoa alcançará
o que busca, de acordo com suas intenções. Desse modo, aquele cuja emigração
acontecer pela causa de Deus e do Seu Mensageiro, essa emigração será
considerada como sendo pela causa de Deus e do Seu Mensageiro. Porém, aquele
que emigrar em busca de algum benefício material, ou para desposar uma mulher,
sem dúvida a sua emigração será para aquilo para o quê emigrou." (Bukhári)
2. Aicha (R) relatou que o Profeta disse: "Um exército irá avançar rumo
à Kaaba, e quando chegar à planície de Baidá, todo ele será tragado pela terra".
ao que ela perguntou: -o Mensageiro de Deus (S), por que aqueles que
acompanharem o exército a contra-gosto, e aqueles que não pertencerem ao
exército deverão sofrer?" O Profeta respondeu: "Todo o exército irá ser tragado
pela terra, mas, no Dia do Julgamento. eles serão ressuscitado de acordo com
suas intenções," (Muttafac alaih)'
3. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Posto que
Makka foi conquistada, a migração, para os muçulmanos, não mais é necessária;
mas o jihad (porfia e combate) pela causa de Deus, e o anseio por ele,
permanecem obrigatórios; e sempre que fordes convocados (pelo lmam) a
empreendê-lo, devereis fazê-lo." (Mutaffac alaih)
I, Expressão que significa que o hadice é aceito por todos os narradores: Bukhári, Musslim, Tirmizi,
Nassá'i e Abu Daúd.
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4. Jáber Ibn Abdullah AI Ansári (R) relatou: "Havíamos acompanhado o
Profeta (S) em uma batalha, e, no decurso da mesrr a, nos disse: 'Há uns homens
em Madina que vos acompanhariam em quaisquer das vossas caminhadas ou
travessias, mas uma enfermidade os impediu de estarem convosco.' Outra
narrativa diz: 'Participariam da recompensa convosco'." (Musslim)
AI Bukhári atribuiu este hadice a Anas (R), que disse: "Quando
retornamos da batalha de Tabuk, juntamente com o Profeta (S), ele disse: "Há
pessoas que permaneceram em Madina que, não percorremos um desfiladeiro,
nem cruzamos um vale, sem que eles estivessem conosco (em espírito). Eles
não puderam nos acompanhar por terem motivos para isso."
5. Ma'n Ibn Yazid (R) relatou: "Meu pai, Yazid, depositara umas moedas
de ouro com um homem, para que fossem distribuídas em caridade, na mesquita.
Chegando eu lá, ele as deu a mim, e, com elas, eu fui ver meu pai. Ao ele tomar
conhecimento, disse: 'Por Deus, não era minha intenção dá-Ias a ti.' E levou o
caso perante o Mensageiro de Deus (S), o qual disse: 'Terás algo (a recompensa
de Deus) por tua intenção, ó Yazid. Quanto a ti, Ma'n, é teu o que levaste.:"
(Bukhári)
6. Saad Ibn Abi Waqas (R) - um dos dez que receberam as coas novas da
admissão no Paraíso - disse: "Numa ocasião eu estava de cama, seriamente
doente, e o Mensageiro de Deus (S) veio me ver. Isso aconteceu no ano em que
o Mensageiro de Deus (S) realizou a Peregrinação de Despedida. Eu lhe disse:
ÓMensageiro de Deus, eu tenho dinheiro e propriedades consideráveis, e minha
única herdeira é minha filha. Será que eu poderia, então, dar dois terços dos
meus bens, em caridade? Ele disse: 'Não!' Então eu me rendi: A metade, ó
Mensageiro de Deus? Novamente ele disse: 'Não!' De novo eu me rendi: Bom,
então um terço, ó Mensageiro de Deus? ao que ele disse: 'Um terço é suficiente,
e um terço é mais do que bastante. É preferível que deixes os teus herdeiros em
boa situação a deixá-los em penúria, forçados a mendigar pelos seus sustentos.
Por tudo o que gastares em prol de Deus, mesmo um bocado de comida que
puseres na boca de tua esposa, Deus te recompensará.' Então eu disse: Ó
Mensageiro de Deus, eu ficarei para trás quando os meus colegas partirem? Ele
disse: 'Tu com certeza não ficarás para trás; tudo o que fizeres, procurando o
aprazimento de Deus, irá elevar a tua posição na sociedade. Tenho esperança de
que viverás muito tempo, para o bem dos muçulmanos e para punir os incrédulos.
(Então ele orou) Ó Deus, faze com que a emigração dos meus companheiros
seja completa e vitoriosa, e com que eles não se retraiam!' Coitado do Saad Ibn
Khaula, que foi deixado para trás, e morreu em Makka, sobre o qual O Mensageiro
de Deus (S) invocou a misericórdia e a compaixão de Deus." (Mutaffac alaih)
7. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus
não observa os vossos corpos ou as vossas aparências, mas sim os vossos
corações e as vossas obras." (Musslim)
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8. Abdullah Ibn Cais AI Ach'ari (R) relatou: "Foi perguntado ao
Mensageiro de Deus (S) acerca dos indivíduos que combatem por valentia, ou
por orgulho e patriotismo, ou por ostentação, qual deles o faz pela causa de
Deus? O Mensageiro de Deus (S) disse: 'Aquele que combater para que prevaleça
a palavra de Deus terá feito isso pela causa de Deus.''' (Mutaffac alaih)
9. Nufai lbn ai Háres ai Sacafi (R) relatou que o Profeta (S) disse:
"Quando dois muçulmanos se enfrentam com suas espadas, o assassino e o
assassinado serão castigados com o fogo." Perguntei-lhe: -o Mensageiro de
Deus, entendo perfeitamente quanto ao caso do assassino; mas não entendo
quanto ao caso do assassinado!" Disse: "Ora, porque também tinha a firme
intenção de matar o seu companheiro!" (Mutaffac alaih)
10. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A
oração que um homem realiza em congregação supera, em vinte-e-tantos-graus,
em méritos, à realizada em seu trabalho ou lar; porque se a pessoa leva a cabo a
ablução, de um modo correto, e se dirige até àmesquita com não outro propósito
ou motivo a não ser a própria oração, então, a cada passo que der, elevar-se-á
em um grau, e lhe será perdoada uma falta, até que entre na mesquita. Uma vez
na mesquita, considerar-se-é em permanente oração, caso seja a oração que o
retenha. Além do mais, os anjos rogarão por aquele, dentre vós, que permanecer
no mesmo lugar em que reza, e dirão: 'Senhor, tem misericórdia dele! Perdoao
e aceita o seu arrependimento', desde que não tenha causado dano a ninguém
e esteja em estado de pureza." (Mutaffac Alaih)
11.Abdullah Ibn Abbas lbn Abdel Muttalib (R) relatou que o Mensageiro
de Deus (S) transmitiu de seu Senhor (louvado e exaltado seja), dizendo: "Deus
tem descrito tanto as boas como as más obras, e as tem detalhado. Para quem
teve a intenção de realizar uma boa obra, e não chegou a cumpri-la, Deus a
anotará como se a tivesse realizado integralmente. E se teve intenção de realizála
e a realizou, Deus lhe anotará o mérito de dez boas obras, que poderão ser
multiplicadas em até setecentas vezes, ou muito mais. E se a pessoa teve a
intenção de realizar uma má obra, sem chegar a fazê-lo, Deus a anotará como se
tivesse realizado uma boa obra, integralmente; porém se o fizer, Deus anotará
como se cometesse apenas uma má obra." (Mutaffac alam) ,
12.Abdullah lbn Ôniar Ibn aI Khattab (R) relatou que ouviu o Mensageiro
de Deus (Sjdizer: "Num tempo anterior' ao vosso, houve três homens que
iniciaram uma marcha. Chegada a noite, decidiram refugiar-se em uma gruta;
porém, uma vez dentro dela, uma rocha rolou da montanha e fechou a saída da
gruta. Então disseram entre si: 'Não há como escaparmos desta gruta, a não ser
rogando a Deus e invocando as nossas boas obras.' Um deles disse: 'Deus meu,
eu tinha em minha casa os meus pais, e eram muito velhos. Não permitia que
ninguém da minha própria família tomasse do leite recém-ordenhado antes que
eles. Aconteceu que um dia me distanciei muito de casa em busca de lenha.
Quando voltei, estavam dormindo, e assim ordenhei as vacas enquanto dormiam.
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Não quis despertá-los, nem queria oferecer o leite àminha família ou aos servos,
antes que a eles. Por isso fiquei esperando - vasilha em punho - que eles
despertassem, até que clareou o dia, enquanto meus filhos reclamavam,
incessantemente, a meus pés, o leite. Foi então que meus pais despertaram e
tomaram o seu leite. Deus meu, se o que fiz foi em busca do Teu beneplácito,
então alivia-nos desta situação e livra-nos desta rocha!' A rocha se afastou um
pouco, sem que eles pudessem sair. Disse o segundo: 'Deus meu, tinha eu uma
prima a quem amava mais do que a ninguém. Tentava persuadi-la a que se
entregasse a mim, mas ela se negava. E, num ano de grande seca, veio a mim
pedindo ajuda. Dei-lhe cento e vinte moedas de ouro, com a condição de que
não resistisse aos meus desejos, e ela o aceitou. Quando estava a ponto de a
tomar, ela exclamou: 'Tem piedade e teme a Deus! não me tomes, senão de um
modo lícito!' Foi então quando me retraí, mantendo o meu amor por ela, e
deixando com ela as moedas de ouro que lhe havia entregue. Deus meu, se o
que fiz foi em busca do Teu beneplácito, então alivia-nos desta situação!' A
rocha se afastou mais um pouco, mas ainda não podiam sair. Disse o terceiro:
'Deus meu, havia contratado uns trabalhadores, e lhes paguei todos os seus
salários, com exceção de um que havia partido sem nada cobrar. Então eu investi
o salário dele, o qual rendeu grandes benefícios. Depois de algum tempo, aquele
operário regressou, e disse: '6 servo de Deus, entrega-me o meu salário!' ao
que respondi: Tudo o que vês provém do teu salário. Todos estes camelos, todas
estas vacas, estas ovelhas e estes escravos são teus. Ele replicou: '6 servo de
Deus, não zombes de mim!' e eu lhe respondi: Não estou zombando de ti. E eis
que ele levou tudo o que lhe foi apresentado, sem nada deixar. Deus meu, se o
que fiz foi em busca do Teu beneplácito, então alivia-nos desta situação.' Foi
então que a rocha se afastou de vez, e aqueles homens saíram, caminhando com
seus próprios pés." (Mutaffac alaih). .
CAPÍTULO 2
o ARREPENDIMENTO
Os sábios disseram: "É obrigatório o indivíduo arrepender-se de todo
pecado cometido. Se o pecado for em relação a Deus, Ta'ãla, não implicando
no direito de alguma pessoa, o arrependimento possui três condições:
1. Parar de cometer o pecado.
2. Arrepender-se de tê-lo cometido.
3. Decidir-se a não cometê-lo novamente. Se uma das condições não for
preenchida, o arrependimento não será válido.
Se o pecado for em detrimento de alguma pessoa, o arrependimento terá
quatro condições: as três citadas atrás, mais o libertar-se da dívida; se for em
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dinheiro ou coisa semelhante, deverá pagá-Ia. Se for uma injúria, deverá colocarse
nas mãos da pessoa injuriada ou pedir o seu perdão. Se for uma calúnia,
deverá desmenti-Ia, e deverá arrepender-se de todos os pecados. Se se arrepender
de uma parte deles, o seu arrependimento será aceito pelo que ele se arrependeu,
e ficará devendo o arrependimento pelo resto. Há muitos exemplos no Alcorão,
na Sunna, e no acordo ao consenso dos sábios quanto à necessidade do
arrependimento.
Deus, o Altíssimo, diz:
-ó crentes, voltai-vos todos, arrependidos, a Dens, a fim de que vos
salveis!" (Alcorão Sagrado, 24:31).
"Implorai o perdão de vosso Senhor e voltai-vos a Ele, arrependidos"
(Alcorão Sagrado, 11:3).
-ó crentes, voltai, sinceramente arrependidos, a Deus" (Alcorão
Sagrado, 66:8).
13.Abu Huraira (R) relatou: "Ouvi o Mensageiro de Deus (S), que dizia:
'Por Deus, todos os dias peço perdão a Deus, e me arrependo perante Ele mais
de setenta vezes.'" (Bukhári)
14. AI Agharr Ibn Yasar aI Muzani (R) relatou: "O Mensageiro de Deus
(S) disse: '6 humanos, arrependei-vos perante Deus, e implorai o Seu perdão,
pois eu me arrependo perante Ele cem vezes ao dia.'" (Musslim)
15. Anas Ibn Málik aI Ansári (R), o servo do Mensageiro de Deus (S)
relatou: "O Mensageiro de Deus (S) disse: 'Certamente Deus fica mais
comprazido com o arrependimento de um servo Seu, do que um de vós ao
encontrar o seu camelo, depois de o haver perdido no deserto.'" (Mutaffac alaih)
A versão de Musslim, para o mesmo hadice, acrescenta: "Deus fica mais
comprazido com o arrependimento de um servo Seu, do que um de vós que,
estando num local ermo, com sua montaria, que lhe escapa, levando seu alimento
e sua bebida. Ao sentar-se debaixo de uma árvore, sem nenhuma esperança de
encontrá-Ia, a vê aparecer à sua frente. Ele agarra-a pelo cabresto e, devido a
sua extrema alegria, diz: '6 Deus, és o meu servo e eu sou o Teu senhor' . Ele
comete esse lapso devido à sua extrema alegria."
16.Abdullah Ibn Cais al Ach'ari (R) relatou: "O Profeta (S) disse: 'Deus,
o Altíssimo, estende Sua mão, à noite, para que se arrependa o malfeitor do que
tenha cometido durante o dia, e estende Sua mão, de dia, para que se arrependa
o malfeitor do que tenha cometido durante a noite. E, assim, até que o sol saia
do seu poente.''' (Musslim)
17.Abu Huraira (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) disse: 'Quanto
àquele que se arrepende antes que o sol saia do seu poente, Deus aceitará o seu
arrependimento e o perdoará.'" (Musslim)
] 8. Abdullah Ibn Ômar Ibn AI Khattab (R) relatou: "O Profeta (S) disse:
'O Deus, Todo-Poderoso, aceitará o arrependimento do Seu servo, Se este não
se encontrar nos últimos alentos da sua vida. '''(Tirmizi)
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19. Zirr Ibn Hubaich (R) relatou: Fui ter com o Safwan Ibn AssaI (R)
para inquirir acerca de massh (passar a mão molhada sobre os pés calçados), na
ato da ablução. Ele me perguntou: -ó Zirr, o que te traz aqui?' Eu respondi que
era a obtenção do conhecimento. Ele disse: 'Os anjos abrem suas asas, de prazer,
por aqueles que buscam o conhecimento sobre o que desejam saber!' Eu lhe
disse que alguma dúvida pairava na minha mente concernente ao massh, no ato
da ablução, após a pessoa ter estado na privada, ou urinando. Eu disse: Ora, tu
és um dos companheiros do Profeta (S), e eu vim ter contigo para te perguntar:
ouviste-o dizer algo a esse respeito? Ele respondeu: 'Sim, ele nos orientou que,
quando em viagem, não precisamos tirar os nossos calçados para lavar os pés,
no ato da ablução, por três dias e noites consecutivos, exceto após termos tido
relação com nossas esposas. Em outros casos, por exemplo, no dormirmos, no
fazermos as necessidades fisiológicas, etc., o mero passar de mãos sobre os
calçados será suficiente.' Depois, mudando de assunto, eu perguntei a ele: Será
que ouviste alguma coisa sobre o amor? Ele respondeu: 'Estávamos com o
Mensageiro de Deus (S), no meio duma viagem, quando um beduíno o chamou
num tom alto: Ó Mohammad! o Mensageiro de Deus (S) respondeu ao homem
quase no mesmo tom, dizendo que ele ali estava. Eu disse para o beduíno:
Toma cuidado! Não levantes a voz na presença do Profeta (S) - e já foste
orientado nesse sentido. Replicando-me, ele disse que não iria abrandar o tom
da sua voz e, dirigindo-se ao Profeta (S) perguntou-lhe o que ele achava do
homem que amava um povo, mas não era admitido no seu seio; ao que o Profeta
(S) respondeu que no Dia do Julgamento, a pessoa irá estar na companhia
daqueles a quem ama. Então, ele continuou a conversar conosco, até mencionar
uma porta, em algum lugar no Ocidente, cuja largura de ambas as extremidades
um cavaleiro, levaria, para percorrê-la, quarenta ou setenta anos." Sufian, que é
um dos narradores deste hadice, acrescentou: "Essa porta se encontra na direção
da Síria. Deus criou essa porta juntamente com o céus e a terra. Ela permanecerá
aberta para o arrependimento, e não se fechará, até que o sol nasça no Ocidente."
(Tirmizi e outros)
20. Abu Saíd - Saad Ibn Málik Ibn Sinan AI Khudri (R) relatou que o
Profeta (S) disse: "Há muito tempo, houve um homem que tinha assassinado
noventa e nove pessoas. Esse homem procurou o mais sábio entre os habitantes
da terra, e lhe indicaram um monge. Ao encontrar-se com este último, relatoulhe
que havia matado noventa e nove almas, e lhe perguntou se podia arrependerse.
O monge lhe respondeu que não. O homem então o matou, elevando para
cem o número das suas vítimas. Outra vez procurou o mais sábio entre os
habitantes da terra, e lho indicaram; ao encontrar-se com aquele sábio, relatoulhe
que havia matado cem pessoas, e lhe perguntou se poderia arrepen-der-se.
O sábio respondeu: 'Sim; e quem será aquele que irá impedir o teu
arrependimento? Dirige-te para tal e tal terra, onde há gente que adora a Deus,
o Altíssimo, e adora tu a Deus com eles, e não voltes à tua terra, porque é a terra
do mal.'
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"O homem se dirigiu ao local indicado, mas, na metade do caminho,
sobreveio-lhe a morte. Os anjos da misericórdia e os do tormento disputaram o
seu caso. Os anjos da misericórdia alegaram: 'Ele vinha arrependido e com o
coração dirigido para o Deus, Altíssimo.' Mas os anjos do tormento disseram:
'Nunca fez uma boa obra.' Foi então que se acercou deles um outro anjo com a
imagem de um humano, a quem elegeram como árbitro entre as duas partes.
Este disse: 'Medi a distância entre as duas terras; a que estiver mais perto de
onde se encontrava este homem será a dele.' Uma vez medida a distância,
constataram que se encontrava mais perto da terra que buscava. Assim, ele foi
levado pelos anjos da misericórdia." (Muttafac alaih)
21. Abdullah Ibn Kaab Ibn MáIík (R), que se tornara guia de seu pai
quando este ficara cego, reconta o que ouviu de seu pai, Kaab Ibn Málik, o
pleno relato do incidente de o seu pai não acompanhar o Mensageiro de Deus
(S) quando este empreendeu a campanha de Tabuk. Kaab disse: "Eu havia
acompanhado o Mensageiro de Deus (S) em todas as campanhas, menos na de
Tabuk. Também não me pude juntar ao Mensageiro de Deus (S) na batalha de
Badr - e nesse caso não houve qualquer censura -, porque o Mensageiro de
Deus e os muçulmanos tinham em vista apenas a caravana coraixita, sem intenção
nenhuma de lutarem. Porém, Deus fez acontecer, inesperadamente, um combate
contra os seus inimigos. Eu estava presente com o Mensageiro de Deus (S) na
noite de Aqaba, Não gostaria que tivesse participado de Badr e não participado
dela, mesmo com toda a fama de Badr. Com respeito ao fato de não ter
acompanhado o Profeta (S) na campanha de Tabuk, vou elucidar os meus pontos.
Eu estava com boa saúde e tinha dinheiro considerável, no tempo da campanha,
mais do que em qualquer outra ocasião. Naquele tempo eu possuía dois camelos
de montaria - e nunca antes havia tido dois. Quando o Mensageiro de Deus (S)
se decidia ppor uma campanha, ele não revelava o fato, senão no último
momento. Primeiramente, naquela ocasião, a estação estava impiedosamente
quente, a viagem era longa e entediosa através de desertos e territórios inóspitos,
sem faixas verdejantes, e o número de inimigos era muito grande. Portanto, o
Mensageiro de Deus (S) preveniu claramente os muçulmanos sobre os perigos
e riscos da campanha, e pediu-lhes que fizessem plenas prep-rações, O número
daqueles que estavam prontos para acompanhar o Mensageiro de Deus (S),
naquela missão, era também grande. Registro algum seria suficiente para anotar
os nomes de todos os Mujahidins que acompanhariam o Mensageiro de Deus
(S). A maioria dos que não queriam ir para o Jihad achava que suas ausências
não iriam ser notadas, a menos que suas negligências fossem mostradas pela
revelação divina. Também, as frutas, nas árvores, haviam amadurecido, e suas
sombras se tornado compactas, e esse fato também me ocupou a mente.
"O Mensageiro de Deus (S) e os muçulmanos que se voluntariaram para
o acompanhar ocuparam-se com os preparos para a jornada. Eu costumava sair
pela manhã com a intenção de fazer algo referente à minha preparação,
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juntamente com eles, mas voltava sem nada completar, dizendo para mim
mesmo: Há muito tempo; posso me aprontar quando quiser. Aquilo continuou,
e os muçulmanos completaram os seus preparos. Por fim chegou o dia em que
o Mensageiro de Deus (S) começou, juntamente com os muçulmanos, a marchar
para o fronte, mas eu ainda nada havia feito para a minha partida - e os
muçulmanos já estavam marchando. Eu pensei em partir sozinho e os alcançar.
Desejei não ter feito aquilo, mas isso não estava destinado a ser assim. Comecei
a vagar pela cidade, e me doeu muito ver que entre aqueles que permaneceram,
como eu, ou eram suspeitos de hipocrisia, ou estavam isentos do serviço militar
devido à idade avançada ou a alguma enfermidade imposta por Deus. Não vi
outra pessoa como eu. O Mensageiro de Deus (S) não sentiu a minha falta, a
não ser quando chegou a Tabuk.Estando sentado entre as pessoas, ele perguntou:
'Que aconteceu com o Kaab?' Um homem da tribo dos Bani Salima disse: -ó
Mensageiro de Deus (S), ele (Kaab) não veio conosco por causa dos seus dois
mantos e pelo seu orgulho quanto ao refinamento.' Então o Muaz Ibn Jabal
censurou o acusante, dizendo que ele tinha sido injusto comigo; ele disse: -o
Mensageiro de Deus, nós não vemos nada de errado com o Kaab!' O Mensageiro
de Deus (S) nada disse. Naquele momento ele viu alguém à distância, no deserto,
vestido de branco, e exclamou: 'Talvez seja o Abu Khaissama!', e deveras era.
Ele era aquele que fora tido como um mendigo pelos hipócritas, porq .ie
contribuíra com uma pequena quantidade de tâmaras. Quando eu soube que o
Mensageiro de Deus (S) estava voltando de Tabuk, senti-me muito angustiado,
e comecei a inventar falsas desculpas, na minha mente, que me ajudassem a me
salvar do seu castigo. Cheguei a consultar alguns membros da minha família
que tivessem julgamento condigno. Quando eu soube que a chegada do
Mensageiro de Deus (S) estava prestes a acontecer, eu me conscientizei de que
nenhuma falsa desculpa me iria ajudar, e resolvi falar a verdade. Ele chegou na
manhã seguinte. Era prática sua que sempre que voltava duma viagem, ia
primeiramente à mesquita oferecer duas rakát de oração opcional, e então ia
encontrar-se com as pessoas. Ele fez o mesmo também naquela ocasião, e aqueles
que deixaram de participar da campanha, se aproximaram e começaram a
apresentar suas desculpas em juramento. Essas pessoas eram pouco mais de
oitenta. O Profeta (S) lhes aceitou as desculpas e lhes renovou os juramentos,
orou pelos seus perdões, e deixou com Deus o que lhes ia nas mentes. Quando
chegou a minha vez, e eu o saudei, ele sorriu; mas a insatisfação era visível em
seu sorriso. Ele pediu que eu me aproximasse. Então eu dei um passo à frente e
me sentei defronte a ele, que perguntou: 'o que te deteve? Não conseguiste a
tua montaria?' Eu disse: ÓMensageiro de Deus, estivesse eu sendo confrontado
com qualquer outro homem no mundo, eu daria um jeito de escapar da sua
censura por meio de alguma desculpa; eu sei que se comparecesse perante ti,
hoje, com uma falsa desculpa, ela poderia convencer-te, mas com certeza Deus
logo faria aumentar a tua ira contra mim quanto a qualquer outra coisa. Por
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outro lado, se eu disser a verdade e tu ficares zangado comigo, ainda poderei
esperar pela misericórdia do Todo-Poderoso Deus. Por Deus, que não tenho
desculpa alguma. Nunca estive tão saudável e forte e mais cheio de dinheiro do
que quando deixei de te acompanhar. O Mensageiro de Deus (S) disse, dirigindose
aos presentes: 'Este homem falou a verdade!' Depois, dirigindo-se a mim:
'Agora retira-te e espera que Deus decida o teu caso!' Alguns homens dos Bani
Salima me seguiram para fora da mesquita e comentaram: 'Não sabemos que
tenhas cometido uma falta antes desta; por que não apresentaste uma desculpa
perante o Mensageiro de Deus (S), como outros não participaram da campanha?
Tua falta iria ser perdoada pelas orações do Mensageiro de Deus (S)!' Eles
continuaram a me censurar, tão veementemente, que eu me senti inclinado a
voltar a ter com o Mensageiro de Deus (S) e contradizer o meu relato. Então eu
perguntei a eles: Há algum outro caso semelhante ao meu? Eles disseram: 'Sim,
há o caso de duas pessoas que declararam o mesmo que declaraste, e foi-lhes
dito o que te foi dito.' Perguntei: 'Quem eram eles?' Responderam'tjue eram
lbn Murara lbn Rabi'i AI ' Amri e de Hilal lbn Umaiya Alwáquifi.' Eles
mencionaram dois indivíduos que eram virtuosos e não apenas tinham tomado
parte na batalha de Badr, mas eram um exemplo a seguir e, por isso, eu me senti
fortalecido, no meu pensamento original.
"Depois daquilo, o Mensageiro de Deus (S) pediu aos muçulmanos que
não falassem com nós três que não o acompanhamos. As pessoas procuravam
nos evitar, e tornaram-se estranhas para nós. Eu me sentia como se estivesse
num país estrangeiro. Aquele estado de coisas durou cinqüenta dias. Meus outros
dois companheiros ficaram tão chocados pela vergonha, que se trancaram em
suas casas, chorando. Eis que eu, sendo o mais jovem e o mais forte dos três,
saía para a rua e me juntava aos muçulmanos nas orações, e caminhava pelas
ruas, mas ninguém falava comigo. Eu me apresentava perante o Mensageiro de
Deus (S) quando ele se sentava na mesquita, após à oração, e o saudava, e
ficava ávido por saber se seus lábios se mexiam ou não, em resposta à minha
saudação. Mais ainda, eu costumava ficar, nas orações, perto dele. Quando eu
notava que ele não olhava na minha direção, estando eu absorto nas minhas
orações, e ele olhava para outro lado quando eu olhava para ele; eu ficava muito
angustiado por causa das atitudes hostis dos muçulmanos para comigo. Naquele
estado, num dia eu subi no muro divisório do jardim do meu primo e amigo
íntimo, Abu Catada, e o saudei, mas ele não respondeu. Eu lhe disse: Ó Abu
Catada, digo-te em nome de Deus! Deves estar ciente de que eu amo a Deus e
ao Seu Mensageiro!, e ele continuou calado. Eu repeti a minha afirmação; ainda
assim não houve resposta da parte de Catada. Repeti a minha afirmação por três
vezes, quando ele disse: 'Deus e Seu Mensageiro sabem melhor!' Ao ouvir
aquilo, não pude conter as lágrimas, e voltei para casa.
"Num dia, eu estava vagando pelo mercado de Madina, quando vi um
camponês da Síria que vendia grãos comestíveis, e perguntava para as pessoas
se alguém ali poderia dar-lhe o endereço de Kaab bin Málik. Alguém apontou
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na minha direção. O camponês veio até mim e me entregou uma carta do Rei de
Ghassan - eu sabia ler. Nela estava escrito: 'Ficamos sabendo que a pessoa com
a qual te associaste, ou seja, o Profeta (S), está te tratando injustamente. Deus
não te fez para seres desgraçado e mal tratado. Vem para nós, e nós faremos
todo o esforço para te satisfazer!' Após ter lido a carta, eu disse para mim mesmo
que aquilo era também um teste para mim, e queimei a carta.
"Quando quarenta dos cinqüenta dias haviam passado, e nenhuma ordem
divina sobre nós fora revelada, um porta-voz do Mensageiro de Deus (S) veio
ter comigo, e disse: 'O Mensageiro de Deus (S) te orienta a não coabitares com
tua esposa.' Perguntei: Devo divorciar-me dela, ou o quê? Ele disse: 'Não, apenas
te abstenhas de teres relação com ela!' O Profeta (S) havia transmitido ordens
semelhantes também para os meus dois companheiros. Assim, eu pedi para a
minha esposa que fosse para a casa dos seus pais, e com eles ficasse, até que
Deus determinasse sobre aquele assunto. A esposa de um outro homem,
condenado como eu, o Hilal Ibn Umaiya, foi ter com o Mensageiro de Deus
(S), e implorou: -ó Mensageiro de Deus (S), o Hilal Ibn Umaiya está velho, e é
incapaz de se cuidar sozinho; ele nem atendente tem! Portanto, desagradar-teia
se eu continuasse a servi-lo?' O Profeta (S) disse: 'Contanto que ele não
tenha relação contigo...' Ela disse: 'Ele (sendo velho) não tem desejo por sexo!'
Desde aquele incidente, ele chora continuamente. Alguns dos meus achegados
sugeriram-me que eu também pedisse permissão ao Profeta (S) para que minha
esposa também tomasse conta de mim, como fazia a esposa do Hilal Ibn Umaiya.
Eu não iria aborrecer o Profeta (S) com tal pedido, porque não sabia o que ele
iria dizer; além do mais, eu era jovem (ao contrário do Hilal).
"Mais dez dias (e noites) COIT:.Oaqueles se passaram, desde o meu boicote
social e, na qüinquagésima primeira manhã, após à oração da madrugada, eu
estava sentado, em minha casa, nem modo depressivo, como se o mundo, apesar
da sua extensão, como o Todo-Poderoso Deus o descrevia, parecia estreito e
pequeno para mim, eu ouvi, repentinamente, alguém gritar, com toda potência
da sua voz, vinda do do cume do Monte Salá: -o Kaab Ibn Málik, fica feliz,
porque há boas notícias para ti!' Imediatamente, após ouvir aquilo, eu me prostrei
(para exprimir meus agradecimentos), e me conscientizei de que algum meio
para o meu consolo havia sido encontrado. Parecia que o Mensageiro de Deus
(S) havia informado a audiência, na hora da Oração da Alvorada, que Deus, o
Exaltado, havia graciosamente aceito os nossos arrependimentos, e então várias
pessoas se puseram a externar as felizes notícias para todos nós. Alguns foram
ter com os meus dois outros companheiros. Um homem se pôs a cavalo em
direção a minha casa. Um membro da tribo dos Aslam subiu ao topo do morro
e, em voz alta, anunciou as novas, e sua voz chegou aos meus ouvidos, antes
que o cavaleiro chegasse a minha casa. Quando o homem cuja voz eu ouvira
chegou para me felicitar, eu presenteei-lhe com as duas peças da minha
vestimenta. Por Deus, naquele dia eu não tinha uma roupa extra para usar;
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portanto, tive que pedir emprestado uma, e decidi apresentar os meus respeitos
ao Mensageiro de Deus (S). No caminho para a casa dele, cruzei-me com grupos
e ajuntamento de pessoas que me congratularam pela aceitação, da parte de
Deus, do meu arrependimento. Por fim quando cheguei à mesquita, encontrei o
Mensageiro de Deus (S) lá sentado, rodeado de seguidores. Deles, somente o
Tal-ha Ibn Ubaidullah ficou de pé e se apressou em direção a mim e, apertando
minha mão, congratulou-me. Ele foi o único homem, de todos os emigrantes,
que me recebeu tão calorosamente, que eu jamais me esqueci do seu gesto."
Kaab, continuando sua narrativa, disse: "Quando eu saudei o Mensageiro
de Deus (S), seu rosto estava brilhante de alegria, e ele disse: 'Alegra-te com o
melhor dos dias que já se passaram, desde o dia do teu nascimento!' Eu perguntei:
ÓMensageiro de Deus(S), é isto (este favor) obra tua, ou de Deus? Ele respondeu:
'De certo que isto é de Deus!' Era costumeiro o fato de que a sua felicidade
ficasse estampada no seu rosto, o qual brilhava como um pedaço da lua; e assim
nós podíamos ver que ele estava feliz. Após aquilo, eu me rendi a ele; eu disse:
Ó Mensageiro de Deus, como um ato de gratidão pela aceitação do meu
arrependimento, quero presentear toda a minha propriedade a Deus e ao Seu
Mensageiro, para ser gasta em caridade. Ele disse: 'Será melhor para ti se
continuares retendo uma parte da tua propriedade!' Então eu disse que iria reter
a minha parte da propriedade, em Khaibar. Então, eu me rendi mais ainda, e
disse: Ó Mensageiro de Deus, Allah, Ta' ála, concedeu a minha liberação apenas
por causa daverdade e, portanto, para concretizar o meu arrependimento, pelo
resto da minha vida, nada falarei, a não ser a verdade. Desde o dia em que
declarei isso perante o Mensageiro de Deus (S), Allah, Ta'ála, não testou a
ninguém tão severamente na questão de dizer a verdade, como me havia testado.
Até este dia, desde a minha declaração, eu jamais fui tentado a dizer mentiras,
e espero que Deus continue a me proteger quanto a isso, pelo resto da minha
vida!"
Deus, o Altíssimo, revelou:
"Sem dúvida que Deus absolveu o Profeta, os migrantes e os
socorredores, que o seguiram na hora angustiosa em que os corações de
alguns estavam prestes a fraquejar. Ele os absolveu, porque é para com
eles Compassivo, Misericordiosíssimo. Também absolveu os três que se
omitiram (na expedição de Tabuk) quando a terra, com toda a sua
amplitude, lhes parecia estreita, e suas almas se constrangeram, e se
compenetraram de que não tinham mais amparo senão em Deus; e Ele os
absolveu, a fim de que se arrependessem, porque Deus é o Remissório, o
Misericordiosíssimo. Ócrentes, temei a Deus e permanecei com os verazes!"
(Alc.9:117-119).
Continuando, o Kaab disse que desde que Deus lhe concedeu a bênção
do Islam, o maior beaefício foi ele dizer a verdade perante o Mensageiro de
Deus (S), e não mentir para ele, arruinando assim a sua vida, como se arruinararn
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aqueles que lhe contaram mentiras. Na Sua revelação, o Mensageiro de Deus
condenou severamente aqueles que se dão a contar mentiras. Deus diz, no
Alcorão Sagrado:
"Quando regressardes, pedir-vos-ão por Deus, para que os desculpeis.
Apartai-vos deles, porque são abomináveis, e sua morada será o inferno,
pelo que lucraram. Jurar-vos-ão (fidelidade), para que vos congratuleis
com eles; porém. se vos congratulardes com eles, sabei que Deus não Se
compraz com os depravados" (9:95-96).
Kaab diz que os casos dos três (incluindo ele), exceto os daqueles que
apresentaram desculpas em juramento perante o Profeta (S), ficaram pendentes,
e que este admitiu e aceitou os seus rogos, e orou pelas suas salvações. Eis que
o- Profeta (S) manteve pendente os seus casos, até que o Todo-Poderoso Deus
decidisse por Si Mesmo. É quando Deus, o Exaltado, diz:
"Também absolveu os três que se omitiram (na expedição de Tabuk)!"
(AIc. 9:118).
"Isso não quer dizer uma aprovação à nossa omissão ao Jihad, mas
significa que Deus deferiu os nossos casos até depois da disposição dos casos
dos indivíduos que fizeram umjuramento perante o Profeta (S), e ele lhes aceitou
asdesculpas." (Muttafac alaih)
Outra versão diz que o Profeta (S) partiu para a campanha de Tabuk
numa quinta-feira - e ele gostava de partir em viagem nas quintas-feiras. Ainda
outra tradição diz que ele costumava voltar de uma viagem com o dia claro, e
antes do meio-dia. Imediatamente após à sua chegada, ia para a mesquita e
oferecia duas rakát de nafl (orações opcionais), e lá se sentava.
22. O Imran Ibn Hussein relatou que uma mulher, pertencente à tribo
Juhaina, ficou grávida como resultado de um adultério. Ela foi ter com o
Mensageiro de Deus (S) e admitiu sua culpa e pediu para ser punida de acordo
com as injuções alcorânicas. O Profeta (S) mandou que buscassem o guardião
dela, e pediu a ele que a tratasse bem, e que a levasse de volta a ele, após o
parto. O guardião de fato cumpriu as ordens, e a levou de volta ao Profeta (S),
que ordenou a execução dela, como manda o Alcorão Sagrado. Para tanto, as
roupas dela foram amarradas em torno do seu corpo, e ela foi apedrejada até à
morte. Depois o Profeta (S) dirigiu as orações do funeral dela. O Ômar
argumentou: -o Mensageiro de Deus, ela era uma adúltera, e tu diriges as orações
do seu funeral!" O Profeta (S) disse: "Sim, ela de tal modo se arrependeu. que
se esse arrependimento fosse distribuído entre 70 pessoas de Madina, ser-lhesia
suficiente. Não pode haver um grau de arrependimento melhor e mais elevado
do que esse, porque ela escolheu falar a verdade ao custo da sua própria vida,
simplesmente em prol do aprazimento de Deus" (Musslim).
23. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se um
dentre os filhos de Adão tivesse um vale de ouro, teria desejado ter dois vales;
porém (na sua morte), nada além de terra lhe encherá a boca. Ainda assim,
Deus perdoará a todo aquele que se arrepender." (Muttafac alaih)
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24. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus,
louvado seja, demonstrará alegria no caso de dois homens; um deles mata o
outro, mas ambos alcançam o Paraíso. Um combatia pela causa de Deus, e caiu
morto; logo Deus perdoa o outro que o havia matado, por ter abraçado o Islam
e também ter caído como mártir." (Muttafac alaih)
CAPÍTULO 3
A PACIÊNCIA
Deus, louvado seja, disse:
-o crentes, perseverai, sede pacientes e constantes, estai sempre
vigilantes" (Alcorão Sagrado, 3:200).
E o Altíssimo disse ainda:
"Certamente que vos poremos à prova mediante o temor, a fome, a
perda dos bens, das vidas e dos frutos. E (ó Mensageiro) anuncia (a bemaventurança)
aos perseverantes" (Alcorão Sagrado, 2:155).
E, louvado seja, disse mais:
"Aos perseverantes, ser-lhes-ão pagas, irrestritamente, as suas
recompensas!" (Alcorão Sagrado, 39:10).
E, louvado seja, continuou dizendo:
"Quem preservar e perdoar, saberá que isso éum fator determinante
em todos os assuntos" (Alcorão Sagrado, 42:43).
E, louvado seja, disse outra vez:
-ó crentes, amparai-vos na perseverança e na oração, porque Deus
está com os perseverantes" (Alcorão Sagrado, 2:153).
E Deus, louvado seja, disse então:
"Sabei que vos provaremos, para certificar-Nos de quem são os
combatentes e perseverantes dentre vós" (Alcorão Sagrado, 47:31).
25. AI Háres lbn A'ssem AI Ach'ari (R) relatou que o Mensageiro de
Deus (S) disse: "A purificação é a metade da fé. O louvarmos a Deus faz com
que se encha a balança das boas ações; e o louvarmos e glorificarmos a Deus
fazem com que se encham o que há entre o céu e a terra. A oração é luz, e a
caridade é uma evidência. Apaciência é luminosidade, e oAlcorão é uma prova,
a favor ou contra ti. Todas as pessoas começam o dia como vendedoras de si
mesmas, libertando-se ou se condenando." (Musslim)
26. Abu Saíd AI Khudri (R) relatou que algumas pessoas dos Ansar
recorreram ao Mensageiro de Deus (S) pedindo ajuda (caridade), e ele lhas
concedeu. Voltaram outra vez a pedir-lhe, e ele a lhas concedeu, até que se
acabou tudo o que tinha. Então ele lhes disse: "Não guardei nada comigo de
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valioso que possa dar-vos. Porém, quanto àquele que se abstiver de ou se recusar
a pedir, Deus lhe satisfará as necessidades; e quanto a quem buscar a autosuficiência,
Deus o fará auto-suficiente; e quanto a quem buscar ser paciente,
Deus o tornará paciente. Ninguém usufruirá de uma graça maior do que a
paciência." (Muttafac alaih)
27. Suhaib Ibn Sinan (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"É admirável o caso do crente, pois tudo é bom para ele; e isto não ocorre com
ninguém mais, a não ser com o crente. Se é objeto de um bem e dá graças, isto
é um bem para ele; e se sofre alguma desgraça e se arma de paciência, isto
também é um benefício para ele." (Musslim)
28. Anas (R) relatou que durante a última enfermidade do Profeta (S), a
dor e a febre se faziam insuportáveis para ele. Sua filha, Fátima (R), disse:
"Que angústia, a do meu pai!" Porém, o Profeta disse: "Não haverá angústia
para o teu pai, depois de hoje." E quando o Profeta morreu, Fátima exclamou:
-ó pai meu, Deus atendeu à tua prece! ó pai meu, os jardins do Paraíso serão a
tua morada! ó pai meu, ao arcanjo Gabriel anunciaremos a tua morte!" E quando
o Profeta (S) foi enterrado, Fátima disse: "Como pudestes lançar terra sobre o
Mensageiro de Deus?" (Bukhári)
29. Ussama Ibn Zaid Ibn Hárisa (R), servente do Mensageiro de Deus
(S) relatou: "A filha do Profeta (S) informou a seu pai: 'Meu filho está
agonizando, e esperamos a tua presença em casa.' O Profeta enviou as suas
saudações, dizendo: 'A Deus pertence aquilo que leva, e a Deus pertence aquilo
que dá. Tudo, para Ele, tem um plano pré-estabelecido. Então que tenha muita
paciência e que rogue a Deus para que seja recompensada.' Ela voltou a insistir
por ele, pedindo-lhe por Deus que fosse. O Profeta (S) se dispôs a vê-la,
acompanhado por Saad Ibn Ubada, Moaz Ibn Jabal, Ubai Ibn Kaab e Zaid Ibn
Sãbet, entre outros. Uma vez lá, o menino foi levado ao Mensageiro de Deus,
que o pegou no colo, enquanto o pequeno ofegava. Os olhos do Profeta
marejaram. Ao vê-lo chorar, Saad perguntou: -o Mensageiro de Deus, que é
isso?" E o Profeta respondeu: "É a compaixão que Deus pôs no coração dos
Seus servos." (Bukhári)
30. O Suhaib (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Entre os
povos antigos houve um rei que tinha um mágico (a seus serviços). Quando
este ficou velho, disse para o rei: 'Já que estou ficando velho, por favór escolha
um jovem a quem eu possa ensinar magia!' Concordando com isso, o rei enviou
a ele um jovem para aprender a arte da magia. No caminho do jovem, na ida
para o mágico, vivia um monge com o qual o rapaz costumava sentar-se e ouvirlhe
a fala. Ele ficava tão aprazido com o discurso do monge, que toda vez que ia
encontrar-se com o mágico, no caminho sentava-se com o monge, e isso o
atrasava, e o mágico batia nele; o jovem queixou-se junto ao monge sobre isso.
Este lhe disse: 'Quando tiveres medo do mágico, dize-lhe que o teu pessoal te
deteve; e quando te vires acossado pelas perguntas do teu pessoal, dize que te
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atrasas por causa do monge.' Esse estratagema continuou por algum tempo.
Num dia o jovem viu um grande animal a bloquear a passagem das pessoas, e
disse para si mesmo: 'Agora me certificarei se o mágico é o melhor, ou se é o
monge!' Então ele pegou uma pedra, e disse: -ó Deus, se a conduta do monge
é mais do Teu agrado, do que a prática do mágico, causa a morte deste animal,
para que as pessoas possam passar.' Eis que ele golpeou o animal com a pedra,
e o matou, possibilitando a passagem das pessoas. O jovem contou sobre aquilo
para o monge, que disse: 'Filho, hoje tu me passaste em liderança, e acho que
chegaste a um estágio em que poderás sofrer injúrias. Se isso acontecer, não
reveles o meu reduto!'
"O jovem começou a curar as pessoas que sofriam de cegueira congênita,
de lepra, e de outras enfermidades. A notícia chegou aos ouvidos de um cortesão
do rei que havia ficado cego. Ele foi ter com o jovem, levando muitos presentes,
e disse: 'Tudo isto será teu, se me curares!' O jovem lhe disse: 'Eu não curo
ninguém; é tão-somente Deus Que concede a cura. Se declarardes a vossa fé em
Deus, eu orarei por vós, e Ele vos concederá a saúde.' Assim, ele declarou sua
fé em Deus, Que lhe restaurou a visão. Depois ele foi para a corte real e aí se
assentou, como soía acontecer. O rei perguntou a ele quem lhe havia restaurado
a visão, e ele respondeu 'o meu Deus!' O rei perguntou: 'Acaso tens outro
Deus além de mim?' O homem respondeu: 'Deus é o vosso e o meu Sustentador!'
O rei ordenou que o cortesão fosse preso e torturado, até que ele revelou o
nome do jovem, que foi levado perante o monarca, que lhe perguntou: 'Filho, te
aprofundaste tanto na magia, que podes curar pessoas que sofrem de cegueira,
lepra e outras doenças?' O rapaz disse: 'Eu não curo ninguém; é Deus Quem
cura!' Então o rapaz foi também preso e torturado, até que ele fez o rei saber o
nome e endereço do monge, que foi do mesmo modo intimado, e ordenado no
sentido de repudiar a sua fé, mas ele se recusou. O rei mandou que trouxessem
um serrote, que foi posto no meio da cabeça do monge, e ela foi cortada em dois
pedaços. Depois o cortesão do rei foi chamado e intimado a renunciar à sua fé.
Ele também se recusou, e sua cabeça foi cortada. O jovem foi trazido perante o
rei, que lhe pediu que renunciasse ao seu culto, mas ele se recusou fazê-lo. O rei
entregou o jovem aos seus homens, e lhes disse: 'Levai-o a tal e tal montanha e,
quando chegardes ao topo, se ele ainda se recusar a renunciar à sua fé, atirai-o
montanha abaixo!' Eles o levaram para o topo da montanha; aí ele suplicou: -ó
Deus, ajuda-me a me livrar disto, da maneira que achares mais apropriada!'
Então um terremoto sacudiu a montanha, e os homens despencaram para baixo.
O jovem voltou para o rei, que lhe perguntou: 'Que aconteceu com os teus
acompanhantes?' Ele respondeu: 'Deus me salvou deles!' Então ele foi entregue
a um outro grupo de homens aos quais foi mandado que o levassem num pequeno
bote ao mar e, no caso de persistênciaem não renunciar à sua fé, que o atirassem
ao mar. Assim, eles o levaram, e ele orou: -ó Deus, livra-me desses indivíduos,
da maneira que desejares!' O bote afundou com a sua carga e os homens do rei
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se afogaram. Novamente o rapaz voltou para o rei, que lhe perguntou: 'Que
aconteceu com teus acompanhantes?' Ele respondeu: 'Deus me resgatou deles',
e acrescentou: 'Não sereis capaz de me matar, a menos que façais o que eu vos
disser!' O rei inquiriu: 'E o que é?' O jovem respondeu: 'Reuni o povo num
espaço aberto, e fazei com que eu seja amarrado no tronco de uma palmeira;
depois tirai uma flecha da minha aljava e, colocando-a no arco, dizei: Em nome
de Deus, o Senhor desse jovem, e disparai a flecha em mim. Se fizerdes isso,
sereis capaz de me matar!' O rei procedeu de acordo com o que o rapaz dissera:
o povo foi reunido num espaço aberto, o jovem foi amarrado ao tronco duma
palmeira, o rei pegou uma flecha da aljava dele e, colocando-a no arco, disse:
'Em nome de Deus, o Senhor desse jovem', e disparou. Aflecha atingiu o jovem
na têmpora; ele se contorceu todo, e morreu.
"Vendo aquilo, as pessoas disseram: 'Declaramos a nossa fé no Senhor
desse jovem!' O rei foi informado: 'Vede, aquilo sobre o que estáveis apreensivo
aconteceu: o povo declarou a sua fé no Senhor do jovem!' O rei ordenou que
trincheiras fossem escavadas em ambos os lados das estradas; quando estavam
prontas, fizeram-nas ficarem cheias de fogo. Então foi anunciado que qualquer
pessoa que se recusasse a abandonar a sua fé seria arremessada nas trincheiras
em chamas, ou seria ordenado que nelas se atirassem. Esse procedimento teve
continuidade. Uma mulher se apresentou, acompanhada de um menino, e
hesitava em ser atirada ao fogo, no que o menino a encorajou, dizendo: 'Mãe,
sê firme; tu estás no caminho certo!" (Musslim).
31. Anas (R) relatou que o Profeta (S) passou junto a uma mulher que
chorava ao lado de uma sepultura. Disse-lhe ele: "Sê devota e paciente!" Ela
lhe respondeu: "Deixa-me, pois tu não tens sofrido o mesmo que eu, em minha
desgraça!" Amulher não o havia reconhecido. Mais tarde, quando foi informada
de que se tratava do Profeta, dirigiu-se à casa dele e, não encontrando nenhum
criado, entrou e lhe disse: "Não te reconheci", e ele replicou: "A paciência se
mostra ante o primeiro momento de uma calamidade." (Muttafac alaih)
32.Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus,
louvado seja, diz: 'Não tenho outra recompensa que não seja o próprio Paraíso
para o Meu servo crente que, quando tomo o seu mais querido ente, nesta vida,·
ele o aceita com resignação, em busca da Minha recompensa." (Bukhári)
33. Aicha (R) relatou que perguntara ao Mensageiro de Deus (S) acerca
da peste, e que ele explicara a ela que era um castigo de Deus, louvado seja, que
Ele enviava a quem determinasse, e que era uma misericórdia para os crentes.
Assim que, todo crente que sofre de peste e se mantém em sua localidade,
armado de paciência e resignação. em busca da recompensa de Deus, convencido
de que nada lhe poderá ocorrer a não ser o que Deus lhe tenha destinado.
desfrutará de uma recompensa equivalente à de um mártir. (Bukhári)
34. Anas (R) relatou que ouvira o Mensageiro de Deus (S) dizer: "Deus.
glorificado seja, disse: 'Caso submetesse Meu servo a uma provação, com a
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perda da visão, e ele tivesse abundância de paciência, recompensá-lo-ia, por
isso, com o Paraíso." (Bukhári)
35. Atá Ibn Abi Rabah disse que Ibn Abbas (R) lhe perguntou: "Queres
conhecer uma mulher dentre as moradoras do Paraíso?" Respondi-lhe que sim;
disse: "Aquela negra que se dirigiu ao Profeta (S), dizendo: 'Sofro de epilepsia,
sendo que isso faz com que me descubra. Roga a Deus, louvado seja, por mim.'
O Mensageiro de Deus respondeu: 'Se quiseres, sê paciente e terás o Paraíso. E
se quiseres, rogarei a Deus, Altíssimo, para que te devolva a saúde.' A mulher
disse: 'Pois terei paciência; mas roga a Deus por mim, para que não esteja, com
o ataque, descoberta!' E o Profeta rogou por ela." (Muttafac alaih)
36. Abdullah Ibn Mass 'ud (R) relatou: "É como se estivesse vendo agora
o Mensageiro de Deus (S), nos falando de um dos profetas de Deus (AS) que
foi golpeado por sua própria gente até à sangria, dizendo enquanto limpava o
sangue de seu rosto: 'Senhor, perdoa minha gente, porque não sabem o que
fazem!" (Muttafac alaih)
37.Abu Saíd eAbu Huraira (R) relataram que o Profeta (S) disse: "Sempre
que o muçulmano for acometido de uma fadiga, enfermidade, preocupação,
tristeza, lesão ou angústia, inclusive atingido por um espinho que o perfure,
Deus lhe expiará, por isso, alguma das suas faltas." (Muttafac alaih)
38. Abdullah Ibn Mass'ud (R) relatou: "Visitei o Profeta (S) quando ele
estava com febre. Disse-lhe: Ó Mensageiro de Deus, estás com febre alta! Ele
disse: 'Deveras! a intensidade da minha febre é equivalente à de duas pessoas!'
Eu disse: Isso é porque tens a recompensa em dobro! Ele disse: .É isso aí', e
acrescentou mais: 'Quando um muçulmano se fere, por exemplo, com um
espinho, ou com menos que isso, Deus expia-lhe os pecados, os quais saem
dele como saem as folhas de uma árvore'" (Muttafac alaih)
39. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Àquele
a quem Deus quiser favorecer fá-lo-á sofrer." (Bukhári)
40. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse; "Que ninguém
dentre vós deseje a morte por algo que haja sofrido. Outrossim, que diga: 'Deus
meu, se a vida é o melhor para mim, faze-me viver; e faze-me morrer, se a
morte é o melhor para mim!'" (Muttafac alaih)
41. Khabbab Ibn aIArat (R) relatou: "Queixamo-nos durante a repressão
que os primeiros muçulmanos sofreram, em Makka, perante o Mensageiro de
Deus (S), que se encontrava sentado sobre a sua túnica, à sombra da Kaaba;
dissemos: Poderias tu pedir o respaldo de Deus e rogar-Lhe por nós? E ele
respondeu: 'Houve um tempo em que se levava o homem (crente), cavava-se
uma cova na terra, e ali se o jogava. Então pegava-se um serrote para pô-la na
sua cabeça, partindo-a em dois, ou se lhe passava um pente de ferro, separandolhe
as carnes dos próprios ossos. Contudo, aquilo não o demovia da sua religião.
Por Deus, Ele fará prevalecer essa religião de tal modo, que o viajante poderá
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percorrer o caminho de Sana a Hadramut sem nada temer a não ser a Deus, e o
lobo quanto às suas ovelhas. Porém, quanto a vós, desde já, sois uns apressados.'"
(Bukhári)
42. Ibn Mass;ud (R) relatou: "No desfecho da luta, em Hunain, o
Mensageiro de Deus (S), com o fito de conquistar os corações de alguns novos
convertidos ao Islam, favoreceu algumas pessoas, na distribuição dos despojos.
Deu para o Aqra Ibn Hábis e para o Uyaina Ibn Hissn cem camelos cada, e
dispensou favores também para alguns dos respeitáveis líderes árabes. Um
homem objetou àquilo, dizendo: 'Essa não é uma distribuição justa no sentido
de se obter o aprazimento de Deus!' (Ao ouvir aquilo) eu resolvi levar tal objeção
ao conhecimento do Mensageiro de Deus (S); fui ter com ele, e o informei (do
que se dissera). Ao ouvir tal coisa, o rosto do Profeta (S) ficou vermelho, e ele
disse: 'Quem então irá fazer justiça, se Deus e o Seu Mensageiro não a fizerem?'
Depois acrescentou: 'Que Deus tenha misericórdia de Moisés (As), pois ele
teve mais problemas que este, mas foi paciente!' Ouvindo aquilo, eu disse para
mim mesmo: Jamais direi nada dessa natureza para ele outra vez!" (Muttafac
alaih)
43. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Caso Deus
deseje favorecer um de Seus servos, adiantar-Ihe-á as conseqüências da suas
faltas ainda nesta vida; caso contrário, deixá-lo-á com suas faltas, com as quais
se apresentará no Dia do Juízo." Ele disse ainda: "Apenas o trabalho árduo traz
uma recompensa elevada, e quando Deus, o Exaltado, ama as pessoas, Ele as
coloca sob testes. Portanto, aquele que aceita o seu teste e por ele passa, obtém
o aprazimento de Deus, e aquele que se esquivar do seu teste irá obter a ira de
Deus." (Tirmizi)
44. Anas (R) narrou que Abu Tal-ha (R) tinha um filho que sofria de uma
grave doença. Um dia, Abu Tal-ha se ausentou de casa e, durante a sua ausência,
o menino faleceu. No seu regresso, perguntou: "Como está meu filho?" Ummu
Sulaim - a mãe do menino - respondeu: "Está mais tranqüilo que nunca." Em
seguida lhe pôs a ceia. Abu Tal-ha, depois de ceiar, se deitou com sua mulher.
Mais tarde esta lhe comunicou que o menino havia sido enterrado. No dia
seguinte, Abu Tal-ha foi ter com o Mensageiro de Deus (S), e lhe contou o
sucedido. O Profeta lhe perguntou: "Tivestes uma noite de bodas?" Abu Tal-ha
disse que sim. O Profeta exclamou: "Senhor, abençoa o fruto de ambos!" A
mulher de Abu Tal-ha deu à luz um varão, e ele disse a Anas: "Leva o menino
ante o Profeta (S)." E também enviou algumas tâmaras para o Profeta. Este
perguntou: "Trazes algo?" Anas disse: "Sim, tâmaras." O Profeta (S) as pegou
e as mastigou, e as colocou na boca do menino, esfregando-lhas nas gengivas;
e lhe pôs o nome de Abdullah. (Muttafac alaih)
A versão de Bukhári acrescenta: Ibn Uyaina disse: "Um homem dos
Ansar informou que o Abdullah, o filho de Tal-ha, teve nove filhos, e todos
recitavam o Alcorão."
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A narração de Musslim diz: "Quando o filho de Abu Tal-ha, que ele
tinha tido com a Ummu Sulaim, morreu, ela disse para os membros da família:
'Não conteis para oAbu Tal-ha sobre a morte do menino; eu mesma lhe contarei.'
Quando ele chegou, ela pôs o jantar diante dele, o qual ele comeu. Ela, então se
arrumou para ele, da melhor forma possível, e eles tiveram relações. Depois
disso, ela lhe disse: 'Abu Tal-ha, diz-me, se alguém empresta algo a uma pessoa,
e depois o pede de volta, tem o emprestado o direito de negar a devolução?' Ele
respondeu" 'Não!' Então, ela disse: 'Tem esperança na recompensa de Deus,
pelo que aconteceu ao teu filho.' Abu Tal-ha ficou zangado, e disse: 'Deixasteme
em dúvida a respeito da condição do meu filho, até depois de termos relações.'
Ele a deixou e foi ter com o Mensageiro de Deus (S), e lhe contou O ocorrido.
Ele disse: 'Que Deus abeçoe a vossa noite.' Ela então concebeu. Posteriormente,
o Mensageiro de Deus (S) estava de viagem, e Abu Tal-ha e esposa estavam
com ele. Era costume do Profeta (S) que, quando retornasse de uma viagem, ele
não entrava na cidade durante a noite. Quando eles se aproximaram de Madina,
as dores de parto de Ummu Sulaim começaram, e Abu Tal-ha teve de ficar com
ela. O Mensageiro de Deus (S) continuou a sua marcha. Abu Tal-ha, então fez a
seguinte prece: -o Senhor meu, Tu sabes qual era o meu desejo de ter o privilégio
de acompanhar o Mensageiro de Deus quando ele sai em viagem e quando ele
volta. Agora fiquei detido aqui devido à situação que vês.' Ummu Sulaim disse:
-ó Abu Tal-ha, não estou mais sentindo dores. Vamos seguir.' Assim, eles
seguiram. Ao chegaram à cidade, as dores voltaram, c ela deu à luz a um menino."
Anas continuou o seu relato, dizendo: "A minha mãe me disse: 'Anas, o bebê
não deve mamar antes que o leves ao Mensageiro de Deus (S).' Ao amanhecer,
leve o menino para o Mensageiro de Deus (S)." (A continuação do hadice é a
mesma).
45. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O
homem forte não é aquele que tem força no porte físico, mas sim aquele que se
controla no momento da ira." (Muttafac alaih)
46. Suleiman Ibn Surad (R) relatou que estava sentado ao lado do Profeta
(S), e viram dois homens que se insultavam mutuamente. Um deles ficou com
o rosto muito ruborizado e as jugulares inchadas. O Mensageiro de Deus (S)
disse: "Conheço algumas palavras que, se ele as disser, livrar-se-á desse estado;
se disser: 'Peço refúgio em Deus contra o maldito Satanás ' Alguns homens
contaram àquele homem o que o Profeta (S) dissera: "Busca refúgio em Deus
contra o maldito Satanás!" (Muttafac alaih)
47. Moaz Ibn Anas (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Àquele que
reprimiu, ou reprime, sua ira, ao tempo que pôde ter agido, Deus, louvado e
exaltado seja, o convidará, na presença de todas as criaturas, no Dia do Juízo,
para que eleja a quem mais goste, entre as belas huris do Paraíso." (Abu Daúd
e Tirmizi)
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48. Abu Huraira (R) relatou que um homem disse ao Profeta (S):
"Aconselha-me!" Respondeu-lhe: "Não te enfureças!" O homem insistiu em
sua pergunta várias vezes, mas o Profeta continuava a repetir: "Não te enfureças!"
(Bukhári)
49. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "As
calamidades acompanharão o crente e a crente, em sua pessoa, seus filhos e
suas posses, até ele ou ela encontrar-se com Deus, louvado seja, sem que tenha
algum pecado ou delito." (Tirmizi)
50. Ibn Abbas (R) relatou "O Uyaina Ibn Hisn foi para Madina e aí ficou
com o seu sobrinho, o Hurr Ibn Qais, que era íntimo de Ômar, e tinha o privilégio'
de pertencer ao quadro de seus concelheiros. O Uyaina disse para o Hurr: 'Meu
caro sobrinho, tu desfrutas da confiança do Amir dos Crentes; será que não
obterias permissão para eu o ver?' Então o Hurr pediu a permissão requerida, a
qual o Ômar concedeu. Quando o Uyaina compareceu perante o Ômar, dirigiuse
a este assim: -ó filho de Khattab, tu não nos dás muito, e não nos tratas
justamente!' O Ômar ficou aborrecido e ia golpear o homem, quando o Hurr
disse: -ó Amir dos Crentes, Deus disse para o Seu Profeta (S): (Ó Mohammad)
conserva-te indulgente, recomenda o bem e afasta-te dos ignorantes (7:199).
Eis que este (Uyaina) é um dos ignorantes!' Quando o Hurr recitou aquilo, o
Ômar se acalmou, e não se mexeu do seu assento. Ele sempre seguia à risca o
Livro de Deus." (Bukhári)
51. Ibn Mass' ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Haverá, depois de mim, egoísmo, e observareis coisas que desaprovareis."
Perguntaram-lhe: Ó Mensageiro de Deus, o que nos ordenas fazermos em tal
situação?" Ele respondeu: "Cumpri com a vossa obrigação e suplicai a Deus o
que é vosso." (Muttafac alaih)
52. Ussayd bin Hudhair (R) relatou que um muçulmano dos Ansar
perguntou para o Mensageiro de Deus (S): "Por que não me apontas como um
executivo, como apontaste Fulano?" Ele respondeu: "Tu verás discriminação
depois que eu me for, mas sê paciente, até que me encontres na margem da
fonte (Kaussar, no Paraíso)." (Muttafac alaih)
53. Abdullah Ibn Abi Aufa (R), relatou que no dia em que o Mensageiro
de Deus (S) teve que enfrentar-se com o inimigo, esperou até o sol se inclinar
depois de meio dia; logo se pôs de pé e se dirigiu aos seus homens: -opovo,
não ansieis pelo reencontro com o inimigo, mas rogai a Deus para que estejais
a salvo. Porém, quando vos enfrentardes com ele, sede pacientes, e sabei que o
Paraíso se encontra sob a sombra das espadas." E orou: "Senhor, Tu que revelaste
as escrituras, que fazes correr as nuvens, e que derrotaste os partidos aliados (o
exército de Makka), derrota-os e concede-nos a vitória sobre eles!" (Muttafac
alaih)
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CAPÍTULO 4
A VERACIDADE
Deus, louvado seja, disse:
-ó crentes, temei a Deus e permanecei com os verazes!" (Alcorão
Sagrado, 9:119).
E, louvado seja, disse também:
"Aos verazes e às verazes" (Alcorão Sagrado, 33:35).
E, louvado seja, disse ainda:
"Quão melhor seria para eles se fossem sinceros para com Deus!"
(Alcorão Sagrado, 47:21).
54. Ibn Mass 'ud (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A veracidade conduz
à bondade, e a bondade conduz ao Paraíso. De sorte que se um homem disser
constantemente a verdade, Deus o inscreverá como realmente veraz. A mentira
conduz à perversidade e a perversidade conduz ao Fogo. Deste modo, se um
homem disser sempre mentiras, Deus o inscreverá como irremediavelmente
mentiroso." (Muttafac alaih)
55. AI Hassan Ibn Áli Ibn Abi Tálib (R) relatou: "Aprendi de memória
umas palavras do Mensageiro de Deus (S); foram estas: "Abandona o que te
deixa em dúvida, pelo que não te deixa em dúvida, pois, a veracidade conforta,
e a mentira atromenta a alma." (Tirmizi)
56. Abu Sufyan (R) relatou uma parte da sua afirmação sobre Herác1ios,
dizendo que este lhe perguntou o que o Profeta (S) lhes ensinava, e o Abu
Sufyan respondeu: "Ele nos ensina a cultuarmos somente a Deus, a não
associramos ninguém a Ele, e a abandonarmos tudo o que os nossos ancestrais
disseram; e nos ordenou a observarmos a oração, a falarmos a verdade, a
mantermo-nos castos e a reforçarmos os laços de parentesco com aqueles
realcionados a nós" (Muttafac alaih).
57. Sahl Ibn Hunaif (R) relatou que o profeta (S) disse: "Aquele que
suplica a Deus, louvado seja, com sinceridade, para que lhe conceda o martírio,
Deus o fará alcançar o grau dos mártires, ainda que venha a falecer no seu
próprio leito." (Musslim)
58. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Um
dos primeiros profetas, enquanto em campanhia, anunciou entre seu povo que o
indivíduo que houvesse desposado uma mulher que ainda não tivesse levado
para casa, ou que o que houvesse construído as paredes da casa, mas não tivesse
posto o teto sobre elas, ou o que houvesse adquirido cabras prenhes ou camelas
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esperando para dar cria, o acompanhassem. Após isso, ele se pôs a caminho da
cidade, que era o seu objetivo. Ele chegou lá um pouco antes do crepúsculo, e
disse para o sol: 'Tu estás sujeito ao comando d~ Deus, e eu estou também
comissionado a encetar guerra.' Então ele orou: 'O Deus, contém, para nós, o
sol!' e este foi contido, até que Deus lhe proporcionou a vitória. Depois os
despojos foram juntados para serem queimados como oferenda, mas o fogo não
os consumia. Então ele anunciou: 'Alguém, dentre vós, surripiou uma parte dos
despojos; então, agora, que um homem de cada tribo renove o juramento nas
minhas mãos!' Nesse processo, a mão de um homem ficou grudada na mão do
profeta, e este declarou: 'Alguém da tua tribo é culpado desse surripiamento;
assim sendo, que cada homem da tua tribo renove o juramento nas minhas
mãos!' Nesse processo, as mãos de dois ou três homens ficaram grudadas na
mão do profeta, e ele disse que um deles era o culpado pelo surripiamento. Eis
que eles apresentaram uma cabeça de vaca, de ouro, que foi posta entre os
despojos, e o fogo os consumiu." O Profeta acrescentou: "Os despojos de guerra
não foram tornados lícitos para os nossos antepassados; Depois, Deus os tornou
lícitos para nós, face à nossa fraqueza ou à nossa carência de meios" (Muttafac
alaih)
59. Hakim bin Hizam (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Um acordo de venda é revogável até que o vendedor e o comprador se separem.
Se falarem a verdade e puserem às claras todas as coisas relevantes à transação,
ela se tornará plena de bênçãos para os dois; mas se falarem falsamente, e
ocultarem o que deveria ser esclarecido, a bênção da transação será apagada"
(Muttafac alaih)
CAPÍTULO 5
A VIGILÂNCIA
Deus, louvado seja, disse:
"Que te vê quando te ergues (para orar), assim como vê os teus
movimentos entre os prostrados" (Alcorão Sagrado, 26:218-219).
E, louvado seja, disse também:
"... está convsoco onde quer que estejais, e Deus bem vê o quanto
fazeis" (Alcorão Sagrado, 57:4).
E, louvado seja, disse ainda:
"De Deus nada se oculta, tanto na terra como no céu" (Alcorão
Sagrado, 3:5).
E, louvado seja, disse mais:
"... teu Senhor está sempre alerta" (Alcorão Sagrado, 89: 14).
E, louvado seja, continuou:
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"Ele conhece os olhares furtivos e quanto ocultam os corações"
(Alcorão Sagrado, 40:19).
60. Ômar Ibn aI Khattab (R) relatou que num dia em que ele e outras
pessoas estavam sentados em companhia do Mensageiro de Deus (S), aproximouse
deles um homem com roupa de resplandecente brancura, e tinha cabelos
intensamente pretos. Não se lhe notavam sinais de que tivesse viajado, nem
tampouco o conhecia nenhum de nós. Sentou-se em frente ao Profeta (S),
apoiando os joelhos contra os do Profeta; e, pondo as mãos sobre as coxas dele,
disse: -ó Mohammad, fala-me acerca do Islam!" O Mensageiro de Deus (S)
lhe respondeu: "O Islam consiste em que prestes testemunho de que não há
outra divindade além de Deus, e de que Mohammad é o Seu Mensageiro; que
observes a oração e que pagues o zacat; que jejues no mês de Ramadan, e que
realizes a peregrinação à Caaba, se tens meios para isso." O homem disse:
"Disseste a verdade." A nós surpreendeu-nos que lhe perguntasse, e que logo
confirmasse a verdade. O homem voltou a perguntar: "Fala-me sobre a fé!" E o
Profeta lhe respondeu: "Que creias em Deus, em Seus anjos, em Seus Livros,
em Seus mensageiros e no Dia do Juízo. E que creias no destino, tanto no bom
como no mau." E o homem disse: "Falaste a verdade! Fala-me agora sobre o
ihsan (o devido cumprimento das obrigações)." O Mensageiro de Deus
respondeu: "Que adores a Deus como se O visses, pois se não O vês, Ele te vê."
O homem disse: "Fala-me acerca da Hora (do Juízo)". Disse o Profeta: "Quem
está sendo interrogado disso não tem melhor conhecimento do que quem está
fazendo a pergunta." O homem insistiu: "Fala-me, então, dos sinais dela!" Disse
o Mensageiro de Deus (S): "Será quando a escrava der à luz a sua própria
senhora, e quando vires os descamisados e desamparados pastores de ovelhas
competindo nas construções dos altos edifícios." Aquele homem se foi. Fiquei
pensativo por um bom tempo. O Profeta me perguntou: -o Ôrnar, sabes quem
era aquele que me perguntava?" Eu disse: "Deus e o Seu Mensageiro têm melhor
conhecimento!" Disse o Profeta: "Era o Arcanjo Gabriel, que veio ensinar-vos
a essência da vossa religião." (Musslim)
61. Jundub Ibn Junada eMuaz Ibn Jabal (R) relataram que o Mensageiro
de Deus (S) disse: "Tende devoção e temor a Deus, onde quer que estejais. E
depois de haverdes cometido uma falta, apressai-vos em contrabalançá-la com
um bom ato, pois este a expiará. Além disso, convivei bondosamente com as
pessoas." (Tirmizi)
62. IbnAbbas (R) relatou: "Estava eu, um dia, na garupa da montaria do
Profeta (5), quando ele me disse: -ó jovem, ensinar-te-ei algumas palavras:
Resguarda a Deus e Ele te resguardará. Recorda-te de Deus, e O encontrarás
sempre à tua frente. Se implorares por algo, implora a Deus. E se pedires ajuda,
pede a Deus. E tem certeza de que ainda que se reúna todo o povo para beneficiarte
em algo, não conseguirão fazê-lo, a não sernaquilo que Deus houver disposto
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69. Abu Huraira (R) relatou que uma pessoa perguntou ao Mensageiro
de Deus (S): -o Mensageiro de Deus, quem é o homem mais honorável?"
Respondeu-lhe: "É o religioso que mais teme a Deus." O homem insistiu: "Não
foi isso que te perguntei..." e ele respondeu: "É o Profeta de Deus, José, e o
Filho do Profeta de Deus, ou o neto do Profeta de Deus, e o bisneto do amado
de Deus (Abraão)." Porém, outra vez lhe disse: "Não foi isso que te perguntei..."
Foi aí que o Profeta disse: "Se me estás perguntando pelas qualidades dos árabes,
dir-te-ei: os que foram bondosos antes do Islam (na idolatria) sê-le-ão no Islam,
caso assimilem bem a religião." (Muttafac alai h)
70. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A vida é
doce e cor-de-rosa. Deus vos fez legatários nela, e observará as vossas obras.
Pois bem, evitai as tentações da vida e das mulheres, pois a primeira tentação
que os judeus encontraram foi causada pelas mulheres." (Musslim)
71. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Deus meu, imploroTe
que me concedas a boa diretriz, a devoção, a abstenção (do ilícito) e a
prodigalidade." (Musslim)
72. Adi Ibn Hátem al Tai (R) relatou que escutava o Mensageiro de Deus
(S) dizer: "Quem jurou - em testemunho - acerca de alguma questão, e logo
descobriu que seria mais justo - perante Deus - retificá-la, que proceda, então,
como o mais condescendente." (Musslim)
73. Sudai Ibn Ajlan ai Báhili (R) relatou que escutara o Mensageiro de
Deus (S) dizer, no Sermão de Despedida: "Sede devotos e temei a Deus. Praticai
as cinco orações (diariamente), jejuai no vosso mês (o mês de Ramadan), pagai
o zacat das vossas propriedades, e obedecei os vossos governantes. Dessa
maneira, alcançareis o Paraíso do vosso Senhor." (Tirmizi)
CAPÍTULO 7
QUANTO À CONVICÇÃO E À CONFIANÇA EM DEUS
Deus, louvado seja, disse:
"E quando os crentes avistaram os partidos, disseram: Eis os que
nos haviam prometido Deus e o Seu Mensageiro, e tanto Deus como Seu
Mensageiro disseram a verdade! E isso não fez mais do que lhes aumentar
a fé e a resignação" (Alcorão Sagrado, 33:22).
E, louvado seja, disse também:
"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra
vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Deus nos é suficiente.
Que excelente Guardião! Pela mercê e a graça de Deus retornaram ilesos.
Seguiram Seus bons preceitos; sabei que Deus é Agraciante por excelência"
(Alcorão Sagrado, 3: 173-174).
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E, louvado seja, disse ainda:
"E confia-te no Vivente, Imortal" (Alcorão Sagrado, 25:58).
E, louvado seja, disse mais:
"Que os crentes confiem em Deus!" (Alcorão Sagrado, 14:11).
E, louvado seja, continuou:
"E quando tomares uma decisão, confia em Deus" (Alcorão Sagrado,
3: 159).
Os versículos do Sagrado Alcorão referentes à fé e à confiança em Deus
são inúmeros e conhecidos. Entre outros, Deus, louvado seja, disse:
"Quanto àquele que confiar em Deus, saiba que Ele lhe será
Suficiente" (Alcorão Sagrado, 65:3).
E, louvado seja, disse também:
"Só são crentes aqueles cujos corações se estremecem quando lhes é
mencionado o nome de Deus e, quando lhes são recitados Seus versículos,
é-lhes aumentada a fé, e confiam em seu Senhor" (Alcorão Sagrado, 8:2).
74. IbnAbbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Foramme
expostas (em sonho ou inspiração) muitas nações. Assim, vi um profeta
acompanhado por um pequeno grupo de pessoas, e outros profetas
acompanhados por apenas um ou dois homens, ou nenhum. Então apareceu
uma grande multidão, e eu pensei que fosse a minha nação, mas fui informado:
'Estes são Moisés e seus seguidores; mas... olha para o horizonte!' Olhei e vi
outra grande multidão, e me disseram para que olhasse do outro lado do
horizonte, onde havia uma outra grande multidão. Então fui informado: 'Estes
são os teus seguidores; e, com isso, são setenta mil pessoas que entrarão no
Paraíso sem prestar conta alguma nem sofrer castigo algum." Uma vez dito
aquilo, o Mensageiro de Deus (S) se levantou e entrou na sua habitação. Os
assistentes começaram a especular acerca dos que entrariam no Paraíso sem
prestar contas nem sofrer castigo. Alguém disse: "Serão, acaso, os que forem
companheiros do Mensageiro de Deus (S)?" Outros disseram: "Seriam acaso
os que nasceram no Islam e, desse modo, nada e ninguém associaram a Deus?"
E citaram outros casos. Ao ouvir aquelas polêmicas, o Mensageiro de Deus (S)
saiu de sua habitação, e perguntou: "De que estais discutindo?" Quando teve
conhecimento do tema, disse: "São os que não utilizam o benzimento nem
benzem as pessoas, e não crêem no mau augúrio, mas apenas se encomendam
a Deus." Naquele momento se apresentou Ucacha Ibn Muhsen e implorou ao
Profeta que suplicasse a Deus para que fosse contado entre aquelas setenta mil
pessoas. O Mensageiro de Deus (S) disse: "Serás uma delas." Todavia,
apresentou-se outro Companheiro pedindo o mesmo, ao que o Profeta
respondeu: "Ucacha teve prioridade sobre ti!" (Muttafac alaih)
75. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus
meu, a Ti me submeto, em Ti creio, tenho fé, e a Ti me encomendo. A Ti me
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volto em adoração, e por Ti discordo (dos incrédulos)! Deus meu, refugio-me
em Teu sublime poderio - pois não existe outro senhor que não sejas Tu - não
me faça extraviar. Tu és o Vivente, que jamais morre, porquanto tanto os humanos
como os gênios morrem!" (Muttafac alaih)
76. Ibn Abbas (R) disse: "Deus nos é suficiente; Ele é o melhor Guardião.
Isto foi o que disse Abraão (AS) quando foi atirado ao fogo, e que foi repetido
por Mohammad (S) quando foi dito a ele e aos seus companheiros: 'Os inimigos
concentraram-se contra vós; temei-os, pois! Isso aumentou-lhes a fé, e
disseram: Deus nos é suficiente. Que excelente Guardião!" (Alcorão Sagrado,
3: 173). (Bukhári)
77. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Muitas pessoas
cujos corações são iguais aos dos pássaros entrarão no Paraíso, ou seja, seus
corações serão ternos como os dos pássaros, ou então estarão contentes, ou
seus corações serão ternos devido aos seus temores a Deus" (Musslim).
78. Jáber (R) relatou que acompanhou o Profeta (S) numa campanha de
jihad, na direção de Najd e, no final da batalha, com ele voltou. No meio do dia,
o destacamento chegou a um vale cheio de árvores espinhosas, onde o Profeta
ordenou que parássemos, sendo que os Companheiros se espalharam em busca
de sombra. Ele pendurou a sua espada no galho de uma árvore, e se deitou sob
a sombra dela. Nós também tiramos um cochilo e, subitamente, ouvimos o
Profeta (S) a nos chamar. Corremos ao encontro dele, e vimos um beduíno que
se sentava ao lado dele. 'Esse homem sacou da minha espada contra mim
enquanto eu dormia; acordei e vi que ele tinha a espada nua em sua mão, e me
perguntou: 'Agora, quem te irá salvar de mim?' Eu lhe disse: Deus me salvará!',
e repetiu a sentença por três vezes. O Profeta se levantou, e não puniu o homem."
(Muttafac alaih)
79. Ômar (R) relatou que escutara o Mensageiro de Deus (S) dizer: "Se
vos encomendardes a Deus com verdadeira devoção e sinceridade, Ele vos
proverá como faz com os pássaros, que saem com as moelas vazias, pela manhã,
para regressarem com elas cheias ao entardecer." (Tirmizi)
80. AI Barrá Ibn Ázeb (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) lhe
disse: "Quando fores recolher-te ao teu leito, dize: 'Deus meu, a Ti me entrego,
e a Ti oriento o meu rosto, e a Ti encomendo meus assuntos; em Ti resguardo os
meus costados, por amor e por temor a Ti. Não há refúgio nem salvaguarda de
Ti, a não ser em Ti, creio e tenho fé na escritura que me revelaste e no Profeta
que enviaste.' E se morreres nessa noite, morrerás como um verdadeiro crente,
com inata fé. E se te chegar a manhã, encontrar-te-ás melhor." (Muttafac alaih)
81. Abu Bakr Siddik (R) lbn Abdullah lbn Uçman lbn Amir lbn Ômar
lbn Kaab lbn Saad lbn Taim Ibn Murra lbn Kaab Ibn Luwai lbn Ghálib ai
Quraixi Taimi que, juntamente com seu pai e sua mãe, são todos Companheiros,
relatou: "Quando o Profeta (S) e eu nos escondemos na Caverna de Saur, e
estávamos sendo procurados pelos maquenses, eu vi os pés deles acima de nós,
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do lado de fora da caverna, e disse: ó Mensageiro de Deus, se eles olharem
para baixo, para seus pés, eles nos verão! O Profeta (S) disse: -o Abu Bakr, que
achas tu de dois dos quais Deus é o Terceiro?''' (Muttafac alaih)
82. Hind Bint Abu Umaia (R) relatou que quando o Profeta (S) saía de
casa, dizia: "Em nome de Deus; encomendo-me a Deus! Deus meu, refugiome
em Ti para não me extraviar (da senda reta), ou não me fazerem extraviar;
para não cometer faltas, ou não me fazerem cometê-las; para não ser injusto, ou
ser objeto de injustiça; para não ser impertinente, ou o serem comigo!" (Abu
Daúd e Tirmizi)
83. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Àquele que,
ao sair de casa, disser: 'Em nome de Deus; encomendo-me a Deus; não há força
nem poder senão em Deus', será dito: 'Foste guiado (à verdadeira senda), e
Deus te proverá e te guardará; e Satanás se esquivará de ti.'" (Abu Daúd, Tirmizi,
Nassá'i e outros)
84. Anas lbn Málik (R) relatou que durante os dias do Profeta (S) havia
dois irmãos; um deles costumava servir o Profeta (S), e o outro costumava
tratar dos seus negócios. Um dia este último se queixou junto ao Profeta (S) que
o outro irmão nada fazia (para ganhar a vida). O Profeta (S) argumentou: "É
possível que tu estejas sendo ajudado a ganhar a tua vida por ele!" (Tirmizi).
CAPÍTULOS
ARETIDÃO EAFIRMEZA
Deus, louvado seja, disse:
"Sê firme, pois, tal qual te foi ordenado" (Alcorão Sagrado, 11:112).
Deus, louvado seja, disse também:
"Em verdade, quanto àqueles que dizem: Nosso Senhor é Deus, e se
firmam, os anjos descerão sobre eles (ao morrerem), os quais lhes dirão:
Não temais, nem vos entristeçais; outrossim, regozijai-vos com o Paraíso
que vos está prometido! Somos os vossos protetores na vida terrena e (o
seremos) na Outra, onde tereis quanto anelam vossas almas e quanto
pretendíeis. Tal é a hospedagem do Indulgente, Misericordiosíssimo!"
(Alcorão Sagrado, 41:30-32).
Deus, louvado seja, disse ainda:
"Em verdade, quanto àqueles que dizem: Nosso Senhor é Deus, e se
firmam, não serão presas do temor nem se angustiarão. Estes serão os diletos
do Paraíso, onde morarão eternamente em recompensa de quanto houverem
feito" (Alcorão Sagrado, 46: 13-14).
85. Sufian lbn Abdullah (R) relatou que em certa ocasião perguntou: -o
Mensageiro de Deus, fala-me algo definitivo acerca do lslam, para que eu não
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tenha que perguntar a ninguém mais. Ele disse: 'Dize: creio em Deus; e então,
age com firmeza!'" (Musslim)
86. Abu Huraira (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Segui
os princípios do Islam estritamente, e sede firmes, e sabei que ninguém se salvará
por intermédio de seus atas." Perguntaram-lhe: "Nem mesmo tu, ó Mensageiro
de Deus?" Ele respondeu: "Nem mesmo eu, a não ser que Deus me cubra com
a Sua mercê e graça." (Musslim)
CAPÍTULO 9
A CONTEMPLAÇÃO DA CRIAÇÃO DO UNIVERSO E AS COISAS
QUE NELE EXISTEM
Deus, louvado seja, disse: "Dize-lhes: Exorto-vos a uma só coisa: que
vos consagreis a Deus, em pares ou individualmente; e refleti" (Alcorão Sagrado,
34:46).
Deus, louvado seja, disse também:
"Na criação dos céus e da terra e na alternância do dia e da noite há
sinais para os sensatos, que mencionam Deus, estando em pé, sentados ou
deitados, e meditam na criação dos céus e da terra, dizendo: Ó Senhor nosso,
não criaste isto em vão. Glorificado sejas! Salva-nos do tormento infernal!"
(Alcorão Sagrado, 3:190-191).
Deus, louvado seja, disse ainda:
"Porventura, não reparam nos camelídeos,(2482) como são criados? E
no céu, como foi elevado? E nas montanhas, como foram fixadas? E na terra,
como foi dilatada? Admoesta, pois, porque és tão-somente um admoestador!"
(Alcorão Sagrado, 88:17-21).
Deus, louvado seja, disse mais:
"Porventura, não percorreram a terra, para ver qual foi a sorte dos seus
antecessores?" (Alcorão Sagrado, 47: 10).
Quanto aos assunto, ver o hadice n° 66.
CAPÍTULO 10
A TOMADA DE DECISÃO NAS BOAS AÇÕES E O INCENTIVO QUE
DEVE RECEBER QUEM AS REALIZA
Deus, louvado seja, disse:
"Empenhai-vos na prática das boas ações" (Alcorão Sagrado, 2: 148).
Deus, louvado seja, disse também:
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"Apressai-vos em obter a indulgência de vosso Senhor e um Paraíso
cuja amplitude é igual à dos céus e da terra, preparado para os tementes"
(Alcorão Sagrado, 3:133).
87. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Não
percais tempo em fazerdes boas obras porque logo irá haver uma série de
malefícios, como nalgumas partes de uma noite escura: o indivíduo se levantará
pela manhã como muçulmano crente, e se transformará num renegado, ao
anoitecer, ou irá deitar-se crendo, e se levantará pela manhã, descrendo. Será
prestes em vender sua crença por um ganho terreno." (Musslim)
88. Ucba Ibn Háris (R) conta: "Juntei-me à oração da tarde, em Madina
dirigida pelo Profeta (S). Logo que ele terminou a oração, levantou-se e,
caminhando pela linha dos cultuadores, apressou-se na direção de um dos seus
camareiros. As pessoas, em ajuntamento, ficaram surpresas com tal pressa.
Quando ele voltou, explicou o seu ato, dizendo: 'Lembrei-me de que havia sido
deixada comigo uma peça de prata (ou ouro), e isso me perturbou. Providenciei
agora para a sua distribuição" (Bukhári).
Outra versão diz: "Foi deixada comigo uma peça de prata (ou ouro) que
era para caridade; fiquei preocupado que ela pernanecesse comigo por toda a
noite."
89. Jáber (R) relatou que um dia um homem, na batalha de Uhud, pediu
ao Profeta (S): "Dize-me: onde irei estar se eu for morto em batalha, agora
mesmo?" Ele respondeu: "No céu!" O homem jogou fora algumas tâmaras que
tinha na mão, arremessou-se para a batalha, e lutou até que foi martirizado.
(Muttafac alaih)
90. Abu Huraira (R) relatou que um homem perguntou ao Profeta (S): -oMensageiro de Deus, qual a caridade que merece maior recompensa?" Disse
o Profeta: "É quando entregas tua caridade no gozo de plena saúde, com poucos
meios, e temendo a pobreza, mas com esperanças de enriquecer. E não te atrazes
nas tuas caridades, até ao momento da morte, quando então dirás: 'Isto é para
fulano, e isto é para cicrano' , quando, na realidade, tuas posses já foram passadas
para outros." (Muttafac alaih)
91. Anas (R) relatou que num dia, na batalha de Uhud, o Mensageiro de
Deus (S) tomou da espada, e perguntou: "Quem vai tomar esta minha espada?"
Todos estiraram suas mãos, dizendo:"Eu... Eu..." O Profeta (S) perguntou:
"Quem irá tomá-la com a plena responsabilidade?" Os presentes hesitaram.
Então o Companheiro Abu Dujana disse: "Tomá-Ia-ei com responsabilidade!"
Ele a tomou e com ela matoui um grande número de idólatras!" (Musslim).
92. Zubair Ibn Adiy (R) conta: "Abordamos o Anas Ibn Málik e nos
queixamos junto a ele dos maus tratos e das torturas causados a nós pelo Hajaj
Ibn Yussuf (um cruel governador durante o reinado omíade). Ele nos aconselhou
a sermos pacientes, dizendo: "Cada período é seguido de um tempo pior; ouvi
isso dito pelo Profeta (S)." (Bukhári)
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93. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: ''Tomai
a iniciativa fazendo boas ações, antes que ocorram as sete calamidadess; e tende
cuidado com elas: Acaso, esperam uma pobreza que faz esquecer, ou uma riqueza
que causa despotismo, ou uma enfermidade maligna, ou uma velhice senil
(delirante), ou uma morte repentina, ou o Anti-cristo e o impostor - pois é o
pior ausente esperado>, ou a Hora (do Juízo), pois a Hora será a mais calamitosa
e amarga!" (Tirmizi)
94. Abu Huraira (R) relatou que na véspera da batalha de Khaibar o
Mensageiro de Deus (S) disse: "Ofereço este estandarte àquele que ama a Deus
e Seu Mensageiro; que Deus (nos) conceda a vitória por intermédio dele!" O
Ômar relatou: "Nunca desejei ter um comando, mas naquele dia eu esperava
que me fosse dada a chance!" Porém, o Profeta (S) chamou o Áli Ibn Abi Tálib
(R), entregou-lhe o estandarte, e disse: "Vai em frente, e não prestes atenção a
nada, até que Deus (nos) conceda a vitória por teu intermédio!" Ao ouvir aquilo,
o Áli (R) se pôs a caminhar, mas se reteve e, sem se voltar, perguntou em voz
alta: -o Mensageiro de Deus, pelo quê lutarei com eles?" Ele respondeu:
"Continua a lutar, até que eles afirmem que não há outra divindade além de
Deus, e que Mohammad é o Seu Mensageiro. Se fizerem isso, suas vidas e
propriedades deverão permanecer a salvo, (certamente) sujeitos estarão quanto
às obrigações impostas pela lei islâmica, e eles irão prestar contas a Deus."
(Musslim)
CAPíTULO 10
A ABNEGAÇÃO
Deus, louvado seja, disse:
"Quanto àqueles que diligenciam por Nossa causa, encaminhá-losemos
por Nossas sendas. Sabei que Deus está com os benfeitores" (Alcorão
Sagrado, 29:69).
Deus, louvado seja, disse também:
"E adora a teu Senhor até que te chegue a certeza" (Alcorão Sagrado,
15: 99).
Deus, louvado seja, disse ainda:
"Porém, recorda-te de teu Senhor e consagra-te integralmente a
Ele" (Alcorão Sagrado, 73:8).
Deus, louvado seja, disse mais:
"Quem tiver feito o bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-à"
(Alcorão Sagrado, 99:7).
Deus, louvado seja, disse outra vez:
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"E em todo o bem que fizerdes, em favor de vossas almas, achareis a
recompensa em Deus, o Qual é preferível e mais recompensador" (Alcorão
Sagrado, 73:20).
E, louvado seja, continuou:
"De toda a caridade que fizerdes Deus saberá" (Alcorão Sagrado,
2:73).
95. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) afirmou que
Deus (louvado seja) disse: "Aquele que hostiliza um dos Meus servos mais
devotos, está em guerra coMigo. Jamais o Meu servo se aproximará de Mim
com algo que Eu goste mais do que lhe prescrevi como obrigatório. Que Meu
servo continue se aproximando de Mim através dos atos opcionais (orações,
jejum, caridades), até que Eu venha a amá-lo. E, ao amá-lo, serei seus ouvidos
com os quais ouve, suas vistas com as quais vê, suas mãos com as quais opera,
e suas pernas com as quais anda. Se Me pedir algo, dar-Ihe-ei; e se em Mim
buscar refúgio, conceder-Iho-ei." (Bukhári)
96. Anas (R) relatou o que o Profeta (S) transmitiu de seu Senhor: "Se
um servo Meu, em busca de Meu beneplácito, se aproximar de Mim um palmo,
aproximar-Me-ei dele uma braça; se se aproximar de Mim uma braça, aproximarMe-
ei dele duas braças; e se vier a Mim andando, irei ao seu encontro correndo."
(Bukhári)
97. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Há duas
dádivas que são menosprezadas por muita gente: a saúde e o tempo de lazer."
(Bukhári)
98. Aicha (R) relatou que o Profeta (S) se mantinha desperto e em pé,
em oração, até ao ponto de sofrer chagas nas solas dos pés, tanto que ela disse:
"6 Mensageiro de Deus, por que fazes isso, sendo que Deus te tem perdoado as
faltas, passadas e futuras?" Ele disse: "Ainda assim, não teria eu de ser um
servo agradecido?" (Muttafac alaih)
99. Aicha (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S), quando dos últimos
dez dias do mês de Ramadan, mantinha-se orando noites a dentro; além disso,
despertava a sua família para que lhe seguisse o exemplo, dedicando-se às suas
súplicas com intensidade". (Muttafac alaih)
100. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O
crente forte é melhor e mais amado por Deus do que o fraco. E ambos são
benéficos. Continua pedindo a ajuda de Deus e não te desesperes. Se te atingir
algum mal, não digas: 'Se tivesse feito isso ou aquilo, isto não teria acontecido',
mas dize: 'Somente Deus determina e age de acordo com a Sua vontade' , porque
a frase 'tivesse eu... ' apenas abre as portas para as acões de Satanás." (Musslim)
101. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O
Inferno se esconde por trás dos desejos, e o Paraíso se esconde por trás das
restrições." (Muttafac alaih)
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102. Huzaifa Ibn Yaman (R) disse: "Numa noite eu me juntei ao Profeta
(S) na oração. Ele começou a recitação da Surata AI Bácara; eu pensei que ele
se passaria para o ruku (a inclinação), após recitar uma centena de versículos,
mas ele continuoucom a recitação. Então eu achei que ele iria completá-la em
uma rakat, mas ele continuou com a recitação, e começou a recitar a SurataAI
Imran e depois a Surata An Nissá. Sua recitação era clara. Quando ele recitava
um versículo que continha a glorificação a Deus, ele O glorificava; quando a
súplica era mencionada, ele suplicava e, quando a procura da proteção era
mencioanda, ele pedia proteção. Então ele se inclinou para o Ruku, e repetiu:
"Glorificado seja o meu Senhor, o Ingente", e seu Ruku foi quase tão longo
quanto o seu Quiyam (de pé). Então ele se endireito, dizendo: "Deus ouve aquele
que O louva; Teu é o louvor, ó Senhor!" Então ele se prostrou (Sajda), e recitou:
"Glorificado seja o meu Senhor, o Altíssimo", e sua prostração foi igual ao seu
Quiyam. (Musslim)
103. Ibn Mass'ud (R) relatou: "Numa noite eu juntei-me ao Profeta (S)
em oração. Ele prolongou tanto o Qiyam, que eu me senti vontade de cometer
um ato que chegava à impetinência. Foi-me perguntado: 'Que ato foi esse?' Eu
respondi: Sentar-me e parar de o seguir (em oração)." (Muttafac alaih)
104. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Três coisas
seguem o féretro de uma pessoa: os membros de sua família, seus pertences e
seus atos. Os membros da família e os pertences voltam, e permanecem com
ele os seus atos." (Muttafac alaih)
105. Ibn Massu'd (R) relatou que o Profeta (S) disse: "O Paraíso está
mais próximo de vós de que o cordão de vosso calçado; o mesmo se dá com o
Inferno." (Bukhári)
106.Abi Firás Rabi'a Ibn Kaab (R), um servente do Mensageiro de Deus
(S) e um dos asshabis sufta, relatou: "Eu costumava passar a noite na companhia
do Mensageiro de Deus (S), para lhe fornecer água para a ablução e toalete.
Num dia, ele me disse: 'Pede-me o que desejas!' Eu disse: Solicito a tua
companhia no Paraíso! Ele disse: 'Algo mais!' Eu disse: Apenas a tua companhia!
Ele disse: 'Então ajuda-me por meio de multiplicares tuas prostrações!"
(Musslim)
107. Sauban (R) relatou que ele ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:
"Multiplicai as vossas prostrações (orações voluntárias). Cada prostração que
fizerdes vos elevará em um grau e vos redimirá de um pecado." (Musslim)
108. Abdullah Ibn Busr al Asslami (R) relatou que o Mensageiro de
Deus (S) disse: "O melhor, dentre os indivíduos, é aquele que teve uma vida
mais intensa e repleta de boas obras." (Tirmizi)
109. Anas Ibn Málik (R) relatou que seu tio Anas Ibn Nadhar não esteve
presente na batalha de Badr. Este disse para o Profeta (S): -ó Mensageiro de
Deus, não pude juntar-me a ti na tua primeira batalha contra os pagãos. Se eu
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tivesse a chance de combater os pagãos, teria mostrado o meu desempenho!"
No dia da batalha de Uhud, os muçulmanos aparentemente sofreram uma derrota.
Ele disse: -ó Deus, eu argumento junto a Ti, a respeito do que os muçulmanos
fizeram, e me desassocio do que os pagãos perpetraram!" Então ele ~e pôs a
caminhar e, no caminho, encontrou o Saad Ibn Muaz; disse para ele: "O Muaz,
pelo Senhor da Kaaba, eu sinto a fragrância do Paraíso, que vem de detrás de
Uhud!" Saad disse: -ó Mensageiro de Deus, não tenho o poder de descrever o
que ele fez (sua fidalguia)." Seu sobrinho, Anas Ibn Málik, disse: "Encontramos
na pessoa dele mais de oitenta ferimentos feitos por espadas, lanças e flechas.
Ele foi desse modo martirizado; além e acima disso, os infiéis mutilaram o seu
corpo morto, cortando-lhe o nariz e as orelhas, tanto que ninguém o podia
identificar, a não ser sua irmã, que o reconheceu por causa dos dedos dele. Ele
achava que o seguinte versículo se referisse a ele e aos iguais a ele: "Entre os
crentes, há homens que cumpriram o que haviam prometido a Deus; há-os
que já morreram, e outros que esperam, sem violarem a sua promessa, no
mínimo que seja" (Ale, 8:24). (Muttafac alaih)
no. Ucba Ibn Amr (R) relatou que, quando foi revelado o versículo da
caridade, ele e outras pessoas carregavam algumas coisas sobre os ombros.
Ocorreu que chegou um homem e deu, em caridade, grandes quantidades (de
coisas), e alguém comentou: "Este apenas quer-se mostrar!" E chegou outro,
entregando uma medida de alimentos, e alguém comentou: "Deus não precisa
da medida de alimentos desse aí!" Foi então quando foi revelado o versículo:
"Quanto àqueles que caluniam os crentes caritativos, por seus donativos, e
escarnecem daqueles que não dão mais do que o fruto do seu labor, Deus
escarnecerá deles, e sofrerão um doloroso castigo" (Alcorão Sagrado, 9:79).
(Muttafac alaih)
111.Abu Zar Jundub (R) relatou que do Profeta (S), transmitiu palavras
de Deus, Altíssimo, que diziam: -o servos Meus, eis que proibi a injustiça a
Mim Mesmo, e a declarei proibida para vós e entre vós, portanto, não cometais
injustiça uns com os outros! Ó servos Meus, todos vos encontrais
desencaminhados, exceto aquele a quem Eu guio. Assim, implorai por Minha
diretriz, e Eu vos guiarei. Ó servos Meus, todos vós estais famintos, exceto a
quem Eu alimento. Assim, implorai para que Eu vos alimente, e vos alimentarei.
Ó servos Meus, todos vos encontrareis despidos, exceto a quem Eu visto. Assim,
implorai para que vos vista, e vos vestirei. Ó servos Meus, cometeis faltas,
noites e dias seguidos, e l?u vos perdôo todos os pecados. Assim, implorai o
perdão, e vos perdoarei. O servos Meus, jamais lograreis prejudicar-Me. por
assim dizer, nem tampouco beneficiar-Me, por assim dizer. Ó servos Meus, se o
primeiro e o último de vós, gênios e humanos, tivessem o coração mais devoto,
isso em nada aumentaria o Meu Reino. Ó servos Meus, ainda que o primeiro e
o último de vós, humanos e gênios, se reunissem num mesmo lugar, e Me
pedissem, e Eu concedesse a cada um o seu anseio, isso não diminuiria o que
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tenho, mais do que uma agulha diminuiria a água do mar se nele fosse
introduzida. Ó servos Meus, são as vossas obras que computo, e logo vos
compensarei por elas! Aquele que achar boa a recompensa, que louve a Deus.
Porém, aquele que achar o contrário, que não culpe a ninguém, mas a si mesmo."
(Musslim)
CAPÍTULO 12
O INCENTIVO AO AUMENTO DAS BOAS OBRAS NOS ÚLTIMOS
TRÂMITES DAVIDA
Deus, louvado seja, disser
"Acaso, não vos prolongamos as vidas para que, quem quisesse
reflitir, pudesse fazê-lo, e não vos chegou o admoestador?" (Alcorão Sagrado,
35:37).
112. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Deus continua a
aceitar a desculpa da pessoa cuja morte seja adiada até que atinja a idade de
sessenta anos." (Bukhári)
113. Ibn Abbas (R) relatou: "O Ômar (R) costumava incluir-me, em
consulta, juntamente com os mais velhos, que haviam tomado parte na batalha
de Badr. Alguns Companheiros (participantes mais velhos) ressentiram-se
daquilo, e comentaram: 'Por que será que o Ômar permite que esse rapaz se
junte a nós, em concelho, sendo que nossos filhos têm a idade dele?' O Ômar
lhes disse: 'Ele pertence à fonte do vosso conhecimento (a casa do Profeta)'
Um dia ele me chamou para o seu concelho, juntamente comeles, e me pus a
imaginar o que ele tinha em mente, simplesmente para mostrar a eles o meu
saber e conhecimento. Ele lhes perguntou: 'Qual é o significado de: Quando te
chegar o socorro de Deus e o triunfo...?' (Ale. 110: 1).Alguém deles respondeu:
'Nesse versículo é-nos pedido que louvemos a Deus, e que supliquemos por
Seu perdão, que é quando Ele nos ajuda e nos concede a vitória.' Alguns
permaneceram calados e nada disseram. O Ômar me perguntou: -ó Ibn Abbas,
tu concordas?' Eu disse que não. Então ele me inquiriu sobre o que eu tinha a
dizer, e eu disse: Trata-se da intimidade com a aproximação da morte do Profeta
(S), que Deus lhe impõs. Deus disse: 'Quando te chegar o socorro de Deus e
o triunfo.' Isto é dito como uma informação prévia da morte do Profeta (S):
'Celebra, então, os louvores do teu Senhor, e implora o Seu perdão, porque
Ele é Remíssõrio' (Ale, 110:3). Dirigindo-se a mim, o Ômar disse: -o Ibn
Abbas, ninguém sabe mais do que isso que disseste!'" (Bukhári).
114.Aicha (R) relatou que ao ser revelado o versículo "Quando te chegar
o socorro de Deus e o triunfo" (Alcorão Sagrado, 110-1), o Mensageiro de
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Deus (S) implorava a seu Senhor, ao final de todas as orações, dizendo: "Senh~~
nosso, Teus são os louvores, e a Ti damos graças. Deus meu, perdoa-me.
(Muttafac alaih)
115. Anas (R) relatou: "Deus, exaltado seja, enviava a revelação para o
Mensageiro de Deus (S), com mais freqüência, conforme se aproximava o ano
em que ele faleceria." (Muttafac alaih). ."
116. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: Todo servo
(de Deus) será ressuscitado de acordo com o estado (de fé) em que morreu."
(Musslim)
CAPÍTULO 13
O ESCLARECIMENTO DOS INÚMEROS CAMINHOS DO BEM
Deus, louvado seja, disse:
"Todo o bem que fizerdes, Deus dele tomará consciência" (Alcorão
Sagrado, 2:215).
Deus, louvado seja, disse também:
"Iudo que fizerdes de bem Deus o saberá" (Alcorão Sagrado, 2:197).
Deus, louvado seja, disse ainda:
"Quem tiver feito o bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-à"
(Alcorão Sagrado, 99:7).
Deus, louvado seja, disse mais:
"Quem praticar o bem, será em beneficio próprio" (Alcorão Sagrado,
45:15).
117. Jundub Ibn Junada (R) relatou que havia perguntado ao Profeta (S):
"6 Mensageiro de Deus, qual é a obra de maior mérito?" Ele respondeu: "É a
da pessoa que crê e tem fé em Deus, e combate pela Sua causa." Voltou a
perguntar-lhe: "Quais os escravos que dariam mais méritos a pessoa libertar?"
Respondeu: "Os que são mais valiosos para seus amos, e com preços mais
elevados." Perguntou-lhe: UE se não puder fazê-lo?" Respondeu-lhe: "Pois que
ajude um pobre, ou faça o trabalho para um inválido." Perguntou-lhe outra vez:
-ó Mensageiro de Deus, e se não puder arcar com o trabalho?" Respondeu:
"Que se abstenha, então, de prejudicar a outros. Isto será uma caridade dele
para ele." (Muttafac alaih)
118.Abu Zar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Todas as
manhãs, cada uma das falanges do ser humano deverá oferecer uma caridade.
Para isso, o dizer 'Glorificado seja Deus!' é uma caridade; o pronunciar 'Louvado
seja Deus!' é também uma caridade; o pronunciar 'Não há outra divindade além
de Deus' é uma caridade, e o anunciar 'Deus é o Maior!' também é uma caridade.
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A recomendação do bem é uma caridade, e o opor-se ao mal é também uma
caridade. Mesmo assim, e como equivalente a tudo isto, será suficiente a oração
de duas rakát, de Dhuhá (período compreendido entre 15 minutos depois do
nascer do sol até 15 minutos antes do meio do dia)." (Musslim)
119.Abu Zar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Foram-me expostas as
obras da minha nação, as boas e as más. Entre as boas, encontrei a da retirada
dos empecilhos do caminho; e, entre as más, encontrei a falta de se limpar as
escarradas feitas nas mesquitas." (Musslim)
120. Abu Zar (R) relatou que alguns homens se dirigiram ao Profeta (S)
e lhe disseram: -ó Mensageiro de Deus, os ricos levam todas as recompensas;
eles rezam tal como rezamos; jejuam como jejuamos, e, quanto à caridade, eles
dão o que lhes sobra de seus bens." Disse o Profeta: "Acaso não vos deixou
Deus nada que possais oferecer como caridade? Pois sabei que o pronunciardes
'Glorificado seja Deus!' é uma caridade; e a proclamação de 'Deus é o Maior!'
é uma caridade; e a pronuncia de 'Louvado seja Deus!' é também uma caridade;
e a proclamação de 'Não há outra divindade além de Deus!' é uma caridade. A
recomendação do bem é uma caridade, e o opor-se ao que é mal é uma caridade;
inclusive, a relação sexual do indivíduo é uma caridade também." Disseramlhe:
-o Mensageiro de Deus, o fato de que um satisfaça o seu desejo, isso
também é merecedor de recompensa?" Respondeu o Profeta: "Porventura, se o
tivesse satisfeito de modo ilícito, não teria cometido uma falta? Desse mesmo
modo, será recompensado quando o satisfizer de modo lícito." (Musslim)
121. Abu Zar (R) relatou que o Profeta (S) lhe disse: "Não menosprezes
qualquer ato de bondade, inclusive o de receberes o teu próximo com semblante
alegre." (Musslim)
122. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Em
todos os dias da vida, as falanges (articulações) do ser humano devem proceder
a uma caridade. Por isso, o estabelecer-se a justiça estre duas pessoas é uma
caridade. Ajudarmos um homem a subir em sua montaria ou colocar a carga
sobre ela é também uma caridade; aboa palavra é uma caridade, e cada passo
que dermos no sentido da oração é uma caridade; mais ainda, o retirar-se o
empecilho do caminho é também uma caridade." (Muttafac alaih)
123. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Deus proverá ao
crente o sustento e as comodidades, no Paraíso, por cada vez que se encaminhar
para a mesquita." (Muttafac alai h)
124. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: -o
muçulmanas, que nenhuma se acanhe de oferecer à sua vizinha, nem que seja
um casco de ovelha." (Muttafac alaih)
125, Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Os atos da fé se
compõem de umas sessenta ou setenta classes; o que tem mais mérito é o de se
proclamar: 'Não há outra divindade além de Deus.' E o de menor importância é
o de se retirar os obstáculos dos caminhos. Mas sabei que o pudor é um ramo da
fé." (Muttafac alaih)
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126. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Conforme um homem ia percorrendo um caminho, sua sede ia-se tornando
insuportável. Com a continuação da caminhada, encontrou um poço, e decidiu
descer, e ali bebeu; porém, ao sair, viu um cão que arquejava e ofegava, de tanta
sede que tinha, e inclusive lambia a areia. O homem disse a si mesmo: 'Este cão
está sofrendo de sede, do mesmo modo que eu sofria!' Por isso, descendo outra
vez ao poço, encheu de água o seu sapato, agarrando-o com a boca enquanto
subia; e deu de beber ao cão. Deus aceitou o seu ato e perdoou-lhe as faltas."
Disseram ao Profeta: -ó Mensageiro de Deus, acaso receberemos também
alguma recompensa por tratarmos bem os animais?" Respondeu: "Para cada
ser vivente haverá uma recompensa." (Muttafac alaih)
127.Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (5) disse: "No Paraíso, vi um
homem que por ali passeava, como recompensa, por ter podado uma árvore que
obstaculizava o caminho dos muçulmanos." (Musslim)
128. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Quanto àquele que realizar corretamente sua ablução e então se encaminhar
para a oração das sextas-feiras, escutar o sermão (khutba) com toda a atenção,
Deus lhe perdoará as faltas até à sexta-feira seguinte, e por três dias mais. Porém,
aquele que se distrair com contas, durante o sermão, terá anulada a sua oração
da sexta-feira." (Musslim)
129. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Quando o servo de Deus - muçulmano ou crente -levar a cabo a sua ablução,
lavando o rosto, sua face deixará, com a água ou com a última gota d' água, toda
a falta que houver cometido com seus olhos; e quando lavar suas mãos, com a
água ou com a última gota d' água, sairá delas toda falta que houverem cometido.
Do mesmo modo, quando lavar os pés, ir-se-á deles, com a água ou com a
última gota d' água, toda a falta causada por eles, e assim por diante, até que se
ache completamente limpo de toda falta." (Musslim)
130. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "As
cinco orações diárias, a oração da sexta-feira, até à seguinte, e o jejum do mês
de Ramadan, até' ao mês seguinte de Ramadan, são penitências das faltas
cometidas durante o transcurso desse tempo, conquanto se evitem os pecados
maiores." (Musslim)
131. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (5) disse:
"Quereis que vos indique o ato com o qual Deus apaga os pecados e eleva as
posições?" Disseram: "Dize-nos, ó Mensageiro de Deus." Ele disse: "Efetuar a
ablução apropriadamente, em circunstâncias difícieis, ir à mesquita
freqüentemente para as orações, esperar a oração seguinte, depois de terminar
uma. Este é o vosso jihad pela causa de Deus." (Musslim)
132. Abu Musaa al Ach'ari (R) relatou que o Mensageiro de Deus (5)
disse: "Aquele que, regular e pontualmente, cumprir a oração da manhã (jajr) e
a oração da tarde (asr) entrará no Paraíso." (Muttafac alaih)
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133. Abu Mussa al Achari (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Quando um servo de Deus se encontrar enfermo ou em viagem, Deus
lhe anotará a recompensa de quantas boas obras tiver feito, estando são, e em
seu lar." (Bukhári)
134. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Todo ato de
bondade é uma caridade." (Muttafac alaih)
135. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Todo
mulçumano que plantar uma árvore frutífera fará uma permanente caridade por
tudo quanto se comer da mesma. E tudo quanto for roubado da mesma será para
ele uma caridade; e tudo quanto for desperdiçado será para ele uma caridade."
(Musslim)
136. Jáber (R) relatou que os (a tribos dos) Bani Salima tencionavam
mudar-se para perto da mesquita do Profeta (S). Tomando ciência daquilo, o
Profeta (S) lhes disse: "Soube que vós pretendeis mudar-vos para perto da
mesquita!" Eles disseram: "Sim ó Mensageiro de Deus, queremos fazer isso!"
Ele disse: -ó Bani Salama, ficai em vossas casas! Vossas pegadas serão
anotadas." (Muttafac alaih)
Outra versão diz: "Cada passo vosso em direção à mesquita realça vossas
posições." Bukhári também registra o mesmo significado à autoridade de Anas
(R).
137. Abu Munzir Ubai Ibn Kaab (R) relatou: "Havia um homem cuja
casa ficava a uma distância considerável da mesquita, mas ele jamais perdia
uma oração (congregacional). (Foi-lhe dito), ou eu lhe perguntei: Por que não
adiquires um burro para que possas cavalgar na escuridão ou nos dias quentes?
Ele respondeu: 'Quero que a minha ida à mesquita ou a minha volta dela sejam
registradas na minha conta, uma vez que faço isso em prol de Deus!' O Profeta
(S) lhe disse: 'Deus tem tudo isso creditado na tua conta." (Musslim)
Outra versão acrescenta: "Todos esses atos virtuosos são registrados corno
bons feitos, na vossa conta!".
138. Abdullah Ibn Amr Ibn al '·ás (R) relatou que o Mensageiro de Deus
(S) disse: "Há quarenta espécies de bons feitos - sendo, o maior de todos, o
empréstimo de uma camela dando leite. Qualquer desses atos, praticado na
esperança da sua recompensa, e oferecido com a promessa mencionada,
conduzirá o seu praticante ao Paraíso" (Bukhári)
139. Adi Ibn Hátem (R) relatou que escutara o Profeta (S) dizer:
"Esquivai-vos do Inferno, ainda que seja dando, em caridade, meia tâmara."
(Mutaffac alaih)
140. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O que agrada
a Deus, com relação ao servo, é que este coma o alimento e Lhe dê graças por
ele, ou que ingira a água e Lhe dê graças por ela." (Musslim)
141. Abu Mussa (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Todo muçulmano
deve oferecer caridade." Foi-lhe perguntado: "E se não tiver nada para oferecer?"
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Respondeu: "Que trabalhe com suas próprias mãos. Desse modo, obterá
benefícios e poderá oferecer, disso, uma caridade." Foi-lhe perguntado: "E se
não puder?" Respondeu: "Que preste sua ajuda a quem necessite de uma urgente
assistência." Novamente foi-lhe perguntado: "E se não puder?" O Profeta
respondeu: "Que recomende o bem." Foi-lhe perguntado: "E se não o fizer?"
Disse: "Então, que se abstenha de causar o mal; isso também é uma caridade."
(Mutaffac alaih)
CAPÍTULO 13
A MODERAÇÃO NO CULTO A DEUS
Deus, louvado seja, disse:
"Taha. Não te revelamos o Alcorão para que te mortifiques" (Alcorão
Sagrado, 20: 1).
Deus, louvado seja, disse também:
"Deus vos deseja a comodidade e não a dificuldade" (Alcorão Sagrado,
2:185).
142. Aicha (R) relatou que o Profeta (S) entrou um dia em sua casa e
encontrou nela uma mulher. Peguntou quem era, e Aicha lhe respondeu: "É
fulana", conhecida por suas excessivas orações." Disse o Profeta, dirigindo-se
à mulher: "É demasiado! Faz o que está ao teu alcance, pois Deus não deixará
de recompensar-te até aonde possa chegar a tua constância." E Aicha disse que
a religião mais agradável para ele era a perseverança com que se praticavam as
orações. (Mutaffac alaih)
143. Anas (R) relatou que chegaram três homens a casa das esposas do
Profeta (S) inquerindo pelos atos dele quanto ao culto. E, uma vez informados,
aquilo lhes pareceu insuficiente, e disseram: "Não estamos em condição de nos
compararmos ao Profeta, pois que lhe foram perdoadas as faltas, tanto anteriores
como posteriores." Um deles disse: "O que farei será permanecer-me durante a
noite, em oração, por toda a vida." O segundo disse: "E eu jejuarei durante o dia
pelo resto da minha vida." O terceiro disse: "Eu me privarei de relacionar-me
com as mulheres, e jamais me casarei." Mais tarde, o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Fostes vós que dissestes isto e aquilo? Se é assim, juro-vos por Deus
que sou o que mais teme a Deus e o mais devoto; mesmo assim, observo o
jejum e o quebro, e me levanto para orar à noite, mas também me deito, e
também me caso com as mulheres. Então, quem se recusar a seguir o meu
exemplo não será dos meus." (Mutaffac alaih)
144. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Os extremistas
(na prática da religião) buscam a sua própria perdição." E repetiu isso três vezes.
(Musslim)
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145.Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A prática da religião
é fácil, e a religião é mais forte do que o fanatismo. De sorte que, cumpri com
vossos deveres de modo apropriado, sincero e comedido, e sede otimistas;
auxiliai-vos com as orações pelas manhãs e pelas tardes, e durante uma parte da
noite, pois com regularidade e moderação, alcançareis o vosso almejo (o
Paraíso)." (Bukhári)
146. Anas (R) relatou que o Profeta (S) entrou, uma ocasião, na mesquita,
e encontrou uma corda esticada entre dois pilares da mesma. Então perguntou:
"E esta corda?" Responderam: "Esta corda é de Zainab; é para que ela se agarre
à corda quando sente fadiga, durante a oração." O Profeta (S) disse: "Desamarraia!
E que cada um faça as suas orações de acordo com as suas capacidades;
porém, quando estiver cansado, que sente." (Mutaffac alaih)
147. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se alguém
tiver sono durante a oração, que se deíte, até que passe o sono. Porque se tiver
sono durante a oração, não saberá se estará pedindo perdão a Deus, ou se
maldizendo." (Mutaffac alaih)
148. Abu Abdullah Jáber Ibn Sãmura (R) relatou: "Ocasionalmente, eu
me juntava ao Profeta (S) para a oração. Tanto as suas orações como os seus
sermões eram de duração moderada." (Musslim)
149. Wahb IbnAbdullah (R) relatou que o Profeta (S) se havia irmanado
com Salman e Abu al Dardá. Numa ocasião, Salman foi visitarAbu al Dardá; e,
encontrando a esposa do seu irmão com roupa de trabalho cotidiano (sem estar
arrumada), perguntou-lhe: "Que te passa?" Ela respondeu: "É que teu irmão,
Abu al Dardá, parece que não tem interesse por esta vida!" Mais tarde, Salman
foi à procura de Abu al Dardá, e lhe preparou uma comida; porém, Abu al
Dardá lhe disse: "Come tu, pois estou jejuando." E Salman insistiu: "Não tocarei
na comida antes que tu comas!" Abu al Dardá acedeu e comeu. Quando se fez
noite, Abu al Dardá se levantou para começar suas orações prerrogativas, mas
Salman lhe pediu: "Deita-te!", e ele deitou-se. Mais tarde, Abu al Dardá se
levantou outra vez para orar, e Salman lhe disse: "Deita-te!" À última hora da
noite, Salman se levantou e acordou Abu al Dardá, dizendo: "Levanta-te agora!"
Ambos realizaram as orações prerrogativas, e, ao término, Salman disse: "Deus
tem direito sobre ti, e teu corpo tem também direito sobre ti; mas acontece que
a tua família também tem direito sobre ti. Portanto, tens de dar a cada um o que
é de direito." Abu aI Dardá foi ao encontro do Profeta (S) e lhe relatou o que se
havia passado. O Profeta exclamou: "Salman disse a verdade!" (Bukhári)
150. Abu Mohammad, Abdullah Ibn Amr Ibn al 'Ás relatou: "O Profeta
(S) foi informado de que eujurara guardar jejum durante o dia, e oferecer orações
voluntárias durante toda a noite, por toda a minha vida. Ele me perguntou: 'Tu
disseste isso?' Eu respondi: Ó Mensageiro de Deus, por meus pais, que se
sacrificariam por ti, eu deveras disse isso! Ele disse: 'Tu não serias capaz de
agüentar! Deves jejuar e quebrar o jejum; dorme e levanta-te (à noite, para as
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orações voluntárias). Jejua três dias por mês, uma vez que o valor de um bom
feito é em décuplo; assim, isso seria igual ao jejum de um mês e, como tal, iria
significar um jejum perpétuo.' Eu disse: Sou forte o bastante para fazer mais!
Ele disse: 'Bom, então jejua em dias alternados! Esse era o jejum do profeta
Davi - um jejum moderado - e, de acordo com outra versão, é o melhor jejum.'
Eu disse: Sou bastante forte para fazer ainda mais! O Profeta (S) disse: 'Não há
melhor virtude que essa!'" Quando o Abdullah ficou velho, ele se lamentava,
dizendo que deveria ter concordado com a sugestão do Profeta (S) de jejuar
apenas três dias por mês; aquilo teria sido mais caro para ele do que seus bens
e seus filhos. (Muttafac alaih)
151. Hanzala Ibn Rabi al Ussaidi (R) relatou: "Numa ocasião, encontreime
com Abu Bakr (R), que me perguntou: -ó Hanzala, como estás?' Respondilhe
que temia haver-me tornado um hipócrita. Surpreso, exclamou: 'Glorificado
seja Deus! Que me dizes!?' Respondi-lhe que quando nos encontrávamos
reunidos com o Mensageiro de Deus (S), ele nos falava acerca do Paraíso e do
Inferno, descrevendo-os como se os víssemos com nossos próprios olhos; porém,
quando o deixávamos, absorvia-nos a preocupação pelas mulheres, as crianças
e o trabalho (as ganâncias, as posses), e, portanto, esquecíamo-nos de muito
(do que o Profeta nos ensinara). Abu Bakr assentiu: 'Por Deus, a mim me sucede
algo parecido!' Os dois fomos ver o Profeta (S), e eu lhe disse temer ter-me
tornado um hipócrita! o Mensageiro de Deus (S) perguntou: 'E, como é isso?'
Disse-lhe que quando estávamos reunidos com ele, ele nos fazia lembrar do
Paraíso e do Inferno, como se os víssemos com os nossos próprios olhos, mas
uma vez que o deixávamos, nos absorvia a preocupação pelas mulheres, pelos
filhos e pelo trabalho, e, por isso, esquecíamo-nos muito (das palavras dele). O
Mensageiro de Deus (S) disse: 'Por Deus em Cujas mãos se encontra minh' alma!
Se preservardes a situação em que vos encontrais na minha presença, lembrandovos
de Deus, os anjos estenderão as mãos para vos saudar, ainda que estejais
em vossos leitos ou em vossos caminhos. Porém, Ó Hanzala, dedica uma hora
para uma coisa, e outra hora para outra!' E repetiu isso por três vezes." (Musslim)
152. Ibn Abbas (R) relatou que, em certa ocasião, o Profeta (S) se
encontrava proferindo um discurso. Todos se haviam sentado, menos um homem,
que se mantinha de pé. E o Profeta perquiriu sobre aquilo, e lhe responderam
que se tratava de Abu Israil, que fizera votos para ficar de pé ao sol, assim que
não se sentava, nem procurava a sombra, nem tampouco falava, além de guardar
jejum. O Profeta (S) disse: "Ordenai-lhe que fale e que busque a sombra. Que
se sente, e cumpra o jejum de hoje!" (Bukhári)
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CAPÍTULO 15
SER CONSTANTE NAS PRÁTICAS VIRTUOSAS
Deus, louvado seja, disse:
"Porventura, não chegou o momento de os crentes humilharem os
seus corações à recordação de Deus e à verdade revelada, para que não
sejam como os que antes receberam o Livro? Porém, longo tempo passou,
endurecendo-lhes os corações, e a sua maioria é rebelde e transgressora"
(Alcorão Sagrado, 57:16).
Deus, louvado.seja, disse também:
"Então, após eles, enviamos outros mensageiros Nossos e, após estes,
enviamos Jesus, filho de Maria, a quem concedemos o Evangelho; e
infundimos nos corações daqueles que o seguiam compaixão e clemência.
No entanto, (agora) seguem a vida monástica, que inventaram, mas que
não lhes prescrevemos" (Alcorão Sagrado, 57:27).
Deus, louvado seja, disse ainda:
"E não imiteis aquela (mulher) que desfiava a sua roca depois de
havê-Ia enrolado profusamente" (Alcorão Sagrado, 16:92).
Deus, louvado seja, disse mais:
"E adora ao teu Senhor até que te chegue a Hora da certeza" (Alcorão
Sagrado, 15:99).
153. Ômar Ibn al Khattab (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Se a pessoa se esqueceu de praticar a oração voluntária ou deixou de
recitar algo, à noite, e dormiu, terá a mesma recompensa se os recitar a qualquer
hora entre fajr (madrugada) e zohr (meio-dia) do dia seguinte." (Musslim)
154. Abdullah lbn Amr lbn al 'Ás (R) relatou que o Mensageiro de
Deus (S) lhe disse: "6 Abdullah, não sejas como fulano, que costumava levantarse
à noite para as orações voluntárias, mas deixou de fazê-lo depois de algum
tempo." (Muttafac alaih)
155.Aicha (R) relatou que quando o Mensageiro de Deus (S) não podia
realizar a oração opcional noturna dele, devido a alguma causa, como doença,
oferecia doze rakat durante o dia. (Musslim)
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CAPÍTULO 16
INJUNÇÕES PARA A OBSERVAÇÃO REGULAR DA TRADIÇÃO
PROFÉTICA E DAS SUAS CONDIÇÕES
Deus, louvado seja, disse:
"Aceitai, pois, o que vos dê o Mensageiro, e abstende-vos de quanto
ele vos proíba" (Alcorão Sagrado, 59:7).
Deus, louvado seja, disse também:
"... nem fala por capricho. Isso não é senão a inspiração que lhe foi
revelada" (Alcorão Sagrado, 53:3-4).
Deus, louvado seja, disse ainda:
"Se verdadeiramente amais a Deus, segui-me; Deus vos amará e
perdoará vossas faltas" (Alcorão Sagrado, 3:31)
Deus, louvado seja, disse mais:
"Realmente, tendes no Mensageiro de Deus um excelente exemplo
para aqueles que esperam contemplar a Deus.deparar com o Dia do Juízo
FinaL," (Alcorão Sagrado, 33:21).
Deus, louvado seja, disse mais, ainda:
"Qual! Por teu Senhor, não crerão até que te tomem por juiz de suas
dissenções e não objetem ao que tu tenhas sentenciado. Então, submeterse-
ão a ti espontaneamente" (Alcorão Sagrado, 4: 65).
Deus, louvado seja, continuou ainda:
"Se disputardes sobre qualquer questão, recorrei a Deus e ao
Mensageiro" (Alcorão Sagrado, 4:59).
Deus, louvado seja, continuou mais:
"Quem obedecer ao Mensageiro obedecerá a Deus" (Alcorão Sagrado,
4:80).
Deus, louvado seja, continuou mais, ainda:
"E tu certamente guias para uma senda reta" (Alcorão Sagrado,
42:52).
Deus, louvado seja, continuou:
"Que temam aqueles que desobedecem suas ordens que lhes
sobrevenha uma provocação ou lhes açoite um doloroso castigo" (Alcorão
Sagrado, 24:63).
Deus, louvado seja. tornou a dizer:
"E lembrai-vos do que é recitado em vosso lar dos versículos de Deus
e da sabedoria" (Alcorão Sagrado, 33:34).
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156.Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Não me questioneis
acerca das questões que vos mencionei. O que levou os povos que vos
precederam para a perdição foi a sua insistência em fazerem perguntas sobre
questões desnecessárias, além de manterem divergências com os seus profetas.
Assim sendo, abstende-vos do que vos proíbo, e, quando vos ordeno algo, buscaio
de acordo com a vossa capacidade." (Mutaffac alaih)
157. Abu Najih Irbadh Ibn Sáriya (R) relatou: "O Mensageiro de Deus
(S) proferiu um comovente discurso que nos tocou grandemente a todos,
causando uma onda de temor em nossos corações. Dissemos-lhe que aquele
sermão mais parecia uma recomendação, e que ele nos dissesse algo mais como
conselho, ao que ele disse: 'Aconselho-vos a temerdes a Deus (por causa da
vossa obrigação para com Deus), e a ouvirdes e obedecerdes mesmo a um escravo
que for posto em autoridade sobre vós! Aqueles dentre vós que sobreviverem a
mim, verão uma porção de divergências. É da vossa incumbência seguirdes a
minha sunna (prática) e as práticas dos meus sucessores adequadamente dirigidos
(califas); apegai-vos firmemente a esses preceitos e essas tradições, e tende
cuidado com as inovações e invenções quanto à religião! Porque toda inovação
leva para um caminho errado. '" (Abu Daúd)
158.Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Todos
os meus seguidores entrarão no Paraíso, à exceção daquele que se opuser (a
mim)." Perguntaram-lhe: "E quem será aquele que se oporá a ti, 6 Mensageiro
de Deus?" Respondeu: "Aquele que me obedecer, entrará no Paraíso; e o que
me desobedecer será aquele que se oporá (a mim)." (Bukhári)
159. Abu Musslim, tanbém chamado Abu Ayas (R), relatou que um
indivíduo começou a comer com a mão esquerda na presença do Mensageiro de
Deus (S), que lhe pediu que comesse com a mãos direita. Ele disse: "Não sou
capaz de fazer isso!" Foi simplesmente a sua insolência que o impediu de
obedecer as ordens do Profeta (S). Após aquilo, aconteceu que o dito homem
não mais pôde elevar a mão à boca. (Musslim)
160. Numan Ibn Bachir (R) relatou: "Ouvi o Mensageiro de Deus (S)
dizer: 'Deveis alinhar as vossas fileiras de modo adequado (nas orações); se
não o fizerdes, Deus criará divergências entre vós (ou seja, criará inimizade
entre vós). '" (Mutaffac alaih)
161. Abu Mussa (R) relatou que certa noite, em Madina, uma casa foi
tomada pelas chamas, estando dentro dela os seus habitantes. Quando o
Mensageiro de Deus (S) foi informado do acontecimento, disse: "O fogo é um
inimigo vosso; portanto, apagai-o ao irdes dormir." (Mutaffac alaih)
162. Abu Mussa (R) também relatou que o Mensageiro de Deus (S)
argumentou: "O caso da diretriz e do conhecimento com os quais Deus me
dotou (e enviou para o vosso esclarecimento) é como a chuva que cai sobre a
terra; parte desta é boa e fértil, onde o capim seco se torna verde e cresce uma
vegetação relativamente fresca; e parte dela é seca e armazena a água, e Deus a
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torna benéfica para os seres humanos; eles bebem dela a se fartarem, e a usam
para o cultivo. Essa água pluvial também atinge um pedaço de terra que é uma
planície aberta e ampla, onde a água não é retida nem tampouco pode ajudar a
produzir capim. Similar é o caso daqueles que entendem o conhecimento da
religião que Deus enviou (para o povo) por meu intermédio, e se beneficiam
disso; e também daqueles que o aprendem e o ensinam para outros. Outro
exemplo é o daqueles que nem sequer levantaram as cabeças para aprender, e
não aceitaram a diretriz de Deus, enviada a eles por meu intermédio." (Mutaffac
alaih)
163. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Eu e vós
somos iguais a uma pessoa que ateia um fogo, e as mariposas e outros insetos
começam a esvoaçar em torno dele e a cair nele, e o homem que iniciou o fogo
tenta afugentá-los. Sou igual a esse homem, tentando segurar-vos pelas cinturas
(para vos salvar) do Inferno, mas continuais a escapar das minhas mãos."
(Musslim)
164. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) ordenou que (ao
comer) lambessem os dedos e raspassem a vasilha, e disse: "Não sabeis onde
está a bênção da comida!" (Musslim)
Outra versão, em Musslim, diz: "Se algum de vós deixar cair um pedaço
(de qualquer alimento) deverá apanhá-lo, tirar a poeira, etc., e comê-lo, e não
deixá-lo para o diabo. Nem tampouco deverá limpar as mãos com um pano,
sem antes lamber (o restante da comida) os dedos, porquanto não sabe qual
parte da comida é abençoada.
Outra versão, em Musslim, diz que o Profeta (S) revelou: "O Satanás
está sempre presente convosco, em todas as ocasiões, mesmo quando estivéreis
comendo. Portanto, se algum de vós deixar cair ao chão um pedaço (de qualquer
alimento), deverá apanhá-lo, limpar a poeira, etc., e comê-lo, e não deixá-lo
para o espírito maligno"
165. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) dirigiu a ele e
outros um sermão, dizendo: -ó humanos, ireis todos congregar-vos ante Deus,
oAltíssimo, descalços, despidos e não circuncidados, porque Ele diz: 'Do mesmo
modo que originamos a criação, reproduzí-la-emos, porque é uma promessa
que fazemos, e certamente a cumpriremos' (Alcorão Sagrado, 21:103). A
primeira criatura a aparecer vestida, no Dia da Ressurreição, será Abraão (AS);
e comparecerão }1omens da minha própria nação para serem levados ao Fogo;
então eu direi: O Senhor, eis que são meus companheiros! e me responderá:
'Porém, não sabes o que cometeram depois de ti!' e eu direi o que disse aquele
virtuoso servo de Deus: 'E enquanto permaneci entre eles, fui testemunha
contra eles; e quando quiseste encerrar os meus dias na terra, foste tu o seu
Único observador, porque és Testemunha de tudo. Se Tu os castigas é porque
são os Teus servos; e se os perdoas, é porque Tu és o Poderoso, o
Prudentíssimo' (Alcorão Sagrado, 5: 117 -118). Então me replicará:
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'Continuaram renegando-te, desde o tempo em que os deixaste.'" (Mutaffac
alaih)
166. Abu Saíd Abdullah Ibn Mughaffal (R) relatou que o Mensageiro de
Deus (S) proibira que se atirasse pedras com o auxílio do polegar e do indicador,
do jeito de míssil, e disse: "Essa tirada não mata a caça nem tampouco fere o
inimigo, mas danifica os olhos e quebra os dentes." (Mutaffac alai h)
Outra versão diz: Um parente achegado ao Abdullah Ibn Mughaffal atirou,
daquela maneira, uma pedra em alguém; este censurou aquele, dizendo: "O
Mensageiro de Deus (S) proibiu essa prática, e disse que isso não mata a caça!"
Aconteceu que o homem não deu ouvidos e continuou a atirar as pedras daquele
jeito, ao que o Abdullah Ibn Mughaffal (R) lhe disse: "Já te disse que o
Mensageiro de Deus (S) proibiu tal arremesso de pedras, e tu repetes isso ...
jamais falarei contigo novamente!"
167. Ábis Ibn Rabi (R) relatou: "Vi o Ômar Ibn aI Khattab (R) beijando
a Pedra Negra (da Sagrada Kaaba), e o ouvi dizer: 'Bem sei que és tão-somente
um pedaço de rocha, que não tens poder para conferir benefício nem de causar
dano. Se não tivesse visto o Mensageiro. de Deus (S) beijar-te, e eu nunca te
beijaria!'" (Mutaffac alaih)
CAPÍTULO 17
A OBRIGAÇÃO DE SE OBEDECER AOS MANDAMENTOS DE
DEUS, E O QUE DE VE DIZER QUEM FOR CONVOCADO PARA
ISSO, OU FOR ORDENADO A PRATICAR O BEM E COIBIR O
ILÍCITO
Deus, louvado seja, disse:
"Por teu Senhor, não crerão, até que te tomem por juiz de suas
dissensões e não objetem ao que tu tenhas sentenciado. Então, submeterse-
ão a ti espontaneamente" (Alcorão Sagrado, 4:65).
Deus, louvado seja, disse também:
"A resposta dos crentes, ao serem convocados ante Deus e Seu
Mensageiro, para que (estes) julguem entre eles, será: Escutamos e
obedecemos! E serão venturosos" (Alcorão Sagrado, 24:51).
168. Abu Huraira (R) relatou que quando o seguinte versículo:"ADeus
pertence tudo quanto há nos céus e na terra. Tanto o que manifestais, como
o que ocultais, Deus vo-lo julgará" (2:284) foi revelado ao Mensageiro de
Deus (S), seus companheiros ficaram muito perturbados, e foram ter com ele;
e, ajoelhando-se, disseram-lhe: "6 Mensageiro de Deus, nós já fomos
sobrecarregados com deveres que estavam sob o nosso poder, isto é, a salat, o
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jihad, o jejum e a caridade. Agora esse versículo te foi revelado, o qual nos
sobrecarrega com deveres além da nossa capacidade!" Ele disse: "Quereis acaso
dizer o que o povo dos dois Livros disseram anteriormente, ou seja, 'Nós
ouvimos, mas desobedeceremos?' Em vez disso deveríeis dizer: 'Escutamos e
obedecemos. Só anelamos a Tua indulgência, ó Senhor nosso!' (Ale. 2:285).
Quando eles recitaram isso, e suas línguas se adaptaram àquilo, Deus revelou:
"O Mensageiro crê no que foi revelado por seu Senhor, e todos os crentes
crêem em Deus, em Seus anjos, em Seus Livros e em Seus mensageiros.
Nós não fazemos distinção entre os Seus mensageiros. Disseram: Escutamos
e obedecemos. Só anelamos a Tua indulgência, ó Senhor nosso! A Ti será o
retorno!" Quando eles recitaram isso, e suas línguas se adaptaram àquilo, Deus
revelou: "Deus não impõe a nenhuma alma uma carga superior às suas
forças. Beneficiar-se-á com o bem quem o tiver feito e sofrerá o mal quem
o tiver cometido. Ó Senhor nosso, não nos condenes, se nos esquecermos
ou nos equivocarmos!" Quando eles recitaram isso, e suas línguas se adaptaram
àquilo, Deus revelou: -o Senhor nosso, não nos imponhas carga, como a
que impuseste aos nossos antepassados!" Quando eles recitaram isso, e suas
línguas se adaptaram àquilo, Deus revelou: -o Senhor nosso, não nos
sobrecarregues com o que não podemos suportar!" Quando eles recitaram
isso, e suas línguas se adaptaram àquilo, Deus revelou: "Absolve-nos! Perdoanos!
Tem misericórida de nós! Tu és nosso Protetor! Concede-nos a vitória
sobre os incrédulos!" (Ale, 2:286). (Musslim).
CAPÍTULO 18
A PROIBIÇÃO DA INOVAÇÃO E DA HERESIA
Deus, louvado seja, disse:
"E que há, fora da verdade, senão o erro?" (Alcorão Sagrado, 10:32).
Deus, louvado seja, disse também:
"Nada omitimos no Livro" (Alcorão Sagrado, 6:38).
Deus, louvado seja, disse ainda:
"Se disputardes sobre qualquer questão, recorrei a Deus e ao
Mensageiro" (Alcorão Sagrado, 4:59).
Deus, louvado seja, disse mais:
"E (o Senhor ordenou-vos, ao dizer): Esta é a Minha senda reta.
Segui-a e não sigais as demais, para que estas não vos desviem da Sua"
(Alcorão Sagrado, 6: 153).
Deus, louvado seja, continuou:
"Dize: Se verdadeiramente amais a Deus, segui-me; Deus vos amará
e perdoará vossas faltas" (Alcorão Sagrado, 3:31).
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169. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Aquele
que tentar introduzir em nossa religião algo que não faça parte dela será
rechaçado." (Mutaffac alaih)
170. Jáber (R) relatou: "Quando o Mensageiro de Deus (S) se dirigia a
nós, seus olhos costumavam ficar vermelhos, o tom da sua voz se elevava, e ele
ficava excitado com se nos estivesse prevenindo quanto a um exército hostil
pronto para nos atacar. Dizia: 'O inimigo vos irá atacar pela manhã, ou o inimigo
irá avançar contra vós pela tardezinha!' Dizia mais: 'Meu advento e o advento
do Dia do Julgamento estão colocados juntos (ele mostrava os dedos indicador
e médio entrelaçados).' Dizia que a melhor palavra era o Livro de Deus, e que
a melhor diretriz era aquela mostrada por ele (Mohammad); a pior prática era a
introdução de novos elementos na fé islâmica, e toda inovação levava à heresia.
Dizia: 'Eu tenho mais direito sobre cada muçulmano do que ele próprio (ou
seja, eu sou o maior benquerente dos muçulmanos). (Apesar disso) se um
muçulmano deixar alguma propriedade, ela pertencerá aos membros da sua
família. Se ele morrer deixando dívidas pendentes aos dependentes, sentir-meei
responsável pelo pagamento delas, e pela manutenção dos dependentes dele.'"
(Musslim)
CAPÍTULO 19
A CONSTITUIÇÃO DOS NOVOS EXEMPLOS, TANTO OS BONS
COMO OS MAUS
Deus, louvado seja, disse:
"E aqueles que disserem: Ó Senhor nosso, faze com que nossas
esposas e a nossa prole sejam nosso consolo e designa-os imames dos
devotos!" (Alcorão Sagrado, 25:74).
Deus, louvado seja, disse também:
"E os designamos imames, para que guiassem os demais, segundo
Nossos desígnios" (Alcorão Sagrado, 21:73).
171. Jarir Ibn Abdullah (R) relatou: "Estávamos presente numa reunião
com o Mensageiro de Deus (S) numa manhã. Nisso, alguns indivíduos vestidos
com roupas de saco se chegaram; alguns deles tinham mantos como roupas,
com espadas penduradas de um lado. Quase todos eles pertenciam à tribo
Mudhar. O Mensageiro de Deus (S) ficou grandemente comovido ao vê-los,
com seus corpos macérrimos, de fome. Ele se levantou, entrou na sua câmara,
saiu, e pediu ao Bilal (R) que fizesse o chamamento (azan), pois era hora da
oração. Ele liderou a oração e, no final, dirigiu a palavra à assembléia: -o
humanos, temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, do qual criou a
sua companheira e, de ambos, fez descender inúmeros homens e mulheres.
Temei a Deus, em nome do Qual exigis os vossos direitos mútuos e
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reverenciai os laços de parentesco, porque Deus é vosso Observador" (Ale.
4:1). Depois ele leu outro versículo da Surata Hachr: -ó crentes, temei a Deus!
E que cada alma considere o que (de provisão) tiver guardado, para o dia
de amanhã" (Alc. 59:18).
"Depois daquilo, o Mensageiro de Deus (S) pediu aos presentes que
fizessem contribuições caritativas, com seus dinars e dirhams, suas roupas,
farinhas e tâmaras, nem que fosse meia tâmara. Ao ouvir aquilo, um dos Ansar
trouxe um pesado saco cujo peso era-lhe difícil carregar; outros se seguiram,
um após outro, até que a coleta fez dois montes de artigos comestíveis e de
roupas. Então eu vi que o rosto do Mensageiro de Deus (S) brilhava feito ouro.
"Então o Mensageiro de Deus (S) disse: 'Aquele que introduzir no Islam
uma boa medida terá a sua recompensa por isso, e ainda uma recompensa por
aqueles que dela usufruírem, sem que nada seja reduzido dessa recompensa; do
mesmo modo, aquele que introduzir uma prática nociva no Islam será punido
por isso, e todo aquele que se der dessa prática nociva será punido, sem fazer
diminuir, de modo algum, a carga dos seus feitos malignos" (Musslim).
172. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Uma parte do
pecado por assassinato injusto de qualquer alma recairá sobre Caim, o primeiro
filho de Adão, pois foi ele o primeiro a dar o exemplo, matando." (Mutaffac
alaih)
CAPÍTULO 20
A RECOMENDAÇÃO DO BEM E O CONVITE À SALVAÇÃO, OU
CONTRAA PERDIÇÃO
Deus, louvado seja, disse:
"Convoca (os humanos) para o teu Senhor" (Alcorão Sagrado, 28:87).
Deus, louvado seja, disse também:
"Convoca (os humanos) à senda de teu Senhor com sabedoria e bela
exortação" (Alcorão Sagrado, 16:125).
Deus, louvado seja, disse ainda:
"Auxiliai-vos na virtude e na piedade" (Alcorão Sagrado, 5:2).
Deus, louvado seja, disse mais:
"E que surja de vós uma nação que recomende o bem" (Alcorão
Sagrado, 3:104).
173. Ucba Ibn Amru (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Aquele que indicar o caminho para o bem terá a mesma recompensa de quem
o fizer." (Musslim)
174. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Aquele que indicar o caminho reto a alguém terá a mesma recompensa daquele
que o tiver seguido, sem que isso lhe diminua em nada as suas próprias
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182. Jarir Ibn Abdullah (R) relatou: "Dei o meu voto de confiança ao
Mensageiro de Deus (S) de que eu praticaria a oração, pagaria o zakat, e
aconselharia a todo muçulmano." (Mutaffac alaih)
183. Anas (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Nenhum de vós chegará
a ser um verdadeiro crente, até que deseje para o seu irmão o que deseja para si
mesmo." (Mutaffac alaih)
CAPÍTULO 23
A RECOMENDAÇÃO DA PRÁTICADO BEM E A PROIBIÇÃO DA
PRÁTICA DO MAL
Deus, louvado seja, disse:
"E que surja de vós uma nação que convoque para as boas ações,
recomende a prática do bem e proíba a prática do ilícito. Esta será (uma
nação) bem-aventurada" (Alcorão Sagrado, 3:104).
Deus, louvado seja, disse também:
"Sois a melhor nação que jamais surgiu para a humanidade, porque
recomendais o bem, proíbis o ilícito" (Alcorão Sagrado, 3:11O).
Deus, louvado seja, disse ainda:
"Conserva-te indulgente, encomenda o bem e foge dos insipientes"
(Alcorão Sagrado, 7:199).
Deus, louvado seja, dis e mais:
"Os crentes e as crentes são protetores uns dos outros; recomendam
o bem, proíbem o ilícito" (Alcorão Sagrado, 9:71).
Deus, louvado seja, disse ainda mais:
"Os incrédulos, dentre os israelitas, foram amaldiçoados pela boca
de Davi e por Jesus, filho de Maria, por causa de sua rebeldia e profanação.
Não se reprovavam mutuamente pelo ilícito que cometiam. E que detestável
é o que cometiam!" (Alcorão Sagrado, 5:78-79).
Deus, louvado seja, disse mais ainda:
"Dize-lhes: A verdade emana de vosso Senhor; assim, pois, que creia
quem desejar, e descreia quem quiser" (Alcorão Sagrado, 18:29).
Deus, louvado seja, disse também:
"Proclama, pois o que te tem sido ordenado" (Alcorão Sagrado, 15:94).
Deus, louvado seja, também disse:
"Salvamos aqueles que pregavam contra o mal e infligimos aos
iníquos um severo castigo por sua depravação" (Alcorão Sagrado, 7:165).
184. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que ouvira o Mensageiro de Deus
(S) dizer: "Quem dentre vós presenciar uma ação condenável, que se oponha a
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ela com suas mãos; se não puder, que o faça com suas palavras; se também não
puder, que o faça com o coração, sendo que isto é o mínimo que se espera da
sua fé." (Musslim)
185. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Todo
profeta anterior a mim, que foi enviado por Deus a uma nação, teve discípulos
e devotados companheiros, que lhe seguiram o exemplo e puseram em prática
as suas ordens. Porém, depois disso vêm gerações que incitam ao mal, dizem o
que não fazem, e fazem o que não lhes é mandado fazer. Pois bem, aquele que
os combater com suas próprias mãos será um crente; aquele que os combater
com palavras será também um crente, e aquele que os combater com o coração
será também um crente. A partir daí não haverá uma mostra de fé, nem que seja
do peso de um grão de mostarda." (Musslim)
186. Ubada Ibn al Sámet (R) relatou: "Comprometemo-nos junto ao
Mensageiro de Deus (S) a escutá-lo e a obedecer-lhe, tanto em tempos de escassez
como de abundância, e em situações tanto favoráveis como adversas; e
concordamos com que ele tenha prioridade sobre nós. Do mesmo modo,
concordamos com que não disputaríamos as ordens da autoridade legítima, a
não ser que ficasse comprovada a sua evidente infidelidade, fruto de concludentes
provas provenientes de Deus. Portanto, era preciso que dispuséssemos sempre
com a verdade e a eqüidade, onde quer que estivéssemos, pela causa de Deus,
sem temor algum às críticas ou às pressões." (Mutaffac alaih)
187. AI Nu'man Ibn Bachir (R) relatou que o Profeta (S) disse: "O
exemplo da pessoa que obedece as injunções de Deus e da que transgride é o
dos passageiros de uma barcaça, em que alguns ocupavam a parte superior e
outros ocupavam a parte inferior. Estes, para recolherem água, tinham de passar
por aqueles, causando-lhes algum incôrnodo. Assim, eles sugeriram aos
I
ocupantes superiores permitirem-lhes abrir um buraco no casco da barcaça para
poderem recolher a água por ele, sem causar-lhes incômodo. Se os ocupantes
da parte superior permitissem tal pedido, pereceriam todos os ocupantes da
barcaça. Ao impidi-los (de abrir o buraco no barco), salvam-se, e a todos os
passageiros." (Bukhari)
188. Hind Bint Huzaifa (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Ser-vos-ão
designados uns governantes; alguns dos seus atos serão legais, e outros, ilegais.
Aquele que repelir estes (os atos ilegais) com o coração terá cumprido os ditames
da sua consciência; e aquele que se opuser abertamente a eles ver-se-à salvo.
Porém, aquele que consentir e aceitar, terá de prestar contas por isso."
Perguntaram-lhe: "6 Mensageiro de Deus, não devemos combatê-los?"
Respondeu: "Não! Desde que (e quando) mantenham a celebração da oração
convosco." (Musslim)
189. Ummu al Muminin, Zainab Bint Jahch (R) relatou que o Profeta
(S) foi ter com ela, em um estado de medo, dizendo: "Não há outra divindade
além de Deus. Ai dos árabes quanto a um mal eminente. Abriu-se hoje uma
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brecha deste tamanho (e ele fez um círculo utilizando o polegar e o indicador)
na muralha de Gog e Magog." Disse-lhe ela: -ó Mensageiro de Deus, seremos
aniquilados mesmo tendo entre nós um grande número de pessoas virtuosas?"
Ele disse: "Sim! enquanto a obscenidade se estiver espalhando." (Mutaffac
alaih)
190. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Evitai
sentar-vos nas ruas." Os Companheiros disseram: -ó Mensageiro de Deus, não
podemos evitar isso, pois são os lugares onde nos reunimos para prosear." O
Mensageiro de Deus (S) disse: "Se insistis em fazerdes aí as vossas reuniões,
então dai à rua o que lhe é de direito." Eles perguntaram: "E qual é o direito da
rua, ó Mensageiro de Deus?" Respondeu: "É terdes os olhares recatados,
evitardes causar qualquer dano às pessoas, retribuirdes as saudações, pregardes
a prática do bem e combaterdes a prática do mal." (Mutaffac alaih)
191. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) viu um anel
de ouro na mão de um homem; o Profeta o abordou e lhe tirou o anel, dizendo:
"Como é que uma pessoa pode buscar uma brasa incandecente para levar em
suas mãos!?" Quando o Mensageiro de Deus (S) se foi, alguém disse ao homem:
"Leva o anel e aproveita-o em outros misteres." Porém, o homem respondeu:
"Não, por Deus! Não posso fazê-lo, uma vez que o Mensageiro de Deus (S)
tirou-o de mim!" (Musslim)
192. Abu Saíd Hassan aI Basri (R) relatou que o Áiz IbnAmr (R) visitou
o Ubaidullah Ibn Ziad e disse a ele: "Filho, ouvi o Mensageiro de Deus dizer:
'O pior dos governantes é aquele que trata asperamente as pessoas. Toma
cuidado, senão poderás ser um de tais (funcionários)' Disse-lhe: 'Acalma-te! tu
és um dos refugos dos companheiros de Mohammad (S)!' O Áiz Ibn Amr
perguntou: 'Será que havia tais pessoas entre os companheiros do Profeta?'
Claro que não; essas pessoas vieram depois deles, sem pertencerem a eles.'''
(Musslim)
193. Huzaifa (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Juro por Aquele em
Cujas mãos se encontra minh'alma, que tendes a obrigação de pregar a prática
do bem e combaterdes a prática do mal. Caso contrário, Deus não demorará no
envio do Seu castigo sobre vós; então, tentareis suplicar-Lhe, mas vossas súplicas
não serão ouvidas." (Tirrnizi)
194. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "O melhor
jihad (porfia pela causa de Deus) é a pessoa falar o que é justo perante um
governante tirano." (Abu Daúd e Tirrnizi)
Isso significa que a pessoa não deverá hesitar em falar a verdade, por
causa do medo.
195. Tárek Ibn Chihab (R) relatou que um homem, enquanto punha o pé
no estribo do seu camelo, perguntou ao Profeta (S): "Qual é o esforço (jihad)
mais meritório pela causa de Deus?" Disse o Profeta: "É proclamares a verdade
na presença de um governante tirano." (Nassá'i)
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196. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O
principal defeito que demonstravam os filhos de Israel era que quando um deles
se encontrava com outro, dizia: -o tu, sê reverente, e abstém-te do que estás
fazendo, porque não é lícitor Contudo, se o encontrava no dia seguinte fazendo
o mesmo, não lhe punha nenhum empecilho, para com ele comer e beber e,
inclusive, sentar-se e conversar amigavelmente. Quando os filhos de Israel assim
procederam, Deus provocou a discórdia entre eles, e disse: 'Os incrédulos,
dentre os israelitas, foram amaldiçoados pela boca de Davi e por Jesus,
filho de Maria, por causa de sua rebeldia e profanação. Não se reprovavam
mutuamente pelo ilícito que cometiam. E que destestável é o que cometiam!
Vês muitos deles (judeus) em intimidade com os idólatras. Que detestável é
isso a que os induzem suas almas! Por isso, suscitaram a indignação de
Deus, e sofrerão um castigo eterno. Se tivessem acreditado em Deus, no
Profeta e no que lhes foi revelado, não os teriam tomado por confidentes.
Porém, muitos deles são depravados' (Alcorão Sagrado, 5:78-81)." Terminada
aquela recitação, o Mensageiro de Deus (S) prosseguiu: "Por Deus,
categoricamente, tendes a obrigação de preconizar a prática do bem, combater
a prática do mal, impedir as atuações do injusto, obrigando-o a agir apenas com
justiça. Caso contrário, Deus provocará a discórdia entre vós, e então vos
amaldiçoará como amaldiçoou a eles." (Abu Daúd e Tirmizi)
197. Abu Bakr As Siddik (R) disse: -o gente, vós recitais o seguinte
versículo: -ó crentes, resguardai as vossas almas. Se vos conduzirdes bem,
jamais poderão prejudicar-vos aqueles que se desviam; todos vós retomareis
a Deus, o Qual vos inteirará de tudo quanto houverdes feito' (Alcorão
Sagrado, 5:105).Porém, também ouvi o Mensageiro de Deus (S) dizer: 'Quando
as pessoas não fazem oposição à injustiça, Deus não tardará em generalizar o
Seu castigo sobre elas.'" (Abu Daúd, Tirmizi e Nassá'i)
CAPÍTULO 24
O CASTIGO PARA AQUELE QUE ORDENAA PRÁTICA DO LÍCITO
E OPÕE-SE AO QUE É ILÍCITO, AO MESMO TEMPO QUE AGE
CONTRARIAMENTE AO QUE ORDENA E AO QUE SE OPÕE
Deus, louvado seja, disse:
"Ordenais, acaso, aos demais fazerem caridade e esqueceis vós
mesmos de fazê-la, apesar de lerdes o Livro? Não raciocinais?" (Alcorão
Sagrado, 2:44).
Deus, louvado seja, disse também:
-o crentes, por que dizeis o que não fazeis? É enormemente odioso
perante Deus, dizerdes o que não fazeis" (Alcorão Sagrado, 61:2-3).
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E disse, ainda:
"Não pretendo contrariar-vos, a> .J ser no que Ele vedou" (Alcorão
Sagrado, 11:88).
198. Usama Ibn Zaid (R) rela.ou que ouvira o Mensageiro de Deus (S),
que dizia: "No Dia do Juízo Final :rá trazido um homem que será lançado ao
Pego. Sairá do seu ventre o intev ,\0, e ele passará a dar voltas sobre si mesmo,
como faz o burro em torno (', uma moenda. Então, as pessoas do Fogo se
acercarão dele, e lhe perguntarão: -o fulano, que te aconteceu? Acaso, não
preconizavas a prática do bem e a abstenção da prática do mal?' E ele responderá:
'Sim, porém, preconizava o cumprimento do lícito, sem o acatar, e a abstenção
do ilícito, cometendo-o.'" (Mutaffac alaih) (
CAPÍTULO 25
A RESTITUIÇÃO DOS DEPÓSITOS CONFIADOS
Deus, louvado seja, disse:
"Deus manda restituir o confiado ao seu dono; quando julgardes
vossos semelhantes, fazei-o com eqüidade, Quão excelente é isso a que Deus
vos exorta! Ele é Oniouvinte, Onividente" (Alcorão Sagrado, 4:58).
Deus, louvado seja, disse também:
"Por certo que apresentamos o Encargo aos céus, à terra e às
montanhas, que se negaram e temeram recebê-lo; porém, o homem se
encarregou disso, mas provou ser um tirano e insipiente" (Alcorão Sagrado,
33:72).
199. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Distingue-se o hipócrita por três características: quando conta algo, mente;
quando promete, não cumpre; e quando confiam nele, trai." (Mutaffac alaih)
200. Huzaifa Ibn aI Yaman (R) disse: "O Mensageiro de Deus (S) nos
contou duas coisas, uma das quais eu já vi (tornar-se realidade); quanto à outra,
estou esperando que se materialize. O Mensageiro de Deus (S) nos informou
que a confiabilidade estava imbuída nos corações dos indivíduos. Quando o
Alcorão Sagrado foi revelado, eles (tembém) aprenderam isso, 'Aprederam pela
minha prática.' Então ele nos contou sobre o ser-nos tirada a confiança, no
seguinte: o homem vai dormir e, ao levantar-se, verá que a sua confiabilidade
desapareceu, deixando apenas uma sombra dela em seu coração; e quando ele
for dormir o restante da confiança desaparecerá, deixando atrás de si uma
pequena marca como uma bolha no coração, como aquela que adquirimos quando
pisamos numa brasa; obtemos uma bolha que deixa a pele levantada, mas que é
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vazia por dentro. (Então o Profeta apanhou um pedregulho e começou a riscálo
no seu pé.) Então; os indivíduos levantam-se pela manhã e prosseguem no
ato rotineiro de comprar e vender, mas nenhum deles será o homem que se irá
desfazer da sua confiança, tanto é assim, que lhe será dito: 'Há apenas uma
pessoa confiável em tal e tal tribo.' (O contrário) será dito do homem que for
bem versado nos negócios terrenos: 'Quão esperto, bem apessoado e inteligente
ele é', embora lhe falte um grão de fé." O Huzaifa (R) continua: "Tempo houve
em que eu não me importava com quem fazia negócios, pois acontecia que
eram todos muçulmanos, e sua fé era suficiente garantia, e, se fosse judeu ou
cristão, seu guardião (certamente) era suficiente garantia. Hoje não faço negócios,
a não ser com Fulano." (Mutaffac alaih)
201. Huzaifa e Abu Huraira (R) relatam que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "No Dia do Julgamento Deus, o Glorificado e Exaltado, irá juntar toda a
humanidade, sendo que fará com que os crentes fiquem perto do Paraíso.
Primeiramente eles se aproximarão do profeta Adão (AS), e lhe perguntarão:
'Pai, por favor, abre a porta do Paraíso para nós!' Ele responderá: 'Foi a falta do
vosso pai que causou a vossa expulsão do Paraíso! Sou incapaz de vos ajudar;
ide ter com o meu filho, o profeta Abraão, o amigo de Deus!' Então eles irão ter
com o profeta Abraão, que lhes dirá: 'Não é da minha competência fazer isso; a
tarefa é muito dificultosa; eu era (simplesmente) o amigo de Deus. (Irá dizer
isso, demonstrando humildade.) Ide ter com o profeta Moisés, com o qual Deus
bem falou!' Mosés lhes dirá: 'Não sou competente para fazer isso; ide ter com
Jesus, o Verbo de Deus, e Seu espírito!' Jesus também dirá: 'Não sou adequado
para esse serviço!' Então eles virão para o Profeta Mohammad (S). Este se
apresentará e Deus, Todo-Poderoso, permitir-lhe-a (interceder). Aintegridade e
a misericórdia estarão presentes, e a direita e a esquerda ficarão de cada lado da
Ponte de Sirát (a ponte sobre a qual todos terão de passar, no Diado Julgamento).
A primeira parte de vós passará como relâmpago sobre a ponte." Huzaifa inquiriu:
"(Que meus pais sejam sacrificados por ti) que quer isso dizer?" Ele disse:
"Não notaste que o relâmpago brilha e desaparece num piscar d' olhos? Então o
grupo seguinte irá passar sobre a ponte como o vento, e a terceira parte irá
passar como como uma revoada de pássaros, apressando-se como homens a
correr; e essa diferença será de acordo com o mérito de seus feitos. Nessa hora,
o vosso Profeta permanecerá de pé sobre a ponte, solicitado a misericórdia de
Deus, e recitando: Ó Sustentador, mantém-nos salvos! mantém-nos salvos!
Conforme o padrão das virtudes fore caindo, a velocidade irá ser cada vez menor,
até que virá um homem que não será capaz de andar, que virá arrastando-se
com a ajuda das suas nádegas. Algumas mãos irão estar apertando ambos os
lados da ponte. Esses apertões, com a ordem de Deus, irão segurar aqueles que
Ele quiser ajudar. Aquele que estiver meramente arranhado será redimido, e
alguns serão arremessados no Inferno." O Abu Huraira disse: "Por Deus, em
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Cujas mãos está a vida de Abu Huraira, a profundeza do Inferno é igual à distância
que poderia ser coberta numa viagem de setenta anos" (Musslim).
202. Abu Khubaib Abdullah Ibn al Zubair (R) relatou: "Quando (no mês
de Jamadi aI Auwal do ano 36 H.) o Zubair estava indo lutar na batalha de
Jamal, mandou-me chamar, eu fui, e fiquei ao seu lado. Disse-me: 'Meu filho,
tanto o agressor como o agredido serão mortos hoje. Estou certo de que eu serei
morto como o agredido. Estou muito preocupado com a disposição dos bens.
Achas tu que irá sobrar algo da minha propriedade após o pagamento das dívidas?
Meu filho, paga as minhas dívidas após a venda da minha propriedade. Se sobrar
algo depois do desencargo das minhas dívidas, deixo em herança um terço. Um
terço dela, ou seja, um nono dela (total sobrado) será enviado para os filhos de
al Zubair. Depois, se algo mais sobrar, um terço dessa sobra será para os teus
filhos (de Abdullah). O Hicham diz que alguns filhos do Abdullah eram da
mesma idade dos de Khubaib e Abbad, os filhos de Zubair - e ele tinha 9 filhos
e 9 filhas.' Ele seguiu me instruindo acerca da disposição dos seus bens, e disse:
'Meu filho, se achares qualquer dificuldade em te desfazeres das minhas dívidas,
procura recursos junto ao meu mestre, e implora a sua ajuda! Não compreendi
muito bem o que ele quiz dizer por 'mestre', e perguntei: Pai, quem é o teu
mestre? Ele respondeu: 'Deus!' Assim, sempre que me via encarando uma
dificuldade em me desfazer das suas dívidas, eu suplicava: ÓMestre de Zubair,
dispensa a dívida dele!, e Ele a dispensava. O Zubair foi martirizado. Não deixou
dirham e dinar (dinheiro) algum, mas deixou algumas terras, uma delas em
Ghába, onze casas em Madina, duas em Basra, uma em Kufa e uma no Egito. A
causa do seu endividamento era que se uma pessoa fosse ter com ele, pedindolhe
que guardasse algo seu como custódia a ele, o Zubair (R) não concordava
em aceitar aquilo como custódia, achando que poderia ficar perdido, mas tomavao
como um empréstimo. Ele jamais aceitou um posto de autoridade ou de
cobrador de impostos. Ele teve o privilégio de ter participado no jihad com o
Profeta (5), com Abu Bakr, com Ômar e com Osman (ter adquirido a sua partilha
nos despojos).
"Eu preparei um inventário das suas dívidas, que chegaram a dois milhões
e duzentos mil. O Hakim Ibn Hizam me encontrou e perguntou: -ó sobrinho,
quanto é o montante de dívidas do meu irmão?' .Ocultando os negócios das
terras, eu disse: Cem mil! O Hakim disse: 'Não creio que os teus rendimentos
irão cobrir tanto!' Eu disse: Que acharias se a quantia fosse de dois milhões e
duzentos mil? Ele disse: 'Acharia que isso não estaria dentro da tua capacidade,
que serias incapaz de te desincumbires de qualquer parte dela, se não pedisses
a minha ajuda!'
"O Zubair (R) havia adquirido a terra, em Ghába, por cento e setenta
mil. OAbdullah vendeu-a por um milhão e seiscentos mil, e mais tarde anunciou
que quem tivesse uma reivindicação quanto ao Zubair (R), que comparecesse e
se encontrasse com ele em Ghába. O Abdullah Ibn Ja'far foi até ele, e disse: 'O
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Zubair me devia quatrocentos mil, mas abrirei mão da dívida, se quiseres.' O
Abdullah disse: 'Não, não quero que ela seja eliminada.' O Ibn Ja'far disse:
'Então quando quiseres, estou preparado para adiar o recebimento.' OAbdullah
disse: 'Não, não quero nem mesmo isso.' O Ibn Ja'far disse: 'Então demarca
um pedaço de terra para mim!' Assim, o Abdullah demarcou um pedaço para
ele. Desse modo, o Abdullah pagou a dívida do seu pai por meio de vender as
suas terras. Após o pagamento da dívida do seu pai, ainda restava um lote de
terra que media quatro sihams e meio. Depois disso, o Abdullah visitou o Amir
Muawiya, que tinha com ele, ao tempo, oAmr Ibn Uçman, o Munzir Ibn Zubair
e o Ibn Zam'a. O Amir Muawiya perguntou para o Abdullah (R) que preço ele
havia estipulado para a terra de Ghába. Ele respondeu que se tratava de cem mil
por uma parte dela. O Amir Muawiya quiz saber quanto da terra havia sido
deixado. OAbdullah disse que eram quatro sahms e meio. OMunzir Ibn Zubair
disse: 'Pegarei um sahm por cem mil.' o Amr Ibn Uçman disse: 'Eu também
gostaria de pegar um sahm por cem mil!' OIbn Zam' a disse: 'Eu também pegarei
um sahm por cem mil.' Então o Amir Muawiya perguntou: 'Quanto da terra
restou agora?' O Abdullah disse: 'Resta um sahm e meio.' O Amir Muawiya
disse: 'Fico com eles por cento e cinqüenta mil'. Mais tarde, o Abdullah Ibn
Ja'far vendeu o seu quinhão da terra para o Amir Muawiya por seiscentos mil.
Quando Ibn al Zubair terminou de pagar as dívidas, seus familiares lhe
pediram para dividir o resto com eles. Ele lhes disse: 'Por Deus que não o farei
até que anuncie por quatro anos, durante o período do Hajj, se alguém tem
alguma dívida para receber de AI Zubair. Ele o fez por quatro anos e, então
dividiu um terço do resto dos bens entre os familiares. O Zubair tinha quatro
mulheres e cada uma recebeu um milhão e duzentos mil. Afortuna deAl Zubair
era de cinquenta milhões e duzentos mil." (Bukhári)
CAPÍTULO 26
A PROIBIÇÃO DA CRUELDADE E DA INJUSTIÇA, E A ORDEM DA
SUA ERRADICAÇÃO
Deus, louvado seja, disse:
"Os iníquos não terão amigos íntimos, nem intercessores que possam
obedecer" (Alcorão Sagrado, 40:18).
Deus, louvado seja, disse também:
"Os iníquos não terão nenhum protetor" (Alcorão Sagrado, 22:71).
203. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Evitai serdes
injustos, pois a injustiça se transformará, no Dia do Juízo, em trevas. E evitai a
avareza, pois ela levou os povos anteriores a vós à perdição: fê-los derramar,
injustamente, o seu próprio sangue e violar as suas sagradas leis." (Musslim)
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204. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Definitivamente, serão restituidos os direitos a seus verdadeiros donos, no Dia
do Julgamento; até o mal causado a uma cabra sem chifre, por uma cabra
chifruda, será levado em conta" (Musslim).
205. Ibn Ômar (R) relatou: "Um dia, numa reunião na qual o Profeta (S)
estava presente, estávamos discutindo sobre a Peregrinação de Despedida, sem
sabermos o que ela significava, até que o Profeta (S) teceu louvores a Deus, e
demorou-se um pouco quanto ao papel do massih ai dajjal (o falso Cristo), e
disse: 'Todos os profetas enviados por Deus preveniram os seus seguidores
acerca (da maldade) dele; mais tarde, o profeta Noé preveniu o seu povo, e
assim fizeram os profetas que vieram depois dele. Se ele se levantar contra vós,
as suas condições não vos serão ocultas. Bem sabeis que o vosso Senhor não é
um Deus de um só olho, ao passo que o olho direito do Dajjal é defeituoso; seu
olho é deformado, e parece uma uva inchada. Acautelai-vos, pois Deus vos
proibiu derramardes o sangue uns dos outros, e surripiar-lhes os pertences; estes
são sacrossantos como a sacrossanticidade deste (sagrado) dia, deste sagrado
mês, neste sagrado lugar. Ficai em guarda! Será que vos não transmiti (e ensinei
todas as ordens divinas)?' Nós, os Companheiros, dissemos: Sim! O Profeta (S)
disse: -ó Deus, sê minha testemunha!' , e repetiu essas palavras por três vezes,
e concluiu, dizendo: 'Entendei bem que não devereis voltar à incredulidade
quando eu não mais estiver (entre vós), e começar a derramar sangue entre vós
outros"'. (Bukhári)
206. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Aquele
que usurpar o menor pedaço de terra, será punido por Deus, tendo ao redor de
seu pescoço o equivalente a sete terras." (Mutaffac alaih)
207. Abu Mussa AI Ach'ari (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Deus adia tomar qualquer ação contra o injusto; mas quando chegar a
hora, não o deixará umpune", Então ele recitou: "E assim é o extermínio (vindo)
do teu Senhor, que extermina as cidades por suas injustiças. O Seu extermíno
é terrível, severíssimo" (Alcorão Sagrado, 11:102). (Mutaffac alaih)
208. Moaz (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) designou-me como
seu delegado - no Iêmen -, e me disse: 'Tu te apresentarás a um povo que é
seguidor das Sagradas Escrituras. Convida-os a prestarem testemunho de que
não há outra divindade além de Deus, e que eu sou o Seu Mensageiro. Se o
aceitarem, informa-os que Deus prescreveu o cumprimento de cinco orações
diárias. Se o aceitarem, informa-os que Deus prescreveu uma caridade que será
tomada aos ricos entre eles, para ser distribuída entre os pobres entre eles. Se o
aceitarem, não toques no que é valioso, de suas propriedades. Contudo, previnete
quanto às súplicas a Deus dos injustiçados, pois entre Deus e essas súplicas
não existe barreira alguma. '" (Mutaffac alaih)
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209. Abdul Rahman Ibn Saad (R) relatou que o Profeta (S) designou um
homem da tribo Azd, chamado Ibn ai Lutbiya, para coletar o zacat. Quando
regressou a Madina, disse: "Isto é para vós, e isso foi-me dado." Quando o
Mensageiro de Deus (S) subiu ao púlpito, depois de louvar a Deus e Lhe dar
graças, disse: "Eis que designei um homem, dentre vós, para cumprir com o
trabalho que Deus me encarregou de realizar. Mas, ao voltar, disse: 'Isto é para
vós, e isso me foi presenteado.' Por que não fica na casa do seu pai ou da sua
mãe, e espera lá receber o seu presente, se é que diz a verdade? Por Deus, quem
quer que seja, dentre vós, que tome algo sem que a isso tenha direito, encontrarse-
á levando aquilo que houver tomado, às costas, no Dia do Juízo Final. Não
gostaria de conhecer ninguém entre vós que comparecesse ante Deus levando
um camelo a grunhir, ou uma vaca a mugir, ou uma ovelha a balir!" E, levantando
os braços até que pudéssemos ver a brancura das suas axilas, exclamou: -o
Senhor, acaso pude eu cumprir com o propósito de fazer chegar a eles a Tua
Mensagem?" e repetiu aquilo por três vezes. (Mutaffac alaih)
210. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele que tenha
cometido uma injustiça com relação a uma pessoa ou a qualquer outra coisa,
deverá rogar-lhe, o quanto antes, que o perdoe, pois no Dia do Juízo de nada lhe
valerá o ouro, nem a prata (para compensá-lo); porém, se tiver realizado boas
obras, estas serão levadas em conta para lhe compensar a injustiça cometida; e,
se não houver essas boas obras, serão tomadas as más obras cometidas pela
outra pessoa, que servirão de carga para ele." (Bukhári)
211. Abdullah IbnArnr Ibn ai 'Ás (R) relatou que o Profeta (S) disse: "O
verdadeiro muçulmano é aquele de cuja língua e de cujas mãos os outros
muçulmanos se encontram a salvo; e o verdadeiro muhájir (emigrante) é aquele
que abandona o que Deus tem proibido." (Mutaffac alaih)
212. Abdullah Ibn Amr Ibn al 'Ás (R) contou que um homem cnamado
Kirkira estava a cargo dos pertences pessoais do Profeta (S). Quando Kirkira
morreu, o Mensageiro de Deus disse: "Estará no Inferno!" E o pessoal foi ver
por quê. Eis que no lugar onde fora morto, encontraram uma túnica que aquele
homem havia subtraído de entre os troféus de guerra. (Bukhari )
213. Abu Bakr Nufai Ibn Háris relatou: "O Profeta (S) disse: 'o tempo
está a passar do mesmo modo como no dia em que Deus fez o universo. Um
ano compreende doze meses, quatro dos quais são sagrados, três em sucessão:
Zul Qui'da, Zul Hajja e Muharram, sendo Rajab o mês mais sagrado da tribo
Mudhar, o qual cai entre Jumada e Chaaban.' Ele perguntou: 'Que mês é este?'
Nós dissemos: Deus e Seu Mensageiro sabem melhor! Ouvindo aquilo, ele se
manteve silente por um tempo, e nós pensamos que ele fosse dar um novo
nome para aquele mês. Então ele perguntou: 'Será que não é Zul Hajja?'
Dissemos: Sim, é! Então ele perguntou: 'Qual é o nome desta cidade?'
Respondemos: Deus e o Seu Profeta sabem melhor! Ele fez uma pausa por uns
instantes, e nós pensamos que ele fosse dar a ela um novo nome. Então ele
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disse: 'Não é esta uma cidade sagrada?' Respondemos: Certamente que é! Depois
ele perguntou: 'Que dia é hoje?' Dissemos: Deus e Seu Mensageiro sabem
melhor! Novamente ele fez uma pausa um pouco demorada, e nós pensamos
que ele fosse dar ao dia um novo nome. Então ele disse: 'Não é o dia do
sacrifício?' Dissemos: 'Sim!' Então, ele disse: 'Vosso sangue, vossos pertences
e vossa honra são sagrados, tanto para uns como para outros, como sagrada é
esta cidade, como sagrado é este dia, e este mês. Não está longe o dia em que
ireis estar face a face com Deus, e Ele vos chamará para prestardes contas das
vossas ações neste mundo. Portanto, tomai cuidado para não vos tornardes
incrédulos, quando eu não mais existir, matando-vos uns aos outros. Que aqueles
que estão presentes transmitam esta mensagem àqueles que estão ausentes,
porque aqueles que receberem esta mensagem indiretamente talvez se lembrem
dela melhor do que aqueles que a ouviram diretamente.' Então ele perguntou
por duas vezes: 'Será que vos comuniquei (a ordem de Deus)?' Dissemos: Sim,
senhor! Então ele disse: -ó Deus, sê Tu Testemunha. '" (Mutaffac alaih)
214. Iyas Ibn Salaba AI Hárisi relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Deus decretou o Fogo do Inferno para a pessoa que usurpa a propriedade
do muçulmano por intermédio de falsos juramentos, proibindo-lhe a entrada no
Paraíso." (Musslim)
215. Adi Ibn Umaira (R) relatou: "Ouvi o Mensageiro de Deus (S) dizer:
'Quando eu nomear um de vós para algum cargo, se ele ocultar de mim nem
que seja uma agulha ou algo menos importante que isso, esse ato será tido
como apropriação indébita; ele terá que apresentar tal coisa, no Dia do
Julgamento.' Nisso, um Ansari de cor escura se postou perante o Profeta (S) - é
como se eu o estivesse vendo -, e disse: -ó Mensageiro de Deus, por favor,
livra-me do encargo que me foi designado!' O Profeta (S) perguntou ao dito
homem qual era o problema, e o homem disse: 'Acabei de ouvir-te dizer essa
coisa...' O Profeta (S) disse: 'Mais uma vez eu digo que a pessoa que eu apontar
para qualquer cargo (público) deverá prestar contas plenas do seu encargo, por
mais insignificante que seja. O que lhe for permitido receber, e o que lhe for
designado, deverá evitar" (Musslim).
21 6. Ômar Ibn al Khattab (R) narrou que durante a campanha de Khaibar,
alguns dos companheiros do Profeta (Deus o abeçoe e lhe dê paz) chegaram a
ele dizendo: "Fulano é um mártir, e Beltrano também." Até que passaram perto
do corpo sem vida de um homem; e disseram: "Este é também um mártir."
Então o Profeta disse: "Não, porque o vi no Inferno, por causa de ter subtraído
uma túnica de entre os troféus de guerra." (Musslim)
217. Abu Catada Háris Ibn Ribi relatou que o Mensageiro de Deus (S)
se pôs de pé para fazer um sermão aos seus companheiros, e disse que a fé em
Deus e o jihad em prol da Sua causa eram os mais elevados tipos de feitos
virtuosos. De entre a audiência, um homem se levantou, e disse: "O Mensageiro
de Deus, achas que se eu fosse morto no combate pela causa de Deus, meus
pecados seriam expiados?" Ele respondeu: "Sim, se fosses morto combatendo
pela causa de Deus, e fosses paciente e, se auto-examinando, continuasses a
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marchar para a frente, sem se retrair." Então o Profeta (S) pediu ao homem que
repetisse o que havia dito. O homem repetiu: "Achas que se eu fosse morto no
combate pela causa de Deus, meus pecados seriam remidos?" Ele respondeu:
"Sim, se fosses morto enquanto estivesses firme, fosses paciente e, se autoexaminando,
marchasses para a frente, não retrocedendo e não fugindo. Contudo,
tuas dívidas não seriam perdoadas. O anjo Gabriel acabou de me informar quanto
a isso." (Musslim)
218. Abu Huraira relatou que o Profeta (S) perguntou, certa vez, aos
seus companheiros: "Sabeis quem é o pobre?" Os Companheiros disseram que
o pobre era o indivíduo que não possuía dinheiro ou propriedade. O Profeta (S)
elucidou o ponto, dizendo: "Pobre, dentre os meus seguidores, é aquele que
embora compareça no Dia do Juízo Final com bons registros de salat (orações)
e saum (jejum) e zakat (pagamento do tributo), também tenha prejudicado
alguém, difamado outro, usurpado os bens de outro, tenha matado outro, ou
batido em outro. Então, todas as pessoas agredidas receberão parte das boas
ações do agressor; e quando as boas ações terminarem, antes de pagar as
injustiças que havia cometido, os pecados e as faltas das pessoas agredidas
serão transferidas para ele, que então será jogado no Fogo." (Musslim)
219. Umm salama (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Sou, além de
tudo, um ser humano. Eis que trazeis as vossas disputas até a mim para eu as
decidir. É possível que um dos disputantes seja bem versado na arte da
argumentação e seja perito em apresentar o seu caso. De acordo com isso, eu
decido o caso a seu favor. Mas, se eu decidir a favor de alguém, em detrimento
do direito de seu irmão, estarei fornecendo-lhe um pedaço do Inferno. (Mutaffac
alaih)
220. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O crente
continuará desfrutando de uma margem de liberdade com respeito à sua religião,
desde que não mate, ilegalmente, a ninguém." (Bukhari)
221. Khaula Bint Ámir aI Ansári (R) disse ter ouvido o Mensageiro de
Deus (S) dizer: "Algumas pessoas estão malversando os fundos que pertencem
a Deus (fundos públicos islâmicos). No Dia do Juízo, o seu destino será o
Inferno." (Bukhári)
CAPÍTVL027
o RESPEITO PELA DIGNIDADE DOS DIREITOS DOS
MUÇULMANOS E A COMPAIXÃO PARA COM ELES
Deus, louvado seja, disse:
"Quanto àquele que enaltecer os ritos sagrados de Deus, (isso) será
melhor para ele aos olhos de seu Senhor" (Alcorão Sagrado, 22:30).
Deus, louvado seja, disse também:
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"Tal será. Contudo, quem enaltecer os símbolos de Deus, saiba que
tal (enaltecimento) parte de quem possui piedade no coração" (Alcorão
Sagrado, 22:32).
Deus, louvado seja, disse ainda:
"E abaixa gentilmente as asas para os crentes" (Alcorão Sagrado,
15:88).
Deus, louvado seja, disse mais:
"Quem matar uma pessoa sem que esta tenha cometido homicídio
ou semeado a corrupção na terra, será considerado como se tivesse
assassinado toda a humanidade; quem a salvar, será reputado como se
tivesse salvo toda a humanidade" (Alcorão Sagrado, 5:32).
222. Abu Mussa aI Ach'ari (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "O crente é, para os outros crentes, como um edifício onde as suas
diferentes partes se reforçam reciprocamente." Conforme ele falava aquilo,
entrelaçava com força os dedos de ambas as mãos. (Mutaffac alaih)
223. Abu Mussa al Ach'ari (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse:"Quem passarpor nossasmesquitasou no nosso mercado portando flechas,
. deverá segurar suas pontas com as mãos, como precaução para que um
muçulmano com elas não se fira." (Mutaffac alaih)
224. AI Numan Ibn Bachir (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "O bomexemplo que os crentes demonstram, com relação ao seu carinho,
sua misericórdia e amabilidade recíprocas, é como se fosse proveniente de um
só corpo; quando um membro se encontra indisposto, todo o resto do corpo
mostra sua debilidade e febre." (Mutaffac alaih)
225. Abu Huraira (R) relatou que em certa ocasião o Profeta (S) estava
beijando seu neto, AI Hassan Ibn Áli, sendo que AI Acra Ibn Hábes estava
sentado ao seu lado. Este disse: "Tenho dez filhos, e nunca beijei a nenhum
deles!" O Mensageiro de Deus (S) olhou para ele e disse: "Aquele que não
mostra compaixão para com os demais não será tratado com compaixão."
(Mutaffac alaih)
226. Aicha (R) relatou que uns beduínos foram ver o Mensageiro de
Deus (S), e lhe perguntaram: "Acaso vós beijais as crianças?" O Mensageiro de
Deus (S) respondeu: "Sim!" Eles disseram: "Por Deus, pois nós nunca as
beijamos." E o Profeta (S) disse: "Será que está nas minhas mãos o fato de que
Deus haja tirado a compaixão dos vossos corações?" (Mutaffac alaih)
227. Jarir Ibn Abdullah (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Aquele que não tem compaixãocom as pessoas não terá a compaixão de Deus."
(Mutaffac alaih)
228. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se
algum de vós dirigir os indivíduos, em oração, deverá encurtá-la, pois entre
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eles poderão encontrar-se pessoas débeis, enfermas e vetustas. Entretanto, se
um de vós levar a efeito a oração estando só, poderá prolongá-la como desejar."
(Mutaffac alaih)
229. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) algumas vezes
costumava evitar fazer algo, apesar de gostar de fazê-lo, temendo que seus
seguidores o fizessem, e que se tornaria uma obrigação para eles. (Muttafac
alaih)
230. Aicha (R) contou que o Profeta (S) proibiu os muçulmanos de
prolongarem o jejum por mais de um dia, movido pela compaixão para com
eles. Alguns disseram: "É, mas tu jejuas constantemente!" Ele respondeu: "Não
sou como vós, pois que, durante a noite, meu Senhor me dá de comer e de
beber." (Mutaffac alaih)
231. Abi Catada Háris Ibn Ribi (R) relatou que o Mensageiro de Deus
(S) disse: "Eu me ergo para as orações (salat) pretendendo prolongá-las. Nisso,
ouço o choro duma criança, e tenho que encurtar minha oração, sendo
compreensivo, se não minha recitação de um versículo comprido poderia
perturbar a mãe do bebê" (Bukhari).
232. Jundub lbn Abdullah (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele
que oferece as orações da alvorada fica sob a proteção de Deus. Deveis, portanto,
manter-vos nessa condição, para que Deus não tenha que vos chamar para
prestardes contas. Se Deus chamar alguém para prestar contas, e achar que está
em falta, esse alguém será enviado diretamente para o Inferno." (Musslim)
233. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Um
muçulmano é irmão de outro muçulmano; nunca é injusto para com ele, nem o
entrega ao inimigo. Aquem acudir um irmão necessitado, Deus acudirá em sua
ajuda; e a quem aliviar a angústia de um muçulmano, Deus aliviará, por isso,
uma de suas angústias no Dia da Ressurreição; e a quem encobrir a falta de um
muçulmano, Deus encobrirá as suas faltas no Dia do Juízo." (Mutaffac alaih)
234. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Um
muçulmano é irmão de outro muçulmano. Ele não o trai, não lhe mente, nem
tampouco o humilha. Tudo o que pertence a um muçulmano, sua honra, sua
propriedade e seu sangue, é sagrado para outro muçulmano; e a piedade está
aqui (apontando ele para o coração). É deveras ruim alguém menosprezar seu
irmão muçulmano". (Tirmizi)
235. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Não
tenhais inveja, nem manipuleis os preços das coisas. Não vos odieis, nem vos
deis as costas. Não vos rivalizeis, prejudicando, uns, as vendas dos outros. Ó
servos de Deus, sede como irmãos! O muçulmano é irmão do muçulmano, não
é injusto para com ele, não o abandona à sua sorte, nem o menospreza,. Apiedade
se encontra aqui mesmo (demonstrou, indicando o peito três vezes); demasiada
maldade demonstraria uma pessoa que menosprezasse o seu irmão muçulmano!
Tudo o que possui um muçulmano é inviolável: seu sangue, seus bens, sua
honra." (Musslim)
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236. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Só será
crente aquele que desejar ao seu irmão o que deseja a si próprio." (Mutaffac
alaih)
237. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Presta apoio
ao teu irmão, mesmo que tenha sido o injusto, ou a vítima de uma injustiça!"
Um homem perguntou: "6 Mensageiro de Deus, prestar-lhe-ia meu apoio se
fosse vítima de injustiça; porém, que deveria fazer, caso fosse o injusto?"
Respondeu: "Impedindo-o que agisse com injustiça. Isto é o que significa prestarlhe
apoio." (Bukhári)
238. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O
muçulmano tem cinco deveres ante os demais muçulmanos: retribuir a saudação,
visitar o enfermo, acompanhar o séquito do funeral, aceitar o convite e rogar a
Deus pela pessoa que espirra." (Mutaffac alaih)
239. AI BarráIbn Ázeb (R) disse: "O Mensageiro de Deus (S) nos ordenou
acerca de sete deveres e nos proibiu outras sete questões. Ordenou-nos:
visitarmos o enfermo, seguirmos o séquito do funeral, rogarmos a Deus por
quem espirra, cumprirmos o juramento feito, prestarmos apoio ao oprimido,
aceitarmos um convite e retribuirmos a saudação. E nos proibiu: portarmos
anéis de ouro, bebermos em vasilhas de prata, usarmos coxins de seda vermelha
e nos vestirmos de seda e brocado." (Mutaffac alaih)
CAPÍTULO 28
A DISCRIÇÃO EM RELAÇÃO ÀS FALTAS DOS MUÇULMANOS, E
A PROIBIÇÃO DE AS TORNAR PÚBLICAS, SEM QUE HAJA
NECESSIDADE PREMENTE PARA ISSO
Deus, louvado seja, disse:
"Sabei que aqueles que se comprazem em que a obscenidade se
difunda entre os crentes, sofrerão um doloroso castigo, neste mundo e no
Outro; Deus sabe e vós ignorais" (Alcorão Sagrado, 24: 19).
240. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quanto àquele
que encobrir os defeitos de um servo de Deus, nesta vida, Ele lhe encobrirá os
defeitos no Dia do Juízo." (Musslim)
241. Abu Huraira (R) relatou que havia escutado o Mensageiro de Deus
(S) dizer: "Todos os membros da minha nação serão perdoados, menos aqueles
que tomarem públicos seus atos particulares. Um exemplo disso é quando alguém
pratica algum ato, à noite, e levanta, no dia seguinte para comentar com outra
pessoa, dizendo: -ó fulano, ontem fiz isto e aquilo' , ou seja, apesar de passar a
noite acobertado por Deus, revela, na manhã seguinte, o que Deus lho ocultou.",
(Mutaffac alaih)
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242. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando ficar
comprovado que uma escrava fornicou, que seja açoitada (o que prescreve a
lei), sem que seja repreendida; se fornicar pela segunda vez, que seja açoitada
(o que prescreve a lei), sem que seja repreendi<. 1.. Porém, se fornicar pela terceira
vez, então que seja vendida, ainpa que em.troca (e uma corda fibrosa." (Mutaffac
~~ ,
243. Abu Huraira (R) relatou: "Um home:n que havia bebido vinho foi
levado perante o Profeta (S), que disse: 'Batei ne.e!' Então alguns de nós lhe
batemos com as mãos, outros lhe bateram com as sandálias, e outros, com peças
de roupa. Ao terminarmos, alguém disse: 'Que Deus te humilhe!' Porém, o
Profeta (S) disse: 'Não digas isto! Não apóies Satanás contra ele! ," (Bukhári)
CAPÍTULO 29
o DEVER DE SE RESOLVER AS NECESSIDADES DOS
MUÇULMANOS
Deus, louvado seja, disse:
"••• praticai o bem, para que prospereis" (Alcorão Sagrado, 22:77).
244. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Um
muçulmano é irmão de outro muçulmano; nunca é injusto para com ele, nem o
entrega ao inimigo. A quem acudir um irmão necessitado, Deus acudirá em sua
ajuda; e a quem aliviar a angústia de um muçulmano, Deus aliviará, por isso,
uma de suas angústias no Dia da Ressurreição; e a quem encobrir a falta de um
muçulmano, Deus encobrirá as suas faltas no Dia do Juízo." (Mutaffac alaih)
245. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Àquele que aliviar,
de um crente, uma angústia, das angústias desta vida, Deus aliviará algumas
das angústias no Dia da Ressurreição; e àquele que resolver a dificuldade de
um necessitado, Deus resolverá as dificuldades, tanto nesta, como na Outra
Vida; e à pessoa que for discreta para com as faltas de um muçulmano, Deus
será discreto com as faltas dela, nesta e na Outra, e Deus estará ajudando o
servo enquanto este estiver ajudando o seu irmão; e àquele que empreender um
caminho na busca do conhecimento, Deus facilitará, por isso, um caminho para
o Paraíso. Sempre que se reunir um grupo de indivíduos para recitar e estudar o
Livro de Deus, fazendo-o em uma das Casas do Senhor, o sossego descerá
sobre eles, e a misericórdia de Deus (louvado seja) os cobrirá; os anjos os
rodearão, e serão mencionados por Deus, ante aqueles que se encontram na
Sua presença. Aquele cujas obras tenham sido rebaixadas não será dignificado,
por sua linhagem." (Musslim)
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CAPÍTULO 30
A INTERCESSÃO
Deus, louvado seja, disse:
"Quem interceder em favor de uma causa nobre participará dela"
(Alcorão Sagrado, 4:85).
246. Abu Mussa ai Ach'arí (R) relatou que quando uma pessoa ia ter
com o Profeta (S), pedindo-lhe que lhe resolvecse alguma questão, ele se
inclinava para os Companheiros presentes e lhes c.z.a: "Intercedei, e sereis
recompensados por Deus, Que decidirá o que desejar, pela boca do SeúProfeta."
(Mutaffac alaih)
247. Ibn Abbas (R) contou acerca da disputa de Barira com seu marido,
ao quê o Profeta (S) disse a ela: "Que te parece voltares para ele?" Ela respondeu:
-ó Mensageiro de Deus, acaso mo estás ordenando?" Disse ele: "Não, mas
estou intercedendo por ele." E ela disse: "Pois eu não tenho interesse por ele!"
(Bukhári)
CAPÍTULO 31
A RECONCILIAÇÃO DAS PESSOAS
Deus, louvado seja, disse:
"Não há utilidade alguma na maioria de seus colóquios" (Alcorão
Sagrado, 4:114).
E, louvado seja, disse também:
" ...a concórdia é o melhor" (Alcorão Sagrado, 4: 128).
E, louvado seja, disse ainda:
"Temei a Deus, e resolvei fraternalmente as vossas querelas" (Alcorão
Sagrado, 8:1).
E, louvado seja, disse mais:
"Sabei que os crentes são irmãos; reconciliai, pois, entre vossos
irmãos" (Alcorão Sagrado, 49:10).
248. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Em
qualquer dia da vida, as falanges (articulações) do ser humano devem oferecer
uma caridade. Para isso, o estabelecer ajustiça entre duas pessoas é uma caridade;
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ajudar um homem a subir em sua montaria e ajudá-lo com a carga da mesma é
também uma caridade; a boa palavra é uma caridade; e cada passo que der em
direção à oração é uma caridade; e retirar do caminho um obstáculo é também
uma caridade." (Mutaffac alaih)
249. Ummu Kulçum Bint Ucba (R) relatou que ouviu o Profeta (S) dizer:
"Não é mentiroso aquele que inventa ou aumenta as coisas para promover o
bem." (Mutaffac alaih)
250. Aicha (R) relatou que numa ocasião o Mensageiro de Deus (S)
ouviu dois homens que discutiam em voz alta, do lado de fora da sua casa. Um
deles estava pedindo, com amabilidade, para que o outro lhe reduzisse uma
dívida, e que tivesse piedade; mas o outro se negava, dizendo: "Por Deus, que
não o farei!" Foi então que o Mensageiro de Deus foi ao encontro deles dizendo:
"Quem é esse que está jurando por Deus e se negando a prestar um ato de
bondade?" Disse um deles: "Sou eu, ó Profeta de Deus! Ele terá o que desejar."
(Mutaffac alaih)
251. Sah1 Ibn Saad (R) contou que o Mensageiro de Deus (S) foi
informado acerca das graves disputas entre os membros da tribo Amr Ibn Auf,
e, por isso, acorreu, juntamente com alguns de seus companheiros, a reconciliálos.
Aí, foi convidado a comer. Nesse ínterim, chegou a hora da oração, e Bilal
se acercou de Abu Bala (R), dizendo-lhe: -o Abu Bakr, o Mensageiro de Deus
(S) foi convidado a comer, e já é hora da oração; gostarias de encabeçar as
pessoas na oração?" Abu Bakrrespondeu: "Sim, se é isso o que desejas]?" Bilal
anunciou o começo da oração (Icáma) eAbu Bakr, adiantando-se até à primeira
fileira, proclamou: "Alahu Acbar!", iniciando a oração com os demais. Um
pouco mais tarde, chegou o Mensageiro de Deus (S), atravessando as fileiras,
até chegar à primeira. As pessoas começaram a bater palmas para chamarem a
atenção de Abu Bakr acerca da presença do Profeta (S). Porém, como Abu Bakr
não costumava, durante a oração, olhar aqui e ali, não se apercebeu daquilo, até
que o pessoal continuou insistindo em seus aplausos. Voltando a cabeça, Abu
Bakr viu o Mensageiro de Deus (S), que lhe indicou com a mão que prosseguisse
com a oração; porém, Abu Bala levantou a mão, deu graças a Deus, e se retirou
até chegar àfileira. Por isso, o Mensageiro de Deus (S) se adiantou e encabeçou
a oração. Quando a finalizou, deu uma volta em tomo do pessoal, e disse: -ó
gente, que se passou, que quando aconteceu algo durante a oração começastes a
aplaudir? Sabei que as mulheres é que aplaudem (na oração). Se a uma pessoa
ocorre algo durante a oração, deverá dizer: 'subhânal-lah' (Glorificado seja
Deus), e, desse modo, poderá chamar a atenção de toda gente ... e tu, ó Abu
Bakr, por que não continuaste encabeçando a oração quando to indiquei?" Abu
Bakr respondeu: "O filho de Abu Cuhafa (Abu Bakr) não deve encabeçar a
oração na presença do Mensageiro de Deus." (Mutaffac alaih)
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CAPÍTULO 32
o MÉRITO DOS MUÇULMANOS FRACOS, POBRES E OPRIMIDOS
Deus, louvado seja, disse:
"Sê paciente, juntamente com aqueles que de manhã e à noite
invocam a seu Senhor, anelando o Seu Rosto. Não os negligencies" (Alcorão
Sagrado, 18: 28).
252. Háriça Ibn Wahbrelatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:
"Quereis que vos diga quem serão os habitantes do Paraíso? Serão todos os
indivíduos que são considerados fracos e desprezados, os quais, se fazem um
juramento de fidelidade a Deus, jamais o quebram. Agora, quereis que vos diga
quais serão os indivíduos destinados ao Inferno? Serão aqueles que são
ignorantes, impertinentes, orgulhosos e arrogantes." (Mutaffac alaih)
253. Abul Abbas Sahl Ibn Saad al Sáidi (R) relatou que um indivíduo
passou perto do Profeta (S). Este perguntou para os seus companheiros, que se
sentavam com ele: "Que achais desse homem que acaba de passar por este
caminho?" Os Companheiros disseram: "É um dos homens mais gentis e, por
Deus, se ele propusesse casamento a qualquer mulher, sua proposta seria aceita,
e se ele recomendasse algo, sua recomendação provaria ser eficiente." O Profeta
(S) manteve silêncio. Então outro homem passou, e ele perguntou: "Qual é a
vossa opinião sobre esse homem?" Um dos Companheiros respondeu: -ó
Profeta, ele pertence à classe do muçulmanos pobres; se pensar em casamento,
sua proposta não será aceita; se interceder em favor de alguém, sua intercessão
será rejeitada, e se se puser a falar, ninguém o irá ouvir!" O Profeta (S) disse:
"Esse homem é a melhor de todas as pessoas do mundo, melhor do que aquela
a quem acabastes de louvar" (Mutaffac alaih)
254. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Em dada
ocasião, o Paraíso e o Inferno disputam entre si. Diz o Inferno: 'Tenho comigo
os tiranos e os arrogantes!' E diz o Paraíso: 'Eu tenho comigo os débeis e os
modestos!' Porém Deus resolve a disputa, dizendo: 'Tu, Paraíso, és a Minha
misericórdia e to concedo a quem Eu quiser; e tu, Inferno, és o meu castigo.
Contigo farei sofrer a quem Eu desejar. E a ambos abarrotarei.''' (Musslim)
255. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Um homem gordo
e de grande porte irá aparecer perante Deus, no Dia do Julgamento; mas o seu
porte, às vistas do Senhor, não será mais do que o da asa de um mosquito."
(Mutaffac alaih)
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256. Abu Huraira (R) reporta que uma mulher de pele escura (talvez
uma jovem - o relator não se definiu) costumava tomar conta de uma mesquita.
Um dia o Mensageiro de Deus (S) não a viu cuidando da mesquita, e perguntou
sobre ela, e foi informado de que ela havia morrido. Então o Profeta (S) disse
que ele não foi informado do fato porque os Companheiros não acharam
importante o assunto. Depois ele pediu a eles que lhe mostrassem o túmulo da
falecida. Ao ser-lhe mostrado o túmulo, ele orou sobre a tumba, e disse: "Estes
sepulcros estão cheios de trevas para as pessoas que os ocupam, mas Deus os
ilumina para elas, como resultado das minhas orações." (Mutaffac alaih)
257. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Há
muitos indivíduos que aparentam estar muito peturbados, com cabelos eriçados
e rostos cavernosos, sendo desdenhosamente escurraçados das portas das
pessoas; todavia, se dissessem (pedindo algo) em nome de Deus, seu pedido
seria satisfeito" (Musslim).
258. Ussama (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Estive na porta do
Paraíso, e observei que a maioria das pessoas que lá entraram era de entre os
pobres, ficando os ricos retidos do lado de fora, pois os que tinham o Inferno
por destino,já para lá haviam sido conduzidos. Depois estive na porta do Inferno,
e observei que a maioria das pessoas que lá entravam era de entre as mulheres."
(Mutaffac alaih)
259. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse que só três pessoas
falaram, ainda no berço. Um foi o filho de Maria (Jesus Cristo); o outro foi o
suposto filho de Juraij, que foi um homem piedoso e construiu um mosteiro no
qual levou uma vida de retiro dedicada à adoração. Um dia quando ele estava
absorto em suas orações, a mãe dele veio e o chamou. Ele, então, fez uma prece
em silêncio: Pensou: "Senhor, minha mãe ou minhas orações (isto é, iluminame
quanto a quem devo preferir)", e continuou as suas orações; a mãe foi embora.
No dia seguinte a mãe apareceu novamente e o chamou: -o Juraij", e ele suplicou
novamente: "Senhor, minha mãe ou minhas orações?" e continuou com suas
orações. A mãe retornou no terceiro dia e chamou o seu filho: -o Juraij". Ele
novamente suplicou a Deus: -o meu Sustentador, minha mãe ou minhas
orações?" e continuou ocupado com suas orações. A mãe disse: -ó Deus, que
ele não morra sem antes ver os rostos das mulheres levianas!" Então, Juraij,
com sua devoção, tomou-se famoso entre os israelitas. Havia entre eles também
uma mulher leviana cuja beleza era exemplar. Ela disse: "Se quiserdes, posso
envolver Juraij num escândalo." A partir de então ela tentou seduzi-lo, mas
Juraij não lhe deu nenhuma atenção. Ela, então, se aproximou de um pastor que
vivia perto do mosteiro de Juraij e se entregou a ele, e ficou grávida dele. Quando
a sua criança nasceu, ela declarou que era filho de Juraij. Os israelitas foram ter
com ele, aviltaram-no e derrubaram o seu lugar de retiro, e começaram a agredilo.
Juraij perguntou a razão de tudo aquilo. Eles disseram: "Cometeste adultério
com esta leviana e ela deu à luz uma criança!" Ele perguntou: "Onde está a
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criança?" Eles a trouxeram. Ele disse: "Deixai-me sozinho que quero orar". Ele
então orou e quando terminou foi ter com a criança recém-nascida, cutucou-a
na barriga, e lhe perguntou: "Quem é o teu pai?" A criança, na presença de
todos, respondeu: "Fulano de Tal, o pastor." Os israelitas, então voltaram para
Juraij, beijando-o, pediram bênçãos a ele, e disseram: "Iremos construir um
mosteiro de ouro." Juraij disse: "Podem construí-lo de barro, como era." E eles
assim o fizeram.
O terceiro caso foi o de uma criança que estava mamando no peito da
mãe. Nessa hora um homem passou cavalgando um veloz e belo cavalo. O
cavaleiro vestia trajes finos. A mãe suplicou: -oDeus, faze com que meu filho
seja igual a esse homem!" A criança deixou o peito da mãe e, virando o rosto
para o homem, disse: -ó Deus não me faças igual a esse homem!" Então, voltouse
para o peito da mãe e recomeçou a mamar. Então, algumas pessoas e uma
criada passaram por eles. As pessoas estavam batendo na criada, e dizendo:
'Cometeste adultério e roubaste' .Em resposta ao que ela estava sofrendo, apenas
dizia: "Deus é suficiente para mim, pois Ele é um Excelente Guardião." A mãe
suplicou: -ó Deus, não faças minha criança ter a sina dessa mulher!"A criança,
ouvindo isso, parou de mamar, olhou para a jovem, e disse: -oDeus, faze-me
como ela!" Então, um diálogo começou entre mãe e filho. Ela disse: "Uma
pessoa simpática passou e eu supliquei para que Deus te fizesse igual a ele;
desejaste o contrário. Então passaram umas pessoas com a criada, e estavam
batendo nela e dizendo: 'Cometeste adultério e roubaste'. Pedi a Deus para não
te fazer igual a ela, porém, desejaste o contrário. Por que fizeste isso?" O menino
respondeu: "O homem era um indivíduo cruel e eu não desejei ser igual a ele.
Quanto à criada, ela foi acusada de adultério, mas na realidade não o cometeu.
Foi acusada de roubo, mas ela não roubou. Por isso pedi a Deus para fazer-me
igual a ela." (Mutaffac alaih)
CAPÍTULO 33
AAMABILIDADE PARA COM OS ÓRFÃOS,AS MENINAS E
OS DEMAIS SERES DÉBEIS E POBRES. A BONDADE E A
MODÉSTIA PARA COM TODOS ELES
Deus, louvado seja, disse:
"...e abaixa as asas gentilmente para os crentes" (Alcorão Sagrado,
15: 88).
E, louvado seja, disse também:
"Sê paciente, juntamente com aqueles que de manhã e à noite
invocam a seu Senhor, anelando o Seu Rosto. Não negligencies os crentes,
desejando o encanto da vida terrena" (Alcorão Sagrado, 18: 28).
E, louvado seja, disse ainda:
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"Portanto, ao órfão não maltrates, nem tampouco repulses o
mendigo" (Alcorão Sagrado, 93:9-10).
E, louvado seja, disse mais:
"Tens reparado em quem desmente a religião? Em quem repele o
órfão, e não estimula (os demais) a alimentar os necessitados?" (Alcorão
Sagrado, 107:1-3).
260. Saad Ibn Abi Waqas (R) contou: "Certa ocasião, estive, juntamente
com outros cinco homens, em companhia do Profeta (S), quando uns politeístas
se aproximaram do Mensageiro de Deus, e lhe disseram: 'Se queres expor-nos
tua religião, então faze com que esses (que éramos nós) não se excedam conosco!'
Éramos: eu, Ibn Mass'ud, um homem da tribo Huzail, Bilal e outros dois de
quem não me lembro os nomes. Pareceu-nos que algo calou no espírito do
Mensageiro de Deus (S), pois esteve pensando. Foi aí que Deus, louvado seja,
revelou: "Não rechaces aqueles que de manhã e à tarde invocam a seu
Senhor, desejosos de contemplar Seu rosto. Não te incumbe julgá-los, assim
como não lhes compete julgar-te; se os rechaçares, contar-te-ás entre os
iníquos." (6:5 2). (Mutaffac alaih)
261. Áiz IbnArnr aIMuzani (R) narrou que, em certa ocasião, Abu Sufian
passou perto de Salman, Suhaib e Bilal, e de outros amigos seus; disseram-lhe:
"As espadas de Deus não conseguiram ainda fazer o que deviam com os Seus
inimigos!" Porém, Abu Bakr disse: "Como dizeis tal coisa para o ancião, líder
dos coraixitas!?" Ato contínuo, Abu Bakr foi ver o Profeta (S), e lhe contou o
sucedido. Então o Mensageiro de Deus (S) lhe disse: -ó Abu Bakr, não os
terias aborrecido? Se assim foi, terás aborrecido a Deus." Abu Bakr regressou
para onde se encontravam, e disse: -ó irmãos, temo haver-vos aborrecido."
Mas eles responderam: "Não, que Deus te perdoe irmão!" (Musslim)
262. Sahl Ibn Saad (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Eu
e o tutor do órfão estaremos juntos, tal como se encontram estes", e juntou o
indicador e o dedo médio. (Bukhári)
263. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Eu e
aquele que cuidar de um órfão, seja parente ou um estranho, seremos como
estes dois, no Paraíso" - e o narrador, Anas IbnMálik, juntou os dedos indicador
e médio para ilustrar o dito. (Musslim)
264. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Um indivíduo
necessitado e pobre não é aquele que pode ser mandado de volta com uma ou
duas tâmaras ou uma ou duas fatias; uma pessoa realmente pobre é aquela que,
apesar da sua pobreza, abstém-se de pedir." (Mutaffac alaih)
Outra versão desses dois narradores é a seguinte: "Um indivíduo pobre
não é aquele que sai por aí pedindo, e pode ser despachado com uma ou duas
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fatias. com umaou duas tâmaras. Overdadeiro pobreé aquele que nãoacumula
o suficiente para se manter, e não revela a sua pobreza, tanto que dá esmolas, e
não se sujeita a pedir."
265. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele que se
esforça a favor da viuva ou do necessitado é igual ao combatente pela causa de
Deus." O relator acha que O Profeta (S) também disse: " ... é como quem pratica
a oração sem nunca se cansar; é como o jejuador que nunca quebra o jejum."
(Mutaffac alaih)
266. Abu Huraira (R) relatou que O Profeta (S) disse: "A pior comida é
aquela servida por ocasião do walima (jantar após ao matrimônio), ao qual é
negada a presença de pessoas que gostariam de comparecer, para o qual são
convidadas pessoas que não gostariam de comparecer; e aquele que declina um
convite desobedece a Deus e ao Seu Mensageiro." (Musslim)
Outra versão de Bukhari e Musslim diz: "A pior comida é aquela servida
por ocasião de festa à qual se convida os ricos, e os pobres são excluídos."
267. Anas (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele que cuidar de
duas meninas, até que tenham alcançado sua maioridade, encontrar-se-á comigo
no Dia do Juízo, tal como se encontram estes dois" (e juntou dois dos dedos da
sua mão). (Musslim)
268. Aicha (R) relatou: "Certa ocasião, veio ver-me uma mulher pobre,
acompanhada de suas duas filhas. Ofereci-lhe três tâmaras. De sorte que deu a
cada uma delas uma tâmara; porém, quando a mulher estava a ponto de levar a
última fruta à boca, suas filhas lha pediram, e ela partiu-a ao meio e lhas deu.
Admirei o seu gesto, e contei aquilo ao Mensageiro de Deus (S), que disse:
'Deus lhe concederá, por isso. o Paraíso, ou a libertará do Infemo.'" (Mutaffac
alaih)
269. Aicha (R) relatou: "Uma mulher pobre veio a mim com suas duas
filhas. Dei-lhe três tâmaras, ela deu uma a cada uma das meninas, e queria
comer a terceira. As duas garotas pediram também aquela; a mulher dividiu-a
em duas metades e deu cada metade a cada uma das meninas. Eu fiquei muito
impressionada com a ação dela. e mencionei aquilo ao Profeta (S). Ele disse:
'Deus ordenou o Paraíso para ela por causa da sua ação!' ou 'Deus livrou-a do
Inferno por causa do seu gesto" (Musslim).
270. Khuailed Ibn al Khuzai (R) relatou que O Profeta (S) disse: "Senhor
meu, denuncio como pecador a quem violar os direitos destes débeis: o órfão e
a mulher." (Nassá'i)
271. Mussab Ibn Sad Ibn Abi Waqas relatou: "O Saad possuía uma noção
de que tinha superioridade sobre aqueles que não estavam tão bem de vida
quanto ele. OProfeta (S) disse: 'Tu és ajudado e provido para o bem dos fracos'"
(Bukhari).
272. Abu aI Dardá Oeimer (R) contou que escutara o Mensageiro de
Deus (S) quando dizia: "Ajudai-me a buscar os débeis e os pobres, pois Deus
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vos concederá o-respaldo-e o sustento, mais que tudo, para os débeis e para os
pobres." (Abu Daúd)
CAPÍTULO 34
o DEVER DE SE TRATAR AS MULHERES COM BONDADE
Deus.Iouvado seja, disse:
"Harmonizai-vos com elas" (Alcorão Sagrado, 4:19).
E disse:
"Não podereis ser eqüitativos com vossas esposas, ainda que nisso
vos empenheis. Por essa razão, não vos inclineis preferencialmente a uma
delas, deixando a outra como se estivesse abandonada; porém, se vos
emendardes e temerdes a Deus, sabei que Ele é Indulgente,
Misericordiosissimo" (Alcorão Sagrado, 4: 129).
273.Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Tratai
bondosamente as mulheres. A mulher foi criada de uma costela, e a parte mais
curva da costela é a sua parte superior. Se quiserdes endireitá-la, ireis quebrála;
se a deixardes como ela é, ficará curva. Portanto, tratai bondosamente as
mulheres." (Mutaffac alaih)
274. Abdullah Ibn Zam'a (R) relatou que ouviu o Profeta (S) proferir
um discurso, no decorrer do qual mencionou o caso da camela (do profeta Saleh)
e da pessoa que a matou. Naquele sermão, ele disse: "E o mais perverso deles
se incumbiu... (Ale. 91:12)" Isso quer dizer que o chefe mais poderoso da tribo
de Samud foi para a frente e cortou os pés da camela. Depois ele apresentou um
conselho sobre as mulheres, e disse: "Alguns de vós espancam suas mlheres,
tratam-nas como escravas e, no fim do dia, coabitam com elas!" Então ele
admoestou a audiência quanto a rirem de alguém que solta gases, dizendo: "Por
que rides de uma pessoa que faz a mesma coisa que vós outros fazeis?" (Mutaffac
alaih)
275. Abu Huraira (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Que
nenhum crente guarde rancor de uma crente (sua esposa), pois se algo do caráter
dela o aborrecer, será comprazido no resto do mesmo." (Musslim)
276. Arnru Ibn al Ahwass (R) relatou que ouviu o Profeta (S), na
Peregrinação de Despedida, dizer, depois de ter louvado e glorificado a Deus:
"Tratai as mulheres com bondade. Elas são como prisioneiras em vossas mãos.
Além disso, não possuís nada delas. Se cometerem algum mau comportamento,
deveis afastá-las de vossos leitos e castigá-las; porém, sem infringir-lhes uma
punição severa. Se vos obedecerem, não recorrais a nada mais contra elas. Sabei
que tendes direitos sobre as vossas mulheres e elas têm direitos sobre vós. Os
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vossos direitos é exigirdes que não vos traiam, nem permitam que entre em
vossas casas quem não desejais, e os seus direitos sobre vós é que deveis tratálas
bem, alimentando-as e vestindo-as." (Tirmizi)
277. Muáwiya Ibn Haida (R) relatou que solicitou ao Mensageiro de
Deus (S) que o instruísse quanto ao direito da esposa sobre o marido. Ele disse:
"Deves alimentá-la do mesmo que tu te alimentas. Deves vesti-la do mesmo
que tu vestes. Não deves bater-lhe na face. Não deves aborrecê-la ou amaldiçoála.
Não deves separar-te dela a não ser nos limites da casa." (Abu Daúd)
278. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O
crente mais íntegro é aquele que demonstra melhor caráter e tem melhor
moralidade. E o melhor dentre vós é aquele que melhor trata a sua mulher."
(Tirmizi)
279. Iyas Ibn Abdullah Ibn Abu Zubab (R) relatou que o Mensageiro de
Deus (S) disse: "Não surreis as servas de Deus (as esposas)!" Tempos mais
tarde, Ômar (R) foi ter com o Mensageiro de Deus (S), e disse: "As mulheres
estão-se excedendo no trato com seus maridos l" Por isso, o Profeta autorizou
baterem, com restrição, nas mulheres. Muitas mulheres protestaram pelo trato
recebido de seus maridos, queixando-se junto às esposas do Mensageiro de
Deus, o qual, ao saber disso, disse: "Muitas mulheres têm protestado junto às
esposas de Moharnrnad quanto ao trato recebido de seus maridos. Esses maridos,
sem dúvida alguma, não são boas pessoas!" (Abu Daúd)
280. Abdullah Ibn Arnr Ibn al 'Ás (R) relatou que o Mensageiro de Deus
(S) disse: "A vida é uma sucessão de coisas proveitosas, e o melhor da vida é
uma mulher virtuosa." (Musslim)
CAPÍTULO 35
OS DIREITOS DO MARIDO SOBRE A ESPOSA
Deus, louvado seja, disse:
"Os homens são os protetores das mulheres, porque Deus preferiu
uns a outros pelo que gastam de seu pecúlio" (Alcorão Sagrado, 4:34).
281. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Quando o marido chama a esposa para a cama e ela se recusa, e ele passa a
noite zangado com ela; os anjos continuarão a amaldiçoá-la até chegar a manhã."
(Mutaffac alaih)
282. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A
mulher não deve praticar o jejum voluntário quando seu marido está presente
em casa, a não ser com a permissão dele. Ela também não deve deixar ninguém
entrar em sua casa sem a permissão dele." (Mutaffac alaih)
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283. Ibn Ômar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Cada um de vós é
um pastor, e cada um de vós lé responsável por aqueles que se encontram a seu
cargo. Assim como o governador é um pastor, o homem, em sua casa, também
é um pastor, e a mulher é uma pastora quanto à sua casa, seu marido e seus
filhos. Portanto, cada um de vós é um pastor, e responsável por aqueles que se
encontram a seu cargo." (Mutaffac alaih)
284. Talk Ibn Áli (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Quando um homem convida sua mulher ao leito conjugal, ela deve obedecer,
ainda que esteja ocupada assando pão no forno." (Tirmizi e Nassa'i)
285. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se
fosse permitido a alguém prostrar-se perante outra pessoa, eu teria ordenado à
mulher prostrar-se para o marido." (Tirmizi)
286. Ummu Salama (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Se uma mulher
morrer enquanto o seu marido está contente com ela, essa entrará no Paraíso."
(Tirmizi)
287. Muaz Ibn Jabal (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Sempre que
uma mulher causar aborrecimento ao seu marido, neste mundo, e o torturar, a
companheira dele, entre as huris do Paraíso, dirá a ela: 'Que Deus te arruíne!
não causes aborrecimento ao teu marido, porque ele é apenas o teu convidado,
e logo te deixará para se juntar a-nós no Paraíso'" (Tirmizi)
288. Ussama Ibn Zaid (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Não estou
deixando uma intriga mais danosa para os homens do que as mulheres."
(Mutaffac alaih).
CAPÍTULO 36
o ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES E AOS GASTOS
FAMILIARES
Deus, louvado seja, disse:
"Devendo (o pai) mantê-Ias e vestí-las decentemente" (Alcorão
Sagrado, 2:233).
E, louvado seja, disse também:
"Que o abastado retribua isso segundo suas posses; quanto àquele,
cujos recursos forem parcos, que retribua com o que Deus lhe agraciou.
Deus não impõe a ninguém obrigação superior à que lhe tem concedido"
(Alcorão Sagrado, 65:7).
E, louvado seja, disse ainda:
"Tudo quanto distribuirdes em caridade Ele vo-lo restituirá" (Alcorão
Sagrado, 34:39).
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289. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Entre
o dinheiro gasto na causa de Deus, ou gasto na libertação de um escravo, ou
gasto em caridade e o gasto com a família, a recompensa maior será pelo gasto
com a família." (Musslim)
290. Abu Abdullah, também denominado de Abu Abdul Rahman Sauban
Ibn Bujdud, escravo liberto do Profeta (S), relatou que o Mensageiro de Deus
(S) disse: "O melhor dinheiro que o indivíduo gasta é o dinheiro gasto com a
família, o dinheiro gasto com sua montaria pela causa de Deus, e o dinheiro
gasto com os amigos, pela causa de Deus." (Musslim)
291. Ummu Salama (R) narrou que havia perguntado: -oMensageiro
de Deus, acaso teria a recompensa de Deus se cobrisse os gastos dos filhos do
meu primeiro marido, Abu Salama, sem que os abandonasse na sua busca do
sustento? É que são também meus filhos!" Disse ele: 'Desde já tens a recompensa
por tudo o quanto gastas com eles!" (Mutaffac alaih)
292. Saad Ibn Abu Waqas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) lhe
disse: "Sempre que fizeres algum gasto, buscando a complacência de Deus,
serás recompensado; incluídos estão os alimentos que levas à boca da tua
mulher." (Mutaffac alaih)
293. Ibn Mass'ud Al Badri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando
alguém gasta com a sua família, almejando uma recompensa, isso é-lhe contado
como caridade." (Mutaffac alaih)
294. Abdullah Ibn Amr Ibn al 'Ás (R) contou que o Mensageiro de Deus
(S) disse: "Quereis maior pecado cometido por um homem do que quando
esbanja o que seria o sustento daqueles que se encontram sob seus cuidados?"
(Abu Daúd e outros)
295. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Pela madrugada,
todos os dias, dois anjos descem à terra, e um deles diz: 'Senhor meu, compensa
a quem gasta de seus bens!' enquanto o outro anjo diz: 'Senhor meu, destrói os
bens de quem se nega a gastá-los. '" (Mutaffac alaih)
296. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A
mão superior (a que dá) é preferível à inferior (a que recebe. Deves começar a
tua generosidade com os teus dependentes. A melhor espécie de caridade é a
tirada do excedente. Aquele que desejar tornar-se virtuoso, Deus assim o fará; e
aquele que desejar a abundância, Deus lha dará." (Bukhári)
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CAPÍTULO 37
o ATENDIMENTO AOS GASTOS, OFERECENDO MELHORES
BENEFÍCIOS
Deus, louvado seja, disse:
"Jamais alcançareis a virtude, a menos que façais caridade com o
que mais apreciardes." (3:92).
E, louvado seja, disse também:
-ó crentes, contribuí com o que de melhor haveis adquirido, assim
como o que vos temos feito brotar da terra, e não escolhais o pior para
fazerdes caridade." (2:267).
297. Anas (R) relatou que Abu Tal-ha era o maior proprietário de
tamareiras entre os Ansar de Madina, e o mais querido para ele, de todos os
seus pomares, era um chamado Bairahá, que se encontrava defronte à Mesquita
do Profeta (S), o qual lá entrava para beber das suas doces águas. Quando foi
revelado o seguinte versículo: "Jamais alcançareis a virtude, até que façais
caridade com aquilo que mais apreciardes" (3:92), Abu Ta-ha disse ao
Mensageiro de Deus (S): -ó Mensageiro de Deus, tu disseste: 'Jamais alcançareis
a virtude, até que façais caridade com aquilo que mais apreciardes'. Pois bem,
eu não tenho nada mais querido, dentre minhas propriedades, do que o pomar
de Bairahá. Portanto, quisera entregá-lo como caridade pela causa de Deus,
cuja recompensa espero apenas d'Ele. ó Mensageiro de Deus, faze o que quiseres
com ele." Então o Mensageiro de Deus (S) disse: "Bem, muito bem! Estou
certo de que é uma propriedade rentável para ti; é uma propriedade rentável
para ti. Já ouvi o que disseste, e creio que deveria ser distribuído entre os teus
familiares mais achegados." Abu Ta-ha disse: "Assim o farei, ó Mensageiro de
Deus." E eis que distribuíu o pomar entre seus familiares e primos. (Mutaffac
alaih)
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CAPÍTULO 38
o DEVER DA PESSOA DE ORDENAR AOS MEMBROS DA SUA
FAMÍLIA E ÀQUELES QUE SE ENCONTRAM AO SEU ENCARGO A
QUE OBEDEÇAM A DEUS - LOUVADO SEJA -, BEM COMO OS
EDUCAR, E IMPEDIR QUE COMETAM ATOS ILÍCITOS
Deus, louvado seja, disse:
"E recomenda aos teus a oração, e sê constante, tu também" (Alcorão
Sagrado, 20:132).
Deus, louvado seja, disse também:
-ocrentes, precavei-vos, juntamente com vossas famílias, do Fogo"
(Alcorão Sagrado, 66:6).
298. Abu Huraira (R) relatou que AI Hassan Ibn Áli, quando menino,
pegou uma tâmara das que foram oferecidas por alguém como caridade, e a
levou à boca. O Mensageiro de Deus (S) disse: "Tira-a já da boca! Não sabes
que nós (familiares do Profeta) não comemos nada que tenha sido oferecido em
caridade?" (Mutaffac alaih)
299. Abi Hafs Ômar Ibn Abi Salama Abdullah Ibn Abdul Assad, que é
filho de Ummu Salama (R), a esposa do Profeta (S) - do seu marido anterior relatou:
"Quando eu era uma criança, sob a tutela do Profeta (5), costumava
passar a mão por dentro da tigela, ao comer. Ele disse para mim: -o guri,
pronuncia o nome de Deus, o Todo-Poderoso, e come com a tua mão direita, e
do que está na tua frente!' Então essa se tornou a minha prática ao comer, desde
então" (Mutaffac alaih) .
300. Ibn Ômar (R) relatou que o Profeta (5) disse: "Cada um de vós é
um pastor, e cada um de vós tem responsabilidades para com os que estão ao
seu encargo. O líder é um pastor, e tem responsabilidade para com o seu povo;
o homem é um pastor, em sua família, e tem responsabilidade para com ela; a
mulher é uma pastora, na casa de seu marido, e tem responsabilidades para com
a sua família; e o servente é um pasor, na propriedade do seu patrão, e tem
responsabilidade para com ela. De sorte que cada um de vós é um pastor, e tem
responsabilidades para com o que esteja a seu encargo." (Mutaffac alaih)
301. Amar Ibn Xuaib (R) relatou, baseado em seu pai, e este no seu, que
o Profeta (S) disse: "Ordenai vossos filhos a praticarem a oração aos sete anos
de idade; castigai-os, se não a cumprirem, aos dez anos, e que durmam em
camas separadas." (Abu Daúd)
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302. Sabrat Ibn Ma'bad al Juhani (R) relatou que o Mensageiro de Deus
(S) disse: "Ensinai a oração ao menino de sete anos, e castigai-o, aos dez anos,
se não a cumprir." (Abu Daúd e Tirmizi)
CAPÍTULO 39
OS DIREITOS DO VIZINHO E A RECOMENDAÇÃO QUANTO A
ELE
Deus, louvado seja, disse:
"Adorai a Deus e não Lhe atribuais parceiros. Tratai com
benevolência vossos pais e parentes, os órfãos, os necessitados, o vizinho
próximo, o vizinho estranho, o companheiro, o viajante e os vossos servos"
(Alcorão Sagrado, 4:36).
303. Ibn Ômar e Aicha (R) relataram que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "O Arcanjo Gabriel insistiu tanto acerca do bom-trato para com o vizinho,
que cheguei a pensar que o incluiria como um dos herdeiros." (Mutaffac alaih)
304. Abu Zar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: -o Abu
Zar, quando estiveres fazendo sopa, acrescenta um pouco mais de água nela, e
verifica se o teu vizinho necessita de um pouco." (Musslim)
305. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Por Deus, nunca
chegará a ser um verdadeiro crente", repetindo a frase por três vezes. Foi-lhe
perguntado: -ó Mensageiro de Deus, quem é esse?" Disse: "É aquele cujo
vizinho não se encontra a salvo das suas más ações." (Mutaffac alaih)
306. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: -ó
muçulmanos, que nenhuma mulher menospreze o regalo que é oferecido à
vizinha, ainda que seja o casco de uma ovelha." (Mutaffac alaih)
307. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Que
ninguém impeça que seu vizinho introduza uma viga de madeira em sua parede!"
Abu Huraira acrescentou: "Por que não cumpris essa ordem? Por Deus, eu a
joguei sobre os vossos ombros." (Mutaffac alaih)
308. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Aquele que crê em Deus e no Dia do Juízo Final não deve causar nenhuma
inconveniência ao seu vizinho; aquele que crê em Deus e no Dia do Juízo Final
deve respeitar o hospede; aquele que crê em Deus e no Dia do Juízo Final deve
falar bem, ou se calar." (Mutaffac alaih)
309.Abu Churaih al Khuzai (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele
que acredita em Deus e no Último Dia deverá tratar seus vizinhos com bondade;
aquele que crê em Deus e no Dia do Julgamento deverá honrar seu hóspede; e
aquele que acredita em Deus e no Último Dia deverá falar bem (dos outros) ou
ficar calado" (Musslim)
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310. Aicha (R) relatou que perguntou: -ó Mensageiro de Deus, tenho
duas vizinhas; a qual delas deveria eu fazer um regalo primeiro?" Disse: "Àquela
cuja porta estiver mais próxima à tua." (Bukhári)
311.Abdullah Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"O melhor dos amigos, aos olhos de Deus, é quem for melhor para o amigo. O
melhor dos vizinhos, perante Deus, é quem convive melhor com o vizinho."
(Tirrnizi)
CAPÍTULO 40
A BENEVOLÊNCIA PARA COM OS PAIS E O FORTALECIMENTO
DOS LAÇOS FAMILIARES
Deus, louvado seja, disse:
"Adorai a Deus e não Lhe atribuais parceiros. Tratai com
benevolência vossos pais e parentes, os órfãos, os necessitados, o vizinho
próximo, o vizinho estranho, o companheiro, o viajante e os vossos servos"
(Alcorão Sagrado, 4:36).
E, louvado seja, disse também:
"Temei a Deus em nome do Qual exigis os vossos direitos mútuos e
reverenciai os laçoas de parentesco" (Alcorão Sagrado, 4: 1).
E, louvado seja, disse ainda:
" ... que unem o que Deus ordenou fosse unido" (Alcorão Sagrado,
13:21).
E, louvado seja, disse mais:
"E recomendamos aos humanos benevolência para com seus pais"
(Alcorão Sagrado, 29:8).
E, louvado seja, continuou:
"O decreto de teu Senhor é que não adoreis senão a Ele; que sejais
indulgentes com vossos pais, mesmo que a velhice alcance a um deles ou a
ambos, em vossa companhia; não os reproveis nem os repilais; outrossim,
dirigi-lhes palavras honrosas. E estende sobre eles a asa da humildade, e
dize: Ó Senhor meu, tem misericórdia de ambos, como eles tiveram
misericórdia de mim, criando-me desde pequenino!" (Alcorão Sagrado,
17:23-24).
E, louvado seja, continuou mais:
"E recomendamos ao homem benevolência para com seus pais. Sua
mãe o suporta entre dores e dores e sua desmama é aos dois anos. (E lhe
dizemos): Agradece a Mim e a teus pais!" (Alcorão Sagrado, 31:14).
312. Abdullah Ibn Mass'ud (R) relatou que perguntou ao Profeta (S):
"Qual é o mais querido ato perante Deus?" Respondeu: "A prática da oração
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em seu devido tempo." Perguntou novamente: "Que vem depois?" Respondeu:
"O bom tratamento aos pais." Perguntou mais uma vez: "Que vem depois?"
Respondeu: "Lutar pela causa de Deus." (Muttafac alaih)
313. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Um
filho nunca poderá compensar a seu pai, a não ser que este se encontre
escravizado, e o compre e lhe dê a liberdade." (Musslim)
314. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Quem
crê verdadeiramente em Deus e no Último Dia deve ser generoso para com os
hóspedes. E quem crê em Deus e no Último Dia deve se relacionar com seus
parentes. E quem crê em Deus e no Último Dia deve falar o que é certo, e com
bondade, ou ficar calado." (Muttafac alaih)
315. Abu Huraira (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Quando Deus estabeleceu a criação, o útero se levantou para dizer: 'Esta é a
ocasião em que Te imploro a proteção para não sofrer de rompimento dos
vínculos (dos meus parentes).' Disse Deus: 'Assim seja! e acaso comprazer-teia
se concedesse algo da Minha bondade a quem os mantivesse, e excluisse da
Minha misericórdia a quem os rompesse?' O útero respondeu: 'Sim!' E Deus,
louvado seja, disse: 'Assim será.''' O Mensageiro de Deus (S) prosseguiu:
"Recitai, se desejais, o versículo: 'É possível que, ao assumirdes o comando,
causeis corrupção na terra e que rompais os vínculos (com vossas parentes).•
Tais são aqueles a quem Deus amaldiçoou, ensurdecendo-os e cegandolhes
as vistas" (47:22-23). (Muttafac alaih)
316. Abu Huraira (R) relatou que um homem foi ter com o Mensageiro
de Deus (S) e lhe perguntou: -o Mensageiro de Deus quem é a melhor pessoa
a quem devo oferecer a minha amizade?" Ele respondeu: "A tua mãe". O homem
perguntou novamente: "E quem mais?" Ele respondeu: "A tua mãe". "E depois
dela" , ele perguntou. O Profeta (S) respondeu: "A tua mãe", "E depois dela?",
ele perguntou, novamente. O Profeta (S) respondeu: "O teu pai." (Muttafac
alaih)
317. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Que o seu nariz
seja esfregado na areia, que seu nariz seja esfregado na areia, que seu nariz seja
esfregado na areia, isto é, que seja humilhado aquele que vê os pais atingirem
avançada idade e não consegue entrar no Paraíso (por não os servir)." (Musslim)
318. Abu Huraira (R) relatou que um homem disse: -ó Mensageiro de
Deus, tenho familiares com os quais sempre trato de melhorar os laços, porém,
eles desdenham de mim; cuido-os com generosidade, mas eles me maltratam;
sou indulgente e compreensivo para com eles, mas eles são malévolos e
intransigentes para comigo." O Mensageiro de Deus (S) disse: "Se é assim, tal
como me contas, seria como se te fizessem engolir cinza escaldante; porém,
desde que te mantenhas assim, Deus te dará o Seu apoio e te protegerá deles."
(Musslirn)
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319. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Aquele que
gostaria de alcançar u'a maior riqueza e uma vida mais farta deveria fortalecer
os seus laços consangüíneos." (Muttafac alaih)
320. Anas (R) relatou que Abu Tal-ha era o maior proprietário de
tamareiras entre os Ansar de Madina, e o mais querido para ele, de todos os
seus pomares, era um chamado Bairahá, que se encontrava defronte à Mesquita
do Profeta (S), o qual lá entrava para beber das suas doces águas. Quando foi
revelado o seguinte versículo: "Jamais alcançareis a virtude, até que façais
caridade com aquilo que mais apreciardes" (3:92), Abu Tal-ha disse ao
Mensageiro de Deus (S): -oMensageiro de Deus, tu disseste: 'Jamais alcançareis
a virtude, até que façais caridade com aquilo que mais apreciardes'. Pois bem,
eu não tenho nada mais querido, dentre minhas propriedades, do que o pomar
de Bairahá. Portanto, quisera entregá-lo como caridade pela causa de Deus,
cuja recompensa espero apenas d'Ele. ó Mensageiro de Deus, faze o que quiseres
com ele." Então o Mensageiro de Deus (S) disse: "Bem, muito bem! Estou
certo de que é uma propriedade rentável para ti; é uma propriedade rentável
para ti. Já ouvi o que disseste, e creio que deveria ser distribuído entre os teus
familiares mais achegados." Abu Tal-ha disse: "Assim o farei, ó Mensageiro de
Deus." E eis que distribuíu o pomar entre seus familiares e primos. (Muttafac
alaih)
321. Abdullah Ibn Amar Ibn al 'Ás (R) relatou que um homem se
aproximou do Profeta (S) e disse: "Desejo dar-te o meu voto de fidelidade na
emigração, e lutar pela causa de Deus, e ser recompensado por Ele." O Profeta
(S) inquiriu: "Algum dos teus pais está, acaso, vivo?" O homem respondeu:
"Sim, ambos estão vivos." O Profeta (S) perguntou-lhe: "Tu desejas ser
recompensado por Deus?" "Sim", respondeu. O Profeta (S) disse: "Então vai
até os teus pais e serve-os". (Muttafac alaih)
322. Abdullah Ibn Amar Ibn al 'Ás (R) relatou que o Profeta (S) disse:
"O fortalecimento dos laços familiares não consiste em darmos com
generosidade, em reciprocidade, mas darmos aos parentes que cortam os seus
laços conosco.' (Bukhári)
323. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Os laços de
sangue estão suspensos no trono do Senhor, e dizem: 'Quem de nós cuidar,
Deus dele cuidará; e quem conosco romper, Deus com ele romperá." (Muttafac
alaih)
324. Maimuna Bint ai Háris (R), esposa do Profeta, concedeu a liberdade
à sua escrava, sem pedir permissão ao Profeta. Quando o Mensageiro de Deus
(S) foi vê-la, disse-lhe: -ó Mensageiro de Deus, chegaste a saber que libertei a
minha escrava?" Ele lhe perguntou: "Já o fizeste?" Ela respondeu: "Sim!" Então
ele disse: "Se a tivesses entregue aos teus tios maternos, teria tido uma
recompensa ainda maior de Deus." (Muttafac alaih)
325. Asmá Bint Abu Bakr (R), relatou: "Minha mãe, quando ainda se
mantinha na idolatria, fez-me uma visita, ainda nos tempos do Mensageiro de
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Deus (S). Foi então que o consultei, dizendo-lhe: 'Minha mãe esteve em minha
casa, e veio pedir-me ajuda; porém, continua conservando a sua idolatria. Acaso
tenho eu o dever de manter os meus laços com ela?' Ele disse: 'Sim, conserva
os teus laços com ela!'" (Muttafac alaih)
326. Zainab al Saqafia (R), esposa do Abdullah Ibn Mass' ud (R), relatou:
"O Profeta (S), dirigindo-se a um grupo de mulheres, disse: 'Gastai em caridade,
ó mulheres, mesmo que seja (algo) dos vossos ornamentos!' Ao ouvir aquilo,
eu fui ter com o meu marido, e lhe disse: Tu és um indivíduo pobre e necessitado,
e o Profeta (S) admoestou-nos a gastar em caridade. Portanto vai à sua augusta
presença, e pergunta-lhe se eu te der algo, isso será tido como caridade; caso
contrário, darei a outra pessoa! O Abdullah Ibn Mass'ud disse: 'Vai tu mesma,
e pergunta-lhe!' Assim, eu fui a casa do Profeta (S) e encontrei uma mulher dos
Ansar já àporta da casa, que lá fora com o mesmo propósito que eu. Nós ficamos
relutantes em entrar, por causa da dignidade e magnificência do Profeta (S).
Nisso, o Bilal (R) saíu da casa, e nós lhe pedimos: Por favor, vai ter com o
Profeta (S), e dize-lhe que duas mulheres vieram saber se seria tido como caridade
elas darem aos seus maridos e aos órfãos sob seus cuidados, mas não lhe digas
quem somos nós! O Bilal (R) foi ter com o Profeta (S) e lhe apresentou o nosso
caso. Ele perguntou: 'Quem são elas?' O Bilal (R) disse: 'Uma mulher dos
Ansar, e o nome da outra é Zainab.' Ele perguntou: 'Qual Zainab?' o Bilal (R)
disse: 'A esposa do Abdullah.' O Profeta (S) disse: 'Terão recompensa dupla:
uma pela sua bondade para com os parentes, e outra pela caridade. '" (Muttafac
alaih)
327. Abu Sufian Sakhr Ibn Harb (R) contou que, durante um encontro
com Herác1io,este lhe perguntou, referindo-se ao Profeta (S): "Que vos ordena
ele?" Respondeu-lhe: "Diz-nos: 'Adorai tão-somente aDeus, sem O associardes
a nada ou a ninguém; e não pratiqueis o culto de vossos pais'; e nos ordena a
oração, a veracidade, a castidade e a boa relaçuao com os nossos parentes.'''
(Muttafac alaih)
328. Abu Zar (R) relatou que o Profeta disse: "Logo ireis conquistar
uma terra onde o quilate é por demais falado."
Outra tradição diz que ele disse: "Em breve ireis conquistar o Egíto,
onde há uma terra chamada Quirat. Então, tratai as pessoas de lá com bondade,
porque haverá laços de parentesco e a nossa responsabilidade quanto a elas."
(Musslim)
329. Abu Huraira (R) relatou que quando o seguinte versículo "E
admoesta os teus parentes mais próximos" (26:214) foi revelado, o Profeta
(S) convocou a tribo do Coraich, e todos compareceram, as pessoas comuns e
os chefes. Ele lhes disse: "6 descendentes de Abd Chams, ó filhos de Kaab Ibn
Luai, protegei-vos contra o Fogo (do Inferno)! Ó progênie de Abd Manaf,
salvaguardai-vos contra o Fogo (do Inferno)! 6 vós, hachemítas, livrai-vos do
Fogo (do Inferno)! Ófatimistas, garanti-vos quanto ao e protegei-vos contra o
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Fogo, porque no Dia do Julgamento não serei capaz de interferir à vontade de
Deus! Certamente que sou relecionado a vós e por causa disso continuarei a
cumprir com minhas obrigações" (Musslim).
330. Abu Abdullah Amr Ibn al 'Ás (R) relatou que ouviu o Mensageiro
de Deus (S) dizer abertamente e sem restrições: "Os filhos de Fulano não são
meus amigos; ou parentes, mas meus amigos são Deus e os muçulmanos virtuosos.
Não há dúvida de que tenho laços de parentesco com eles, laços esses
que continuarei a observar." (Muttafac alaih)
331. Kháled Ibn Zaid AI Ansári (R) relatou que um homem pediu ao
Profeta (S): -o Mensageiro de Deus, indica-me uma ação com a prática da qual
eu possa entrar no Paraíso, e me conservar distante do Inferno." Ele respondeu:
"Adora a Deus e não lhe associes ninguém; pratica as orações; paga o zakat e
conserva os laços de parentesco." (Muttafac alaih)
332. Salman Ibn Ámer (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando
quebrardes o jejum, fazei-o com tâmaras, pois há bênção nelas, e se não
encontrardes tâmaras, quebrai-o com água, pois a água purifica." Ele acrescentou:
"Dar esmolas aos pobres é uma caridade, e dá-las a um parente, equivale à
prática de dois atos, isto é caridade e benevolência para com o parente, ao mesmo
tempo.". (Tirmizi)
333. Ibn Ômar (R) relatou: "Estava casado com a mulher a quem amava
muito; porém, meu pai, Ômar, tinha aversão por ela, e me pediu que me
divorciasse dela, coisa que neguei a fazer. Meu pai foi ter com o Mensageiro de
Deus (S), e lhe falou sobre o assunto. O Profeta então me disse: 'Divorcia-te
dela! '" (Abu Daúd e Tirmizi)
334. Abu al Dardá (R) relatou que um homem foi vê-lo e lhe disse:
"Tenho esposa, mas minha mãe me ordena que me divorcie dela." Disse Abu aI
Dardá: "Ouvi o Mensageiro de Deus (S) dizer: 'A bondade para com os pais é a
melhor porta de entrada para o Paraíso. Então, se quiseres, poderás conservá-la,
ou perdê-la.''' (Tirmizi)
335.AI Barrá Ibn Ázeb (R), relatou que o Profeta (S), disse: "A tia materna
tem a mesma posição da mãe." (Tirmizi)
CAPÍTULO 41
A PROIBIÇÃO À DESOBEDIÊNCIA E À INGRATIDÃO PARA COM
OS PAIS, BEM COMO À RUPTURA DOS LAÇOS FAMILIARES
Deus, louvado seja, disse:
"É possível que causeis corrupção na terra e que rompais os vínculos
consangüíneos quando assumirdes o comando. Tais são aqueles a quem
Deus amaldiçoou, ensurdecendo-os e cegando-lhes as vistas" (Alcorão
Sagrado, 47:22-23).
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E, louvado seja, disse também:
"Em troca, aqueles que violam o compromisso com Deus depois de
haverem-no constituído, que desunem o que Deus ordenou fosse unido e
causam corrupção na terra, sobre eles pesará a maldição e obterão a pior
morada" (Alcorão Sagrado, 13:25).
E, louvado seja, disse ainda:
"O decreto de teu Senhor é que não adoreis senão a Ele; que sejais
indulgentes com vossos pais, mesmo que a velhice alcance a um deles ou a
ambos, em vossa companhia; não os reproveis nem os repilais; outrossim,
dirigi-lhes palavras honrosas. E estende sobre eles a asa da humildade e
dize: Ó Senhor meu, tem misericórdia de ambos, como eles tiveram
misericórdia de mim, criando-me desde pequenino" (Alcorão Sagrado, 17:2324).
336. Abu Bakra Nufai Ibn ai Hares (R) relatou que o Mensageiro de
Deus (S) disse: "Quereis que vos fale dos pecados mais graves?", e repetiu isso
três vezes. Disseram: -ó Mensageiro de Deus, claro que sim!" Disse: "São
eles: associarmos algo ou alguém a Deus; desobedecermos e maltratarmos os
pais..." como estava deitado, sentou-se, e prosseguiu: "Falarmos mentiras e
testemunharmos falsamente." e, continuou Nufai, dizendo que o Profeta repetia
tanto aquilo, que todos desejaram que se calasse. (Muttafac alaih)
337. Abdullah Ibn Amr Ibn ai 'As (R), relatou que o Mensageiro de
Deus (S) disse: "Os pecados mais graves são: associarmos algo ou alguém a
Deus; desrespeitarmos os pais; assassinaramos uma pessoa e o falso juramento."
(Bukhári)
338. Abdullah Ibn Amr Ibn ai 'Ás (R) relatou que o Mensageiro de Deus
(S) disse: "A pessoa ofender os próprios pais é um pecado capital!" As pessoas
perguntaram: -ó Mensageiro de Deus, poderia alguém ofender a seus próprios
pais?" Ele resposndeu: "Sim, se ele ofender o pai de outra pessoa, esta, em
retaliação, irá ofender o pai dele; se ele ofender a mãe de outra pessoa, esta, em
troca, irá ofender a mãe de1e."(Muttafac alaih)
339. Jubair Ibn Mutem (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Jamais entrará no Paraíso aqueleque romper com os laços de sangue." (Muttafac
alaih)
340.Abu IssaAI Mughira Ibn Chu'ba (R) relatou que o Profeta (S) disse:
"Deus vos proibiu: desobedecerdes as vossas mães, o impedirdes o direito dos
outros, o pedirdes o que não vos pertence, e enterrardes vivas as meninas; e
desaprovou as conversas fiadas, o questionamento excessivo e o desperdício de
dinheiro." (Muttafac alaih)
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CAPÍTULO 42
o MÉRITO DE SERMOS BENEVOLENTES COM AS AMIZADES
DOS PAIS, COM OS PARENTES, COM A ESPOSA, E COM TODOS
AQUELES QUE SERIA RECOMENDÁVEL SEREM TRATADOS
COM GENEROSIDADE
341. Ibn Ôrnar(R) relatou que o Profeta (S) disse: "O cúmulo da bondade
é quando um homem é benevolente para com os amigos de seu pai." (Musslim)
342. Abdullah Ibn Dinar narrou: "Em certa ocasião, Abdullah Ibn Ômar
se encontrou com um beduíno, no caminho que fazia até Makka. Ibn Ômar
saudou-o, e o levou em seu burro.Além disso, presenteou-o com um rico turbante
que levava à cabeça. Por isso, lhe dissemos: 'Que Deus te corrija! Era apenas
um beduíno, e estaria satisfeito com qualquer coisa.' Ibn Ômar respondeu: 'O
pai desse homem era amigo de Ômar Ibn al Khattab, meu pai (R), e eis que ouvi
o Mensageiro de Deus (S), que dizia: 'O cúmulo da bondade é quando um
homem estreita os laços com as amizades do seu pai, depois que ele morre.'''
(Musslim)
343. Málik Ibn Rabia al Sáidi (R) relatou que, em certa ocasião, quando
ele e outros estavam em companhia do Mensageiro de Deus (S), apresentou-se
um homem da tribo Banu Salama, e disse: -ó Mensageiro de Deus, uma vez
que morreram os meus pais, teria eu de cumprir com mais. algum dever, em
sinal de benevolência para com eles?" O Profeta (S) disse: "Sim, rogar a Deus
e pedir-Lhe o perdão para eles; cumprires os compromissos por eles assumidos;
estreitares os laços de sangue de ambos, e seres generoso com suas amizades."
(Abu Daúd)
344. Aicha (R) disse: "Eu não tinha muito ciúme das esposas do Profeta
(S) tanto quanto tinha de Khadija (R), apesar de não ter tido chance de vê-la. O
Profeta (S) lembrava-se dela sempre. Quando matávamos um carneiro, ele
sempre o cortava em pedaços e mandava para os amigos de Khadija. Uma vez
lhe disse: Falas dela como se fosse a única mulher no mundo. Ele disse: 'Era
uma nobre mulher, e eu tive um filho com ela.''' (Muttafac alaih)
345. Anas Ibn Málik (R) relatou: "Uma vez eu fui viajar com Jarir Ibn
Abdullah AI Bajali (R). Durante a viagem ele costumava servir-me. Então, eu
lhe disse: Por favor, não faças isso! Ele replicou: 'Eu vi os ansar (os habitantes
originais de Madina) servirem o Profeta (S) com tal devoção, que eu fiz uma
promessa de que quando eu estivesse na companhia de algum deles, eu o
serviria." (Muttafac alaih)
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CAPÍTULO 43
A HONRAAOS MEMBROS DA CASA DO PROFETA (S), E A
INFORMAÇÃO ACERCA DAS SUAS VIRTUDES
Deus, louvado seja, disse:
"...porque Deus só deseja afastar de vós a abominação, ó membros
da Casa, bem como purificar-vos integralmente" (Alcorão Sagrado, 33:33).
E, louvado seja, disse também:
"Quem enaltecer os rituais de Deus, saiba que tal (enaltecimento)
parte de quem possui piedade no coração" (Alcorão Sagrado, 22:32).
346. Yazid Ibn Habban relatou que foram, Hushain Ibn Sabra, Amr Ibn
Musslem e ele, visitar Zaid Ibn Arcam (R). Enquanto estiveram com ele, Hushain
lhe disse: -o Zaid, foste um tanto afortunado, pois viste o Mensageiro de Deus
(S), ouviste as suas palavras, lutaste ao lado dele e oraste por trás dele. Sim,
foste um tanto afortunado! Conta-me algo do que ouviste das palavras dele!"
Disse: "Sobrinho meu, juro-te por Deus que sou um velho com bastante idade.
Portanto, esqueci parte do que memorizava das palavras do Mensageiro de Deus
(S); assim sendo, aceita o que te vou falar, mas não exijas demais de mim. Certo
dia, o Mensageiro de Deus nos dirigiu umas palavras, perto de um poço entre
Makka e Madina, de nome Khumma. E, depois de louvar a Deus e O glorificar,
nos aconselhou e nos admoestou, e nos fez recordar-nos dos nossos deveres.
Então disse: 'Em outra ordem de coisas, Ó povo, não sou mais do que um ser
humano, e estou a ponto de receber uma mensagem do meu Senhor (através do
anjo da morte), a qual devo obedecer. Contudo, deixo em vossas mãos dois
legados de capital importância: o primeiro é o Livro de Deus, aonde se encontra
a diretriz e a luz. Assim, apegai-vos ao Livro de Deus, e sede-lhe fiéis.' Logo
depois de recomendar o Livro de Deus, prosseguiu: 'E o segundo é o da minha
família. Quero que vos lembreis de Deus quando se tratar de algo acerca da
minha família! Que vos lembreis de Deus quando se tratar de algo acerca da
minha família!' Hushain lhe perguntou: 'Quem são os familiares, 6 Zaid, não
são as esposas?' Disse: 'Sim, as esposas são parte da família, porém o são também
todas as pessoas às quais foi proibido receber qualquer espécie de caridade.'
Hushain voltou a perguntar: 'E quem são esses?' Respondeu: 'São os
descendentes de Áli, Aquil, Jafar, e Abbas..." Todos eles foram privados de
receber caridade?', perguntou. Disse: 'Sim! '" (Musslim)
347. Ibn Ômar (R) relatou que o Abu Bala Siddik (R) disse: "Honrai
Mohammad (o Profeta de Deus), por meio de honrardes os membros da sua
família." (Bukhári)
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CAPÍTULO 44
A HONRAAOS ERUDITOS,AOS IDOSOS E ÀS GENTES DE
CONHECIMENTO; O SABERMOS DISTINGUI-LOS SOBRE OS
DEMAIS, FAZENDO SOBRESSAIR OS SEUS MÉRITOS
Deus, louvado seja, disse:
"Poderão, acaso, equiparar-se os sábios com os insipientes? Só os
sensatos o meditam" (Alcorão Sagrado, 39:9).
348. Ucba Ibn Amru (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Aquele que encabeçar uma oração congregacional deverá ser o que melhor
saíba recitar o Alcorão. Se houver igualdade quanto a isso, que seja aquele que
melhor conheça a tradição profética. Se nisso também houver igualdade, que
seja quem emigrou primeiro. Se houver igualdade ainda, que seja o de mais
idade. Ademais, que ninguém encabece uma oração na casa de outro, nem se
sente no lugar favorito do dono, se não for com a sua permissão." (Musslim)
349. Abu Massud Ucba Ibn Amr al Badri al Ansãri (R) relatou também:
"O Mensageiro de Deus (S) colocava suas mãos sobre os nossos ombros quando
estávamos alinhados para a oração, e dizia: 'Ficai em linhas retas, e não diverjais
entre vós, porque se não vossos corações estranharão uns aos outros, devido ao
desacordo. Que aqueles de idade mais avançada e que possuam conhecimento
fiquem próximos a mim, e em seguida, que fiquem os próximos a eles, e então
aqueles próximos e eles." (Musslirn)
350. Abdullah Ibn Mass'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Que os mais tolerantes e sensatos se coloquem ao meu lado (na oração),
e assim sucessivamente (e repetiu isso três vezes); e evitai as conversas vãs."
(Musslím)
351. Abi Yahya ou Abi Mohammad Sahl Ibn Abi Hasma relatou que o
Abdullah Ibn Sahl e o Muhaiysha Ibn Mass'ud foram para Khaibar durante o
período de trégua, e se separaram, na busca dos seus respectivos negócios. Então
o Muhaiysha voltou para o Abdullah, e o encontrou morto, banhado em sangue.
Ele providenciou o funeral do amigo, e voltou para Madina, Então o Abdur
Rahman Ibn Sahl e o Muhaiysha e o Huwaiysha, filhos de Mass'ud, se
aproximaram do Profeta (S), e o Abdur Rahman que era dos três o que melhor
falava, começou a falar, ao quê o Profeta (S) disse: "O mais velho deverá falar!"
Eis que o Abdur Rahman, sendo o mais jovem, parou de falar, e os outros dois
se dirigiram ao Profeta (S), que disse: "Sois capazes de jurar quanto a isto, e
exigis justiça contra o assassino?" (Muttafac alaíh)
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352. Jáber (R) relatou que quando a Batalha de Uhud terminou, o Profeta
(S) enterrou os mártires, de dois em dois, em uma só cova. Para escolher quem
colocaria na cova primeiro, ele perguntava quem deles decorara mais textos do
Alcorão, e com ele começava. (Bukhári)
353. Ibn Ômar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Sonhei que estava
escovando os dentes com miswak, e dois homens vieram ter comigo, sendo,
um, mais velho que o outro (e me pediram o miswak); entreguei-o ao mais
novo, mas foi-me pedido que o entregasse para o mais velho, coisa que fiz."
(Bukhari e Muslim)
354. Abu Mussa (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Um
dos modos de se glorificar a Deus, louvado seja, é honrarmos o muçulmano
ancião; é honrarmos também aquele que aprende a recitação do Alcorão e a sua
interpretação, sem fanatismo, nem desdém; é, ainda, respeitarmos o governante
justo." (Abu Daúd)
355. Amr Ibn Chuaib (R) relatou, baseado em seu pai, que havia ouvido
do pai, que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A pessoa que não tem compaixão
de nossas crianças e não respeita os nossos idosos não pertence a nós." (Abu
Daúd e Tirmizi)
356. Maimun Ibn Abu Chabib (que Deus o tenha em sua misericórdia)
relatou que Aicha (R) foi abordada por um pobre que lhe pedia caridade, e deu
a ele um pedaço de pão. Em outra ocasião, foi abordada por um homem bem
vestido e de bons modos, pedindo também uma caridade. Ela o convidou a
sentar-se e lhe deu de comer. Foi inquerida sobre os dois casos, e ela respondeu:
"O Mensageiro de Deus (S) disse: 'Tratai as pessoas de acordo com suas
posições." (Abu Daúd)
357. Ibn Abbas (R) contou que Uiaina Ibn Hissn visitou o seu sobrinho,
AI Hurr Ibn Cais, que era um dos mais achegados de Ômar. Sabe-se que aqueles
que memorizavam, e melhor compreendiam o Alcorão, constituíam o grupo
consultivo de Ômar, velhos que fossem ou jovens. Uiaina disse para Hurr:
"Sobrinho meu, tu gozas de boa situação junto a esse Emir, assim, pede permissão
para que eu possa comparecer à sua presença." Pedida a permissão, Ômar lha
concedeu. Entretanto, quando entrou, começou dizendo em tom de desafio: -ó
tu, filho de Khattab, juro por Deus que não nos concedes o que deverias, com
generosidade, nem nos governas com justeza." Ômar se sentiu ofendido e, por
uns momentos, teve vontade de castigar aquele homem. Porém, AI Hurr disse:
-ó Emir dos Fiéis, Deus, louvado seja, disse ao Seu Profeta (S): 'Conserva-te
indulgente, recomenda o bem e aparta-te dos ignorantes!' (7:199) E esse
homem é um dos ignorantes" Quando AI Hurr recitou isso, Ômar se acalmou e
não se moveu de seu lugar. Ele sempre seguiu estritamente o Livro de Deus.
(Bukhari)
358. Abu Saíd Samura Ibn Jundub (R) relatou: "No tempo do Mensageiro
de Deus (S), eu era apenas um menino, e costumava memorizar as tradições
dele, mas não relatava o que havia preservado porque havia entre nós pessoas
mais velhas que eu." (Muttafac alaih)
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359. Anas Ibn Málik (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Se um jovem honrar uma pessoa mais velha, por causa da idade desta, Deus
irá designar alguém que o honrará quando chegar à velhice." (Tirmizi)
CAPÍTULO 45
AVISITA AOS VIRTUOSOS; FAZER-LHES COMPANHIA E
DISPENSAR-LHES CARINHO. O PEDIRMOS A SUA VISITA E AS
SUAS SÚPLICAS, A VISITA AOS LUGARES SAGRADOS
Deus, louvado seja, disse:
"Moisés disse ao seu atendente: Não descansarei até alcançar a
confluência dos dois mares, ainda que para isso tenha de viajar anos e
anos. Mas, quando ambos se aproximaram da confluência dos dois mares,
haviam esquecido o seu peixe, o qual seguira, serpeando, seu rumo até ao
mar. E quando a alcançaram, Moisés disse ao seu atendente: Providencia
nosso alimento, pois sofremos fadigas durante esta nossa viagem.
Respondeu-lhe: Lembras-te de quando nos refugiamos junto à rocha? Eu
me esqueci do peixe - e ninguém, senão Satanás, fez-me esquecer de me
recordar! Creio que ele tomou milagrosamente o rumo do mar. Disse-lhe:
Eis o que procurávamos! E voltaram pelo mesmo caminho. E encontraramse
com um dos Nossos servos a quem havíamos agraciado com a Nossa
misericórdia e iluminado com a Nossa ciência. E Moisés lhe disse: Posso
seguir-te, para que me ensines a verdade que te foi revelada?" (Alcorão
Sagrado, 18:60-66).
E, louvado seja, disse também:
"Sê paciente, juntamente com aqueles que de manhã e à noite
invocam a seu Senhor, anelando o Seu Rosto" (Alcorão Sagrado, 18:28).
360. Anas Ibn Málik (R) relatou que depois do falecimento do Profeta
(S), Abu Bakr (R) disse para Ômar (R): "Vamos visitar Ummu Aiman (R), pois
oMensageiro de Deus (S) costumava fazê-lo." Quando lá chegaram, elacomeçou
a chorar. Eles lhe perguntaram: "O que te faz chorar? Tu não sabes que Deus
tem melhor recompensa para o Mensageiro de Deus do que ele possuía aqui na
terra?" Ela disse: "Sei muito bem disso, e não choro por isso. Derramo lágrimas
porque a revelação agorajá parou." Isso comoveu tanto os dois distintos visitantes
que eles também se puseram a chorar com ela. (Musslim)
361. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quanto àquele
que visitar um enfermo ou um irmão, uma voz o chamará, e dirá: 'Bendito sejas
e bendito sejam teus passos, pois que gozarás de uma morada no Paraíso!'"
(Musslim)
362. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se
um indivíduo visitar uma pessoa doente ou um irmão, meramente em prol de
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Deus, um arauto irá anunciar: 'Que sejas feliz, que a tua ida seja abençoada, e
que sejas contemplado com uma prazerosa residência, no Paraíso.'" (Tirmizi)
363.Abu Mussa al Achari (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A amizade
com um virtuoso ou com um malfeitor tem a aparência de um vendedor de
almíscar e de um acendedor de forja; o vendedor de almíscar pode oferecer-te
algo, ou pedir-te que lhe compres algo, ou, pelo menos, que lhe cheires o grato
perfume; ao passo que o acendedor de forja pode queimar a tua roupa, ou fazerte
sentir o seu desagradável odor." (Muttafac alaih)
364. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Um homem
desposa uma mulher por quatro motivos: por sua riqueza, pela sua boa linhagem,
por sua beleza, ou por sua religiosidade. Pois bem, procura a que tem
religiosidade, e alcançarás a felicidade." (Muttafac alaih)
365. IbnAbbas (R) narrou que o Profeta S) perguntou ao Arcanjo Gabriel:
"Por que não nos visitas mais amiúde?" Como resposta foi revelado o versículo:
"Não descemos senão por ordem do teu Senhor; a Quem pertence o passado, o
futuro e o presente." (Bukhári)
366. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Não tomes
por amigo senão a um crente, e não convides a comer senão a um piedoso."
(Abu Daúd e Tirmizi)
367. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A pessoa costuma
seguir a religião de seu amigo. Portanto vede de quem sois amigos." (Abu Daúd
e Tirmizi)
368. Abu Mussa AI Ach'ari (R) relatou que o Profeta (S) disse: " A
pessoa estará com quem ama." (Muttafac alaih)
369. Anas (R) relatou que um beduíno perguntou ao Mensageiro de Deus
(S): "Quando será o Dia do Juízo?" Porém, o Mensageiro de Deus (S) lhe
perguntou: "Que tens tu preparado (para esse Dia)?" E o beduíno respondeu:
"Meu amor por Deus e por Seu Profeta." Disse: "Estarás com quem amas!"
(Muttafac alaih)
370. Ibn Mass'ud (R) narrou que um homem foi ter com o Mensageiro
de Deus (S), e lhe perguntou: -ó Mensageiro de Deus, que me dizes acerca de
um homem que ama a gente virtuosa, mas não se associa a ela?" O Mensageiro
de Deus (S) respondeu: "Essa pessoa estará com quem amou." (Muttafac alaih)
371. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "As pessoas são
como os metais de ouro e prata. As melhores entre elas são as que foram as
melhores na época da ignorância, se é que assimilam bem a Religião. Os espíritos
parecem com os exércitos, entre os quais há similares em qualidades, que se
misturam com os outros, e há os que são diferentes, que não se misturam e se
estranham." (Musslim)
372. Ussair Ibn Amr (R), também conhecido como Ibn al Jáber, relatou
que sempre quando uma delegação chegava, procedente do Iêmen, e se
apresentava ao Ômar Ibn al Khattab, este perguntava: "O Uwais Ibn Ámir está
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entre vós?" Por fim, numa das delegações estava incluído o Uwais (R), e o
califa Ômar (R) perguntou a ele: "És tu o Uwais Ibn Ámir?" O Uwais respondeu:
"Sim!" Foi-lhe então perguntado se ele pertencia ao ramo de Qarn, da tribo dos
Murad. Ele repondeu afirmativamente. O califa então perguntou: "Acaso não
sofrias de lepra, e saraste dela, a não ser por um espaço do tamanho de um
dirham (uma moeda)?" Ele respondeu: "Sim!" O califa perguntou: "Tua mãe é
viva?" Ele respondeu: "Sim!" Então o Ômar (R) disse: "Ouvi o Mensageiro de
Deus (S) dizer: 'o Uwais Ibn Ámir virá a ti juntamente com uma delegação
procedente do Iêmen; ele é do ramo de Qarn, da tribo dos Murad. Ele sofria de
lepra, mas ter-se-ia recuperado dela, exceto por um espaço do tamanho de um
dirham. Ele tem sua mãe àquem ama e obedece. Se ele suplicar quanto a algo,
confiando em Deus, Ele lhe satisfará o desejo. Se desejares pedir que ele ore
por ti, pelo teu perdão, deverás fazê-lo!' Assim sendo, eu te peço que ores a
Deus pelo meu perdão!" Concordando, o Uwais (R) orou pelo perdão do Ômar.
Este então lhe perguntou: "Para onde estás indo?" Ele respondeu: "Para Kufa."
O Ômar (R) lhe perguntou: "Queres que eu escreva ao governador de Kufa,
pedindo que te ajude?" O Uwais disse: "Eu prefiro ir viver entre os pobres!" No
ano seguinte, um dos nobres de Kufa chegou em peregrinação, e encontrou-se
com o Ômar (R), que o inquiriu acerca do Uwais (R). Ele disse: "Deixei-o
numa casa em ruínas e com poucos móveis!" O Ômar disse: "Ouvi o Mensageiro
de Deus (S) dizer: 'o Uwais Ibn Ámir, do ramo de Qarn, da tribo dos Murad,
virá a ti com uma delegação procedente do Iêmen. Ele sofria de lepra, mas terse-
ia curado, exceto por um espaço do tamanho de um dirham. Tem uma mãe a
quem ama imensamente. Se ele suplicar quanto a algo, confiando cm Deus, Ele
satisfará sua súplica. Se desejares pedir-lhe que ore pelo teu perdão, faze-o!'"
De acordo com isso, aquele indivíduo (o nobre) foi ter com o Uwais (R) e lhe
pediu que orasse pelo perdão dele. O Uwais (R) lhe disse: "Tu acabas de voltar
duma jornada sagrada; portanto és tu que deverias orar pelo meu perdão!" Depois
ele perguntou para o nobre: "Acaso te encontraste com o Ômar?" O homem
disse: "Sim, encontrei-o!" Então o Uwais orou pelo perdão do nobre. Depois
daquilo, as pessoas se tornaram cientes das virtudes do Uwais (R) que,
conseqüentemente, partiu do lugar, seguindo os seus impulsos. (Musslim)
373. Ômar Ibn ai Khattab (R) disse: "Pedi ao Profeta (S) permissão para
levar a efeito a Umra. Concedeu-me a permissão, e disse: 'Irmãozinho, não te
lesqueças de rogar por nós!' Aquelas palavras me fizeram mais venturoso do
que se tivesse tudo o que há neste mundo!" (Abu Daúd e Tirmizi)
\ 374. Ibn Ômar (R) relatou: "O Profeta (S) costumava visitar (a mesquita
Ide) Kubá, montado ou a pé, e aí cumpria duas unidades de oração." (Bukhari e
Musslim)
I De acordo com outra versão, é dito que o Profc!a (S) visitava a mesquita
ree~~~~ todos os sábados, montado ou a pé, e o Ibn Omar (R) também fazia o
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CAPÍTULO 46
o MÉRITO E A ÉTICA DO SINCERO AMOR POR DEUS, E O SEU
INCENTIVO. O FAZERMOS SABER À PESSOA QUE DELA
GOSTAMOS. O QUE DEVE SER-LHE DITO EM TAL CASO
Deus, louvado seja, disse:
"Mohammad é o Mensageiro de Deus, e aqueles que estão com ele
são severos para com os incrédulos, porém compassivos entre si. Vê-les-á
genut1exos, prostrados, anelando a graça de Deus e Sua complacência. Seus
rostos estarão marcados com os traços da prostração. Tal é seu exemplo na
Tora e no Evangelho, como semente que brota, desenvolve-se e se robustece,
e se firma em seus talos, compraz aos semeadores, para irritar os incrédulos.
Deus prometeu aos crentes que praticam o bem, indulgência e uma
magnífica recompensa" (Alcorão Sagrado, 48:29).
E, louvado seja, disse também:
"Os que antes deles residiam (em Madina) e haviam adotado a fé,
mostram afeição por aqueles que emigraram para junto deles" (Alcorão
Sagrado, 59:9).
375. Anas Ibn Málik (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Há três
qualidades; e quem as tiver, testará o sabor da fé: a primeira é a de quem ama a
Deus e Seu Mensageiro acima de tudo; a segunda é a de quem ama aos outros
por amor a Deus; e a terceira é a daquele que abomina retornar à incredulidade,
depois de Deus tê-lo resgatado dela, pois ele abomina ser arrojado no Inferno."
(Muttafac alaih)
376. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Sete indivíduos
serão aqueles que estarão à sombra de Deus no Dia do Juízo Final, quando não
haverá outra sombra além da d'Ele. São: o governante justo, o jovem que passou
a sua juventude adorando a e a serviço de Deus, glorificado e exaltado seja;
aquele que tiver o coração permanentemente ligado à mesquita; duas pessoas
que se amam por amor a Deus; eles se juntam para aprazerem a Deus e se
separam para aprazê-Lo; aquele que for incitado a cometer um pecado por uma
mulher bela e de posição e não aceitar, dizendo: temo a Deus; aquele que faz
caridade em segredo, sem se mostrar, de tal forma que sua mão direita não sabe
o que a esquerda dá; e aquele que se lembra de Deus com tanta solicitude, que
seus olhos se enchem de lágrimas." (Muttafac alaih)
377.Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus,
louvado seja, no Dia do Juízo dirá: 'Onde se encontram aqueles que se amam,
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buscando a Minha complacência e a Minha majestosidade? Hoje os farei gozar
da Minha proteção, porque hoje não haverá proteção além da Minha.'" (Musslim)
378. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Juro
por Quem tem a minh'alma em Suas mãos que não alcançareis o Paraíso até
que sejais autênticos crentes; e não sereis autênticos crentes até que vos ameis
uns aos outros. Quereis que vos indique algo que, se o fizerdes, vos amareis
mais? Pois difundi a saudação entre vós." (Musslim)
379. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Um homem se
dirigiu a outro povoado para ver um seu irmão (em Deus). No seu regresso,
Deus lhe enviou um anjo para lhe dizer: 'Deus te ama tal como amaste outro
por amor a Ele." (Musslim)
380. AI Barrá Ibn Ázeb (R) contou que o Profeta (S) falou acerca dos
Ansar: "Não os ama a não ser o crente, e não os repudia a não ser o hipócrita.
Quem os amar, será amado por Deus; e quem os repudiar será repudiado por
Deus." (Muttafac alaih)
381. Muaz bin Jabal (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S)
dizer: "Deus, exaltado seja, diz: 'Para aqueles que amam uns aos outros, por
cuasa do temor à Minha Majestade e Magnificência, haverá assentos de luz tão
elevados, que farão inveja aos profetas e aos mártires." (Tirmizi)
382. Abu Idris aI Khaulani (R) relatou: "(Uma vez) eu entrei na mesquita
de Damasco e, por acaso, vi um jovem que tinha dentes brilhantes, e um bom
número de indivíduos se sentavam com ele. Quando eles discordavam quanto a
algum tópico, dirigiam-se a ele, e aceitavam a sua opinião. Perguntei quem era
ele, e me disseram que era o Muaz Ibn Jabal (R). No dia seguinte eu me apressei
em ir à mesquita, e constatei que ele já lá estava, ocupado, em oração. Esperei
até que ele terminasse a sua oração e o abordei frente a frente; após o saudar, eu
disse: Por Deus, que te amo! Ele disse: 'Por Deus?' Respondi: Sim, por Deus!
Ele disse novamente: 'Por Deus?' Respondi: Sim, por Deus! Então ele me
segurou pelas dobras da minha túnica, apertou-me contra ele, e disse: 'Ouve as
boas notícias! Eis que ouvi o Mensageiro de Deus (S) dizer que Deus disse:
'Cabe a Mim conceder o Meu amor àqueles que amam uns aos outros por Mim,
encontram uns aos outros por Mim, visitam uns aos outros por Mim, e gastam
uns com os outros por Mim. '" (Málik)
383.Abu Karima Al Micdad Ibn Ma'd Ykarib (R) relatou que o Profeta
(S) disse: "Se uma pessoa ama a seu irmão, deve fazê-lo saber disso." (Abu
Daúd e Tirmizi)
384. Muaz Ibn Jabal (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) pegoulhe
a mão e lhe disse: "Muaz, por Deus que te amo. Desejo avisar-te para não te
esqueceres de fazer a seguinte prece, após cada oração obrigatória: -ó Deus,
ajuda-me a recordar-me de Ti, a agradecer-Te e a adorar-Te de maneira correta!"
(Abu Daúd e Nassá'i)
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385. Arras Ibn Málik (R) relatou que um homem estava sentado com o
Profeta (S), quando outra pessoa passou por eles, e o homem disse: -ó
Mensageiro de Deus (S), eu amo essa pessoa!" o Profeta (S) perguntou:
"Notificaste-a desse fato?" Ele disse: "Não!" O Profeta (S) disse: "Vai dizerlhe!"
Assim, o homem foi para perto daquela pessoa, e lhe disse: "Eu te amo
por Deus!" O outro replicou: "Que Deus, por Cujo bem tu me amas, te ame!"
(Abu Daúd)
CAPÍTULO 47
OS SINAIS DO AMOR DE DEUS A UM SERVO D'ELE, E A
FOMENTAÇÃO DAADOÇÃO DESSES SINAIS
Deus, louvado seja, disse:
"Dize: Se verdadeiramente amais a Deus, segui-me; Deus vos amará
e perdoará vossas faltas, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo"
(Alcorão Sagrado, 3:31).
E, louvado seja, disse também:
-o crentes, aqueles dentre vós, que renegarem sua religião, saibam
que Deus os suplantará por outras pessoas, as quais amará, as quais O
amarão, serão compassivos para com os crentes e severos para com os
incrédulos; combaterão pela causa de Deus e não temerão a censura de
ninguém. Tal é a graça de Deus, que a concede a quem Lhe apraz, porque
Deus é Munificente, Sapientíssimo" (Alcorão Sagrado, 5:54).
386. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) afirmou:
"Deus, louvado seja, disse: 'A quem se inimizar um dos Meus confidentes
declararei guerra. E o servo Meu não encontrará, para Me comprazer, nada que
Me seja tão grato como o cumprimento do que Lhe hei prescrito. E o servo Meu
continuará buscando a Minha complacência mediante obras super rogatórias,
até que Eu o ame. Quando o amar, serei como o seu ouvido com o qual ouve,
como suas vistas com as quais vê, como suas mãos com as quais lida, como
suas pernas com as quais anda. E se Me pedir algo, lho concederei; e se buscar
o Meu refúgio, tê-lo-á.:" (Bukhári)
387. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando Deus
ama um servo, o anjo Gabriel é notificado (e informado) que 'Deus, o Exaltado,
ama Fulano; amai-o vós também!' Então o anjo Gabriel passa a amá-lo, e envia
um comunicado por todo o Céu, alertando os habitantes dali que: 'Deus ama
Fulano; amai-o vós também!' Então os celícolas também passam a amá-lo, e
ele se toma popular (também) no mundo." (Muttafac alaih)
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388. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) havia designado o
mando de uma patrulha a um homem. Este, ao encabeçar, em oração, os seus
companheiros, finalizava-a, recitando a Surata da Unicidade!" Quando do seu
regresso, aquilo foi mencionado junto ao Mensageiro de Deus (S), que disse:
"Perguntai-lhe por que faz isso!" Quando aquele homem foi perguntado,
respondeu: "Porque é a Surata que expõe a qualidade do Misericordioso, e por
isso gosto de recitá-la." O Mensageiro de Deus (S) então disse: "Anunciai-lhe
que Deus o ama!" (Muttafac alaih)
CAPÍTULO 48
PRECAUÇÕES CONTRA O MOLESTAR OS VIRTUOSOS, OS
FRACOS, OS POBRES E OS NECESSITADOS
Disse Deus, o Altíssimo:
"E aqueles que molestarem os crentes e as crentes imerecidamente,
serão culpados de uma falsa imputação e de um delito flagrante" (33:58).
E disse também:
"Não maltrates o órfão, nem tampouco repudies o mendigo" (93:9-
10).
389. Jundub Ibn Abdullah (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele
que praticar a Oração da Alvorada fica sob a proteção de Deus. Portanto, tende
cuidado, pois Deus pode pedir-vos conta de algo relacionado com a Sua proteção.
E se Ele pedir contas a algum de vós, por alguma falta relacionada com a Sua
garantia, terá de ser atendido, e podereis ser arrojados no fogo do Inferno."
(Musslim)
CAPÍTULO 49
AVALIARAS PESSOAS PELAS SUAS CONDUTAS APARENTES E
QUE CONFIAM SEUS SEGREDOS ADEUS
Deus, louvado seja, disse:
"Caso se arrependam, observem a oração e paguem o zakat, abrilhes
o caminho" (Alcorão Sagrado, 9:5)
390. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus
me ordenou lutar contra os idólatras, até que prestem testemunho de que não há
outra divindade além do Deus, Único, e de que Mohammad é o Mensageiro de
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Deus; que realizem as orações e paguem o zacat. Se cumprirem isso, terãosalvaguardado
suas vidas e seus bens de mim, salvo nos casos estabelecidos
pelo direito islâmico; e Deus os fará prestar contas." (Muttafac alaih)
391. IbnAbdullah Táric Ibn Uchaim (R) relatou que ouviu o Mensageiro
de Deus (S) dizer: "Aquele que afirma que não há outra divindade além de
Deus, e rejeita tudo o que é adorado além de Deus, assegura sua vida e suas
propriedades, e suas contas serão prestadas a Deus, Altíssimo." (Musslim)
392. AI Micdad Ibn al Aswad (R) relatou que havia perguntado ao
Mensageiro de Deus (S): "Que te parece o caso em que, lutando contra um
idólatra, ele me desferisse um golpe com sua espada que me cortasse um braço,
e logo depois fugisse de mim e se refugiasse atrás de uma árvore, dizendo:
'Submeto-me a Deus!' Poderia eu matá-lo, depois de ele pronunciar tais
palavras?" Respondeu: 'Não podias matá-lo!' Porém, insisti: -o Mensageiro de
Deus, mesmo que me tenha cortado o braço e, em seguida, pronunciado o seu
testemunho de fé?' Disse ele: 'Não deverias matá-lo; pois se o fizesses, ele iria
ocupar o lugar (de muçulmano) que tu tinhas antes de o matar; e tu irias ocupar
o lugar que ele tinha antes que pronunciasse o seu testemunho de fé. '" (Muttafac
alaih)
393. Ussama Ibn Zaid (R) relatou: "O Profeta (S) me enviou com uma
patrulha contra os Huraca, da tribo Juhaina. Pela madrugada, atacamos aquela
gente perto das suas águas. Durante o ataque, um dos Ansar e eu perseguimos
um inimigo. Porém, uma vez que estava ao alcance das nossas armas, aquele
homem disse: 'Presto testemunho de que não há outra divindade além de Deus!'
Naquele momento o ansári se retirou, e eu cravei a lança naquele homem que
havíamos perseguido, o qual morreu no ato. De regresso a Madina, o Profeta
(S) foi informado acerca do ocorrido. Por isso, me chamou, e perguntou: -o
Ussama, é certo que mataste aquele homem, depois de ele pronunciar o
testemunho de que não há outra divindade além de Deus?' Respondi: -ó
Mensageiro de Deus, apenas pronunciou aquilo para se salvar!' Porém, ele
insistiu uma e outra vez: 'Como é que o matas depois de ele pronunciar o
testemunho de fé!?' Tal era a sua reprimenda, que eu desejei não haver abraçado
o Islam antes daquele dia!" (Muttafac alaih)
394. Jundub Ibn Abdullah (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
dispôs uma expedição contra uma tribo de idólatras. No combate, um idólatra
matou vários muçulmanos; e, por isso, um muçulmano - falou-se de Ussama
Ibn Zaid - quis surpreendê-lo. Porém, quando levantou a espada para o matar,
o homem exclamou: "Dou meu testemunho de que não há outra divindade além
de Deus!" Mesmo assim o muçulmano o matou. Um homem informou o
Mensageiro de Deus (S) de tudo quanto ocorreu com a expedição, bem como
do incidente com aquele homem. O Profeta chamou o citado muçulmano, e lhe
perguntou: "Por que o mataste?" O homem respondeu: -ó Mensageiro de Deus,
aquele homem causou graves perdas aos muçulmanos, matando fulano, beltrano
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e cicrano (mencionando-lhes os nomes). Eu o ataquei e, vendo a espada disse:
'Não há outra divindade além de Deus!'" Disse o Profeta: "E o mataste!?"
Respondeu "Sim." Tornou a dizer o Profeta: "E que farás quanto ao 'não há
outra divindade além de Deus' no Dia do Juízo?" Respondeu o homem: -ó
Mensageiro de Deus, pede perdão por mim!" Mas o Profeta insistiu uma e outra
vez: '''E que farás com o 'Não há outra divindade além de Deus' no Dia do
Juízo?" (Musslim)
395. Abdullah Ibn Utabah Ibn Mass'ud (R) relatou que ouviu o Ômar
Ibn ai Khattab (R) dizer: '-Durante o tempo de vida do Mensageiro de Deus (S),
as pessoas eram chamadas a prestar contas (das suas mazelas) por meio da
revelação. Agora que as revelações pararam, chamar-vos-emos a prestardes
contas com base nas vossas ações visíveis. Assim sendo, aquele que nos mostrar
uma coisa boa será tido como bom, e a aceitaremos, e não iremos inquirir acerca
das suas atividades ou razões ocultas, com vistas a desaprová-las. Deus irá tomar
nota das suas atividades ocultas, e o chamará a prestar contas por elas. Por
outro lado, daquele que nos mostrar uma coisa má, não a aceitaremos, e não a
confirmaremos, embora ele afirme que sua intenção era boa." (Bukhári)
CAPÍTULO 50
o TEMOR (A DEUS)
Deus, louvado seja, disse:
" ... temei a Mim somente" (Alcorão Sagrado, 2:40).
E, louvado seja, disse também:
"Em verdade, a punição de teu Senhor será severíssima" (Alcorão
Sagrado, 85:12).
E, louvado seja, disse ainda:
"E assim é o extermínio vindo de teu Senhor, que extermina as cidades
-por suas iniqüidades. O Seu extermínio é terrível, severíssimo. Nisto há
um sinal para quem teme o castigo da Outra Vida. Isso acontecerá no dia
em que forem congregados os humanos; aquele será um dia testemunhável,
que só adiamos por um prazo predeterminado. Quando tal dia chegar,
ninguém falará, senão com a vénia d'Ele, e entre eles haverá desventurados
e venturosos. Quanto aos desventurados, serão precipitados no fogo, donde
exalarão gemidos e gritos" (Alcorão Sagrado, 11:102-106).
E, louvado seja, disse mais:
"O Próprio Deus vos previne" (Alcorão Sagrado, 3:28).
E, louvado seja, continuou:
"Nesse dia o homem fugirá de seu irmão, de sua mãe e de seu pai, de
sua esposa e de seus filhos. Nesse dia a cada qual lhe bastará a preocupação
consigo mesmo" (Alcorão Sagrado, 80:34-37).
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Deus, louvado seja, disse:
-ó humanos, temei o vosso Senhor, porque a convulsão da Hora
será algo terrível. O dia em que a presenciardes, cada nutriente esquecerá
o filho qua amamenta; toda gestante abortará; tu verás os homens como
ébrios, embora não o estejam, porque o castigo de Deus será severíssimo"
(Alcorão Sagrado, 22:1-2).
E, louvado seja, disse também:
"Por outra, para quem teme o comparecimento ante seu Senhor
haverá dois jardins" (Alcorão Sagrado, 55:46).
E, louvado seja, disse ainda:
"E acercar-se-âo uns dos outros, inquirindo-se. Dirão: Em verdade,
antes estávamos temerosos pelos nossos familiares. Portanto, Deus nos
agraciou e nos preservou do tormento do vento abrasador. Porque antes O
invocávamos, por ser Ele o Beneficente, o Misericordioso" (Alcorão Sagrado,
52:25-28).
396. Abdullah Ibn Mass 'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S), o
mais veraz dos verazes, disse: "Cada um de vós permanece na forma de esperma,
no ventre da mãe, por quarenta dias, então se transforma em coágulo pelos
próximos quarenta dias e, então, se transforma num embrião pelos próximos
quarenta dias, e então, um anjo é enviado que insuflará a alma no feto, estando
instruído a lhe registrar quatro coisas que governarão o seu destino neste mundo,
isto é, sua subsistência, a extensão de sua vida, suas atividades, e se será feliz
ou infeliz. Por Aquele além do Qual não há outra divindade, se um de vós atuar
como os habitantes do Paraíso, até que não haja entre eles a distância de um
braço e o que lhe foi destinado prevalecer, e ele então passar a agir de acordo
com os habitantes do inferno, nele entrará. E se, por outro lado, alguém atuar de
acordo com os habitantes do inferno até que não haja entre eles a distância de
um braço e o que lhe foi destinado prevalecer, e passar a agir de acordo com os
habitantes do Paraíso, nele entrará." (Muttafac alaih)
397. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "No
Dia do Julgamento, o Inferno será arrastado, e haverá setenta mil rédeas, e cada
rédea será puxada por setenta mil anjos." (Musslim)
398. AI Numan, Ibn Bachir (R), relatou que ouvira o Mensageiro de
Deus (S) quando disse: "No Dia do Juízo, o castigo mais suave para os moradores
do Inferno será o da colocação de duas brasas debaixo dos pés de um homem.
Por causa das brasas, seu cérebro ferverá. Parece-lhe que ninguém poderá sofrer
um castigo mais severo quando, na realidade, será o mais suave." (Muttafac
alaih)
399. Samura Ibn Jundub (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Alguns
indivíduos, sentenciados ao Inferno, estarão com o fogo até às canelas, alguns
até aos joelhos, outros até à cintura, e outros, ainda, até aos pescoços - na
proporção dos seus atos e pecados." (Musslim)
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400. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "No Dia
(do Julgamento) algumas das pessoas que estiverem perante o Todo-Poderoso
Deus, ficarão imersas em seus suores, até ao meio das suas orelhas." (Muttafac
alaih)
401. Anas (R) narrou: "Ouvira um sermão do Mensageiro de Deus
contendo algo cuja semelhança nunca escutara antes. Uma das coisas que disse
foi: 'Se soubésseis do que sei, teríeis rido pouco e chorado bastante!' foi então
que vi os companheiros do Mensageiro de Deus (S) cobrirem seus rostos. Seus
soluços se faziam ouvir." (Muttafac alaih)
402. Micdad (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer: "No
Dia do Julgamento, o sol irá estar tão perto das pessoas, que será como se
estivesse apenas a uma légua de delas!" O Sulaim Ibn Ámir, que narrou esse
hadice do Micdad, disse: ("Por Deus, eu não sabia o que significava uma 'légua'
- se uma milha ou uma vara de pintar os olhos.") "O suor de alguns irá chegar
até às suas canelas, a de outros, até aos joelhos, a de outros até à cintura, e
alguns serão afogados nos seus suores 1" O Profeta apontou para a própria boca,
à guisa de ilustração." (Musslim)
403. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "As
pessoas irão suar tanto, no Dia do Julgamento, que terra ficará encharcada de
suor, numa altura de setenta jardas, e as pessoas se afogarão nele, depois que
lhes chegar até às orelhas." (Muttafac alaih)
404. Abu Huraira (R) relatou: "Numa ocasião nós estávamos com o
Mensageiro de Deus (S) quando ouvimos o ruído de algo caindo. Ele perguntou
a nós: 'Sabeis acaso o que é isso?' Dissemos: Deus e Seu Mensageiro estão
mais bem informados (do que nós, pessoas comuns)! Ele disse: 'Trata-se de
uma pedra que foi atirada ao Inferno há setenta anos; ela continuou a cair até
esta data, e agora chegou ao fundo dele; acabaste de ouvir o ruído de ela tocar a
sua base.'" (Musslim)
405. Adi Ibn Hátem (R) relatou que escutara o Mensageiro de Deus (S)
dizer: "Todos vós ireis prestar contas perante Deus, sem que haja necessidade
de tradutor. Olhareis para a direita e só vereis o que tiverdes feito; olhareis para
a esquerda e só vereis o que tiverdes feito. Olhareis para a frente e só vireis o
Fogo do Inferno à vossa frente. Portanto, esquivai-vos do Inferno, ainda que
seja dando, em caridade, meia tâmara." (Muttafac alaih)
406. Abu Zar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Eu vejo
o que vós não vedes; o Céu chora (por causa da grande quantidade de anjos que
se prostram), e tem a sua justificativa em fazer isso. (Ali) não há espaço para
caber quatro dedos, mas ele está todo ocupado pelos anjos que se prostram
perante Deus! Por Deus, se soubésseis o que sei, iríeis rir pouco e chorar muito!
Não iríeis desfrutar das vossas esposas, na cama, mas apressar-vos-íeis em sair
para as ruas e para as selvas, em busca do refúgio de Deus." (Tirmizi)
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407. Nadhla Ibn Ubaid al Aslami (R) relatou que o Mensageiro de Deus
(S) disse: "Quando chegar o Dia do Juízo, todo servo de Deus permanecerá de
pé, até que preste contas acerca da sua vida, em que a empregou; do seu
conhecimento, o que fez com ele; da sua riqueza, como a conseguiu, e em que
a gastou; do seu corpo, como o consumiu." (Tirmizi)
408. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) recitou o
seguinte versículo: "Nesse dia, ela declarará suas notícias (99:4)", e perguntou:
"Sabeis que notícias são essas?" Seus companheiros responderam: "Deus e Seu
Mensageiro sabem melhor!" Ele disse: "Sua notícia é que ela irá testemunhar
contra todos os homens e todas as mulheres, com relação ao que eles ou elas
fizeram na terra. Ela irá dizer que eles fizeram isto e aquilo, em tal e tal dia; esta
será a notícia." (Tirmizi)
409. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Como irei desfrutar de sossego, se o Anjo Israfil, o encarregado da trombeta,
já se encontra à espera de uma ordem para a soar?" Parecia como se aquelas
palavras se transformassem numa pesada carga para os companheiros do Profeta.
Por isso, ele os tranquilizou, dizendo: "Dizei: 'Deus nos é suficiente! Que
excelente Guardião!'" (Tirmizi)
410. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (5) disse:
"Aquele que tem medo vai-se na primeira parte da noite, e quem se vai na
primeira parte da noite chega ao seu destino. Tomai cuidado, pois a propriedade
de Deus é preciosa! Sabei que a propriedade de Deus é o Paraíso!" (Tirmizi)
411. Aicha (R) relatou: "Ouvi o Mensageiro de Deus (S) dizer: 'No Dia
do Julgamento as pessoas serão congregadas juntas, descalças, despidas e não
circuncidadas.' Perguntei: Mas, Mensageiro de Deus, os homens e as mulheres
irão estar juntos, olhando uns para os outros? Ele disse: 'Aicha, a ocasião será
tão grave e terrificante, para que estejam dispostos a olhar uns para os outros'"
(Muttafac alaih).
Outra versão diz que a ocasião será tão séria, que ninguém se atreverá a
olhar para outrem.
CAPÍTULOS1
A ESPERANÇA EM DEUS
Deus, louvado seja, disse:
"Dize: Ó servos Meus que se excederam. contra si próprios, não
desespereis da misericórdia de Deus; certamente, Ele perdoa todos os
pecados, porque Ele é o Indulgente, o Mísericordiosíssímo'' (Alcorão
Sagrado, 39:53).
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E, louvado seja, disse também:
"Temos castigado, acaso, alguém, além do ingrato?" (Alcorão Sagrado,
34: 17).
E, louvado seja, disse ainda (a respeito de Moisés e Aarão):
"Foi-nos revelado que o castigo recairá sobre quem nos desmentir e
nos desdenhar" (Alcorão Sagrado, 20:48).
E, louvado seja, disse mais:
"Minha clemência abrange tudo" (Alcorão Sagrado, 7:156).
412. Ubada Ibn al Sámet (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Quanto àquele que prestar seu testemunho de que não há outra divindade
além do Deus, Único, sem parceiro algum; de que Mohammad é o servo e
Mensageiro de Deus; de que Jesus é o servo e Mensageiro de Deus - Seu verbo
e Seu espírito postos em Maria -; ede que tanto o Paraíso como o Inferno são
incontestáveis, então Deus o fará entrar no Paraíso, sejam quais forem as suas
obras." (Muttafac alaih)
413. Abu Zar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Deus, glorificado e
exaltado seja, diz: 'Quem fizer um bem será recompensado por dez vezes ou
mais, e aquele que cometer um mal será punido por um só pecado, ou será
perdoado; aquele que se aproximar de Mim um palmo, aproximar-Me-ei dele
um braço, e quem se aproximar de Mim um braço, aproximar-Me-ei dele dois
braços; aquele que vier a Mim andando, irei até ele correndo; aquele que vier a
Mim com tantos pecados quanto os grãos de areia, contanto que não tenha
associado ninguém a Mim, encontrã-lo-ei com a mesma quantidade de perdão.":
(Musslim)
414. Jáber (R) relatou que um beduíno perguntou ao Profeta (S): -o
Mensageiro de Deus, quais são as duas premissas?" Ele respondeu: "Aquele
que morrer sem que haja associado nada ou ninguém com Deus entrará no
Paraíso; e aquele que morrer tendo associado algo ou alguém a Deus entrará no
Inferno." (Musslim)
415. Anas (R) relatou que em certa ocasião Muaz ia atrás do Profeta (S),
em sua montaria, quando este lhe disse: "Muaz!" Respondeu: "Eis-me aqui, ó
Mensageiro de Deus!" E repetiu aquilo por três vezes. O Mensageiro de Deus
(S) disse: "Todo servo de Deus que prestar, com devoção e sinceridade de
coração, o testemunho de que não há outra divindade além de Deus, e que
Mohammad é Seu servo e Mensageiro, Deus o salvará do Inferno." Muaz
perguntou: -o Mensageiro de Deus, poderia eu anunciar isso entre as pessoas?"
Respondeu: "Não, porque se tornariam totalmente dependentes disso!" Um
pouco antes de morrer, Muaz relatou aquele episódio, temendo faltar com o
dever de informar o povo. (Muttafac alaih)
416. Abu Huraira (R) ou Abu Saíd al Khudri (R) relatou que durante a
expedição de Tabuk, os alimentos estavam tão escassos, que muitos passavam
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fome. Então, alguns disseram: -ó Mensageiro de Deus, concede-nos permissão
para sacrificarmos uns dos nossos camelos; deste modo, poderíamos comer da
sua carne e utilizar a sua banha." O Mensageiro de Deus (S) respondeu: "Sim,
fazei isso!" Nesse momento, acercou-se dele Ômar, dizendo: "Ó Mensageiro
de Deus, se lhes deres essa permissão, restar-nos-ão poucas montarias! Por que
não mandas que tragam o que resta de seus alimentos, e então imploras a Deus
as Suas bênçãos sobre eles? Talvez Deus ponha neles a Sua bênção!" O
Mensageiro de Deus (S) disse: "Sim, assim farei." Logo mandou que trouxessem
um manto de couro, estendeu-o ao solo, e ordenou que trouxessem os alimentos
que restavam. Um homem trouxe um punhado de milho; outro, um punhado de
tâmaras; e outro, um pedaço de pão... No entanto, com tudo reunido, a comida
era escassa. O Mensageiro de Deus (S), implorando a bênção de Deus sobre os
alimentos, disse: "Enchei vossos recipientes!" As pessoas começaram a encher
os seus recipientes até ao ponto de não ficar no acampamento um só recipiente
vazio. Comeram até fartar-se, e ainda sobrou bastante comida. Então, o
Mensageiro de Deus (S) disse: "Dou testemunho de que não há outra divindade
além de Deus, e de que eu sou o Seu Mensageiro. A qualquer servo de Deus que
morrer com este testemunho, com plena fé nele, Ele não negará o Paraíso."
(Musslim)
417. Itban Ibn Málek (R) narrou que estava encarregado de dirigir as
orações junto à sua gente, os Banu Sálem; porém, quando chovia, era-lhe difícil
atravessar o pequeno vale que separava sua casa da mesquita. Então foi ter com
o Mensageiro de Deus (S), contou-lhe o fato, e lhe pediu: "Gostaria que fosses
e rezasses em algum lugar da minha casa, para utilizá-lo como mesquita, pois
que me está falhando a visão, e não me acho capaz de cruzaro vale que separa
minha casa da mesquita, aonde reza a minha gente." O Mensageiro de Deus (S)
disse: "Sim, assim farei." Na metade da manhã do dia seguinte, chegou o
Mensageiro de Deus em companhia de Abu Bakr, pediu permissão para entrar
na casa, e ele lha concedeu. Antes de se sentar, perguntou: "Em que lugar da tua
casa gostarias que fosse feita a oração?" Málik lhe indicou o lugar onde queria
que se rezasse. O Mensageiro de Deus (S) se levantou e pronunciou: "Deus é
Maior!" iniciando a oração, ao tempo em que os demais se colocavam atrás
dele. Cumpriu duas racát, fez a saudação final, fazendo, os outros, o mesmo.
Então, Málik o convidou a comer uma comida preparada em casa. As pessoas
do bairro se inteiraram de que o Mensageiro de Deus (S) se encontrava naquela
casa, e para lá começaram a afluir. Alguém perguntou: "Onde está Málik, que
não o vejo?" E outro homem disse: "Esse não é mais que um hipócrita, que não
ama aDeus, nem ao Seu Mensageiro!" Foi quando o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Não digas isso! Acaso não sabes que ofereceu o seu testemunho de que
não há outra divindade além de Deus, buscando com isso a complacência de
Deus?" Aquele homem respondeu: "Deus e o Seu Mensageiro sabem mais!
Contudo, juro por Deus que os seus desvelos e as suas conversas não são senão
para e com os hipócritas" Porém, o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus tem
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salvo do Inferno quem testemunhou que não há outra divindade além de Deus,
buscando, com esse testemunho, a Sua complacência." (Muttafac alaih)
418. Ômar Ibn AI Khattab (R) relatou que, em certa ocasião, ele chegou
a Madina acompanhado de cativos. Entre eles havia uma mulher que buscava
angustiada o seu filhinho; e, quando o encontrou, abraçou-o e o amamentou.
Foi quando o Mensageiro de Deus (S) disse: "Poderíeis crer que essa mulher
seria capaz de arrojar seu filho ao Inferno?" Responderam: "Não, por Deus!"
Disse: "Pois sabei que Deus é mais misericordioso para com Seus servos do
que essa mulher o é para com o seu próprio filho." (Muttafac alaih)
419. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando Deus
criou os seres Ele escreveu no livro, que está com Ele nas alturas: "Minha
misericórdia prevalece sobre a Minha ira." (Muttafac alaih)
420. Abu Huraira (R) relatou ter ouvido o Mensageiro de Deus (S) dizer:
"Deus dividiu a misericórdia em cem partes, reteve noventa e nove partes,
fazendo descer apenas uma parte à terra. Dessa parte emana toda a compaixão
que a criação inteira divide entre si. É tamanha essa compaixão, que faz com
que o animal levante bem as garras para não causar dano à sua cria." (Muttafac
alaih)
421. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) transmitiu,
de seu Senhor, louvado e exaltado seja: "Um servo cometeu uma falta, e disse:
'Senhor, perdoa minha falta!' e Deus, louvado seja, disse: 'Meu servo cometeu
uma falta, mas reconheceu que tem um Senhor que perdoa ou castiga as faltas.'
O servo voltou a cometer outra falta, e disse: '6 Senhor, perdoa a minha falta!'
Deus, louvado seja, disse: 'Meu servo cometeu uma falta, contudo reconheceu
que tem um Senhor que perdoa ou castiga as faltas.' O servo, de novo cometeu
outra falta, e disse: '6 Senhor, perdoa a minha falta!' E Deus disse: 'Meu servo
cometeu uma falta, porém reconheceu que tem um Senhor que perdoa ou castiga
as faltas. Já perdoei oMeu servo; então, que faça o que lhe aprouver.'" (Muttafac
alaih)
422. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Juro
por Quem tem a minh'alma em Seu poder que se não cometêsseis faltas, Deus
vos substituiria por outro povo que cometeria faltas, e pediria perdão a Deus,
louvado seja, Que os perdoaria." (Musslim)
423. Kháled Ibn Zaid (R) contou que havia ouvido o Mensageiro de
Deus (S) dizer: "Se não tivésseis cometido faltas, Deus haveria criado um outro
povo que as teria cometido e, ato contínuo, teria pedido perdão, e Deus o teria
perdoado." (Musslim)
424. Abu Huraira (R) narrou: "Certa ocasião estávamos sentados em
companhia do Mensageiro de Deus (S). Entre nós se encontravam Abu Bakr e
Ôrnar (R). O Mensageiro de Deus (S) se levantou para abandonar a reunião.
Porém, demorou tanto, que temíamos por ele. De modo que nos levantamos
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todos, e fomos à sua procura, sendo eu o primeiro a fazê-lo. Aproximei-me do
horto que pertencia a um ansári (Abu Huraira contou também com se encontrou
com o Profeta). AÍ o Mensageiro de Deus (S) me disse: 'Vai, e dá a boa-nova a
todas as pessoas que encontrares fora deste horto: Quem quer que seja que
ofereça o testemunho de que não há outra divindade além de Deus, sentindo a
certeza - desse testemunho - em seu coração, alcançará o Paraíso.:" (Musslim)
425. Abdullah Ibn Amr Ibn al 'Ás (R) relatou que o Profeta (S) recitou
as palavras de Deus, no Alcorão Sagrado, concernentes ao que o Profeta Abraão
(AS) suplicou: -ó Senhor meu, já se desviaram muitos humanos. Porém,
quem me seguir será dos meus, e quem me desobedecer... Certamente 10
és Indulgente, Misericordiosíssimo!" (Alcorão Sagrado, 14:36), e as palavras
de Jesus (AS): "Se Tu os castigas é porque são Teus servos; e se os perdoas,
é porque10és o Poderoso, o Prudentíssimo" (Alcorão Sagrado, 5:118). Então,
o Profeta (S) ergueu as mãos, e disse: -ó Deus, minha comunidade, minha
comunidade!", e chorou. Deus lhe enviou o Anjo Gabriel para lhe perguntar por
que estava chorando (apesar de já ter conhecimento daquilo). Ao responder,
Deus disse ao Anjo para lhe informar: -ó Mohammad, Nós te satisfizemos
quanto à tua comunidade, e não te deixaremos triste." (Musslim)
426. Muaz Ibn Jabal (R) relatou: "Eu estava montado num burro, na
garupa do Profeta (S), quando ele me perguntou: -ó Muaz, tu sabes qual é o
direito de Deus sobre Seus servos e qual é o direito dos servos sobre Deus?'
Respondi: 'Deus e Seu Mensageiro sabem melhor'. Ele disse: 'O direito de
Deus sobre Seus servos é que eles devem adorar somente a Ele e não devem
associar ninguém a Ele. E o direito dos servos sobre Deus, é saber que Ele não
deve punir aqueles que não Lhe associam divindade alguma'. Ouvindo isso, eu
disse: -ó Mensageiro de Deus, posso informar as pessoas dessa feliz notícia?'
Ele disse: 'Não, senão as pessoas irão depender inteiramente disso.!" (Muttafac
alaih)
427. AI Barrá Ibn Ázeb (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Se o
muçulmano for interrogado, na tumba, e oferecer o testemunho de que não há
outra divindade além de Deus, e que Mohammad é o Seu Mensageiro, isso será
a explicação das palavras de Deus: 'Ele firmará os crentes com a palavra
firme, na vida terrena, bem como na Outra Vida'" (Alcorão Sagrado, 14:27).
(Muttafac alaih)
428. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Quando um
incrédulo realizar uma boa obra, será recompensado com o sustento desta vida,
ao passo que, ao crente, Deus preservará as recompensas para a Outra Vida, e
lhe concederá o sustento nesta vida pela sua obediência." (Musslim)
429. Jáber (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "As cinco
orações diárias se parecem com um rio profundo que corre diante da porta do
indivíduo, no qual ele se lava cinco vezes ao dia." (Musslim)
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430. Ibn Abbas (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:
"Sempre que morrer um muçulmano e lhe assistirem o funeral quarenta homens
que nunca associaram nada nem ninguém a Deus, Ele aceitará as suas
intercessões por ele." (Musslim)
431. Ibn Mass'ud (R) relatou: "Cerca de quarenta de nós estavam
presentes com o Profeta (S) quando ele nos perguntou: 'Ficaríeis contentes se
fôsseis constituir um quarto dos habitantes do Paraíso?' Respondemos: Sim,
Senhor! Depois ele perguntou: 'Ficaríeis felizes se fôsseis constituir um terço
dos habitantes do Paraíso?' Respondemos: Sim, Senhor, ficaríamos! Ele disse:
'Por Deus, em Cujas mãos está a vida de Mohammad, espero que constituais a
metade dos habitantes do Paraíso. Isso porque ninguém entrará no Paraíso, a
não ser a alma que estiver em plena submissão a Deus (for muçulmana), e a
vossa proporção quanto aos incrédulos é de um pêlo branco no couro preto dum
boi, ou de um pêlo preto no couro jalne dum touro'" (Muttafac alaih) .
432. Abu Mussa al Ach'ari (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S)
disse: 'No Dia da Ressurreição, Deus empurrará, ao muçulmano, um judeu ou
um cristão, e lhe dirá: 'Ele é a tua redenção do Fogo do Inferno.''' (Musslim)
433. Ibn Ômar (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:
"O crente irá aproximar-se do seu Senhor (Deus), no Dia do Julgamento, e Ele
o cobrirá com Sua misericórdia. Inquiri-Io-á acerca dos seus pecados:
'Reconheces tal e tal (coisa), este e aquele pecado?' Ele responderá: 'Senhor,
deveras reconheço!' Então Ele dirá: 'Guardei isso em segredado mundo para
ti, e hoje te perdôo.' Então o registro das suas boas obras lhe será passado às
mãos." (Muttafac alaih)
434. Ibn Mass'ud (R) relatou que um homem beijou uma mulher e foi
ter com o Profeta (S), e confessou o seu pecado. Foi, então, revelado o seguinte
versículo: "E observa a oração em ambas as extremidades do dia e em certas
horas da noite, porque as boas ações anulam as más" (11:114). O homem
perguntou: "Este versículo é para mim, ó Mensageiro de Deus?" Respondeu:
"E para toda a minha comunidade." (Muttafac alaih)
435. Anas (R) relatou: "Um homem foi ter com o Profeta(S) e confessou:
-ó Mensageiro de Deus, cometi um grande e punível pecado; portanto, puneme'
Como era a hora da oração, o homem cumpriu-a com o Mensageiro de
Deus. Depois da oração, o homem novamente disse ao Mensageiro de Deus
que havia cometido um pecado sério e pediu para ser castigado, de acordo com
o Livro de Deus. O Profeta perguntou: 'Cumpriste a oração conosco?'
Respondeu: 'Sim, cumpri'. O Profeta lhe disse: 'Então, foste perdoado.'''(
Muttafac alaih)
436. Anas Ibn Málik (R) diz que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus
fica contente com o Seu servo que come e O louva por isso, que bebe água e O
louva por isso." (Musslim)
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437. Abu Mussa al Ach'ari (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S)
disse: 'Deus, o Altíssimo, estende Sua mão, à noite, para que se arrependa o
malfeitor do que tenha cometido durante o dia, e estende Sua mão, de dia, para
que se arrependa o malfeitor do que tenha cometido durante a noite. E, assim,
até que o sol saia do seu poente.'" (Musslim)
438. Abu Najih Arnr Ibn Abassa Sulamini (R) relatou: "Nos dias da
jahiliya (dias da ignorância) eu costumava achar que as pessoas se haviam
desviado, e não seguiam qualquer religião verdadeira; costumavam adorar ídolos.
Depois de algum tempo ouvi falar de um homem, em Makka, que estava a dizer
algo novo. Então, montado no meu camelo, fui ter com ele. Constatei que se
tratava do Mensageiro de Deus (S) - com novas idéias -, e precisava viver
longe das vistas do seu povo, o qual o perseguia. Com algum planejamento,
consegui encontrar-me com ele em Makka. Perguntei-lhe: Que és tu? Ele
respondeu: 'Sou um Profeta.' Perguntei-lhe: Que é um profeta? Ele disse: 'Deus
me enviou como Seu Mensageiro.' Perguntei mais: Com que (missão) Ele te
enviou? Ele respondeu: 'Ele me enviou para dizer aos indivíduos que sejam
bondosos para com os parentes, que destruam os ídolos, que proclamem que
Deus é Único, sem ninguém a Ele associado.' Perguntei: Quais são as pessoas
que estão entre os teus seguidores? Ele disse: 'Um livre e um escaravo.' Naquela
ocasião, somente o Abu Bakr (R) e o Bilal (R) estavam com o Profeta (S). Eu
disse: Também sou teu seguidor, e quero estar contigo! Ele disse: 'Na presente
situação, não é aconselhável que faças isso; não vês a minha posição e a atitude
do povo? Volta pois para a tua gente e, quando souberes que eu tive sucesso
com a minha missão, então vem a mim!' De acordo com aquilo, voltei para os
meus e, enquanto estava com eles, o Mensageiro de Deus (S) migrou para
Madina. Continuei a perguntar para as pessoas acerca dele, até que alguns,
dentre o meu povo, visitaram Madina. Quando voltaram, perguntei-lhes: Como
se está saindo o homem que acaba de chegar a Madina? Eles disseram: 'O povo
está a correr até ele (para aceitar o seu credo). Embora o seu próprio povo
tentasse matá-lo, não tiveram sucesso!' Logo depois eu rumei para Madina,
apresentei-me perante o Profeta (S), e perguntei: Ó Mensageiro de Deus,
reconheces-me? Ele respondeu: 'Sim, tu és aquele que se encontrou comigo em
Makka!' Eu disse: Ó Mensageiro de Deus, dize-me das coisas que Deus te
ensinou e que eu não sei! Primeiro de tudo, dize-me (algo) da salat (oração)!
Ele disse: 'Oferece a oração matinal, e pára com ela, até que o sol se tenha
elevado à altura duma lança, pois nessa hora ele se eleva entre os dois chifres
do diabo, e é quando os incrédulos se prostram perante ele. Depois disso poderás
orar, porque (durante essa hora) a salat é observada e testemunhada pelos anjos,
até que a sombra duma lança se iguale ao tamanho da lança. Novamente, pára
com a oração, porque o fogo do Inferno é alimentado com combustível, nessa
hora. Quando a sombra aumentar, poderás continuar a orar, pois a salat é
obeservada e testemunhada pelos anjos, até à hora da oração Asr. Após à oração
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Asr, abstém-te de orar, até que o sol se tenha posto, porque ele se põe entre os
dois chifres do diabo, e os incrédulos se prostram perante ele, nessa hora!'
"Então eu disse: Ó Profeta de Deus, por favor, dize-me (algo) sobre a
ablução! Ele disse: 'Quando um indivíduo começa a ablução e lava sua boca
(gargareja), e lava as narinas, os pecados do seu nariz são (também) lavados.
Então, conforme ele lava o rosto, como Deus ordenou, os pecados do seu rosto
são (também) lavados e saem, com a água, pelos lados da sua barba. Depois ele
lava as mãos e o antebraço até aos cotovelos, e os pecados das suas mãos são
(também) lavados, e saem, com a água, pelos seus dedos. Então ele passa suas
mãos molhadas pela cabeça, e os pecados da sua cabeça são (também) lavados,
e saem, com a água, pelas extremidades dos cabelos. Depois ele lava os pés até
aos tornozelos, e os pecados dos seus pés são (também) lavados, e saem, com a
água, pelos dedos'" (Musslim).
439. Abu Mussa (R) relatou que o Profeta (s) disse: "Quando Deus
determina misericórdia a umpovo, Ele conc1ama a alma do seu Profeta perante
ele, e faz dela um arauto e depósito (de bons feitos) para ele, na Vida Futura; e
quando Deus determina a destruição de um povo, Ele o castiga enquanto o seu
Profeta está vivo, e o destrói durante sua vida, e observa a sua destruição, e se
deleita com isso, porque o rejeitaram e desobedeceram os seus mandamentos."
(Musslim)
CAPÍTULO 52
o MÉRITO DE SE MANTER A ESPERANÇA EM DEUS
Deus, louvado seja, disse:
"Quanto a mim, encomendo-me a Deus, porque é Observador de
Seus servos. E eis que Deus o preservou das conspirações que lhes haviam
urdido" (Alcorão Sagrado, 40:44-45).
440. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus
diz: 'Procederei com Meuservo, como ele espera que Eu seja. Estarei com ele
quando se lembrar de Mim.'" O Profeta (S) continuou, dizendo: "Por Deus, Ele
fica mais satisfeito com o arrependimento do servo, do que alguém de vós fica
quando encontra o camelo perdido, no deserto. Deus diz: 'Aquele que se
aproximar de Mim um palmo, aproximar-Me-ei dele um braço; aquele que se
aproximar um braço, aproximar-Me-ei dele dois. Se vier a Mim andando, irei
até ele correndo.:" (Muttafac alaih)
441. Jãber Ibn Abdullah (R) relatou que ouviu o Profeta (S) dizer, três
dias antes de sua morte: "Que ninguém morra sem esperar o melhor de Deus, o
Exaltado e Glorificado." (Musslim)
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442. Anas (R) relatou ter ouvido o Mensageiro de Deus (S) dizer: "Deus,
louvado seja, disse: -ó filho de Adão, sempre que Me implorares e Me suplicares,
Eu te perdoarei o que houveres feito, sem que nada Me importe! Ó filho de
Adão, ainda se tuas faltas alcançarem os horizontes do céu, e Me pedires perdão,
perdoar-te-ei! Ófilho de Adão, ainda se vieres a Mim, depois de haveres cometido
tantas faltas que dessem para encher a terra, e te encontrasses coMigo sem nada
nem ninguém associares a Mim, conceder-te-Ia um perdão que cobriria toda a
terra. ,,, (Tirrnizi)
CAPÍTULO 53
A COMBINAÇÃO DO TEMOR A DEUS COM A ESPERANÇA
DEPOSITADA N'ELE
Imam Nawawi diz que para uma pessoa - serva de Deus, o Altíssimo, é
desejável que, enquanto tiver boa saúde, deve temer a Deus, exaltado seja, e
deve ter a esperança depositada n'Ele. Ambas as coisas são igualmente
desejáveis. Quando estiver doente, deve ter uma esperança convicta. A respeito
disso, os princípios da chari'a, os textos do Alcorão e da Sunna são claros.
Deus, louvado seja, disse:
"Só pensam estar seguros dos desígnios de Deus os desventurados"
(Alcorão Sagrado, 7:99).
E, louvado seja, disse também:
"Não desesperam da misericórdia de Deus senão os incrédulos"
(Alcorão Sagrado, 12:87).
E, louvado seja, disse ainda:
"Chegará o dia em que uns rostos resplandecerão e outros se
ensombrecerão" (Alcorão Sagrado, 3:106).
E, louvado seja, disse mais:
"Em verdade, teu Senhor é Destro no castigo assim como é
Indulgente, Misericordiosíssimo" (Alcorão Sagrado, 7:167).
E, louvado seja, continuou:
"Sabei que os piedosos estarão em deleite; por outra, os ignóbeis
irão para a fogueira" (Alcorão Sagrado, 82:13-14).
E, louvado seja, prosseguiu:
"Porém, quanto àquele cujas ações pesarem na balança, desfrutará
de uma vida prazenteira. Em troca, aquele cujas ações forem leves na
balança, terá como lar um (profundo) precipício" (Alcorão Sagrado, 101:69).
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443. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se o
crente conhecesse o castigo de que Deus dispõe, jamais teria esperanças de
alcançar o Seu Paraíso. E se o incrédulo conhecesse a misericórdia de que Deus
dispõe, jamais perderia a esperança de alcançar o Seu Paraíso." (Musslim)
444. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Quando se prepara o féretro de uma pessoa, e o ataúde é levado pelos homens,
esse féretro, se for de uma pessoa virtuosa, dirá: 'Apressai-vos... apressai-vos!'
Entretanto, se for de uma pessoa não virtuosa, dirá: 'Pobre dela! aonde a levais!?'
Sua voz será ouvida por todas as criaturas, menos pelo ser humano; pois caso a
ouvisse, ficaria atordoado." (Bukhári)
445. Ibn Mass'ud (R) relatou: "O Profeta (S) disse: 'O Paraíso está mais
perto de vós do que o cordão de vosso calçado. O mesmo acontece com o
Inferno.": (Bukhári)
CAPÍTULO 54
o MÉRITO DE SE CHORAR POR TEMOR E AMOR A DEUS,
Deus, louvado seja, disse:
"E caem de bruços, chorando, e isso lhes aumenta a humildade"
(Alcorão Sagrado, 17:109).
E, louvado seja, disse também:
"Por que vos assombrais, então, com esta Mensagem? E rides ao
invés de chorardes?" (Alcorão Sagrado, 53:59-60).
446. Abdullah Ibn Mass'ud (R) relatou que o Profeta (S) lhe disse: "Recita
para mim o Alcorão!" Respondi-lhe: -ó Mensageiro de Deus, como posso
recitar-te o Alcorão, se ele foi revelado a ti!?" Disse: "É que gosto de ouvir a
sua recitação feita por outros!" Assim, comecei a recitar a Surata da Mulheres
(Annissá), até que cheguei ao versículo que diz: 'Que será deles quando
apresentarmos uma testemunha de cada nação e te apresentarmos
testemunha contra eles?' Naquele momento, o Mensageiro de Deus (S) disse:
'Agora, com isto, é o suficiente!' Voltei-me para ele, e vi que os seus olhos
derramavam lágrimas." (Muttafac alaih)
447. Anas (R) relatou que ouvira um sermão do Mensageiro de Deus
contendo algo cuja semelhança nunca escutara antes. Uma das coisas que disse
foi: 'Se soubésseis do que sei, teríeis rido pouco e chorado bastante!' foi então
que vi os companheiros do Mensageiro de Deus (S) cobrirem seus rostos. Seus
soluços se faziam ouvir." (Muttafac alaih)
448. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele que derrama
lágrimas com temor a Deus não irá para o inferno, até que o leite retorne ao
seio, e o pó produzido no Jihad (a luta pela causa de Deus) não se junta à
fumaça do Fogo do Inferno." (Tirmizi)
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449. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Sete
indivíduos serão aqueles que estarão à sombra de Deus no Dia do Juízo Final,
quando não haverá outra sombra além da d'Ele. São: o governante justo, o
jovem que passou a sua juventude adorando a e a serviço de Deus, glorificado
e exaltado seja; aquele que tiver o coração permanentemente ligado à mesquita;
duas pessoas que se amam por amor a Deus; eles se juntam para aprazerem a
Deus e se separam para aprazê-Lo; aquele que for incitado a cometer um pecado
por uma mulher bela e de posição e não aceitar, dizendo: 'Temo a Deus'; aquele
que faz caridade em segredo, sem se mostrar, de tal forma que sua mão esquerda
não sabe o que a direita dá; e aquele que se lembra de Deus com tanta solicitude,
que seus olhos se enchem de lágrimas." (Muttafac alaih)
450. Abdullah Ibn aI Chikhir (R) relatou: "Certa ocasião, entrei na casa
do Mensageiro de Deus (S) para vê-lo; porém, encontrava-se rezando. Chorava
tanto, que seus soluços pareciam o ruído de uma caldeira." (Abu Daúd e Tirmizi)
451. Anas (R) contou que o Mensageiro de Deus (S) disse para Ubai Ibn
Caab (R): "Deus, louvado seja, ordenou-me recitar-te o seguinte: 'Os incrédulos,
dentre o povo da Escritura, e os idólatras não poderiam renunciar (à sua fé), até
que lhes chegasse a prova evidente. '" Ubai perguntou: "Então, Deus me
nomeou?" Disse: "Sim!" Ubai se pôs, então, a chorar. (Muttafac alaih)
452. Anas Ibn Málik (R) relatou que depois do falecimento do Profeta
(S), Abu Bakr (R) disse para Ômar (R): "Vamos visitar Ummu Aiman (R), pois
o Mensageiro de Deus (S) costumava fazê-lo." Quando lá chegaram, ela começou
a chorar. Eles lhe perguntaram: "O que te faz chorar? Tu não sabes que Deus
tem melhor recompensa para o Mensageiro de Deus do que ele possuía aqui na
terra?" Ela disse: "Sei muito bem disso, e não choro por isso. Derramo lágrimas
porque a revelação agorajá parou." Isso comoveu tanto os dois distintos visitantes
que eles também se puseram a chorar com ela. (Musslim)
453. Ibn Ômar (R) relatou que quando a doença do Profeta (S) se tornou
séria, foi-lhe perguntado quem iria liderar as orações. Ele disse: "Deve-se pedir
ao Abu Bakr que lidere as pessoas, na oração." Nisso, a Aicha (R) disse: "O
Abu Bakr (R) é um homem de coração mole; ele poderá interromper e começar
a chorar, quando iniciar a recitação do Alcorão Sagrado!" O Profeta (S) repetiu:
"Pedi-lhe (ao Abu Bakr) que lidere a oração!"
De acordo com outra versão: Aicha disse: "Quando oAbu Bakr (R) estiver
no teu lugar, a congregação não será capaz de ouvi-lo, por cuasa dos seus
soluços." (Muttafac alaih)
454. Ibrahim Ibn Abdur Rahman Ibn Auf (R) relatou que uma vez a
comida foi levada perante o Abdur Rahman bin Auf (R) quando ele estava
jejuando (e estava para quebrar o jejum). Então ele argumentou: "O Mussab
Ibn Umair foi martirizado (quando estava jejuando), e ele era um homem melhor
que eu. Não havia nada disponível, nem para a sua mortalha, a não ser um pano
(tão curto) que se sua cabeça ficasse coberta, seus pés ficariam a descoberto; e
se seus pés ficassem cobertos, sua cabeça ficaria a descoberto. E agora o mundo
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se nos tomou amplamente aberto, e foi-nos concedida generosa riqueza; tememos
que os nossos bons feitos tenham sido recompensados mui rapidamente (isto é,
apenas neste mundo)!" Nisso, ele começou a chorar, e nem mesmo comeu.
(Bukhari)
455. Abu Umama Sudai Ibn Ajlan aI Báhili (R) relatou que o Profeta (S)
disse: "Do que Deus mais gosta é de duas gotas: uma de lágrima derramada por
temor a Ele, e outra do sangue derramado em prol d'Ele; e de duas marcas: uma
adquirida (ferimento) pela causa de Deus, e u'a marca adquirida no decurso do
cumprimento de uma obrigação ordenada por Deus." (Tirmizi)
456. Abu Najih Irbadh Ibn Sáriya (R) relatou: "O Profeta (S) proferiu
um comovente discurso que nos tocou grandemente a todos, causando uma
onda de temor em nossos corações. Dissemos-lhe que aquele sermão mais parecia
uma recomendação, e que ele nos dissesse algo mais como conselho, ao que ele
disse: 'Aconselho-vos a temerdes a Deus (por causa da vossa obrigação para
com Deus), e a ouvirdes e obedecerdes mesmo a um escravo que for posto em
autoridade sobre vós! Aqueles dentre vós que sobreviverem a mim, verão uma
porção de divergências. É da vossa incumbência seguirdes a minha sunna
(prática) e as práticas dos meus sucessores adequadamente dirigidos (califas);
apegai-vos firmemente a esses preceitos e essas tradições, e tende cuidado com
as inovações e invenções quanto à religião! Porque toda inovação leva para um
caminho errado.''' (Abu Daúd)
CAPÍTULO 55
AVIRTUDE DO ASCETISMO, DA AUSTERIDADE E DA POBREZA
Deus, louvado seja, disse:
"O prazer da vida terrena equipara-se à água que enviamos do céu,
a qual mistura-se com as plantas da terra, de que se alimentam os homens
e o gado; e quando a terra se enfeita e se engalana, a ponto de seus habitantes
crerem ser seus senhores, açoita-a Nosso desígnio, seja à noite ou de dia,
deixando-a desolada como se, na véspera, não houvesse sido verdejante.
Assim elucidamos os versículos àqueles que refletem" (Alcorão Sagrado,
10:24).
E, louvado seja, disse também:
"Expõe-lhes o exemplo da vida terrena, que se assemelha à água
que enviamos do céu, a qual se mescla com as plantas da terra, as quais se
convertemem feno que os ventos disseminam. Sabei que Deus é Onipotente.
Os bens e os filhos são o encanto da vida terrena; por outra, as boas ações,
perduráveis, são mais meritórias, e mais esperançosas aos olhos de teu
Senhor" (Alcorão Sagrado, 18:45-46).
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E, louvado seja, disse ainda:
"Sabei que a vida terrena é apenas jogo e diversão, veleidades, mútua
vangloria e rivalidade com respeito à multiplicação de bens e filhos; é como
a chuva que compraz aos cultivadores, por vivificar a plantação; logo,
completa-se seu crescimento e a verás amarelada, e transforma-se em feno.
Na Outra Vida haverá castigos severos, indulgência e complacência de Deus.
Que é a vida terrena senão um prazer ilusório?" (Alcorão Sagrado, 57:20).
E, louvado seja, disse mais:
"Aos homens foi abrilhantado o amor à concupiscência, relacionada
às mulheres, aos filhos, ao entesouramento do ouro e da prata, aos cavalos
de raça, ao gado e às sementeiras. Tal é o gozo da vida terrena; porém, a
bem-aventurança está ao lado de Deus" (Alcorão Sagrado, 3:14).
E, louvado seja, continuou:
-ó humanos, a promessa de Deus é inexorável! Que a vida terrena
não vos alucine, nem vos engane o sedutor, com respeito a Deus" (Alcorão
Sagrado, 35:5).
E, louvado seja, prosseguiu:
"A cobiça vos entreterá, até que desçais aos sepulcros. Qual! Logo o
sabereis! Novamente, qual! Logo o sabereis. Qual! Se soubésseis da ciência
certa!" (Alcorão Sagrado, 102:1-6).
E, louvado seja, foi além:
"E que é a vida terrena senão diversão e jogo? Certamente a morada
no Outro Mundo é a verdadeira vida; se o soubessem!" (Alcorão Sagrado,
29:64).
457. Amr Ibn Auf ai Ansári (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
mandou que o Abu Ubaidah Ibn ai Jarrah (R) fosse a Bahrain cobrar a taxa de
jizya e, como recebedor, ele voltou de lá com o dinheiro. Quando os Ansar
souberam daquilo, juntarm-se à congregação da oração matinal, em que estava
também o Mensageiro de Deus (S). Depois que a oração havia terminado, eles
compareceram perante ele. Ao vê-los, ele sorriu e disse: "Acho que viestes a
saber que o Abu Ubaida trouxe algo de Bahrain!" Eles disseram: "Sim, é isso, ó
Mensageiro de Deus (S)!" Ele disse: "Sede felizes, e esperai pela coisa que vos
dará prazer! Por Deus, não é a vossa pobreza que me preocupa. O que 'me
preocupa é que sereis dotados com bens terrenos e riquezas em abundância, e
então começareis a anelar as mesmas coisas que anelaram os povos antes de
vós. O resultado será que este mundo (vosso desejo pelas aquisições terrenas)
vos destruirá como destruiu os povos que vos precederam." (Muttafac alaih)
458. Abu Saíd ai Khudri (R) disse: "Numa ocasião o Mensageiro de
Deus (S) sentou-se no púlpito, e nós tomamos assento ao redor dele. Ele disse:
'o que me preocupa acerca de vós, depois que eu deixar este mundo, são os
encantos, as atrações e as riquezas deste mundo, que mostrar-se-ão escancarados
para vós, como resultado das vossas conquistas." (Muttafac alaih)
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459. Abu Saíd ai Khudri (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"O mundo é verdejante e doce (é pleno de riquezas e sedução), e Deus vos
apontará (como Seus) legatários nele, e verá como vos comportareis. Portanto,
acautelai-vos quanto a este mundo e às mulheres (ou seja, abstende-vos de muita
indulgência neste mundo, do mau comportamento sexual e da licenciosidade)."
(Musslim)
460. Anas Ibn Málik (R) relatou que o Profeta (S) dizia: -o Deus, não há
outro conforto a não ser o conforto do Mundo Vindouro." (Muttafac alaih)
461. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Três coisas
seguem o féretro de uma pessoa: os membros de sua família, seus pertences e
seus atos. As duas primeiras voltam e a terceira permanece com ele." (Muttafac
alaih)
462. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A mais rica
pessoa do mundo que foi destinada ao Inferno será trazida, no Dia do Juízo
Final, será imersa no Inferno, e lhe será perguntado: -ó filho de Adão,
presenciaste algum bem, tiveste alguma bênção?' Dirá: 'Não, ó Senhor!' Então,
aquele que foi acometido de adversidades e penúria no mundo, e foi destinado
ao Paraíso, será trazido, será imerso no Paraíso, e lhe será perguntado: -ó filho
de Adão, enfrentaste alguma vez a adversidade, tiveste alguma vez uma situação
má?' Ele dirá: 'Por Deus, nunca experimentei qualquer adversidade, nunca estive
em má situação!'" (Musslim)
463. AI Mustaured Ibn Chaddad (R) relatou que o Mensageiro de Deus
(S) disse: "A vida presente é, em relação à Vida Futura, como se alguém
mergulhasse o dedo no mar. Que olhe! Que quantidade (de água) tiraria?"
(Musslim)
464. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) passou, certa ocasião,
pelo mercado, que estava cheio de gente, e viu lá um cabrito morto, cujas orelhas
eram pequenas. Pegou então, por uma das orelhas, e perguntou: "Quem gostaria
de comprá-lo por um só dirham?" Disseram: "Não o queremos para nada. Que
iríamos fazer com ele?" Disse: "Gostaríeis que fosse vosso?" Responderam:
"Por Deus! ainda que estivesse vivo, seria repelido, pois tem as orelhas pequenas;
e, ademais, está morto!" Disse o Profeta: "Por Deus, a vida deste mundo tem
menos valor para Deus do que este cabrito para vós!" (Musslim)
465. Abu Zar (R) relatou: "Em certa ocasião estava passeando com o
Profeta (S). Tínhamos à vista o Monte Uhod. Disse-me: -ó Abu Zar!' Respondi:
-ó Mensageiro de Deus, estou à tua disposição!' Disse: 'Não seria feliz se tivesse
o que é o Uhod em ouro; porém, se o tivesse, não se passariam mais de três dias
para que o distribuísse todo, sem ficar com um só dinar dele, salvo alguma
coisa que haveria de guardar para saldar alguma dívida. Distribuí-lo-ia todo
entre os servos de Deus, assim, assim, e assim' (assinalando com a mão, para a
direita, a esquerda e para trás). Então continuamos andando, e ele me disse: 'Os
que mais têm serão os menos recompensados no Dia do Juízo, salvo aqueles
que distribuírem suas fortunas, assim, assim, e assim (assinalando com a mão,
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para a direita, a esquerda, e para trás). Na realidade, são poucos (que o fazem).'
Um pouco mais tarde, disse-me: 'Não saias deste lugar, até que eu volte!' Então
saíu caminhando pela escuridão, até que o perdi de vista. Momentos depois,
ouvi uma forte voz, e tive medo de que alguém tivesse saído ao encalço do
Profeta (S). Quis alcançá-lo, mas me lembrei do que me havia dito (não saias
deste lugar, até que eu volte). De sorte que permaneci no lugar até que voltou.
Então lhe disse: 'Ó Mensageiro de Deus, ouvi uma voz estranha, e tive medo...'
e lhe contei o que havia ouvido. Ele me perguntou: 'Ah, então ouviste}?' Disse:
'Sim!' Disse ele: 'Era o Arcanjo Gabriel, que veio ver-me, e dizer-me: "Qualquer
um que morrer sem ter associado nada nem ninguém a Deus entrará no Paraíso.'''
Perguntei-lhe: 'Mesmo que haja cometido fornicação ou roubo? E ele me
respondeu: 'Sim, mesmo que haja cometido fornicação ou roubo.'''' (Muttafac
alaih)
466. Abu Huraira (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se
eu tivesse o que é o Monte Uhod, em ouro, comprazer-me-ia distribuí-lo todo
antes que passassem três noites, salvo algo dele, para saldar alguma dívida."
(Muttafac alaih)
467. Abu Huraira (R) relatou-que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deveis
olhar para a pessoa que está abaixo de vós, e não para que está acima de vós.
Assim, tereis a oportunidade de apreciar a benevolência que Deus tem para
convosco." (Muttafac alaih)
468. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (s) disse: "Malditos são
aqueles que vão atrás de dinars e dirhams, e de peças de roupas pretas e listradas
(roupas preciosas). Se (estas) lhes são fornecidas, ficam felizes; e se não lhes
são fornecidas, ficam descontentes." (Bukhári)
469. Abu Huraira (R) relatou: "Vi setenta dos moradores de AI Suffa, e
notei que nenhum deles portava túnica. Tinham somente um camisolão que
usavam para se cobrir, atavam-no aos pescoços. De maneira que para uns a
veste chegava à metade das pernas, e, para outros, aos tornozelos. Por isso
tinham de segurá-Ia com as mãos, pois temiam que as suas partes pudendas
ficassem a descoberto." (Bukhari)
470. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O
mundo é uma prisão para os crentes e um paraíso para os incrédulos" (Musslim).
471. Ibn Omar (R) relatou que uma vez o Mensageiro de Deus (S) o
segurou pelos ombros e disse: "Vive neste mundo como se fosses um estranho
ou viajante." Ibn Ômar costumava dizer: "Quando chegardes ao entardecer,
não espreis que amanheça, e quando amanhecer, não espereis que entradeça.
Aproveitai a vossa saúde para a vossa doença e preparai-vos para a morte
enquanto estiverdes vivos." (Bukhári)
472. Sahl Ibn Sa'ad Al Sá'idi (R) relatou: "Um homem foi ter com o
Profeta (S), e disse: -ó Mensageiro de Deus, indica-me uma ação que, se eu
praticar, Deus e as pessoas me amarão'. Disse-lhe: 'Não dê maior importância
a este mundo, que Deus te amará. Não cobices o que as pessoas têm, que elas te
amarão.''' (Ibn Mája e outros)
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473. AI Numam Ibn Bachir (R) contou que Ômar Ibn al Khattab (R)
falou, quando as pessoas ricas e prósperas: "Vi o Mensageiro de Deus (S)
retorcendo-se de tanta fome, durante o dia todo, pois não tinha com que alimentarse,
nem sequer umas tâmaras de péssima qualidade!" (Musslim)
474. Aicha (R) narrou: "Quando morreu o Profeta (S), não tinha em
minha casa nada que uma criatura pudesse comer, a não ser um pouco de cevada.
Comi dele bastante tempo e, quando fui avaliar o que restara, constatei que
havia terminado." (Muttafac alaih)
475.Amr Ibn Háris (R), irmão do Ummul Muminin Juwairia (R), relatou
que quando o Mensageiro de Deus (S) faleceu, não deixou dinar ou dirham
algum, mulher cativa, ou nada, a não ser uma mula de montaria, suas armas e
sua terra, que havia sido dada em caridade para (uso e conveniência d') os
viajantes. (Bukhari)
476. Khabbab IbnArat (R) relatou: "Nós emigramos com o Mensageiro
de Deus (S) simplesmente para aprazermos a Deus e, assim sendo, nossa
recompensa no Mundo Vindouro é certa. Alguns de nós morreram logo, nada
defrutando das suas recompensas (neste mundo). Um deles foi o Mussab Ibn
Umair (R), que foi martirizado na batalha de Uhud; deixou, após à morte, apenas
um lençol; este era tão pequeno, que se lhe cobrisse a cabeça, seus pés ficavam
descobertos, e se cobrisse os pés, sua cabeça ficava descoberta. Então o Profeta
(S) nos orientou no sentido de que combríssemos a cabeça do defunto, e que
cobríssemos os pés com capim. Há outros entre nós que desfrutam
abundantemente a vida - ou seja, levam uma vida feliz e próspera." (Muttafac
alaih)
477. Sahl Ibn Sa'ad Al Sá'idi (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Se o mundo valesse, para Deus, a asa de um mosquito, Ele não permitiria
que o incrédulo tomasse dele um só gole de água." (Tirmizi)
478. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Este
mundo é maldito, e também as coisas dele, menos a recordação de Deus e do
que Ele gosta, os estudiosos e os estudantes." (Tirmizi)
479. Abdullah Ibn Massud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Não busqueis por demais a aquisição de propriedades, pois isso faria
com que amásseis apenas a vida." (Tirmizi)
480. Abdullah Ibn Amr Ibn al 'Ás (R) afirma: "Estávamos consertando
o nosso teto de palha, quando o Mensageiro de Deus (S) chegou e nos perguntou:
'Que estais fazendo?' Respondemos: O teto ficou fraco, e nós o estamos
consertando! Ele disse: 'Eu vejo a ordem (o Dia do Julgamento) se aproximando
mais rápido que isto." (Abu Daúd e Tirmizi).
481. Kaab Ibn Aiádh (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S)
dizer: "Cada comunidade (nação) é submetida a um teste, e o teste da minha
comunidade é com a riqueza!" (Tirmizi).
482. Abu Amr, que era também chamado Abu Abdullah ou Abu Laila
Osman IbnAfan (R) relatou queo Profeta(S) disse: "O filho de Adão (o homem)
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tem direito a ter apenas três coisas: uma casa onde morar, uma roupa para lhe
cobrir as partes privadas, um pedaço de pão e, naturalmente, água." (Tirmizi)
483. Abdulllah Ibn AI Chikhir (R) relatou: "Apresentei-me ao Profeta
(S) quando ele estava recitando a Surata da Cobiça (Alcorão Sagrado, 102). Ele
acrescentou: 'As pessoas dizem: minha propriedade, minha propriedade; mas,
ó filhos de Adão, o que vos pertence, de vossos bens além do que comeis, que
logo desvanecerá ou o que vestis, que logo se desgastará ou o que dais em
caridade, que perdurará.'" (Musslim)
484. Abdullah Ibn Mughaffal (R) relatou: "Um homem disse para o
Profeta (S): 'Por Deus, ó Mensageiro de Deus, deveras te amo!' O Profeta (S)
disse: 'Vê bem o que estás a dizer!' O homem disse: 'Por Deus, eu te amo!', e
repetiu a frase por três vezes. O Profeta (S) disse: 'Se realmente me amas, então
prapara-te para uma pobreza aguda, porque a extrema pobreza é atraída mais
rapidamente para a pessoa que me ama, do que a correnteza a correr para a sua
meta.'" (Tirmizi)
485. Kaab Ibn Málik (R) contou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Dois lobos famintos que perseguissem um rebanho de ovelhas não causariam
mais danos do que a cobiça do ser humano à religião, quando busca riquezas e
posições de destaque." (Tirmizi)
486. Abdullah Ibn Mass'ud (R) relatou que uma vez o Mensageiro de
Deus (S) dormiu sobre uma esteira feita de folhas de tamareira. Quando ele
acordou, as marcas da esteira estavam visíveis sobre o seu corpo. Dissemos: -ó
Mensageiro de Deus, podemos preparar um colchão macio para ti?" O Profeta
disse: "Nada tenho a ver com este mundo. Estou nele como um viajante que
está sentado à sombra de uma árvore por um pequeno espaço de tempo; e depois
de descansar um pouco, retorna à sua jornada, deixando a árvore para trás."
(Tirmizi)
487. Abu Huraira (R) relatou que O Mensageiro de Deus (S) disse: "Os
pobres entrarão no Paraíso quinhentos anos antes que os ricos." (Tirmizi)
488. Ibn Abbas e Urnran Ibn al Hushain (R) narraram que o Profeta (S)
disse: "Quando observei o Paraíso, notei que a maioria de seus moradores era
de entre os pobres; e quando observei O Inferno, notei que a maioria dos seus
moradores era de entre as mulheres." (Muttafac alaih)
489. Ussama Ibn Zaid (R) relatou que o Profeta (S) disse: "(Na véspera
do lailatul mi 'raj) quando eu estava no portão do Paraíso, constatei que a maioria
das pessoas que nele entrava era de pobres, enquanto aos ricos não era permitido
lá entrarem; mas aos condenados ao Inferno era ordenado que ali ficassem."
(Muttafac alaih)
490. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A coisa mais
acurada que já foi dita é o verso recitado pelo poeta Labib: 'Tudo, além de
Deus, é falso.'" (Muttafac alaih)
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CAPÍTULO 56
AS EXCELÊNCIAS DE SE PASSAR FOME. COISAS SOBRE A
AUSTERIDADE, A SUBSISTÊNCIA COM POUCA COMIDA, POUCA
ÁGUA, VESTIMENTA E DEMAIS COMODIDADES. O ABANDONO
DOS DESEJOS PASSIONAIS
Deus, louvado seja, disse:
"Sucedeu-lhes, depois, uma descendência que abandonou a oração
e se entregou às concupiscências. Porém, logo terão seu merecido castigo.
Salvo aqueles que se arrependerem, crerem e praticarem o bem; esses
entrarão no Paraíso e não serão defraudados" (Alcorão Sagrado, 19:59-60).
E, louvado seja, disse também:
"Então apresentou-se a seu povo com toda a sua pompa. Os que
ambicionavam a vida terrena disseram: Oxalá tivéssemos o mesmo que foi
concedido a Carun! Quão afortunado é! Porém, os sábios lhes disseram:
Ai de vós! A recompensa de Deus é preferível para o crente que pratica o
bem" (Alcorão Sagrado, 28: 79-80).
E, louvado seja, disse ainda:
"Então, sereis interrogados, nesse dia, a respeito dos prazeres"
(Alcorão Sagrado, 102:8).
E, louvado seja, disse mais:
"A quem quiser as coisas transitórias (deste mundo), atendê-lo-emos
prontamente no que desejar; a quem Nos aprouver, porém, destiná-lo-emos
ao Inferno, em que entrará vituperado, rejeitado" (Alcorão Sagrado, 17:18).
491. Aicha (R) relatou: "Os membros da família de Mohammad (S) nunca
comeram pão de centeio, por dois dias seguidos, até à morte dele." (Muttafac
alaih)
492. Urwa (R) relatou, baseado em Aicha (R), que ela costumava dizer:
"6 meu sobrinho, passavam três luas, em dois mêses, sem acendermos um fogo
no lar do Mensageiro de Deus (S)." Perguntei: "Tia, como conseguistes sobreviver?"
Ela disse: "Com duas coisas pretas, tâmaras e água. O Profeta (S) tinha
vizinhos dos ansar, que possuíam camelas leiteiras. Eles costumavam enviar
um pouco de leite para o Mensageiro de Deus (S), e ele dava o leite para nós."
(Muttafac alaih)
493. Abu Huraira (R) passou, certa ocasião, perto de um grupo de
indivíduos que estavam comendo um cordeiro assado. Eles o convidaram a
comer, mas ele declinou do convite, dizendo: "O Mensageiro de Deus (S) deixou
esta vida sem saciar-se sequer de pão de cevada!" (Bukhári)
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494. Anas (R) relatou que o Profeta (S) nunca comeu numa mesa nem
nunca provou um pão de bom trigo, e assim foi, até que morreu. (Bukhári)
495. Annu'man Ibn Bachir (R) relatou: "Vi o Profeta (S) sem ter tâmaras
suficientes para poder matar a sua fome."
496. Sahl Ibn Saad (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) nunca viu
pão branco desde o seu comessionamento como Profeta, até à sua morte. Ele
foi perguntado: "Tinhais, na época do Mensageiro de Deus, peneiras?" Disse:
"O Mensageiro de Deus também não viu uma peneira desde o seu
comessionamento até à sua morte." Perguntaram-lhe mais: "Como comieis o
pão de cevada, sem peneirá-lo?" Disse: "Moímaos a cevada e removíamos a
palha com assopro. Desta forma, a palha voava, e consumíamos o que sobrava."
(Bukhári)
497. Abu Huraira (R) relatou que, em certa ocasião, o Mensageiro de
Deus (S) saiu de sua casa e se encontrou com Abu Bakr e Ômar (R), e lhes
perguntou: "Que foi que vos fez sair das vossas casas a estas horas?"
Responderam: "A fome, ó Mensageiro de Deus!" Disse o Profeta: "A mim
também ... por Aquele Que tem a minh'alma em Suas mãos! Também me fez
sair o que vos fez sair, vós dois. Portanto, vinde comigo!" De maneira que
caminharam juntos até à casa de um dos Ansar; porém, este não se encontrava
em casa. Mas quando a mulher os viu, disse: "Sede benvindos a esta casa!" O
Mensageiro de Deus (S) lhe perguntou: "Onde está o teu marido?" Ela respondeu:
"Foi buscar água fresca." Naquele momento, chegou o dos Ansar e, olhando o
Mensageiro de Deus e os seus dois companheiros, disse: "Louvado seja Deus!
Não há nada que honre tanto a um hospedeiro, como o que hoje acontece a
mim!" Ato contínuo, se foi, e voltou com um racimo de tâmaras verdes e outro
de tâmaras maduras, e lhes disse: "Comei!" Todavia, conforme o dos Ansar
pegava sua faca, o Mensageiro de Deus (S) advertiu: "Toma cuidado em não
sacrificar uma ovelha de leite!" Então o homem sacrificou um cordeiro; comeram
do cordeiro, bem como as tâmaras, e beberam água. Quando se sentiram
satisfeitos, o Mensageiro de Deus (S) disse para Abu Bakr e para Ômar: "Por
Aquele Que tem a minh'alma em Suas mãos, que tereis de prestar contas no
Dia do Juízo, por estes regalos recebidos. Pois a fome vos fez sair de vossas
casas, mas não regressastes a elas sem que encontrásseis estas delícias!"
(Musslim)
498. Khálid Ibn Omar AI 'Adaui relatou: "Uma vez Utba Ibn Ghazawan,
governador de Basra, pronunciou um discurso para nós. Depois de enumerar os
encômios de Deus e de glorificá-Lo, ele disse: 'O mundo está anunciando o seu
fim, já mudou de feição e o tempo está correndo rápido. Muito pouco do mundo
ficou. E é tão pequeno quanto as gotas d'água deixadas depois de se beber a
água da vasilha. São essas gotas que os que amam o mundo estão bebendo.
Sereis transferidos dele para uma morada perene. Portanto, certificai-vos de
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irdes com o melhor que possuírdes. Fomos informados de que uma pedra jogada
na boca do Inferno continuará caindo por setenta anos, e mesmo assim não
alcançará o fundo. Mas, por Deus, será enchido com os pecadores. Estais
surpresos com isso? Fomos também informados de que a distância entre dois
dos portões do Paraíso é igual à distância da jornada de quarenta anos. A despeito
disso, dia virá em que estará lotado com seres humanos. Lembro-me de ser um
dos sete indivíduos, juntamente com o Profeta (S), que não tínhamos para comer
além de folhas de árvores, que machucavam as nossas bocas. De alguma forma,
consegui um pano que dividi em duas partes, uma eu usei e a outra foi usada
por Saad Ib Málik. Hoje, cada um de nós é adminstrador de uma cidade. Peço
refúgio em Deus de me sentir importante, porém ser ínfimo perante Ele.'"
(Musslim)
499. Abu Mussa aI Achari (R) relatou: "Aicha nos mostrou uma túnica
de um tecido grosseiro, e nos disse: 'o Mensageiro de Deus (S) apenas usou
estas peças quando lhe adveio a morte.'" (Muttafac alaih)
500. Saad Ibn Abu Waqas (R) relatou: "Fui o primeiro árabe a disparar
uma flecha pela causa de Deus. Às vezes lutávamos ao lado do Mensageiro de
Deus (S), sem dispormos de comida, a não ser as folhas de sarmento e de junco,
e isso nos fazia defecar como defecam as ovelhas." (Muttafac alaih)
501. Abu Huraira (R) contou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Senhor, faze com que o sustento da família de Mohammad seja suficiente para
satisfazer as suas necessidades de comer!" (Muttafac alaih)
502. Abu Huraira (R) relatou: "Por Deus, que não há outroa divindade
além d'Ele. Durante os dias do Profeta (S), eu costumava apertar o estômago
no chão, devido à fome extrema, ou costumava amarrar uma pedra sobre ele.
Uma dia eu estava sentado ao lado da via pública quando o Profeta (S) passou
por mim. Ao me ver, ele sorriu e percebeu, pela minha cara a minha condição
(de faminto). Ele chamou-me: -ó Aba Her (Abu Huraira)'. Respondi: 'Eis-me
aqui, ó Mensageiro de Deus'. Ele disse: 'Segue-me'; saiu andando, e eu o segui.
Ao chegar em sua casa, ele pediu permissão para entrar e entrou, e também
permitiu que eu entrasse. Dentro da casa ele viu um copo de leite, e perguntou
aos que estavam em casa: 'De onde veio este leite?' Disseram: 'Foi enviado a ti
por fulano ou fulana.' Ele me chamou: -o Aba Her.' Respondi: 'Eis-me aqui, ó
Mensageiro de Deus.' Ele disse: 'Vai e chama os meus companheiros da Suffa.'
Esses companheiros eram os hóspedes dos muçulmanos, que não possuíam casa,
nem propriedade, nem amigos, nem familiares com quem pudessem viver. Por
isso, eram hospedes de todos os muçulmanos. Quando o Profeta (S) recebia
alguma coisa como caridade, ele costumava mandá-la para eles e não guardava
nada dela para si (uma vez que era-lhe e à sua família proibido consumirem
algo das caridades). Porém, quando ele recebia algo como presente, ele dividia
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o presenteado com eles. Nessa ocasião porém, eu não estava gostando de seu
convite a eles, e pensei: 'Como este leite seria suficiente para tanta gente? Eu
merecia aquilo mais do que qualquer um, pois, bebendo-o, adquiriria alguma
energia. Quando os companheiros da Suffa viessem, o Profeta (S) iria me pedir
para servir-lhes o leite. E se eles bebessem, não sobraria nada para mim. Mas, o
que eu poderia fazer? Eu não podia deixar de executar uma ordem de Deus e de
Seu Mensageiro. Por isso, fui chamá-los. Eles vieram e solicitaram pemissão
para entrar, o que lhes foi concedido. Entraram e sentaram. O Profeta (S) me
chamou: -ó Aba Her.' Respondi: 'Eis-me aqui, ó Mensgaeiro de Deus.' Ele
disse: 'Pega o copo de leite e dá a eles para beberem." Peguei o copo e dei para
um deles. Ele bebeu até ficar satisfeito e, então devolveu-o a mim. Dei-o a
outro, que fez o mesmo. Fui repetindo a operação até que chegou a vez do
Profeta (S). Até então, todos haviam bebido até se satisfazerem. O Profeta (S)
pegou o copo, olhou para mim, sorriu e disse: -ó Aba Her.' Respondi: 'Eis-me
aqui, ó Mensageiro de Deus.' Ele disse: 'Só restam duas pessoas, eu e tu.' Disse
eu: 'De certo, ó Mensageiro de Deus.' Então, ele disse: 'Senta e bebe.' Eu sentei
e comecei a beber. O Profeta disse: 'Bebe mais.' Bebi um pouco mais, mas ele
continuou dizendo: 'Bebe; um pouco mais,' até eu dizer: 'Por Deus, que te
enviou com a verdade, não tem mais espaço no meu estômago!' Ele disse: 'Então
deixa eu beber.' Passei-lhe o copo. Ele agradecu a Deus e, em nome de Deus,
bebeu o leite que sobrou no copo!" (Bukhári)
503. Mohammad Ibn Sirin (R) cita, de Abu Huraira, que tenha dito:
"Lembro-me de quando ficava inconsciente e caía ao chão, entre o púlpito do
Profeta (S) e o quarto da Aicha (R), e todos que passavam colocavam os pés no
meu pescoço, achando que eu estava louco. Na verdade, não estava louco; estava
era simplesmente faminto (isto é, devido à fome extrema, eu ficava inconsciente,
e caía ao chão." (Bukhari)
504. Aicha (R) relatou que quando o Profeta (S) faleceu, sua armadura
estava penhorada com um judeu por trinta medidas de aveia. (Muttafac alaih)
505. Anas (R) relatou que o Profeta (S) penhrou seu escudo por uma
quantidade de cevada, e eu levei para ele alguns pães de cevada e um pouco de
gordura derretida. Ouvi-o dizer: "A família de Mohammad nunca possuiu uma
medida de farinha de trigo numa manhã ou numa noite, e era composta de nove
casas." (Bukhári)
506. Abu Huraira (R) relatou: "Vi setenta dos moradores de AI Suffa, e
notei que nenhum deles portava túnica. Tinham somente um camisolão que
usavam para se cobrir, atavam-no aos pescoços. De maneira que para uns a
veste chegava à metade das pernas, e, para outros, aos tornozelos. Por isso
tinham de segurá-la com as mãos, pois temiam que as suas partes pudendas
ficassem a descoberto." (Bukhari)
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507 Aicha (R) relatou: "O colchão do Mensageiro de Deus (S) era feito
de couro cheio de folhas de tamareira." (Bukhári).
508. Ibn Ômar (R) relatou: "Estávamos sentados em companhia do
Mensagerio de Deus (S), quando chegou um homem dos ansar; saudou-nos e
deu meia volta para ir-se. O Mensageiro de Deus (S) o chamou: 'Irmão ansari,
como se encontra o meu irmão Saad Ibn Ubada?' Respondeu: 'Esperando que
Deus lhe devolva a saúde!' Então o Mensageiro de Deus (S) nos perguntou:
'Quem de vós deseja visitá-lo?' E eis que se levantou, e nós com ele. Éramos
mais que dez, e não tínhamos sandálias ou meias de couro, nem gorras ou
camisas. Fomos caminhando por terrenos áridos e salinos, até que chegamos à
casa de Saad. Então os familiares e achegados dele fizeram lugar para que o
Mensageiro de Deus (S) pudesse aproximar-se juntamente com os que o haviam
acompanhado." (Musslim)
509. Imran Ibn AI Husshain (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Os
melhores dentre vós são aqueles da minha geração; então vêm aqueles que os
seguirão (ele repetiu isso duas ou três vezes). Então esses serão seguidos por
aqueles que testemunharão, mas que não lhes será pedido testemunhar (isto é,
seu testemunho não será aceito); eles trairão, e não serão confiáveis; prometerão,
mas não cumprirão, e sofrerão, com a obesidade." (Muttafac alaih)
510. Abu Umama (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: -ó
filho de Adão, se tu gastares as sobras de tua riqueza será melhor para ti; e se as
reteres, será pior para ti. Tu não serás censurado por guardares o dinheiro para
as tuas necessidades. Começa gastá-lo com os membros da tua família." (Tirmizi)
511. Ubaidullah Ibn Mihsan (S) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Aquele de vós que desperta gozando da segurança, de saúde e do sustento
para o dia, é como se estivesse de posse do mundo inteiro." (Tirmizi)
512. Abdullah Ibn Amr Ibn AI 'Ás (R), relatou que o Mensageiro de
Deus (S) disse: "Quanto àquele que abraçar o Islam e cujo sustento for o que
suprir as suas necessidades, e que se sentir satisfeito com o que Deus lhe houver
dado, certamente terá alcançado êxito." (Musslim)
513. Fadála Ibn Ubaid aI Ansári (R) contou que ouvira o Mensageiro de
Deus (S) dizer: "Bem-aventurado seja todo aquele que for guiado ao Islam, e
cuja busca do sustento for apenas para lhe cobrir as necessidades e, com isso,
sentir-se satisfeito." (Tirmizi)
514. IbnAbbas (R) narrou: "Amiúde, o Mensageiro de Deus (S) passava
noites seguidas com o estômago vazio, enquanto sua família tampouco tinha
nada para jantar. O pão que comiam era geralmente de cevada." (Tirmizi)
515. Fadála Ibn Ubaid (R) relatou que (às vezes), quando o Mensageiro
de Deus (S) liderava a oração, algumas pessoas pertencentes aos companheiros
de Suffa sentavam por causa da (fraqueza extrema devido à) intensidade da
fome. O aldeões costumavam dizer que eles estavam loucos. Após concluir a
oração, o Profeta (S) foi até eles, e disse: "Se soubésseis o que haverá para vós,
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junto a Deus, o Exaltado, iríeis gostar de sentir a dor da fome, e intensificada a
falta de provisão." (Tirmizi)
516. Abu Karima Micdad Ibn Madikarib (R) relatou que ouviu o
Mensageiro de Deus (S) dizer: "Nenhum homem enche um pote pior do que
enche seu estômago. Para um indivíduo, uns poucos bocados são suficientes
para lhe manter retas as costas; contudo, se ele quiser encher o estômago, deverá
dividi-lo em três partes, e deverá encher a terça parte da barriga com comida, a
outra terça parte com bebida, e deixar vazia a terça parte para o livre respirar,"
(Tirmizi)
517. Abu Umama Iyas Ibn Salaba al Ansári al Hársi (R) relatou que um
dia os companheiros do Mensageiro de Deus (S) levantaram a questão do mundo
perante ele. Quanto àquilo, o Mensageiro de Deus (S) disse: "Acaso não ouvistes
dizer, não compreendestes que a escassez é um dos símbolos da fé, que,
indubitavelmente, a escassez é um dos símbolos da fé?" (Abu Daúd)
518. Abu Abdullah Jáber Ibn Abdullah (R) relatou: O Mensageiro de
Deus (S) nos enviou, sob o comando de Abu Ubaida (R), para emboscarmos
uma caravana coraixita. Ele nos deu um saco de couro, contendo tâmaras, e
nada mais. Nosso comandante, Abu Ubaida (R), estipulou dar-nos, como ração
diária, uma tâmara. Quando foi questionado de como pudemos sobreviver com
aquela ração, ele replicou: "Nós a sugávamos como criança (suga o seio da
mãe), e bebíamos um pouco de água, depois. Isso nos ajudava passar o dia.
Costumávamos, também amassar folhas de árvores com nossos bastões,
molhávamos as mesmas e as comíamos." Seguimos assim, até alcançarmos a
costa marítima e vimos algo como uma enorme duna. Quando chegamos
perto,vimos que era uma enorme baléia. Abu Ubaida disse: "Está morta, e énos
proibido comê-la." Porém, após pensar um pouco, disse: "Fomos enviados
nessa missão pelo Mensageiro de Deus (S) e estamos empenhados na causa de
Deus. Portanto, somos forçados, pelas circunstâncias, e, por isso, não é mais
proibido o consumo de sua carne." O nosso grupo, que era de 300 pessoas,
subsistiu e engordou, consumindo a carne da baléia durante um mês.
Costumávamos recolher muito óleo através de seus olhos, e cortávamos grandes
pedaços de carne, tão grandes quanto um touro. Uma vez, Abu Ubaida colocou
treze homens dos nossos, sentados, na cavidade do olho da baléia. Em outra
ocasião ele tirou uma de suas costelas, colocou-a de pé, e fez passar o nosso
camelo mais alto por debaixo dela. Quando retornamos a Madina, levamos
conosco grandes pedaços de carne cozida, como ração para nós. Ao chegarmos
a Madina, apresentamo-nos ao Mensageiro de Deus (S) e o informamos a respeito
da baléia. Ele disse: "Isso foi fornecido a vós por Deus, como alimento. Se
tiverdes alguma carne dela, dai-nos um pouco para comermos." Assim, demos
um pouco de carne para o Mensageiro de Deus (S), e ele a comeu. (Musslim)
519. Asmá Bint Yazid (R) relatou que as mangas da camisa do Profeta
(S) lhe chegavam apenas até aos antebraços. (Abu Daúd e Tirmizi)
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520. Jáber (R) relatou: "Durante a batalha da Trincheira, estávamos
cavando uma vala; no decorrer da excavação, deparamos com uma rocha dura,
que ninguém era capaz de quebrar. O Profeta (S) foi notificado sobre ela, e
disse: 'Vou descer àtrincheira, e ver a rocha por mim mesmo.' Dizendo aquilo,
ele se levantou, e foi quando pudemos ver que tinha uma pedra amarrada ao
estômago (para suportar as agruras da fome). Não tínhamos tido nada o que
comer, pelos últimos três dias. Pegou uma picareta e golpeou com ela a dura
rocha, que se tornou mole como areia!" O Jáber relatou: "Sáí de perto do Profeta
(S), fui para casa, e disse para a minha esposa: Vi o Profeta (S) numa condição
tal, que não posso mais suportar; tens alguma coisa (que se coma) na casa? Ela
respondeu: 'Tenho um pouco de cevada e um cabrito.' (Prontamente) eu abati o
cabrito e triturei a cevada; depois pusemos a carne numa panela e, quando o
cozido estava quase pronto, a farinha de cavada tinha sido amassada e estava
pronta para fazer pão. Fui ter com o Profeta (S) e disse: Tenho alguma comida,
ó Mensageiro de Deus! por favor, vem com uma ou duas pessoas, e compartilha
da comida! Ele perguntou: 'Quantas pessoas podem ser acomodadas?' Eu disse:
Já te falei! Ele disse: 'Seria melhor se o número de pessoas fosse maior! Dize
para a tua esposa não tirar o cozido do fogo e o pão do forno, até eu chegar!'
Então ele disse para os Emigrantes (muhajirin) e para os Ansar (auxiliadores):
'Vamos!' Todos ficaram de pé."
O Jáber diz: "Fui ter com a minha esposa, e lhe disse: Que as bênçãos de
Deus estejam sobre ti! O Profeta (S), os muhajirin, os Ansar e outros estão
vindo para cá! Ela perguntou: 'Ele te pediu?' Eu disse: Sim, pediu. O Profeta
(S), que havia chegado à porta da casa, disse para os seus companheiros: 'Entrai,
mas não tumulteis!' Então ele começou a partir o pão em pedaços e a pôr carne
neles. Ele tirou o cozido da panela e o pão do forno; depois ele cobriu a comida
e, aproximando-se dos Companheiros, deu a cada um deles o seu quinhão, um
a um. Voltou àpanela e ao forno, e repetiu o processo. Continuou a fazer aquilo,
até que todos tinham comido a se fartar, e ainda alguma comida restara. Então
ele disse para a minha esposa: 'Come tu, e manda alguma comida de presente
(para os teus vizinhos, etc.), porque eles estão com fome. '" (Muttafac alaih)
521. Anas lbn Málik (R) registra que o Abu Tal-ha (R) disse para sua
esposa, a Ummu Sulaim (R): "Tenho notado alguns sinais de fraqueza na voz
do Mensageiro de Deus (S), que acho que é resultado da fome. Há algo (de
comer) contigo?" Ela disse que sim, e, pegando alguns pedaços de pão de cevada,
amarrou-os numa ponta do seu lenço de cabeça, escondeu-os sob a minha túnica,
e fez com que eu fosse ter com o Profeta (S). Quando os levei para o Profeta
(S), encontrei-o sentado na mesquita juntamente com outras pessoas. Fiquei
perto deles, e o Profeta (S) perguntou: "Foste mandado pelo Abu Tal-ha?" Eu
disse: "Sim, Senhor!" Ele perguntou: "para nos convidar a uma refeição?" Eu
disse: "Sim, Senhor!" O Mensageiro de Deus (S) disse para os Companheiros:
"Levantai-vos, e vamos!" Todos eles se dirigiram para a casa do Abu Tal-ha,
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comigo à frente; quando cheguei a casa dele, informei-o do que havia acontecido
(na mesquita). Ele chamou a Ummu Sulaim e lhe disse: -ó Ummu Sulaim, o
Mensageiro de Deus vem (com um grande número de pessoas), e nós nada
temos para os alimentar!' Ela disse: 'Deus e o Seu Mensageiro (S) bem sabem
do fato!' Depois o Abu Tal-ha saiu e escoltou o Mensageiro de Deus (S) para
dentro da casa. O Mensageiro de Deus (S) disse: -ó Ummu Sulaim, traz o que
tiveres!' Assim, ela pôs perante ele os mesmos pedaços de pão de cevada. O
Profeta (S) pediu que os pedaços de pão fossem partidos, e ela despejou um
pouco de manteiga que havia numa jarra sobre aqueles pedaços, para preparar
uma espécie de caril. Então o Profeta (S) os abençoou com a anuência de Deus,
e disse: 'Permite que dez pessoas entrem (e comam).' O Abu Tal-ha saiu e
trouxe dez indivíduos para dentro. Eles entraram, comeram satisfatoriaente, e
saíram. Então o Profeta (S) disse: 'Permite que mais dez pessoas entrem! I De
acordo, o Abu Tal-ha trouxe mais dez pessoas que, da mesma forma, comeram
e saíram. Novamente o Profeta (S) pediu permissão que dez pessoas viessem e
comessem, o que foi feito.Aquele procedimento continuou, até que todos tinham
comido o seu quinhão.O total dos convidados foi de setenta ou.oitenta, (Muttafac
alaih)
CAPÍTULOS7
o CONTENTAMENTO, A CASTIDADE E AMODERAÇÃO NOS
LUCROS E NOS GASTOS. O DEPLORAR PEDIR ESMOLA SEM
NECESSIDADE
Deus, louvado seja, disse:
"Não existe criatura sobre a terra cujo sustento não dependa de Deus"
(Alcorão Sagrado, 11:6).
E, louvado seja, disse também:
"Concedei-a aos pobres empenhados na luta pela causa de Deus,
que não podem auferir lucros na terra e que o ignorante não os crê
necessitados, porque são reservados. Tu os reconhecerás por seus aspectos,
porque não mendigam impertinentemente" (Alcorão Sagrado, 2:273).
E, louvado seja, disse mais:
"São aqueles que, quando gastam, não se excedem nem mesquinham,
colocando-se no meio-termo" (Alcorão Sagrado, 25:67). -
E, louvado seja, disse ainda:
"Não criei os gênios e os humanos, senão para Me adorarem. Não
lhes peço sustento algum nem quero que Me alimentem" (Alcorão Sagrado,
51:56-57).
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522. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A riqueza não
consiste em termos abundância de bens; a verdadeira riqueza é o contentamento
da alma." (Muttafac alaih)
523. AbduIlah lbn Amr lbn AI 'As (R), relatou que o Mensageiro de
Deus (S) disse: "Quanto àquele que abraçar o lslam e cujo sustento for o que
suprir as suas necessidades, e que se sentir satisfeito com o que Deus lhe houver
dado, certamente terá alcançado êxito." (Musslim)
524. Hakim lbn Hizam (R) contou: "Pedi dinheiro ao Mensageiro de
Deus (S), e ele me deu; mais tarde pedi-o outra vez, e me deu. Depois, voltei a
pedir-lho, e me deu. Ato contínuo, me disse: -ó Haquim, certamente os bens
são como uma fruta doce e apetitosa. Quem a comercom moderação obterá,
com isso, a bênção. E quem a comer com ânsia e avidez não obterá, por isso,
bênção alguma. Seriacomo comer sem se satisfazer. Vê bem; a mão que oferece
é melhor que a mão que pede.' Disse eu: -ó Mensageiro de Deus, juro por
Quem te enviou com as verdades que nada aceitarei depois de ter pedido a ti,
pelo que me resta de vida.' Abu Bakr (R), durante o seu califado, chamou Haquim
para oferecer-lhe algo, mas este se recusou a aceitá-lo. Depois Ômar (R) também
o chamou para oferecer-lhe algo, que tampouco aceitou. Por isso, Ômar disse:
'Muçulmanos, ponho-vos por testemunhar que Haquim se recusou a aceitar a
sua parte, que lhe cabia por direito estabelecido por Deus, destes despojos de
guerra.' Foi assim que Haquim jamais aceitou nada de ninguém, depois do Profeta
até a sua morte. (Muttafac alaih)
525. Abu Burda (R) relatou, baseado em Abu Mussa aI Ach'ari (R):
"Numa ocasião nós acompanhamos o Profeta (S) numa campanhia. (Devido à
carência de animais) apenas um camelo era repartido entre nós - seis pessoas
que montavam em turnos. Assim, nossos pés ficaram feridos, e até minhas unhas
caíram. Para cobrir os ferimentos, eu enrolei meus pés com trapos; e como
havíamos enfaixado nossos ferimentos com trapos, aquela campanha ficou
conhecida como ghazwatir Ricá, ou Campanha dos Farrapos." O Abu Burda
(R) disse que o Abu Mussa narrou esse episódio, mas depois se arrependeu de
havê-lo feito, afirmando: "Gostaria de não ter mencionado esse fato", uma vez
que ele não gostava de publicar algo acerca dos seus atos. (Muttafac alaih)
526. Amr Ibn Taghlib (R) diz: "Alguns espólios ou prisioneiros foram
levados perante o Mensageiro de Deus (S), que os distribuiu, dando para alguns
e omitindo outros. Depois ele foi informado de que aqueles que ele havia
ignorado estavam descontentes. Por isso ele proferiu um sermão no qual louvou
e glorificou a Deus, e depois disse: 'Por Deus, é verdade que eu dou para um e
ignoro outro, mas saiba-se que aquele a quem ignoro é mais caro para mim do
que aquele a quem dou. Dou para as pessoas em cujos corações vejo fraqueza e
indecisão; outros deixo à mercê do bom senso e da auto-suficiência que Deus
pôs em seus corações.''' Entre estes estava o Amr Ibn Taghlib que, enquanto
relatava isso, afirmou: "Certamente eu não trocaria essas (preciosas) palavras
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do Mensageiro de Deus (S), mesmo por camelos vermelhos!" - que são
conveniências preciosas entre os árabes. (Bukhári)
527. Hakim Ibn Hizam (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A mão
superior (a que dá) é melhor do que a mão inferior (a que recebe); começa tua
generosidade com teus dependentes; a melhor espécie de caridade é a que é
tirada do excedente; aquele que quer se tornar virtuoso, Deus assim o tornará, e
aquele que deseja a abundância Deus lho concederá." (Bukhari)
528. Abu Sufyan Sakhr Ibn Harb (R) relatou que o Mensageiro de Deus
(S) disse: "Não me questioneis com obstinação! Se um de vós me pedir algo, e
eu lhe der, mesmo de malgrado, haverá bênção no que eu lhe der. Porém, pedir
por algo, obstinadamente, faz perder a bênção." (Musslim)
529. Abu Abdur Rahman Auf Ibn Málik (R) diz: "Numa ocasião, nove,
oito ou sete de nós estávamos com o Profeta (S), quando ele disse: 'Por que não
fazeis um acordo com o Mensageiro de Deus', embora recentemente já
houvéssemos feito tal acordo. Então argumentamos: Ó Mensageiro de Deus, já
fizemos o acordo contigo! E ele repetiu: 'Por que não fazeis um acordo com o
Mensageiro de Deus?' Então, estendemos nossas mãos e tornamos a agumentar:
Ó Mensageiro de Deus, nós já fizemos um acordo contigo! Que outro acordo
devemos fazer contigo? Ele disse: 'Que cultuareis somente a 'Deus, e não
associareis nada a Ele; que observareis as cinco orações (diárias), e obedecereis
a Deus.' Nisso ele disse algo vagarosamente e acrescentou) ' ... e não pedireis
nada a ninguém!' Desde então eu notei quando o chicote de alguém caia, não
pedia a ninguém que lho pegue." (Musslim)
530. Ibn Ômar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Há alguém de vós
que insistirá em pedir até comparecer (no Dia do Juízo Final) perante Deus sem
um pedaço de carne no rosto." (Muttafac alaih)
531. Ibn Ômar (R) relatou que numa ocasião o Mensageiro de Deus (S)
estava pronunciando, do púlpito, um sermão sobre a doação de esmolas e sobre
a abstenção de se mendigar, e disse: "Amão superior é melhor que a mão inferior;
a mão superior é a mão que dá, e a mão inferior é a mão do pedinte." (Muttafac
alaih).
532. Abu Huraira (R) diz que o Profeta (S) disse: "Aquele que pede
(algo) às pessoas, com o fito de aumentar o seu acúmulo, na verdade está pedindo
uma brasa; depende dele o aumentá-la ou diminuí-la." (Musslim) ,
533. Samura Ibn Jundub (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Ao pedir,
a pessoa inflige uma cicatriz no seu rosto, a não ser que peça algo a uma
autoridade, ou requeira algo que seja essencial." (Tirmizi)
534. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A
pessoa que sofre de fome e pobreza e menciona esse fato às pessoas (com a
intenção de alcançar uma ajuda delas) não será aliviado. Porém, aquele que
pedir o auxília de Deus, cedo ou tarde conseguirá meios de subsistência,
imediatamente ou depois de algum tempo. (Abu Daúd e Tirmizi)
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5J5. Sauban (R) relatou que o Mensageiro de Deusa (S) disse: "Para
qualquer um que me garantir que não irá pedir nada a ninguém, para si próprio,
irei garantir o Paraíso." O Sauban disse: "Eu prometo!" Depois daquilo, o Sauban
não pediu nada a ninguém. (Abu Daúd)
536. Cabisa Ibn al Mukhárek (R) narrou: "Fizeram-me encarregado de
um caso de indenização a um contencioso e, por isso, fui ao Mensageiro de
Deus (S) para pedir-lhe ajuda quanto a cumprir o encargo. Disse-me: 'Espera
até que seja recebido o dinheiro por conta da caridade, para dispor do mesmo
para ti.' Em seguida acrescentou: -ó Cabisa, não é lícito recorrermos à caridade,
a não ser em três situações: a de um homem que toma o encargo de uma
indenização, em cujo caso poderá pedir ajuda para ressarcir o dinheiro gasto; a
segunda é para aquele a quem sobrevém uma calamidade, e perde seus bens,
em cujo caso também poderá pedi-la até que possa superar a sua desgraça; e a
outra é quando um homem se vê numa situação de indigência tal, que três pessoas
idôneas, dentre a sua própria gente, possam dizer: 'Este homem é um indigente!'
Nesse caso também poderá recorrer à caridade, até que saia da dita pobreza. 6
Cabísa, salvo nestes três casos, o recorremos à caridade será ilegal; e quem o
fizer incorrerá em legítima ilegalidade.''' (Musslim)
537. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "O necessitado e
pobre não é aquele que pode ser mandado de volta com uma ou duas tâmaras ou
uma ou duas fatias; uma pessoa realmente pobre é aquela que, apesar da sua
pobreza, abstém-se de pedir." (Mutaffac alaih)
CAPÍTULO 58
A ACEITAÇÃO DA COISA OFERECIDA SEM SER PEDIDA
538. Sálem Ibn Abdullah Ibn Ômar narra, baseado em seu pai, Abdullah
Ibn Ômar, e este em seu pai, Ômar Ibn AI Khattab (R), que o Mensageiro de
Deus (S) usou lhe oferecer alguns presentes, e ele disse: "Dá-os para alguém
mais necessitado do que eu." O Profeta (S) disse: "Leva o que vier a ti desses
bens sem que tenhas pedido, e junta-os aos teus mantimentos. Se quiseres, podes
consumi-los, ou dá-los em caridade. Não aspires conseguir algo através de outros
meios". Sálem diz que seu pai, Abdullah, nada pedia a ninguém, nem recusava
algo que lhe davam. (Muttafac alaih)
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CAPÍTULO 59
A BUSCA DA INTEGRAÇÃO MEDIANTE O ESFORÇO PRÓPRIO, E
AABSTENÇÃO DA MENDICIDADE. A TOMADA DA INICIATIVA
EM DAR.
Deus, Exaltado seja, disse:
"Uma vez observada a oração, dispersai-vos pela terra e procurai as
graças de Deus" (Alcorão Sagrado, 62: 10).
539. Abu Abdullah AI Zubair Ibn AIAwam (R) relatou que o Profeta (S)
disse: "Se alguém de vós pegar uma corda, for até à montanha e trouxer um
feixe de lenha às costas, e o vender, Deus protegerá, assim, seu rosto do castigo,
e será melhor do que pedir às pessoas, que poderão dar-lhe ou negar-lhe."
(Bukhári)
540. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "É
melhor para qualquer um de vós levar uma carga de lenha às costas do que
pedir a alguém, que esse alguém pode dar ou negar." (Muttafac alaih)
541. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "O profeta Davi
(que a paz esteja com ele) não comia nada que não fosse do fruto do seu trabalho."
(Bukhári )
542. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O
profeta Zacarias (R) era carpinteiro de profissão (isto é, ganhava a vida por
meio da carpintaria)" (Musslim).
543. Micdam Ibn M'adiaikarib (R) relatou que o Profeta (S) relatou:
"Ninguém consumiu melhor comida do que a obtida através de um trabalho
árduo de suas mãos. Davi, o Profeta de Deus, costumava comer o fruto do
trabalho de suas mãos." (Bukhári).
CAPÍTULO 60
A GENEROSIDADE E O GASTO EM BOA CAUSA,
COMA CONFIANÇA EM DEUS
Deus, louvado seja, disse:
"Tudo quanto distribuirdes em caridade Ele vo-lo restituirá" (Alcorão
Sagrado, 34:39).
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E, louvado seja, disse também:
"Toda caridade que fizerdes será em vosso próprio beneficio, e não
pratiqueis boas ações senão com a aspiração de contemplardes o Rosto de
Deus. Sabei que toda caridade que fizerdes vos será recompensada com
vantagem, e não sereis defraudados" (Alcorão Sagrado, 2:272).
E, louvado seja, disse ainda:
"De toda a caridade que fizerdes Deus saberá" (Alcorão Sagrado,
2:273).
544. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Somente dois
indivíduos merecem ser invejados: primeiro aquele a quem Deus concedeu
riqueza para gastar numa causa digna; e segundo, aquele a quem Deus concedeu
sabedoria pela qual ele julga e a qual ele ensina." (Muttafac alaih)
545. Ibn Mass'ud (R) contou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Qual
é aquele que de vós que ama os bens que deixará para o herdeiro, mais do que
os seus próprios bens?" Responderam: -ó Mensageiro de Deus, não há ninguém
dentre nós que ame os bens de um herdeiro, mais do que os próprios bens."
Disse o Profeta: "Pois os bens próprios são o que for antecipado, e os que
deixardes serão dos herdeiros." (Bukhári)
546. Adi Ibn Hátem (R) relatou que escutara o Mensageiro de Deus (S)
dizer: "Esquivai-vos do Inferno, ainda que seja dando, em caridade, meia
tâmara." (Muttafac alaih)
547. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) jamais disse não a
qualquer um que lhe pedisse algo. (Muttafac alaih)
548. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Pela
madrugada, todos os dias, dois anjos descem à terra, e um deles diz: 'Senhor
meu, compensa a quem gasta de seus bens!' enquanto o outro anjo diz: 'Senhor
meu, destrói os bens de quem se nega a gastá-los.'" (Muttafac alaih)
549. Abu Huraira relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus,
Exaltado seja, diz: -ó filho de Adão, gasta (pela causa de Deus) que será gastá
comtigo." (Muttafac alaih) .
550. Abdullah Ibn Amr Ibn al 'Ás (R) relatou que um homem perguntou
ao Mensageiro de Deus (S): "Qual é a melhor qualidade de um muçulmano?"
Respondeu: "Convidar para comer e saudar tanto a quem conhece como a quem
não conhece." (Muttafac alaih)
551. Abdullah Ibn Arnr Ibn al 'Ás (R), relatou que o Mensageiro de
Deus (S) disse: "Dentre quarenta boas obras, a melhor consiste em a pessoa
emprestar a sua cabra para que um necessitado lhe beba o leite. E sempre que a
pessoa realizar uma dessas obras, buscando com isso a recompensa de Deus,
com fé em sua promessa, Ele a fará entrar no Paraíso." (Bukhári)
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552. Abu Umama, Sudai Ibn Ajlan (R) relatou que o Mensageiro de
Deus (S) disse: -o filho de Adão, será sempre melhor para ti se ofereceres o
que exceder das tuas necessidades, e sempre será pior para ti a retenção do
excesso. E jamais serás censurado por possuíres uma riqueza de acordo com
tuas necessidades; e começa por gastá-la com a tua família. Fica sabendo que a
mão que dá é preferível à mão que pede." (Musslim)
553. Anas Ibn Málik (R) afirma que, no Islam, sempre que uma pessoa
pedia algo para o Mensageiro de Deus (S), ele lha dava. Numa ocasião um
homem foi ter com o Profeta (S), e ele lhe deu um rebanho de cabras, grande o
bastante para encher um vale. Quando o homem voltou para o seu povo, disse a
eles: -opovo meu, aceitai o Islam, porque o Mohammad (S) dá numa escala
tal, que não deixa temor de pobreza!" Mesmo quando um indivíduo aceitava o
Islam, simplesmente com o fito de ganhos terrenos, o Islam se tornava mais
caro para ele do que o mundo com tudo que nele há. (Musslim)
554. Ômar (R) narrou que uma ocasião o Mensageiro de Deus (S)
distribuíu uma caridade recebida. Então lhe perguntei: -o Mensageiro de Deus,
acaso os que recebem essa caridade a mereciam mais que os outros?" Respondeume:
"Olha, eles só me deixaram duas alternativas: que me pedissem com tanta
insistência até que a desse, ou que me chamassem de mesquinho, quando não o
sou de maneira alguma." (Musslim)
555. Jubair Ibn Mutim (R) relatou que ao final da batalha de Hunain,
quando estava voltando com o Profeta (S), alguns beduínos o detiveram e
exigiram seu quinhão dos espólios. Eles fizeram um círculo ao redor dele, sob
uma árvore, e alguém lhe arrancou a coberta. O Profeta (S) parou e disse:
"Devolvei-me a minha coberta! Se tivesse ao meu dispor espólios iguais ao
número de folhas desta árvore espinhosa; distribuí-los-ia todos entre vós, e vereis
que não sou avaro, nem mentiroso nem covarde." (Bukhari)
556. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A caridade não
faz diminuir a riqueza; Deus intensifica a honra daquele que perdoa e, quanto
àquele que se humilha para o bem de Deus, Ele o exalta em hierarquia."
(Musslim)
557. Abu Kabcha Ômar Ibn Saad alAnmári (R) relatou que ouviu o
Mensageiro de Deus (S) dizer: "Digo-vos estas coisas, e lembrai-vos bem delas,
pois posso jurar por elas; uma: os bens de ninguém ficarão reduzidos pela
caridade; duas: Deus intensificará a honra de quem suportar pacientemente a
injustiça; e terceira: ninguém se curvará para pedir, sem que Deus o sujeite à
fome e penúria", ou ele disse outras coisa como essas. Disse: "Lembrai-vos
bem do que vou lhes dizer: há quatro espécies de indivíduos no mundo; um é
aquele a quem Deus concede riqueza e conhecimento, e ele fica consciente do
seu dever para o seu Sustentador no tocante a essas duas coisas, ajuda seus
parentes e amigos, e cumpre os deveres de Deus quanto a eles; essa pessoa é
posta no mais elevado grau. Dois, é aquele a quem Deus concede conhecimento,
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mas não riqueza, e é honesto e veraz nas suas intenções; poderia realizar os
mesmos (bons) feitos que o outro realizou; como essa era a sua intenção, receberá
a mesma recompensa que o outro. Três, é aquele a quem Deus concede riqueza,
mas não conhecimento: esbanja o seu dinheiro devido à falta de conhecimento,
e não teme a Deus (ou seja, não se importa com o seu dever para com Deus,
nesse particular); nem tampouco cumpre com suas obrigações quanto aos
parentes, nem se conscientiza dos deveres que tem para com Deus. Tal pessoa
está na mais ínfima posição. Quatro, é aquele a quem Deus não concede riqueza
nem conhecimento, e ele diz: 'Se eu tivesse tido dinheiro, teria agido igual a
esse homem (o terceiro)!' Se essa é a sua intenção, então ambos estão iguais em
pecado." (Tirmizi)
558. Aicha (R) relatou que numa ocasião foi abatida uma cabra (e
distribuída a maior parte da carne). Então o Profeta (S) perguntou: "O que foi
deixado?" Ela respondeu: "Nada, além duma perna!" Ele argumentou: "(Como
de fato) tudo dela foi salvo, menos a perna." (Tirmizi)
559. Asmá, filha de Abu Bala Assidik (R), relatou: "O Mensageiro de
Deus (S) me disse: 'Não poupes tanto, a ponto de negares aos demais do que
tens, pois se o fizerdes, Deus o tirará de ti.'" (Muttafac alaih)
560. Abu Huraira (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:
"O caso do avarento e do dispensador é igual ao de dois indivíduos enrolados
em aço, dos peitos até aos pescoços. Quando o generoso gasta, sua armadura se
solta e se expande até cobrir-lhe os dedos das mãos e dos pés. Quando o miserável
decide nada soltar, cada anel da armadura se entranha no seu corpo; ele tenta
soltá-los, mas não consegue." (Muttafac alaih)
561. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Se o indivíduo
der emcaridade algo igual mesmo a uma tâmara, fruto dos seus ganhos legítimos,
Deus irá aceitar a caridade como pura; Ele a aceita com Sua mão direita e a faz
multiplicar para ele, assim como um de vós cuida de um bezerro, até que este se
torne um touro forte e encorpado, feito uma montanha." (Muttafac alaih)
562. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando um homem
caminhava por um pedaço de terra destituído de água, ouviu uma voz vinda
duma nuvem, que dizia: 'Ágüe o pomar de Fulano!' Então a nuvem começou a
se deslocar numa certa direção, e fez chover sobre um pedaço rochoso de terra.
A água, correndo por entre pequenas valetas, fluía para um grande canal. O
homem se pôs a seguir o canal, até que este cricundou um pomar, e ele viu o
dono do horto a trabalhar com uma enxada, distribuindo a água (entre todas as
árvores). Ele perguntou ao dono do pomar: -ó servo de Deus, qual o teu nome?'
Ele lhe disse o nome, que era o mesmo que ouvira dizer a nuvem. O dono do
pomar lhe perguntou: -ó servo de Deus, por que quiseste saber meu nome?' Ele
respondeu: 'É que ouvi uma voz vinda da nuvem que fez essa chuva cair, que
dizia: 'Ágüe o pomar de Fulanol; posso te perguntar o que fazes para que o teu
pomar mereça-este favor? Ele disse: 'Já que me perguntaste, far-te-ei ciente:
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Quando a produção deste pomar está pronta, eu dou um terço em caridade,
separo outro terço para mim e minha família, e uso o terço restante para semear
e fazer crescer outros frutos, no horto.''' (Musslim)
CAPÍTULO 61
A PROIBIÇÃO DAMESQUINHE7?E DA AVAREZA
Deus, louvado seja, disse:
"Àquele que mesquinhar e se considerar suficiente, e negar o melhor,
facilitaremos o caminho para a adversidade. E de nada lhe valerão os seus
bens, quando ele cair no abismo" (Alcorão Sagrado, 92:8-11).
E disse, louvado seja:
"Aqueles que se preservarem da avareza serão os bem-aventurados"
(Alcorão Sagrado, 64:16).
563. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Evitai serdes
injustos, pois a injustiça se transformará, no Dia do Juízo, em trevas. E evitai a
avareza, pois ela levou os povos anteriores a vós à perdição; fê-los derramar,
injustamente, seu próprio sangue e violar as suas sagradas leis." (Musslim)
CAPÍTULO 62
AABNEGAÇÃO E A OFERTA DE AJUDA AOS DEMAIS
Deus, louvado seja. disse:
" •••por outra, preferem-no em detrimento de si mesmos" (Alcorão
Sagrado, 59:9).
E, louvado seja, disse também:
"E porque, por amor a Ele, alimentam o necessitado, o órfão e o
cativo" (Alcorão Sagrado, 76:8).
564. Abu Huraira (R) relatou que um homem foi ter com o Profeta (S), e
lhe disse: "Estou faminto". O Profeta (S) enviou uma mensagem a uma de suas
esposas para ver se ela podia alimentar o hóspede. Ela disse: "Por Deus, Que te
enviou com a verdade, nada tenho além de água." Então ele enviou outra
mensagem para outra e obteve a mesma resposta. Ele obteve a mesma resposta
de todas. O Profeta (S) perguntou: "Quem hospedaria este homem por esta
noite?" Um homem dos Ansar respondeu: "Eu o hospedo, ó Mensageiro de
Deus." Ele o levou para casa e disse à esposa: "Vamos ser generosos com o
hóspede do Mensageiro de Deus (S)." (Muttafac alaih)
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572. Ibn Ômar (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A inveja
só é permitidaem dois casos: o invejarmos um homem a quem Deus fez aprender
o Alcorão, e que ocupa todo o seu tempo a estudá-lo e o pôr em prática, dia e
noite; e o invejarmos um homem a quem Deus concedeu riqueza, sendo que ele
a distribui entre os necessitados dia e noite". (Bukhari e Muslim)
573. Abu Huraira (R) relatou que os pobres, dentre os imigrantes, foram
ver o Mensageiro de Deus (S). e lhe disseram: "Os ricos têm alcançado os mais
elevados graus, além da graça e do favor de Deus!" Disse o Profeta: "Como
assim?" Responderam: "Eis que praticam a oração do mesmo modo que nós,
jejuam do mesmo modo que nós, porém oferecem a caridade que nós não
podemos oferecer,e libertam os escravos, e nós não." Disse o Profeta: "Gostaríeis
que vos ensinasse algo com o qual alcançaríeis a quem vos ultrapassa, e
ultrapassaríeis a quem vos segue, e não haverá alguém melhor do que vós, a
menos que faça o que fazeis?" Responderam: -ó Mensageiro de Deus, claro
que sim!" Disse o Profeta: "Glorificai, magnificai e louvai a Deus, dizendo:
Subhana Allah, AI Hamdu Lillah, Alláhu Akbar, isso, trinta e três vezes, ao
término de cada oração." Mais tarde, os pobres dentre os imigrantes voltaram e
disseram: "Nossos irmãos ricos se inteiraram do que aprendemos, e estão fazendo
o mesmo!" Então o Mensageiro de Deus (S) disse: "É, mas daí advirá um prêmio
da parte de Deus, Que o concederá a quem Lhe aprouver." (Muslim)
CAPÍTULO 65
A RECORDAÇÃO DA MORTE E O ANSEIO POR POUCAS
ASPIRAÇÕES
Deus, louvado seja, disse:
"Toda alma provará o sabor da morte e, no Dia da Ressureição,
sereis recompensados integralmente pelos vossos atos; quem for afastado
do Fogo infernal e introduzido no Paraíso triunfará. Que é a vida terrena
senão um prazer ilusório?" (Alcorão Sagrado, 3:185).
E, louvado seja, disse também:
"Nenhum ser sabe o que ganhará amanhã, tampouco nenhum ser
saberá em que terra morrerá" (Alcorão Sagrado, 31:34).
E, louvado seja, disse ainda:
"E quando seu prazo se cumprir, não poderão atrasá-lonem adiantálo
numa só hora" (Alcorão Sagrado, 16:61).
. E, louvado seja, disse mais:
-o crentes, que os vossos bens e os vossos filhos não vos alheiem da
recordação de Deus, porque aqueles que tal fizerem serão desventurados.
Fazei caridade de tudo com que vos agraciamos, antes que a morte
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surpreenda qualquer um de vós, e este diga: Ó Senhor meu, porque não
me toleras até um término próximo, para que eu possa fazer caridade e ser
um dos virtuosos? Porém, Deus jamais adiará a hora de qualquer alma,
quando ela chegar, porque Deus está bem inteirado de tudo quanto fazeis"
(Alcorão Sagrado, 63:9-11).
E, louvado seja, continuou: ,
"... até que, quando a morte surpreender algum deles, este dirá: O
Senhor meu manda-me de volta (à terra), a fim de eu praticar o bem que
negligenciei! Pois sim! Tal será a frase que dirá! E ante eles haverá uma
barreira, que os deterá até ao dia em que forem ressuscitados. Porém,
quando for soada a trombeta, nesse dia não haverá mais linhagem entre
eles, nem se consultarão entre si. Quanto àqueles cujas ações pesarem mais
serão os bem-aventurados. Em troca, aqueles cujas ações forem leves serão
desventurados e permanecerão eternamente no Inferno. O fogo abrasará
os seus rostos, e estarão com os dentes arreganhados. Acaso, não vos foram
recitados os Meus versículos e vós os desmentistes? Exclamarão: Ó Senhor
nosso, nossos desejos nos dominaram, e fomos um povo extraviado! Ó
Senhor nosso, tira-nos daqui! E se reincidirmos, então seremos iníquos!
Ele lhes dirá: Entrai aí e não Me dirijais a palavra. Houve uma parte dos
Meus servos que dizia: Ó Senhor nosso, cremos! Perdoa-nos, pois, e tem
piedade de nós, porque Tu és o melhor dos misericordiosos! E vós os
escarnecestes, a ponto de (tal escárnio) vos fazer esquecer da Minha
Mensagem, posto que vos ocupáveis em motejar deles. Sabei que hoje os
recompenso porsua perseverança, e eles serão os ganhadores. Dirá: Quantos
anos haveis permanecido na terra? Responderão: Permanecemos um dia
ou uma parte de um dia. Interrogai, pois, os encarregados dos cômputos.
Dirá: Não permanecestes senão muito pouco; se vós soubésseis! Pensais,
porventura, que vos criamos por diversão e que jamais retornareis a Nós?"
(Alcorão Sagrado, 23:99-115).
E, louvado seja, continuou ainda:
"Porventura, não chegou o momento de os crentes humilharem seus
corações à recordação de Deus e à verdade revelada, para que não sejam
como os que antes receberam o Livro? Porém, longo tempo passou sobre
eles, endurecendo-lhes os corações, e sua maioria é depravada" (Alcorão
Sagrado, 57:16).
574. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) o agarrou pelo
ombro, certa ocasião, e lhe disse: "Sê, nesta vida, como se fosses um estranho,
e age como se estivesse de passagem!" E o próprio Ibn Ômar costumava dizer
a respeito: "Se conseguires viver até à tarde, não tenhas muita esperança de
chegar até à amanhã; e se conseguires viver até à manhã, não tenhas muita
esperança de chegar até à tarde. Aproveita a tua saúde para a doença, e a tua
vida, para a morte." (Bukhári)
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575. Abdullah Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Se um muçulmano tiver algo (que possa ser herdado pelos seus sucessores),
não deverá deixar passar duas noites sem executar um testamento escrito."
(Muttafac alaih)
576. Anas (S) narrou que o Profeta (S) traçou, em certa ocasião, umas
linhas, e disse: "Esta é a esperança e este é o período prefixado e, enquanto
assim estiver, vem a linha mais curta." (Bukhári)
577. Abdullah Ibn Mass'ud (R) relatou que o Profeta (S) desenhou uma
figura retangular e, no meio dela, traçou uma linha em toda a extensão; a
extremidade superior dessa linha salientava-se para além do retângulo. Quase
cruzando essa linha mediana ele traçou pequenas linhas verticais. Ele indicou
que a figura representava o homem, que o retângulo circundante era o destino
que o cobria; a linha do meio representa a sua esoerança e as linhas curtas e
transversais a ela eram os testes e os altos e baixos da vida. Ele disse: "Se ele
escapar de uma destas, cairá vítima da seguinte e, caso se livre desta, a terceira
o irá pegar, e assim por diante." (Bukhári) O esboço era assim:
destino
espe""ça~
testes
578. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Tomai
a iniciativa fazendo boas ações, antes que ocorram as sete calamidadess; e tende
cuidado com elas: Acaso, esperais uma pobreza que faz esquecer, ou uma riqueza
que causa despotismo, ou uma enfermidade maligna, ou uma velhice senil
(delirante), ou uma morte repentina, ou o Anti-cristo e o impostor - pois é o
pior ausente esperado -, ou a Hora (do Juízo), pois a Hora será a mais calamitosa
e amarga!" (Tirmizi)
579. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Lembrai-vos com
freqüência da morte, a demolidora dos prazeres." (Tirmizi)
580. Ubai Ibn Kaab (R) relatou que quando um terço da noite se passava,
o Mensageiro de Deus (S) costumava levantar-se e exclamar: "6 gente, lembraivos
de Deus! O primeiro toque {da trombeta do anjo Israfil)já soou; depois virá
o segundo toque; este será acompanhado da morte, com tudo oque ela abrange!"
O Ubai disse para o Profeta (S): -ó Mensageiro de Deus, eu invoco
abundantemente a paz e as bênçãos de Deus sobre ti. Quanto tempo deverei
gastar nisso?" Ele disse: "Tanto tempo quanto achares adequado!" O Ubai
perguntou: "Um quarto do meu tempo?" O Profeta (S) disse: "Tanto quanto
desejares, mas seria melhor para ti se pudesses devotar mais tempo!" O Ubai
disse: "Metade do meu tempo?" O Profeta disse: "O tempo que quiseres, mas
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seria melhor se o aumentasses!" O Ubai disse: "Será que devo dedicar todo o
meu tempo recitando salat (bendição) sobre ti?" O Profeta (S) disse: "Nesse
caso, irei cuidar de todas as tuas preocupações, e teus pecados serão perdoados."
(Tirmizi).
CAPÍTULO 66
A RECOMENDAÇÃO AOS HOMENS QUANTO À VISITA ÀS
SEPULTURAS, E O QUE O VISITANTE DEVE DIZER
581. Buraida (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Eu vos havia aconselhado
a não visitardes as sepulturas, mas agora deveis visitá-las." (Musslim)
582. Aicha (R) relatou que quando era o turno de o Profeta (S) ficar com
ela, ele acordava, na última parte da noite, e ia para o cemitério de Baquí (nos
arredores de Madina) e cumprimentava os habitantes dos sepúlcros, da seguinte
forma: "Que a paz esteja convosco, ó crentes, moradores daqui. Que Deus vos
conceda, no Dia do Jízo Final, o que vos prometeu. Foi-vos dada folgança até a
um término pré fixado. Juntar-nos-emos a vós, se Deus quiser. ó Deus, perdoa
os moradores do Baquí!" (Musslim)
583. Buraida (R) relatou que o Profeta (S) costumava instruir os
muçulmanos que quando visitassem oscemitérios, deveriam dizer: -ó crentes
e muçulmanos, moradores deste lugar, que a paz esteja convosco! Se Deus
quiser, iremos juntar-nos a vós; rogo a Deus por segurança para vós e para nós."
(Musslim)
584. Ibn Abbas (R) narrou que, em certa ocasião, o Mensageiro de Deus
(S) passou pelo cemitério de Madina e, virando para ele oseu rosto, disse: "Que
a paz esteja convosco, moradores das sepulturas, e que Deus perdoe a nõse a
v6s! Sois nossos predecessores, e logo seguiremos as vossas pegadas." (Tirmizi)
CAPÍTULO 67
AABOMINAÇÃO DE SE DESEJAR A MORTE POR CAUSA DE
UMA CALAMIDADE. A JUSTIFICAÇÃO DO CASO QUANDO HÁ
. APREENSÃO DE SE CAIR EM TENTAÇÃO .
585. Abu Huraira (Rjrelatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Ninguém de vós deve suplicar pela morte; porque se foruma boa pessoa, será
possível acrescentar boas obras às suas virtudes; se não for uma boa pessoa,
poderá ter a chance de retificar o seu passado." (Muttafac alaih)
586. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse; "Que ninguém
dentre vós deseje a morte por algo que haja sofrido. Outrossim, que diga: 'Deus
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meu, se a vida é o melhor para mim, faze-me viver; e faze-me morrer, se a
morte é o melhor para miml'" (Muttafac alaih)
587. Cais Ibn Abi Házem relatou: "Fomos visitar Khabbab Ibn ai Arat
(R), que se encontrava enfermo e tinha cauterizações em sete lugares do corpo.
Naquela ocasião, nos disse: 'Nossos companheiros, que nos precederam,
morreram sem que os prazeres desta vida em nada pudessem diminuir-lhes as
recompensas da outra vida. Em troca, nós temos acumulada tanta riqueza, que
não encontramos lugar para guardá-la, a não ser em baixo da terra. E se não
fosse o caso de o Profeta (S) nos ter proibido desejarmos a morte, tê-Ia-íamos
solicitado!" Tempos depois, fomos visitá-lo outra vez, e o encontramos
construindo uma parede. Disse-nos: 'O muçulmano recebe a recompensa de
Deus por qualquer gasto que faz, exceto por algo que o coloca nesta terra. '"
(Bukhári)
CAPÍTULO 68
A CAUTELA E O DEVER DE SE EVITAREM AS QUESTÕES
DUVIDOSAS
Deus, louvado seja, disse:
" ... considerando leve o que era gravíssimo ante Deus" (Alcorão
Sagrado, 24:15).
E, louvado seja, disse também:
"O teu Senhor está sempre alerta" (Alcorão Sagrado, 89: 14).
588. Annu'man Ibn Bachir (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deusa
(S) dizer: "O que é lícito é claro, e o que é ilícito é claro; entre eles há algumas
coisas ambíguas que as pessoas não conhecem. Aquele que evita as coisas
duvidosas salvaguarda a sua fé e sua honra; aquele que se envolve com as coisas
duvidosas cai em atividades ilícitas. O seu caso é como o do pastor que pastoreia
seu rebanho nas vizinhanças de uma reserva exclusiva de pastagens, mas está
sempre apreensivo de que algum dos animais possa invadir a pastagem. Sabei
que cada rei tem uma demarcação exclusiva e proibida, e a demarcação proibida
de Deus são as coisas ilícitas. Sabei também que há no corpo humano um pedaço
de carne: quando este está saudável, todo o corpo fica saudável, e quando está
doente. todo o corpo fica doente. É o coração." (Muttafac alaih)
589. Anas lha Málik (R) relatou que o Profeta (S) viu, numa ocasião,
uma tâmara seca na rua, e disse: "Se eu não temesse que havia sido designada
para caridade, tê-Ia-ia comido" (Muttafac alaih)
590. A1 Nauwas Ibn Sarnan (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Apiedade
está no bom caráter, e o pecado é aquilo que se passa no interior, e que detestas
que seja descoberto pelos demais." (Musslim)
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591.Wábisa Ibn Ma'bad (R) relatou: "Uma vez fui ter com o Mensageiro
de Deus (5), e ele me perguntou: 'Vieste perguntar sobre a virtude?' Respondi:
Sim! Ele disse: 'Pergunta ao teu coração a respeito dela. A virtude é a coisa que
satisfaz a tua alma e sossega o teu coração; e o pecado é a coisa que perturba a
tua alma e desassossega o teu coração, apesar de considerarem isso lícito e
algumas pessoas podem solicitar o teu parecer a respeito disso." (Ahmad e
Dárami)
592. Ucba Ibn Háris (5) narrou que se casara com a filha de Abu Ihab
Ibn Aziz, mas aconteceu que uma mulher se chegou a ele e disse: "Certamente
fui a nutriz de Ucba e da mulher com quem te casaste." Ucba replicou: "Não
tive conhecimento disso, e tampouco me fizeste saber que me havias
amamentado!" De sorte que viajou para Madina para perguntar ao Mensageiro
de Deus (S) sobre o assunto, o qual lhe disse: "Como é que continuais juntos,
uma vez que já foi dito que sois irmãos de leite?" Assim foi que se divorciaram,
e ela se casou com outro homem. (Bukhári)
593. AI Hassan Ibn Áli (R), relatou: "Memorizei, do Mensageiro de Deus
(S), que disse: 'Deixa de lado o que é patentemente duvidoso, e apega-te ao que
não deixa lugar a dúvida!" (Tirrnizi)
594. Aicha (R) relatou: "O Abu Bakr (R) tinha um escravo quc lhe pagava
uma quantia dos seus ganhos diários, e o Abu Bakr utilizava o dinheiro para o
seu sustento. Num dia o escravo apresentou algo de comer, que o Abu Bakr
comeu. O escravo lhe perguntou: "Sabes, acaso, que coisa era essa?" O Abu
Bakr, em vez de responder, perguntou: "Que era?" O outro disse: "Nos dias da
jáihiliya(ignorância), eu costumava predizer o futuro para um indivíduo. Falando
a verdade, eu não predizia o futuro; eu era uma fraude. Bem, quando eu o
encontrei, ele me apresentou essa coisa que acabaste de comer!" Ao ouvir aquilo,
o Abu Bakr (R) enfiou os dedos na boca e vomitou tudo o que havia em seu
estômago. (Bukhári)
595. Náfi (R) relatou que Ômar Ibn al Khattab (R) fixou quatro mil
dirhams para cada pioneiro dos emigrantes, mas para o seu próprio filho ele
fixou apenas três mil e quinhentos. Quando alguém perguntou: "Ele é também
um emigrante; por que fixaste uma qunatia menor para ele?, ele respondeu:
"Ele emigrou junto com o pai dele", querendo dizer que ele não era igual àquele
que emigrara por si. (Bukhári)
596. Atiya Ibn Urwa al Sadi al Sahábi (R) relatou que o Mensageiro de
Deus (S) disse: "Ninguém poderá alcançar o auge da piedade, até que abandone
as práticas inofensivas, meramente para se salvaguardar contra aquelas que são
danosas." (Tirmizi)
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CAPÍTULO 69
A PREFERÊNCIA PELO AUTO-ISOLAMENTO DURANTE AS
ÉPOCAS DE CORRUPÇÃO, OU POR MEDO DE CAIR EM
TENTAÇÃO EM SITUAÇÕES ILÍCITAS OU EM ATOS DUVIDOSOS
Deus, louvado seja, disse:
"Apressai-vos, pois, para Deus, porque sou, de Sua parte, um
elucidante admoestador para vós" (Alcorão Sagrado, 51:50).
597. Saad Ibn Abi Waqas (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus
(S) dizer: "Deus, o Altíssimo, ama e é amigo do servo piedoso, abstinente e
despretcncioso." (Musslim)
598. Abu Saíd aI Khudri (R) relatou que um homem perguntou: "Qué a
melhor pessoa, ó Mensageiro de Deus?" Respondeu-lhe: "O crente que combate
pela causa de Deus com sua vida e propriedade." O homem perguntou
novamente: "Quem vem depois dele?" Respondeu-lhe: "Aquele que se isola
num vale para adorar a seu Senhor."
Uma outra versão diz: "Aquele que teme a Deus e livra as pessoas de
seus males." (Muttafac alaih)
599.Abu Saíd ai Khudri (R)rclatou que o Profeta (S) disse: "Será chegado
o tempo em que a melhor propriedade do muçulmano será um rebanho de cabras
com o qual ele irá para os topos das montanhas ou para um lugar chuvoso, para
salvaguardar a sua fé quanto aos desmandos e às provações" (Bukhari).
600. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Todos os profetas
apontados por Deus tinham por profissão serem pastores de cabras." Foi-lhe
perguntado: "E, até tu?" Ele respondeu: " Sim, eu também as pastoreei, mediante
o pagamento de alguns quilates, para as pessoas de Makka" (Bukhari).
601. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (5) disse: "A
melhor vida é a de uma pessoa que, segurando as rédeas de um cavalo, voa no
lombo do animal, para o bem de Deus. Ele corre para um lugar onde possa
observar o perigo ou ouvir o barulho do inimigo; procurará matar ou o martírio,
enquanto estiver empenhado no jihad, ou viverá num dos vales praticando
regularmente as orações (salat), pagando o zacat, cultuando seu Deus, até ao
seu fim, não intervindo nos assuntos de outras pessoas, a não ser para o bem."
(Musslim)
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CAPÍTULO 70
OS MÉRITOS DE SE MISTURAR COM AS PESSOAS E
PARTICIPAR DE SEUS AJUNTAMENTOS, E ESTAR PRESENTE
NAS SUAS BOAS AÇÕES E PARTICIPAR DE SUAS SESSÕES DE
ZIKR (RECORDAÇAO DE DEUS). VISITAR O ENFERMO, ESTAR
PRESENTE NAS ORAÇÕES FÚNEBRES, SATISFAZER AS
NECESSIDADES DOSNECESSITADOS, ORIENTAR OS
IGNORANTES, E TER O SENSO DE OBRIGAÇÃO E
RESPONSABILIDADE. PRATICAR O LÍCITO E PROIBIR O
ILÍCITO. GUARDAR CORPO E ALMA LIVRES DAS IMPUREZAS
(VÍCIOS) E SER PACIENTE EM CASO DE INJÚRIA
o lmam Nawawi disse que o método de o Profeta (S) tratar com as
pessoas era o melhor e o mais apropriado. O mesmo tipo de conduta foi seguido
pelos profetas anteriores a ele, e esse era o comportamento adotado pelos quatro
califas probos, os honrados companheiros do Profeta (S) e os sábios teólogos, e
as pessoas de bem. Este foi o método da maioria dos seguidores dos
companheiros, o Ismam Cháfi'i e o lmam Ahmad Ibn Hanbal também adotaram
este tipo de conduta em seu relacionamento com as pessoas.
Deus, louvado seja, disse:
"Auxiliai-vos na virtude e na piedade!" (Alcorão Sagrado, 5:2)
Há muitos versículos como este no Alcorão Sagrado.
CAPÍTULO 71
O TRATO CORTÊS E A HUMILDADE PARA COM OS CRENTES
Deus, louvado seja, disse:
"E abaixa tuas asas para aqueles que te seguirem dentre os crentes"
(Alcorão Sagrado, 26:215).
D, louvado seja, disse também:
-ocrentes, aqueles dentre vós, que renegarem sua religião, saibam
que Deus os suplantará por outras pessoas, as quais amará, as quais O
amarão, serão compassivos para com os crentes e severos para com os
incrédulos" (Alcorão Sagrado, 5:54).
E, louvado seja, disse ainda:
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-ó humanos, em verdade, nós vos criamos de macho e fêmea e vos
dividimos em povos e tribos para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que
o mais honrado dentre vós, ante Deus, é o mais temente" (Alcorão Sagrado,
49:13).
E, louvado seja, disse também:
"Não atribuais pois, pureza a vós mesmos, porque Ele bem conhece
o temente" (Alcorão Sagrado, 53:32)
E, louvado seja, continuou:
"Os habitantes dos cimos gritarão a uns homens, os quais
reconhecerão por suas fisionomias: De que vos serviram vossos tesouros e
vosso ensoberbecimento? São estes, acaso, de quem jurastes que Deus não
os agraciariá com Sua misericórdia? (Deus dirá a estes): Entrai no Paraíso
onde não sereis presas do temor nem vos entristecereis" (Alcorão Sagrado,
7:48-49).
602. lyadh lbn Rimar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Deus me revelou que deveis ser corteses e cordiais uns com os outros, de tal
forma que ninguém se considere superior a outro, nem o prejudique." (Musslim)
603. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A caridade não
faz diminuir a riqueza; Deus intensifica a honra daquele que perdoa e, quanto
àquele que se humilha para o bem de Deus, Ele o exalta em hierarquia."
(Musslim)
604. Anas (R) relatou que passou perto de uns meninos e os saudou. E
disse: "Assim o fazia também o Profeta (S)." (Muttafac alaih)
605. Anas (R) relatou: "Mesmo a mais humilde serva de Madina pegava
na mão do Profeta (S) e o levava para onde queria." (Bukhári)
606. AI Asswad Ibn Yazid relatou que Aicha (R) foi interrogada acerca
do que fazia o Profeta (5) quando se encontrava em casa. Respondeu: "Estava
sempre a serviço da sua família; e quando chegava a hora da oração, saía para
fazê-la na mesquita." (Bukhári)
607. Tamim lbn Usaid (R) narrou: "Certa ocasião, fui ter com o
Mensageiro de Deus (S) quando se encontrava pregando a exortação, e lhe
disse: "6 Mensageiro de Deus, sou um estranho que veio perguntar acerca da
religião. Dela, nada sei! Então, aproximou-se de mim, interrompendo a sua
prelação. Trouxe-lhe uma cadeira e, uma vez sentado, começou a me ensinar o
que Deus lhe havia ensinado. Depois voltou, e completou a sua exortação."
(Musslim)
608. Anas lbn Málik (R) diz que quando o Mensageiro de Deus (S)
terminava de tomar sua refeição, costumava lamber os dedos. Anas (R) relatou
também que o Profeta (S) dizia: "Se um pedaço (ou bocado) de comida cair da
mão de alguém, este deverá retirar a poeira ou a sujeira, e comê-lo, e não o
deixar para o diabo!" Depois o Profeta (S) orientou: "A gente deverá limpar a
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vasilha da qual esteve a comer por meio de a lamber, pois a gente não sabe qual
parte da comida é abençoada." (Musslim)
609. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Todos os profetas
apontados por Deus tinham por profissão serem pastores de cabras." Foi-lhe
perguntado: "E, até tu?" Ele respondeu: " Sim, eu também as pastoreei, mediante
o pagamento de alguns quilates, para as pessoas de Makka." (Bukhári)
610.Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aceitarei o convite
para uma refeição, masmo se a comida consistir de uma omoplata ou uma perna
de cordeiro, e aceitarei um presente, mesmo que este seja não mais do que uma
omoplata ou uma perna de cordeiro." (Bukhári).
611. Anas Ibn Málik (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) tinha
uma camela chamada Azba que não permitia que um outro camelo a ultrapassasse
na corrida. Numa ocasião, um aldeião chegou montando um camelo novo, que
corria mais do que a camela do Profeta (S). Os muçulmanos ressentiram-se
muito daquilo. O Profeta (S) notanto o descontentamento dos muçulmanos,
disse: "É da vontade de Deus que Ele rebaixe qualquer coisa que se sobressaia,
no mundo." (Bukhari)
CAPÍTULO 72
A PROIBIÇÃO DA ARROGÂNCIA E DA SOBERBIA
Deus, louvado seja, disse:
"Destinamos a morada no Outro Mundo para aqueles que não se
envaidecem nem fazem corrupção ne terra; e a recompensa será dos
tementes" (Alcorão Sagrado, 28:83).
E, louvado seja, disse também:
"E não te conduzas com jactância na terra, porque jamais poderás
fendê-Ia, nem te igualares em altura às montanhas" (Alcorão Sagrado, 17:37).
E, louvado seja, disse mais:
"E não vires o rosto a gente, nem andes insolentemente pela terra,
porque Deus não estima arrogante e jactancioso algum" (Alcorão Sagrado,
31:18).
E, louvado seja, disse ainda:
"Em verdade, Carun era do povo de Moisés e o envegonhou.
Havíamos-lhe concedido tantos tesouros, que suas chaves eram uma carga
para um grupo de homens robustos. Recordai de quando seu povo lhe disse:
Não te exultes, porque Deus não aprecia os exultantes" (Alcorão Sagrado,
28:76).
612. Abdullah Ibn Mas'ud (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele
que tiver orgulho, do peso de um átomo, no coração não entrará no Paraíso."
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Um homem disse: -ó Mensageiro de Deus, algumas pessoas gostam de belas
roupas e lindos calçados." O Profeta (S) disse: "Deus é Elegante e Belo e gosta
do que é elegante e belo. Ter orgulho significa rejeitar a verdade e considerar os
outros inferiores." (Musslim)
613. Salma Ibn AIAqua' (R), relatou que um indivíduo começou a comer
com a mão esquerda na presença do Mensageiro de Deus (S). Este lhe disse:
"Come com a mão direita." Ele disse: "Não sou capaz de fazer isso!" Foi
simplesmente a sua insolência que o impediu de obedecer as ordens do Profeta
(S). Após aquilo, aconteceu que o dito homem não mais pôde levar a mão à
boca. (Musslim)
614. Háriça Ibn Wahb (R) contou que ouviu o Mensageiro de Deus (S)
dizer: "Quereis que vos fale quem são os moradores do Inferno? Pois são os
cruéis, os impertinentes e os arrogantes." (Muttafac alaih)
615. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Em dada
ocasião, o Paraíso e o Inferno disputam entre si. Diz o Inferno: 'Tenho comigo
os tiranos e os arrogantes!' E diz o Paraíso: 'Eu tenho comigo os débeis e os
modestos!' Porém Deus resolve a disputa, dizendo: 'Tu, Paraíso, és a Minha
misericórdia e to concedo a quem Eu quiser. E tu, Inferno, és o meu castigo.
Contigo farei sofrer a quem Eu desejar. E a ambos abarrotarei.'" (Musslim)
616. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "No
Dia do Julgamento, Deus não irá olhar na direção de quem, por orgulho, deixar
o seu manto arrastando." (Muttafac alaih)
617. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus,
no Dia da Ressurreição, não dirigirá a palavra a três espécies de indivíduos,
nem os purificará, nem tampouco os olhará, e terão um doloroso castigo: o
adúltero recalcitrante, o rei mentiroso, e o pobre arrogante." (Musslim)
618. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus,
exaltado seja, diz: 'A honra é a Minha veste inferior, e a grandiosidade é a
Minha veste superior; quanto àquele que competir coMigo nesses dois itens,
será castigado.?' (Musslim)
619. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Quando andava um homem, admirando-se das suas formosas vestes, dos seus
cabelos bem penteados, com passos ernpavonados, Deus o fez ser tragado pela
terra, onde se agitará até ao Dia do Juízo Final!" (Muttafac alaih)
620. Salama Ibn al Aqua' (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Desde que o homem persista em sua arrogância e altivez, será inscrito
entre os déspotas e, portanto, receberá o mesmo castigo que eles." (Tirmizi)
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CAPÍTULO 73
A EXCELÊNCIA DO CARÁTER
Deus, louvado seja, disse:
"Porque és de nobilíssimo caráter" (Alcorão Sagrado, 68:4).
E, louvado seja, disse também:
"... que reprimem a cólera; que indultam o próximo" (Alcorão
Sagrado, 3:134)
621.Anas Ibn Málik (R) relatou: "O Profeta (S) possuía o melhoro caráter
entre todos os seres humanos". (Muttafac alaih)
622. Anas Ibn Málik (R) relatou: "Nunca senti veludo nem seda mais
macios do que a mão do Mensageiro de Deus (S). Nunca senti um perfume
mais agradável do que o aroma do corpo do Mensageiro de Deus (S). Servi-o
por dez anos. Ele nunca me censurou, e nunca me perguntou: 'Por que fizeste
isso, por algo que eu fiz, ou por que não fizeste isso, por algo que não fiz!' Só
me perguntava: 'Fizeste isso?'" (Muttafac alaih)
623. AI Saab Ibn Jaçáma (R) relatou: "Certa ocasião dei de presente
uma zebra para o Mensageiro de Deus (S), mas ele não a aceitou. Quando me
viu aborrecido, disse: 'O que me veda aceitá-la é que estamos, nestes dias,
consagrados à peregrinação." (Muttafac alaih)
624. Annawas Ibn Sam'an (R) relatou: "Perguntei ao Mensageiro de
Deus (S) acerca da bondade e do pecado. Disse ele: 'A bondade é o excelente
caráter, e o pecado é o que se passa no teu interior, e que detestas que seja
descoberto pelos demais.'" (Musslim)
625. Abdullah IbnAmr Ibn al 'Ás (R) relatou que, por natureza, o Profeta
(S) nunca falava indecentemente, nem nunca ficava a escutar coisas indecentes.
Ele costumava dizer: "Os melhores dentre vós são os que possuem melhores
caráteres." (Muttafac alaih)
626. Abu al Dardá (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Nada será mais
preponderante na balança, no Dia do Juízo, do que a excelência do caráter; e,
certamente, a Deus aborrece o grosseirismo e a indecência." (Tirmizi)
627. Abu Huraira (R) relatou: "Ao Mensageiro de Deus (S) foi
perguntado: 'Que é que mais faz entrar as pessoas no Paraíso?' Respondeu: 'O
temor a Deus e a excelência de caráter.' Foi também interrogado sobre o que
mais faz entrar as pessoas no Inferno. Respondeu: 'A boca e os orgãos genitais. '"
(Tirmizi)
628. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O
mais íntegro dos crentes, em matéria de fé, é o que tem caráter excelente. E os
melhores de vós são os que melhor tratam as mulheres." (Tirmizi)
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629. Aicha (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:
"Certamente o crente alcança, com o seu excelente caráter, o grau daquele que
jejua de dia e, à noite, fica em vigília, rezando." (Abu Daúd)
630. Abu Umama aI Báhili (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Eu garanto uma casa nos arredores do Paraíso a quem abandonar as
dissensões, embora tenha razão. E uma casa no centro do Paraíso a quem
abandonar a mentira, ainda que seja por chacota. E uma casa no alto do Paraíso
a quem mostrar um earáter excelente." (Abu Daúd)
631. Jáber(R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Certamente,
o mais querido, para mim, e que estará sentado ao meu lado, no Dia da
Ressurreição, será o que tiver o caráter mais excelente. E os mais abomináveis,
para mim, e que estarão mais afastados de mim, no Dia da Ressurreição, serão
os charlatães, os presunçosos e os arrogantes." (Tirrnizi)
CAPÍTULO 74
AAFABILIDADE, A TOLERÂNCIA E A BENEVOLÊNCIA
Deus, louvado seja, disse:
"Que reprimem a cólera; que indultam o próximo" (Alcorão Sagrado,
3:134)
E, louvado seja, disse também:
"Conserva-te indulgente, encomenda o bem e foge dos insipientes"
(Alcorão Sagrado, 7: I99).
E, louvado seja, disse ainda:
"Jamais poderão equiparar-se a bondade e a maldade! Retribui o
mal da melhor forma possível, e eis que aquele que nutria inimizade por ti
converter-se-à em íntimo amigo! Porém, ninguém receberá isso senão os
tolerantes, e ninguém receberá isso, senão os bem-aventurados" (Alcorão
Sagrado, 41:34-35).
E, louvado seja, disse mais:
"Em troca, quem perseverar e perdoar, saberá que isso é um fator
determinante em todos os assuntos" (Alcorão Sagrado, 42:43).
632. Ibn Abbas (R) relatou que o Profeta (S) disse para Achaj 'Abd AI
Kaiss: "Tens duas qualidades que Deus gosta e ama: uma é brandura e a outra é
a tolerância." (Musslim)
633. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus é
Benigno, e Lhe apraz a benignidade em todos os cssuntos." (Muttafac alaih)
634. Aicha (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Deus é Benigno, e Lhe
apraz a benigdade; por isso recompensará, pela benignidade, como jamais
recompensou, pela violência ou por qualquer outra coisa parecida." (Musslim)
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635. Aicha (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A benignidade, quando
acompanha qualquer assunto, o embeleza, e, quando é retirada de qualquer
assunto, tira-lhe o encanto." (Musslim)
636. Abu Huraira (R) relatou que, em certa ocasião, um beduíno urinou
na mesquita; por isso as pessoas se levantaram e se arrojaram sobre ele para
castigá-lo; porém, o Profeta (S) disse: "Deixai-o! e, quanto à urina, jogai sobre
ela uma cuba de água para a limpar. Sede benévolos, e não sejais intransigentes!"
(Bukhári)
637. Anas (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Facilitai as coisas; não as
dificulteis! Apresentai as boas-novas, e não intimideis os outros." (Muttafac
alaih)
638. Jarir IbnAbdullah (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S)
dizer: "Quem estiver privado da benignidade haverá perdido toda a bondade."
(Musslim)
639. Abu Huraira (R) relatou que, em certa ocasião, um homem se
aproximou do Profeta (S), e lhe disse: "Aconselha-me!" Disse: "Não te
enfureças!" Porém, aquele homem insistiu em sua petição, e o Profeta repetiu:
"Não te enfureças!" (Bukhári)
640. Chadad Ibn Aus (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Deus prescreveu a benevolência quanto a todos os assuntos, inclusive quando
tiverdes de aplicar a pena de morte. Do mesmo modo, se tiverdes de sacrificar
algum animal, fazei-o com benevolência, afiando bem o cutelo, desejando que
o animal descanse, e que não sofra." (Musslim)
641. Aicha (R) relatou: "Sempre que eram apresentadas ao Mensageiro
de Deus (S) duas alternativas, escolhia a mais fácil, salvo numa transgressão da
lei, pois nesse caso, era o primeiro a evitá-la. E nunca se vingava por questões
pessoais; tão-somente o fazia quando eram violadas as leis sagradas de Deus.
Nesse caso, deixava o revide para Deus, exaltado seja." (Muttafac alaih)
642. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Quereis que vos fale de quem estará a salvo do Inferno? Pois estará a salvo
todo aquele que for querido pelas gentes, por sua benignidade, moderação e
atenção com os demais." (Tirmizi)
CAPÍTULO 75
o PERDOAR E O AFASTAR-SE DOS IGNORANTES
Deus, louvado seja, disse:
"Conserva-te indulgente, encomenda o bem e afsta-te dos ignorantes"
(Alcorão Sagrado, 7:199).
E, louvado seja, disse também:
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"Perdoa-os generosamente" (Alcorão Sagrado, 15:85).
E, louvado seja, disse ainda:
"Que os tolerem e os perdoem. Não vos agradaria, por acaso, que
Deus vos perdoasse?" (Alcorão Sagrado, 24:22).
E, louvado seja, disse mais:
"Que perdoam o próximo. Sabei que Deus aprecia os benfeitores"
(Alcorão Sagrado, 3:134).
E, louvado seja, continuou:
"Quem perseverar e perdoar, saberá que isso é umfator determinante
em todos os assuntos" (Alcorão Sagrado, 42:43).
643. Aicha (R) narrou que, em certa ocasião, perguntou ao Profeta (5):
"Tiveste algum dia que fosse mais penoso que o dia de Uhod?" Disse ele: "Pois
eis que tive mais penoso ainda, proveniente do teu povo; e o pior de todos foi o
dia de 'Acaba. quando me apresentei para Ibn Abd Ialil Ibn Abd Culal; pedi-lhe
ajuda, e ma negou. Então me fui dali muito angustiado, até chegar a Carn al
Saáleb. Ao levantar o olhar, vi uma nuvem que provera de uma sombra, e nela
se encontrava o Arcanjo Gabriel, que me chamou, dizendo: 'Deus, exaltado
seja, tem ouvido o que a tua gente te disse, e a resposta que tens dado. Por isso,
envia-te o anjo das montanhas para que mandes fazer com eles o que quiseres.'
Naquele momento, chamou-me o anjo das montanhas, suadando-me, e dizendo:
Ó Mohamrnad, Deus, exaltado seja, ouviu a resposta que a tua gente tem dado;
e eu sou o anjo das montanhas; eis que Deus me envia para que obedeça as tuas
ordens. Que desejas? Se quiseres, derrubarei inclusive as duas montanhas de
Makka sobre eles." Porém (continuou Aicha) o Profeta (5) disse: "Não, pois
tenho esperanças de que Deus fará surgir dentre os descendentes deles quem
adorará o Deus Único, sem Lhe associar nada nem ninguém." (Muttafac alaih)
644. Aicha (R) relatou: "O Mensageiro de Deus jamais pôs a mão (bateu)
numa mulher, num criado, nem em ninguém, salvo combatendo em nome de
Deus, e jamais retaliou, mesmo quando alguém lhe causava dano pessoal, salvo
se violasse alguma das sagradas leis de Deus; nesse caso, retaliava por conta de
Deus." (Musslim)
645. Anas (R) relatou: "Uma vez eu caminhava com o Profeta (S). Ele
usava uma capa de Najran, de forro grosso. No caminho ele cruzou com um
aldeão que o segurou pela capa e deu-lhe um puxão violento. Olhei para o
pescoço do Profeta (S) e vi a marca avermelhada que a capa causara devido à
violência do puxão. O aldeão disse: 'ó Mohammad, ordena que me seja dado
algo da provisão de Deus que se encontra contigo!' O Profeta (5) olhou para o
homem, sorriu, e ordenou que lhe fosse dado algo." (Muttafac alaih)
646. Ibn Mass'ud (R) contou: "Parece-me como se olhasse agora o rosto
do Mensageiro de Deus (S), quando nos falava de um dos profetas (a paz esteja
com eles), que foi golpeado por seu próprio povo, até sangrar e, enquanto limpava
o sangue das faces,dizia: 'Deus meu, perdoa-os, pois não sabem o que fazem!'"
(Muttafac alaih)
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647. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O
forte não é aquele que vence a outros na luta corporal, mas sim aquele que
controla o seu temperamento, no momento da ira." (Muttafac alaih)
CAPÍTULO 76
SUPORTAR AS INJÚRIAS
Deus, louvado seja, disse:
"Que reprimem a cólera; que indultam o próximo" (3:134).
"Quem perseverar e perdoar, saberá que isso éum fator determinante
em todos os assuntos" (42:43).
648. Abu Huraira (R.) relatou que um homem disse: -ó Mensageiro de
Deus, tenho familiares com os quais sempre trato de melhorar os laços, porém,
eles desdenham de mim; cuido deles com generosidade, mas eles me maltratam;
sou indulgente e compreensivo para com eles, mas eles são malévolos e
intransigentes para comigo." O Mensageiro de Deus (S) disse: "Se é assim, tal
como me contas, seria como se te fizessem engolir cinza escaldante; porém,
desde que te mantenhas assim, Deus te dará o Seu apoio e te protegerá deles."
(Musslim)
CAPÍTULO 77
A DEMONSTRAÇÃO DE DESGOSTO QUANDO SÃO VIOLADAS AS
NORMAS DA LEI, E A PRESTAÇÃO DE APOIO AO ISLAM
Deus, louvado seja, disse:
"Quanto àquele que enaltecer os ritos sagrados de Deus, será melhor
para ele" (Alcorão Sagrado, 22:30).
E, louvado seja, disse também:
-ó crentes, se secorrerdes a Deus, Ele vos secorrerá e firmará vossos
passos" (Alcorão Sagrado, 47:7).
649. Ucba Ibn Amr (R) relatou: "Aproximou-se um homem do Profeta
(S), e lhe disse: 'Estou faltando à oração da alvorada, porque fulano a prolonga
muito.' Nunca vi o Profeta (S) tão desgostoso como esteve durante a exortação
que fez, na continuação daquele dia, quando disse: 'Gente, entre vós há alguns
que aborrecem as pessoas. Para evitar isso, aquele que for encabeçar uma oração,
deverá encurtá-la. Saiba-se que há entre os oradores adultos, crianças e outras
pessoas que possuem afazeres. '" (Muttafac alaih)
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650. Aicha (R) relatou: "Certa ocasião, no regresso do Mensageiro de
Deus (S) de uma viagem, aconteceu de eu ter posto uma cortina numa grande
janela, a qual continha imagens (desenhos). Quando o Mensageiro de Deus ~S)
a viu, enfezou-se, e a retirou, dizendo: 'o Aicha, aqueles que vão sofrer o castigo
mais severo, no Último Dia, serão os que pretenderem assemelhar suas obras à
criação de Deus.!" (Muttafac alaih)
651. Aicha (R) relatou acerca da ocasião de um roubo praticado por uma
mulher da tribo Makhzum, que por isso foi condenada. Os coraixitas se
encontravam sumamente preocupados com a questão, e se perguntavam: "Quem
será que poderia interceder por ela junto ao Mensageiro de Deus (S)?" Alguém
disse: "Ninguém, a não ser Ussama Ibn Zaid, pois é o mais querido do
Mensageiro de Deus (S)." Assim foi que Ussama intercedeu por aquela mulher
junto ao Mensageiro de Deus (S), que disse: "Acaso pretendes interceder ante
uma sentença prescrita por Deus?" Ato contínuo, levantou-se e exortou as
pessoas, nestes termos: "O que levou os povos anteriores a vós à perdição e
destruição foi o fato de que deixavam livre o nobre que roubava, ao passo que
condenavam o destituído, se era o que roubava. Juro por Deus que se a Fátima,
a própria filha de Mohammad, tivesse roubado, ter-lhe-ia cortado a mão!"
(Muttafac alaih)
652. Anas (R) relatou que o Profeta (S) viu, certa ocasião, uma nesga de
mouco na parede da mesquita que estava na direção da Quibla. Aquilo o
aborreceu muito, de dar na vista. Inclusive, levantou-se e a raspou, então disse:
"Quando um de vós está rezando, eis que se encontra na presença de Deus, e
em comunhão com Ele. Seu Senhor Se encontra no meio, entre a quibla e ele.
Portanto, que não cuspa na direção da Quibla, quando poderá cuspir para a
esquerda ou debaixo do pé." Em seguida pegou a barra da sua túnica, cuspiu
numa parte dela, e a dobrou, dizendo: "Também se pode fazer deste modo!"
(Muttafac alaih)
CAPÍTULO 78
ASOLICITAÇÃO AOS HOMENS DE AUTORIDADE A SEREM
BENÉVOLOS COM O POVO; O ACONSELHAMENTO A LHE
TERMOS AFETO. A PROIBIÇÃO DO DEFRAUDAR, DO EXIGIR
COMASPEREZA, DO IGNORAR O SEU BEM-ESTAR E DE
MOSTRAR DESINTERESSE POR SUAS NECESSIDADES
Deus, louvado seja, disse:
"E abaixa tuas asas para aqueles que te seguirem dentre os crentes"
(Alcorão Sagrado, 26:215).
E, louvado seja, disse também:
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"Deus ordena a justiça, a caridade, o auxilio aos parentes, e veda a
obscenidade, o ilícito e a iniqüidade. Ele vos exorta a que mediteis" (Alcorão
Sagrado, 16:90).
653. Ibn Ômar (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:
"Cada um de vós é um pastor e, por isso, é responsável por aqueles que se
encontram ao seu encargo. O governador é um pastor, e é responsável por seus
governados; o homem é um pastor de sua família, e é responsável por ela; a
mulher é uma pastora na casa do seu marido, e é responsável por ela; o criado é
um pastor dos bens do seu patrão, e é responsável por eles. Em suma, cada um
de vós é um pastor, e é responsável por aquilo que está ao seu encargo." (Muttafac
alaih)
654. Maquel Ibn Yassar (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S)
dizer: "Quando Deus nomeia alguém autoridade sobre um povo e ele morre
enganando-o, Ele lhe proibirá a entrada dele no Paraíso." (Muttafac alaih)
655. Aicha (R) relatou: "Tenho ouvido, nesta minha casa, o Mensageiro
de Deus (S) dizer: 'Senhor, sê intransigente com aquele que, ao adquirir um
cargo de alguma autoridade, na minha nação, for intransigente para com ela. E
sê benevolente com aquele que, ao adquirir um cargo de alguma autoridade, na
minha nação, for benevolente para com ela!" (Musslim)
656. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Os
filhos de Israel eram governados pelos profetas e, quando morria um profeta,
sucedia-lhe outro. Porém, depois de mim, não haverá outro profeta. Haverá,
sim, califas, e serão muitos." Perguntaram-lhe: "O Mensageiro de Deus, que é
que nos mandas fazer, nesse caso?" Respondeu-lhes: "Sede leais a eles, de acordo
com vossos compromissos junto a eles, e assim sucessivamente. Então,
reconhecei-lhes os direitos, e suplicai a Deus pelos vossos, pois Deus lhes pedirá
contas acerca,das responsabilidades que lhes foram delegadas." (Muttafac alaih)
657. Aiz Ibn Amr (R) se dirigiu a Ubaidulah Ibn Ziad, dizendo-lhe: "O
filho, ouvi o Mensageiro de Deus (S) dizer: 'o pior dos governadores é o severo
e intransigente.' Portanto, cuida de não ser um deles!" (Muttafac alaih)
658. Abu Mariam AI Azdi (R) relatou que ele disse a Muáwiya (R):
"Ouvi o Mensageiro de Deus (S) dizer: 'Se Deus designar uma pessoa para
autoridade sobre os muçulmanos, e ela falhar em compensar as necessidades
deles e remover sua pobreza, Deus não lhe compensará as necessidades e não
lhe removerá a pobreza no Dia do Juízo Final.' Por isso, Muáwiya nomeou uma
pessoa para verificar as necessidades das pessoas." (Abu Daúd e Tirmizi)
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CAPÍTULO 79
o GOVERNADOR JUSTO
Deus, louvado seja, disse:
"Deus ordena ajustiça, a caridade" (Alcorão Sagrado, 16:90).
E, louvado seja, disse também:
"Sede eqüânimes, porque Deus aprecia os eqüânimes" (Alcorão
Sagrado, 49:9).
659. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Sete indivíduos
serão aqueles que estarão à sombra de Deus no Dia do Juízo Final, quando não
haverá outra sombra além da d'Ele. São: o governante justo, o jovem que passou
a sua juventude adorando a e a serviço de Deus, glorificado e exaltado seja;
aquele que tiver o coração permanentemente ligado às mesquitas; duas pessoas
que se amam por amor a Deus; eles se juntam para aprazerem a Deus e se
separam para aprazê-Lo; aquele que for incitado a cometer um pecado por uma
mulher bela e de posição e não aceitar, dizendo: temo a Deus; aquele que faz
caridade em segredo, sem se mostrar, de tal forma que sua mão direita não sabe
o que a esquerda dá; e aquele que se lembra de Deus com tanta solicitude, que
seus olhos se enchem de lágrimas." (Muttafae alaih)
660. AbduIlah Ibn Amr Ibn al 'Ás (R), relatou que o Mensageiro de
Deus (S) disse: "Os justos se encontram perante Deus, sobre estratos de luz.
São os imparciais em suas sentenças, e em suas famílias, bem como nas
responsabilidades a que foram incumbidos." (Musslim)
661. Auf Ibn Málik (R) relatou ter ouvido o Mensageiro de Deus (S)
dizer: "Os melhores dentre vós, governadores, são aqueles que são amados
pelo povo, e que o amam em troca. Imploram a Deus por ele, e ele implora a
Deus por eles, em troca. E os piores dentre vós, governadores, são aqueles que
detestam o povo, e são detestados por ele em troca. Maldizem-no e são malditos
em troca." Perguntamos-lhe: -ó Mensageiro de Deus, poderíamos sublevarnos
contra eles?" Disse: "Não, desde que mantenham a celebração das orações.
IDesde que mantenham as celebrações das orações!" (Musslim)
I 662. Iyadh Ibn Himar (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S)
dizer: "Os moradores do Paraíso serão de três espécies: O governador justo e
Ibem sucedido; o homem de misericórdia, benigno para com todos os seus
lfamiliares e muçulmanos, e o homem honesto que se recusa pedir às pessoas,
laindaque seja pobre e com família numerosa." (Musslim)
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CAPÍTULO 80
A OBEDIÊNCIA DEVIDA ÀS PESSOAS DE AUTORIDADE, EM
TUDO O QUE SE SUPÕE NÃO SER PECADO. A PROIBIÇÃO DESSA
OBEDIÊNCIA QUANTO A ATOS PECAMINOSOS
Deus, louvado seja, disse:
-ó crentes, obedecei a Deus, ao Mensageiro e às autoridades der.tre
vós!" (Alcorão Sagrado, 4:59).
663. Ibn Ômar (R) relatou que ouviu o Profeta (S) dizer: "É dever do
muçulmano ouvir e obedecer, no que gosta e no que não gosta, a menos que
seja ordenado a cometer algum pecado. Nesse caso não deve ouvir nem
obedecer." (Muttafac alaih)
664. Ibn Ômar (R) relatou: "Nós fizemos um voto de fidelidade ao Profeta
(S) de ouvir e obedecer; ele costumava dizer: 'Apenas tanto quento possais."
(Muttafac alaih)
665. Ibn Ômar R) relatou que ouviu o Profeta (S) dizer: "Aquele que
reprimir suas mãos quanto à obediência (ou seja, não fizer voto de fidelidade a
ninguém) irá encontrar-se com Deus, no Dia do Julgamento, sem qualquer
desculpa; e aquele que morrer sem jurar fidelidade terá morrido em estado de
ignorância - jahiliya," (Musslim)
Outra versão diz: "Aquele que morrer estando disassociado da sua
comunidade terá morrido no estado de ignorância."
666. Anas Ibn Málik (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Ouvi e obedecei, mesmo um escravo .egro, cuja cabeça seja igual a uma uva
seca, for apontado como autoridade sob. e vós." (Bukhári)
667. Abu Huraira (R) relatou que o r:ofeta (S) disse: "Devereis ouvir e
obedecer as ordens da autoridade, nas hoir s de agruras e de tranquilidade,
deliberadamente ou constrangidos, mesmo se fordes tratados inj..eramente."
(Musslim)
668. AbdulIah Ibn Ômar (R) relatou: "Estávamos numa jornada com o
Mensageiro de Deus (S), e acampamos num local. Alguns de nós se atarefaram
em armar suas tendas, alguns praticavam esportes ou jogos guerreiros (como
arremesso ao alvo, etc.), outros se oeupavam em atender suas reses, quando o
muézin do Profeta (S) anunciou que era chegada a hora da congregação. Assim,
nós nos juntamos ao redor do Mensageiro de Deus (S); então, dirigindo-se a
nós, ele disse: 'Todos os profetas que me precederam tinham a obrigação de
conscientizar o seu povo quanto ao que ele achava que era bom, e de os prevenir
quanto ao que ele achava que era ruim. Tanto quanto sabeis, (devo dizer-vos)
que estareis protegidos na primeira parte da vossa história mas, subseqüentemente,
ireis deparar com dificuldades e catástrofes que vos serão desagradáveis
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(aos infortúnios seguir-se-ão outros infortúnios). Uma calamidade fará a
calamidade anterior parecer leve. Quando a calamidade surgir, o crente dirá:
'Esta veio para me arruinar!' Quando ela passar e outra surgir, ele dirá: 'Esta é
a que me irá arruinar!' Por conseguinte, a pessoa que desejar estar imune ao
Inferno, e entrar no Paraíso, deverá encarar a morte acreditando em Deus e no
Dia do Julgamento, e deverá tratar os outros do mesmo modo que deseja ser
tratado. Aquele que prestou juramento de fidelidade a um líder (imam), e se
entregou de corpo e alma a ele, deverá obedecê-lo na medida do possível. Se
alguém se opuser e contestar a autoridade desse líder (imam), esse oponente
deverá ser decapitado." (Musslim)
669. Abu Hunaida Wail Ibn Hujr (R) relatou que o Salama Ibn Yazid (R)
pediu para o Mensageiro de Deus (S): -o Profeta de Deus, por favor, faze-me
saber se seremos colocados sob as ordens de governantes que irão exigir de nós
os seus direitos, mas se recusarão a dar-nos os nossos; quais são as tuas ordens
(para nós, nesse caso)?" O Mensageiro de Deus (S) evitou dar-lhe uma resposta,
mas o homem repetiu o pedido. Depois o Profeta (S) disse: "Devereis ouvi-los
e obedecê-los! Eles responderão pelas suas obrigações, e vós respondereis pelas
vossas." (Musslim)
670. Abdullah Ibn Mass'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Depois de mim vereis muitas diferenças e coisas de que não ireis gostar."
Perguntaram: -ó Mensageiro de Deus, que temos de fazer em tais
circunstâncias?" Ele respondeu: "Tendes que cumprir os vossos deveres e pedir
a Deus pelos vossos direitos." (Muttafac alaih)
671. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Aquele que me obedecer obedecerá a Deus; aquele que me desobedecer
desobedecerá a Deus; e aquele que obedecer a pessoa em autoridade, obedecerá
a mim, e quem o desobedecer, desobedecerá a mim." (Muttafac alaih)
672. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Aquele
ao qual lhe desgosta algo da parte de seu governador, que tenha paciência, pois
quem se afasta, nem que seja um palmo, da obediência à autoridade estará na
condição de como se tivesse morrido na situação de ignomínia." (Muttafac alaih)
673. Abu Bacra (R) relatou ter ouvido o Mensageiro de Deus (S) dizer:
"Aquele que humilhar o governador será por Deus humilhado." (Tirmizi)
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CAPÍTULO 81
A PROmIçÃO DA REIVIND~CAÇÃO DE UM ~OSTO DE
AUTORIDADE. ADECLINAÇAO DAACEITAÇAO DE TAIS
POSTOS, SE NÃO FOR POR UMA EXIGÊNCIA OU NECESSIDADE
Deus, louvado seja, disse:
"Destinamos a morada no Outro Mundo para aqueles que não se
envaidecem nem fazem corrupção na terra; e a recompensa será dos
tementes" (Alcorão Sagrado, 28:83).
674. Abdul Rahman Ibn Samura (R) narrou que em certa ocasião o
Mensageiro de Deus (S) lhe disse: -ó Abdul Rahman Ibn Samura, jamais
reivindiques um posto de autoridade; porque se te designarem o posto, sem
teres pedido, eis que te ajudarão a cumprir com a sua responsabilidade. Porém,
se to designarem porque o pedistes, então te deixarão a sós ante tal
responsabilidade. E se jurares quanto a algo, logo verás que seria melhor que
retificasses ... então deverás fazer o que achares melhor - ao tempo que deverás
apresentar uma penitência por teres quebrado o teu juramento." (Muttafac alaih)
675. Abu Zar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) lhe disse: -o
Abu Zar, considero-te fraco, e como tal não estás apto a exercer função
administrativa. Gosto para ti o que gostaria para mim. Não deseja a autoridade,
mesmo sobre duas pessoas, nem queira ser o guardião da propriedade deum
~ ,".
órfão!" (Musslim)
676. Abu Zar (R) relatou: "Perguntei para o Mensageiro de Deus (S):
Por que não me apontas como administrador de algum lugar? Dandotapinhas
no meu ombro, ele disse: -ó Abu Zar, tu és fraco, e o gabinete é uma
responsabilidade, e isso poderá ser a causa de humilhação e tristeza no Dia no
Julgamento, exceto no caso de a pessoa assumir o gabinete com justificativa, e
comprir com as respectivas obrigações'" (Musslim)
677.AbuHuraira (R) relatou queO Mensageiro de Deus (S) disse: "Tempo
virá em que aspirareis por cargo público e por autoridade, mas acautelai-vos,
porque isso poderá ser uma questão de humilhação e de arrependimento, no
Dia da Ressurreição." (Bukhari),
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CAPÍTULO 82
A EXORTAÇÃO AOS GOVERNADORES, AOS JUÍZES E ÀS
DEMAIS PESSOAS DE AUTORIDADE PARA QUE DESIGNEM
BONS CONSELHEIROS; E AADVERTÊNCIA DAS
CONSEQÜÊNCIAS DAS MÁS COMPANHIAS
Deus, louvado seja, disse:
"Nesse dia os amigos tornar-se-ão inimigos recíprocos, exceto os
tementes" (Alcorão Sagrado, 43:67).
678. Abu Saíd e Abu Huraira (R) contaram que o Mensageiro de Deus
(S) disse: "Sempre que Deus envia um Profeta ou dispõe a designação de um
regente, sem que tenha dois conselheiros; um lhes aconselha o bem, e os estimula
a praticá-lo, e o outro lhes aconselha o mal, e os incita a fazê-lo. Por isso, o
protegido será a quem Deus proteger." (Bukhári)
679. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Quando
Deus quer que um governante seja bom, Ele lhe propicia um bomconselheiro,
que lhe aviva a memória quando ele se esquece (de fazer coisas boas), e o
ajuda, quando ele se lembra; e quando Deus deseja para ele algo que não seja
bom, dá-lhe um indivíduo ruim como conselheiro, que não lhe aviva a memória
quando ele se esquece (de fazerbc:ias obras), e não o ajuda, quando ele se lembra"
(Abu Daúd) .
CAPÍTULO 83
A PROmIçÃO DA DESIGNAÇÃO DE POSTOS DE AUTORIDADE,
DE JUSTIÇA, ETC. A Ql)EM OSREIVINDICA OU MOSTRA
. GRANDE ANSIEDADE PELOS MESMOS
680. Abu Mussa ai Ach' ari (R) relatou: "Certa ocasião, encontrávamonos,
dois primos meus e eu, perante o Profeta (S). Um dos meus primos disse: -o Mensageiro de Deus, aponta-me como autoridade sobre alguma parte daquilo
que Deus te concedeu!' O outro lhe pediu algo parecido. Então o Profeta (S)
respondeu: 'Por Deus! Jamais concedemos um posto de responsabilidade a quem
o pedisse, ou demonstrasse muito anseio por consegui-lo.:" (Muttafac alaih)
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LIVRO DAS BOAS MANEIRAS
CAPÍTULO 84
QUANTO À MODÉSTIA, SUAS VIRTUDES, E COMO
DESENVOLVÊ-LAS
681. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) passou por um
homem dos Ansar que estava aconselhando o irmão a não ser muito modesto ou
acanhado. O Mensageiro de Deus (S) disse: "Deixa-o, uma vez que a modéstia
e o acanhamento fazem parte da fé." (Muttafac alaih)
682. Imran Ibn Hushain (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"O pudor e o recato nada podem ocasionar, senão o bem." (Muttafac alaih)
683. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A fé
consta de sessenta ou de setenta e tantos graus; o mais sublime deles é o
testemunho de que não há outra divindade além de Deus; e o menor é o ato de
se retirar os obstáculos do caminho. Contudo, sabei que o pudor e o recato
constituem uns dos graus da fé." (Muttafac alaih)
684. Abu Saíd aI Khudri (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) tinha
mais pudor e acanhamento que uma virgem na noite de suas bodas - nos seus
aposentos. Por isso, davamo-nos conta de qualquer coisa de que o desgostasse.
(Muttafac alaih)
CAPÍTULO 85
O GUARDAR SEGREDOS
Deus, louvado seja, disse:
"Cumpri o convencionado, porque o convencionado será
reivindicado" (Alcorão Sagrado, 17:34).
685. Abu Saíd aI Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "No Dia do
Julgamento, na estimativa de Deus, a pior posição entre os seres humanos será
a do homem que cohabita com sua esposa, depois toma público esse ato secreto"
(Musslim).
686. Abdullah IbnÔmar (R) relatou que quando Hafsa, a filha de Ômar
(R) ficou viuva, ele conta: "encontrei-me com Osman Ibn Affan (R) e lhe disse:
'Se tu quiseres, conceder-te-ei a mão de minha filha, Hafsa, em casamento.'
Osman (R) disse: 'Vou pensar no assunto.' Depois de alguns dias, ele me
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encontrou e me disse: 'Pensei no assunto e decidi que não deveria casar nesses
dias.' Então, encontrei-me com Abu BakrAssid.k (R), e lhe disse: 'Se tu quiseres,
conceder-te-ei a mão de minha filha, Hafsa, em casamento.' Abu Bakr ficou
calado, e não disse uma palavra em resposta. Sua atitude doeu-me mais do que
a atitude de Osman. Depois de alguns dias, o Profeta (S) pediu-a em casamento,
e eu consenti. Depois de algum tempo, Abu Bakr encontrou-me e disse: 'Tu
deves ter ficado sentido quando sugeriste que eu casasse com Hafsa, e eu não
dei resposta.' Eu disse: 'Sim!' Ele disse: 'Nada me vedou aceitá-la além do fato
de que o Profeta (S) tinha expressado seu interesse em casar com ela, e eu não
podia divulgar o seu segredo. Se o Profeta tivesse desistido dela, eu teria aceitado
a proposta de casar com ela.''' (Bukhári)
687. Aicha (R) relatou que ela mais as outras esposas do Profeta (S)
estavam, certa ocasião, sentadas na presença dele. Em dado momento, viram
que a filha dele, Fátima, encaminhando-se na direção dele. Sua maneira de
andar era idêntica à do Mensageiro de Deus (S). Quando a viu, saudou-a
carinhosamente e lhe disse: "Minha filha, benvinda sejas!" Então a convidou a
se sentar, à sua direita ou à sua esquerda, e lhe sussurrou algo ao ouvido; ela se
pôs a chorar. Quando ele observou a sua grande dor, voltou a sussurar-lhe ao
ouvido, e ela se pôs a rir. Depois lhe disseram: "6 Fátima, és única entre as
mulheres, pois o Mensageiro de Deus (S) jamais sussurrou a pessoa alguma um
segredo! Por que então choraste?" Pouco depois, o Mensageiro de Deus se
levantou e se foi. Então perguntei para Fátima: "Que foi que te disse o Mensageiro
de Deus (S)?" Ela respondeu: "Não serei eu quem revelará os segredos do
Mensageiro de Deus (S)." Quando o Mensageiro de Deus (S) morreu, voltei a
perguntar a ela: "Por que não nos contas o que o Profeta te disse naquela
ocasião?" Disse: "Agora, sim, o farei. Aprimeira vez que me sussurrou foi para
dizer: 'O Arcanjo Gabriel vinha todos os anos, pelo menos uma vez, para escutar
a recitação do Alcorão feita por mim; porém, este ano, veio duas vezes para a
escuta da recitação. Por isso, sinto que o final da minha vida se aproxima. Assim
sendo, teme a Deus e tem paciência, pois fui o melhor pai para ti.' Foi quando
me vistes chorar. Mas quando notou o meu pesar, sussurrou a segunda vez,
dizendo-me: '6 Fátima, não gostarias de ser a primeira dama dentre as crentes,
ou ser a primeira dama dentre as mulheres desta nação?' Foi quando me vistes
rir." (Muttafac alaih)
688. Sábit relatou, baseado em Anas (R): "O Profeta foi ter comigo
enquanto eu brincava com alguns garotos. Ele nos saudou e me enviou para
uma missão e, por isso, demorei a voltar para casa. Quando cheguei em casa,
minha mãe perguntou: 'Por que demoraste?' Respondi: 'O Profeta (S) me enviou
numa missão.' Perguntou: 'Que missão?' Respondi: 'É segredo.' Disse-me: 'Não
deves revelar o segredo do Profeta (S) a nínguém.:" Disse Anas para Sábit:
"Por Deus, se pudesse contar para alguém, contar-te-ia." (Musslim)
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CAPÍTULO 86
o RESPEITO AOS PACTOS, E O CUMPRIMENTO DAS
PROMESSAS
Deus, louvado seja, disse:
"Cumpri o convencionado, porque o convencionado será
reivindicado" (Alcorão Sagrado, 17:34).
E, louvado seja, disse também:
"Cumpri o pacto com Deus se o houverdes feito" (Alcorão Sagrado,
16:91).
E, louvado seja, disse mais:
-ó crentes, cumpri com vossas obrigações" (Alcorão Sagrado, 5:1).
E, louvado seja, disse mais ainda: -ocrentes, por que dizeis o que não fazeis? É enormemente odioso
perante Deus, dizerdes o que não fazeis" (Alcorão Sagrado, 61:2-3).
689. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O
hipócrita será reconhecido por três instâncias: quando conta algo, mente; quando
se compromete com algo, não cumpre, e quando nele se confia, trai a confiança."
(Muttafac alaih)
690. Abdullah Ibn Amr Ibn AI 'Ás (R) relatou que o Mensageiro de
Deus (S) disse: "Existem quatro hábitos; quem os tiver será um autêntico
hipócrita, e quem tiver só um deles terá a característica de hipocrisia, até que a
abandone. Caso se confie nele, trai a confiança; se conta algo, mente, se faz um
pacto, viola-o; e se tem alguma diferença com alguém, age com perversidade."
(Muttafac alaih)
691. Jáber (R) relatou: "Em certa ocasião, o Profeta (S) me disse: "Se
tivesse chegado o capital vindo de Bahrain, ter-te-ia dado tanto e tanto." Porém,
o Profeta (S) morreu antes que o provento chegasse. Quando o tal provento
chegou a Madina, Abu Bakr (R) fez o chamamento: "Que nos venha ver aquele
a quem o Mensageiro de Deus (S) lhe haja prometido algo, ou que Com ele
tinha dívida." Assim, fui vê-lo, e lhe contei que o Profeta (S) me havia dito isto
e aquilo. Então Abu Bakr pegou umas moedas com ambas as mãos e mas
entregou. Contei-as, e vi que eram quinhentas moedas de prata. Em seguida,
Abu Bakr me disse: "Toma o dobro do prometido." (Muttafac alaih)
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CAPÍTULO 87
A PERSEVERANÇA E A MANUTENÇÃO DOS BONS ATOS
Deus, louvado seja, disse:
"Deus jamais mudará as condições que concedeu a um povo, a menos
que ele mude o que têm em seu íntimo." (13: 11).
E, louvado seja, disse também:
"E não imiteis aquela (mulher) que desfiava sua roca depois de havêla
retorcido profusamente" (16:92).
E, louvado seja, disse ainda:
"Que não sejam como os que antes receberam o Livro? Porém, longo
tempo passou sobre eles, endurecendo-lhes os corações." (57:16).
E, louvado seja, disse mais:
"Porém, não o observaram devidamente." (57:27).
692. Abdullah Ibn Amr Ibn al 'Ás (R) narrou que o Mensageiro de Deus
(S) lhe disse: -ó Abdullah, não sejas como fulano, que costumava levantar-se
durante a noite para orar, e depois deixou de o fazer." (Muttafac alaih)
CAPÍTULO 88
A RECOMENDAÇÃO DAS BOAS PALAVRAS E A MANUTENÇÃO
DO ROSTO SORRIDENTE AO NOS ENCONTRARMOS COM AS
PESSOAS
Deus, louvado seja, disse:
".•. e abaixa as asas gentilmente para os crentes" (Alcorão Sagrado,
15:88).
E, louvado seja. disse também:
"Tivesses tu sido insociável ou de coração insensível, eles se teriam
afastado de ti" (Alcorão Sagrado, 3: 159).
693. Adi Ibn Hátim (o neto do grande filântropo e generoso Hátim Tai,
que viveu antes do advento do Profeta, relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Protege-te do fogo do Inferno, dando em caridade mesmo a metade de
uma tâmara. Aquele que nem isso tiver, que a faça com boa palavra." (Muttafac
alaih)
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694. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Mesmo o proferir
boas palavras é caridade." (Muttafac alaih)
695. Abu Zar (R) relatou que em certa ocasião o Mensageiro de Deus
(S) lhe disse: "Não descures praticar qualquer ato de benevolência, nem que
seja o de receberes um irmão com semblante alegre." (Musslim)
CAPÍTULO 89
A RECOMENDAÇÃO DA CLAREZAAO FALARMOS, E A
EXPLICAÇÃO DAS PALAVRAS, REPETINDO·AS, SE
NECESSÁRIO, PARA ELUCIDAÇÃO
696. Anas (R) relatou que sempre que o Profeta (S) falava, repetia três
vezes as suas palavras até que sejam entendidas, e, quando saudava as pessoas,
também repetia três vezes a saudação. (Bukhári)
697. Aicha (R) narrou: "As palavras do Mensageiro de Deus (S) eram
sempre claras e evidentes, sendo que as compreendiam todos quanto as
escutavam." (Abu Daúd)
CAPÍTULO 90
O PRESTARMOS ATENÇÃO NOQUE DIZ O NOSSO
INTERLOCUTOR; ADEMANDA, DA PARTE DE UM SÁBIO, DA
ATENÇÃO DAASSISTÊNCIA
698. Jarir Ibn Abdullah (R) relatou que, na Peregrinação de Despedida,
o Mensageiro de Deus (S) lhe disse: "Dize à gente que escute!" Em seguida,
disse: "Não vos tomeis, depois da minha morte, incrédulos, matando-vos uns
aos outros." (Muttafac alaih)
CAPÍTULO 91
A EXORTAÇÃO; A MODERAÇÃO QUANTO A ELA
Deus, louvado seja, disse:
"Convoca (os humanos) à senda de teu Senhor com sabedoria e bela
exortação" (Alcorão Sagrado, 16:125).
699. Abu Wáil Chak:ik Ibn Salama relatou: "Ibn Mas'ud (R) costumava
nos falar todas as quintas-feiras. Uma vez um homem lhe disse: -ó Abu Adel
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Rahman, gostaria que nos falasse diariamente' . Ele respondeu: 'O que me impede
de fazer isso é o temor de vos cansar. Estou utilizando o mesmo método usado
pelo Mensageiro de Deus (S) para conosco, que tomava o cuidado de não nos
cansar.'" (Muttafac alaih)
700. Abu YakzanAmmar Ibn Yássir (R) relatou que ouviu o Mensageiro
de Deus (S) dizer: "A longa duração da oração e a concisão do sermão provam
a inteligência e a sabedoria da pessoa. Por isso, prolongai a vossa oração e
reduzi o vosso sermão." (Musslim)
701. Muáwiya Ibn al Hacam al Sulami (R) relatou: "Encontrava-me,
certa ocasião, praticando a oração juntamente com o Mensageiro de Deus (S),
quando um homem espirrou. Então eu disse: 'Que Deus tenha misericórdia de
ti!' Então as pessoas me olharam de soslaio, e eu falei: 'Que disse eu de mal?
Por que me olhais assim?' E as pessoas fizeram sinal para que me calasse, e me
calei. Com certeza, jamais vi, em minha vida, um melhor mestre que o
Mensageiro de Deus (S), pois uma vez terminada a oração, dirigiu-se a mim
sem me repreender, me insultar ou me bater, mas me disse: 'Durante a oração,
não fica bem a gente falar com as palavras ordinárias do povo, pois tal expediente
é apenas para louvarmos e glorificarmos a Deus, além de recitarmos o Alcorão.'
Disse eu: -o Mensageiro de Deus, bem sabes que acabo de deixar a idolatria,
porque Deus nos enviou a religião do Islam e acontece que, entre o meu povo,
ainda tem gente que procura os astrólogos para os consultar. Que posso eu
fazer?' Respondeu: 'Não os vás consultar!' Perguntei: 'E quanto àqueles que
pressagiam mau agouro?' Respondeu: 'Esse é um sentimento que têm dentro
de si; porém, não se deve ser influenciado por isso. '" (Musslim)
702. AI Irbadh Ibn Sária (R) narrou: "Certa ocasião, o Mensageiro de
Deus (S) nos exortou com umas palavras que sobrecarregaram os nossos
corações, e fizeram com que derramássemos lágrimas. Dissemo-lhe que parecia
ser a sua última admoestação. Ele então nos dirigiu algo mais como admoestação.
Disse: "Admoesto-vos a temerdes Deus (devido às vossas obrigações para com
Ele) e ouvirdes e obedecerdes mesmo um escravo que fosse designado como
autoridade sobre vós. Aqueles que sobreviverem depois de mim verão muitas
diferenças. Deveis seguir a minha sunna e as práticas de meus bem oreintados
sucessores. Apegai-vos a esses preceitos e tradições e afastai-vos das inovações
na religião, porque cada inovação é um extravio." (Abu Daúd)
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CAPÍTULO 92
A DIGNIDADE, O AUTO-RESPEITO E A CALMA
Deus, louvado seja, disse:
"E os servos do Clemente são aqueles que andam pacificamente pela
terra e, quando os insipientes lhes falam, dizem: Paz!" (25:63).
703. Aicha (R) relatou: "Jamais vi o Mensageiro de Deus (S) dar-se a
gargalhadas a ponto de que se lhe visse a úvula de tanto rir; apenas sorria."
(Muttafac alaih)
CAPÍTULO 93
O ATENDIMENTO À ORAÇÃO, AOS ESTUDOS E AO
CONHECIMENTO, COM DIGNIDADE E CALMA
Deus, louvado seja, disse:
"Quem enaltecer os rituais de Deus, saiba que tal (enaltecimento)
partirá de quem possuir piedade no coração" (Alcorão Sagrado, 22:32)
. 704. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Quando a oração (congregacional) for iniciada, não corras para ela, mas vai
andando normalmente, com calma e dignidade, junta-te à oração no estágio em
que estiver, e completa, então, as partes perdidas." (Muttafac alaih)
705. Ibn Abbas (R) relatou que quando voltava de Arafat, no dia da
peregrinação, juntamente com o Profeta (S), este ouviu, atrás de si o barulho de
um tumulto causado por gritos, cavalgada de animais, e espancamento aos
mesmos. Brandindo o seu chicote, ele disse: -o gente, deveis proceder com
calma! Nada há de bom nessa azáfama." (Buhkári)
CAPÍTULO 94
A HOSPITALIDADE PARA COM OS CONVIDADOS
Deus, louvado seja, disse:
"Tens ouvido (ó Mensageiro) a história dos honoráveis hóspedes de
Abraão? Quando se apresentaram a ele e disseram: Paz! respondeu-lhes:
Paz! (E pensou): "São gente desconhecida". E voltou rapidamente para os
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seus, e trouxe (na volta) um bezerro cevado, que lhes ofereceu... Disse (ante
a hesitação deles): Não comeis?" (Alcorão Sagrado, 51:24-27).
E, louvado seja, disse também:
"E seu povo, que desde antanho havia cometido obscenidades, acudiu
precipitadamente a ele; (Lot) disse: Ó povo meu, eis aqui minhas filhas;
elas vos são mais lícitas. Temei, pois, a Deus e não me avilteis perante meus
hóspedes. Não haverá entre vós um homem sensato?" (Alcorão Sagrado,
11:78).
706. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S} disse: "Quem crê
verdadeiramente em Deus e no Último Dia deve ser generoso com seus
convidados; quem crê verdadeiramente em Deus e no Último Dia deve estreitar
os seus laços consangüíneos; e quem crê em Deus e no Último Dia deve falar
correta e brandamente, ou ficar calado." (Muttafac alaih)
707.Abu Churaih KhuailedIbn 'Amr AIKhuzá'i (R) relatou queo Profeta
(S) disse: "Aquele que crê em Deus e no Dia do Juízo Final deve honrar o seu
hóspede, de acordo com o direito deste." Foi-lhe perguntado: -o Mensageiro
de Deus, qual é o direito dele?" Ele respondeu: "Um dia e uma noite (de bom
banquete) e a hospitalidade é por três dias. O que passar disso será caridade."
(Muttafac alaih)
CAPÍTULO 95
A RECOMENDAÇÃO DO ANÚNCIO DAS BOAS-NOVAS E A
FELICITAÇÃO PELOS BONS ACONTECIMENTOS
Deus, louvado seja, disse:
"Anuncia, pois, as boas notícias aos Meus servos, que escutam as
palavras e seguem o melhor (significado) delas!" (Alcorão Sagrado, 39:17IS).
E, louvado seja, disse também:
"O seu Senhor lhes anuncia a Sua misericórdia, a Sua complacência,
e lhes proporcionará jardins, onde gozarão de eterno prazer" (Alcorão
Sagrado, 9:21).
E, louvado seja, disse ainda:
"Regozijai-vos com o Paraíso que vos está prometido!" (Alcorão
Sagrado, 41:30).
E, louvado seja, disse mais:
"E lhe anunciamos o nascimento de uma criança (que seria) dócil"
(Alcorão Sagrado, 37:101).
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E, louvado seja, disse, todavia:
"E eis que Nossos mensageiros trouxeram a Abraão o anúncio de
boas-novas" (Alcorão Sagrado, 11 :69).
E, louvado seja, disse, contudo:
"E sua mulher, que estava presente, pôs-se a rir, pois lhe anunciamos
o nascimento de Isaac e, depois, deste, o de Jacó" (Alcorão Sagrado, 11 :71).
E, louvado seja, continuou:
"Os anjos o chamaram, enquanto rezava no oratório, dizendo-lhe:
Deus te anuncia o nascimento de João, que corroborará o Verbo de Deus,
será nobre, casto e um dos profetas virtuosos" (Alcorão Sagrado, 3:39).
E, louvado seja, foi além:
"E quando os anjos disseram: ÓMaria, Deus te anuncia o Seu Verbo,
cujo nome será o Messias,(241) Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e
no outro, e que se contará entre os próximos de Deus" (Alcorão Sagrado,
3:45).
708. Abdullah Ibn Abu Aufa (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S)
anunciara a Khadija (R) a boa-nova de que teria, no Paraíso, uma casa feita de
pérolas esponjosas, onde não ouviria ruído algum, nemsentiria cansaço ou
monotonia." (Muttafac alaih)
709. Abu Mussa al Ach'ari (R) relatou que, em certa ocasião, após ter
feito a ablução em sua casa, saíu dizendo: "Gostaria de estar todo o dia de hoje
em companhia do Mensageiro de Deus (S)." Assim, dirigiu-se para a mesquita
e aí perguntou pelo Profeta (S), e lhe disseram que havia ido por tal direção.
Disse AI Ach'ari: "Segui-lhe os passos, sempre perguntando por ele, até que o
vi entrar no horto do distrito de Aris. Esperei que terminasse de fazer suas
necessidades e sua ablução. Entrei lá quando ele se encontrava sentado à beira
do açude, tendo as pernas submersas na água. Saudei-o e, em seguida, voltei à
porta, e disse para comigo: 'Hoje serei o porteiro do Mensageiro de Deus (S).'
Entrementes, chegou Abu Bakr (R), que empurrou a porta, e eu perguntei quem
era. Ele respondeu: 'Abu Bakr.' Disse-lhe que esperasse um momento. Fui ter
com o Profeta, e lhe disse: -ó Mensageiro de Deus, é Abu Bakr pedindo
permissão para entrar.' Disse ele: 'Deixa-o entrar, e anuncia-lhe a boa-nova de
que entrará no Paraíso!' Voltei, e disse para Abu Bakr: 'Entra! ademais, o
Mensageiro de Deus te anuncia a boa-nova de que estarás no Paraíso!' Abu
Bakr entrou e se sentou à direita do Profeta (S), a beira do açude, tendo as
pernas submersas na água, como fez o Mensageiro de Deus (S). Voltei à porta e
me sentei, pois havia deixado meu irmão fazendo ablução, e dizia para mim:
'Se Deus quiser, ele (seu irmão) haverá de vir aqui.' Naquele momento, uma
pessoa mexeu na porta. Perguntei quem era. Respondeu: 'Ômar Ibn ai Khattab.'
Disse-lhe que esperasse um momento. Dirigi-me até o Mensageiro de Deus (S),
saudei-o, e lhe disse que se tratava de Ômar Ibn ai Khattab pedindo permissão
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para entrar. Disse: 'Deixa-o entrar, e anuncia-lhe a boa-nova de que estará no
Paraíso!' Voltei até aonde estava Ômar,e lhe disse: 'O Mensageiro de Deus (S)
te dá permissão para entrar, e te anuncia a boa-nova de que estarás no Paraíso.'
Ômar entrou, e se sentou à esquerda do Profeta (S), e também pôs as pernas na
água. Em seguida voltei para a porta, e me sentei, dizendo para comigo: 'Se
Deus desejar o bem para fulano (seu irmão), fá-lo-á vir.' Naquele momento,
uma pessoa mexeu na porta, e eu perguntei quem era. Respondeu: 'Osman lbn
Affan.' Disse-lhe que esperasse um momento. Fui ter com o Profeta (S), e lhe
disse de quem se tratava. Disse ele: 'Deixa-o entrar, e anuncia-lhe a boa-nova
de que estará no Paraíso, com uma desgraça por que passará.' Voltei, e disse
para o Osman: 'O Mensageiro de Deus (S) disse que entres, e te anuncia a boanova
de que estarás no Paraíso, com uma desgraça por que passarás.' Osman
entrou, e notou que a beirada estava cheia; desse modo, sentou-se na beirada do
outro lado, em frente a eles." (Muttafac alaih)
710. Abu Huraira (R) relatou: "Numa ocasião estávamos sentados em
torno do Mensageiro de Deus (S); Abu Bakr (R) e Ômar (R) estavam também
em nossa companhia. O Mensageiro de Deus (S) se levantou e saiu. Depois de
ter passado um tempo considerável, e ele não ter retornado, começamos a nos
preocupar quanto à sua segurança. Quando isso passou pelas nossas mentes, o
temor se tornou maior. Fui o primeiro a me sentir daquele jeito. e saí a procura
dele até encontrá-lo perto de um muro de Banu Najjar. Rodeei o muro ;J:lm ver
se encontrava uma porta, porém foi em vão. Todavia, descobri um pequeno
côrrego, cuja água provinha de um poço de fora do muro e, através de uma
abertura, corria para o jardim. Forcei o corpo para passar através da abertura, e
lá estava o Mensageiro de Deus (S). Ao me ver, exclamou: -ó Abu Huraira!'
Respondi: 'Sim, ó Mensageiro de Deus' Ele perguntou: 'O que queres?'
Respondi: 'Estávas conosco e, de repente, nos deixase e saíste. Como não voltaste
depois de passar longo tempo, ficamos preocupados contigo. Poderias ter sofrido
algum acidente longe de nós. Todos nós ficamos muito preocupados. Uma vez
que fui o primeiro a me preocupar, saí a tua procura e consegui entrar nesse
jardim, esgueirando-me, como raposa, pela abertura do côrrego. Os outros estão
vindo atrás de mim'. O Profeta (S) me deu suas sandálias e me disse: -o Abu
Huraira, pega minhas sandálias e a quem encontrares, do outro lado do muro e
que afirma sinceramente que não há outra divindade além de Deus, anuncia-lhe
o Paraíso.' Depois disso, Abu Huraira (R) relatou o resto do hadice." (Musslirn)
711. Ibn Chumása relatou que ele e outras pessoas foram visitar Amru
lbn al 'Ás (R), que se encontrava a ponto de morrer. Chorou muito, e voltou o
rosto para a parede. Seu filho exclamou: -ó pai, não te lembras de que o
Mensageiro de Deus (S) te anunciou a boa-nova de tal e tal coisa?" Amru os
olhou, e disse: "O melhor que temos conseguido é o testemunho de que não há
outra divindade além de Deus, e de que Mohammad é o Mensageiro de Deus. A
verdade é que passei por três diferentes situações: Eis que me vi numa disposição
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em que ninguém odiava tanto o Profeta (S) quanto eu. E eis que nada me daria
mais prazer do que o de matá-lo. Se tivesse morrido naquela ocasião, iria contarme
entre os habitantes do Inferno. Porém, quando Deus pôs o Islam no meu
coração, fui ter com o Profeta (S), e lhe disse: 'Dá-me a tua mão direita para
receberes o meu testemunho e o meu compromisso para contigo!' Porém, quando
estendeu a mão direita, retirei a minha. Então me perguntou: -ó Amru, que
acontece?' Disse eu: 'Gostaria que me concedesses uma condição.' Perguntou:
'E que condição é essa?' Respondi: 'Que eu seja perdoado!' Disse ele: 'Não
sabes, acaso, que o Islam apaga todo o passado, quando a pessoa o abraça? Que
a emigração apaga tudo o que ocorreu anteriormente a ela? e que a peregrinação
apaga tudo o que se passou anteriormente a ela?' Foi assim que o Mensageiro
de Deus (S) se tornou para mim a pessoa mais querida e excelsa. Inclusive, não
podia olhá-lo detidamente, por lhe ter muita consideração. E se alguém me
pedisse a sua descrição, não lha poderia dar, uma vez que nunca o havia olhado
detidamente. Se me tivesse chegado a morte naquela situação, poderia ter tido
a esperança de ser um dos habitantes do Paraíso. Então me foram designadas
umas responsabilidades, e não sei se as desempenhei a contento. Quando eu
morrer, não quero que nenhuma carpideira (mulher que chora num funeral)
siga o meu féretro, ou que este seja acompanhado de fogos. Na hora de me
enterrarem, que a terra seja esparramada pouco a pouco sobre o meu corpo.
Então que aguardem um pouco junto à minha tumba, o tempo suficiente para
que um camelo seja sacrificado, e a sua carne distribuída. Desse modo, gozarei
da vossa companhia, ao mesmo tempo que revisarei o que terei de responder
ante os mensageiros do meu Senhor." (Musslim)
CAPÍTULO 96
A DESPEDIDA DE UM AMIGO, E OS CONSELHOS OFERECIDOS
NESSA OCASIÃO. A PRECE POR ELE E A SOLICITAÇÃO DA SUA
PRECE EM TROCA
Deus, louvado seja, disse:
"Abraão legou esta crença a seus filhos, e Jacob aos seus, dizendolhes:
Ó filhos meus, Deus vos legou esta religião; apegai-vos 3 ela para que
morrais muçulmanos. Não estáveis presentes quando a morte se apresentou
a Jacob, que perguntou a seus filhos: Que adorareis após a minha morte?
Responderam-lhe. Adoraremos o teu Deus e O de teu pai, Abraão, Ismael
e Isaac; o Deus Unico, a Quem nos submeteremos" (Alcorão Sagrado, 2:132133).
712. Zaid Ibn Arcam (R) relatou: "Certo dia, o Mensageiro de Deus nos
dirigiu umas palavras, perto de um poço entre Makka e Madina, de nome
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Khumma. E, depois de louvar a Deus e O glorificar, nos aconselhou e nos
admoestou, e nos fez recordar-nos dos nossos deveres. Então disse: 'Em outra
ordem de coisas, Ó povo, não sou mais do que um ser humano, e estou a ponto
de receber uma mensagem do meu Senhor (através do anjo da morte), a quem
devo obedecer. Contudo, deixo em vossas mãos dois legados de capital
importância: o primeiro é o Livro de Deus, aonde se encontra a diretriz e a luz.
Assim, apegai-vos ao Livro de Deus, e sede-lhe fiéis.' Logo depois de instar o
Livro de Deus, prosseguiu: 'E o segundo é o da minha família. Quero que vos
lembreis de Deus quando se tratar de algo acerca da minha família! Que vos
lembreis de Deus quando se tratar de algo acerca da minha família!' Hushain
lhe perguntou: 'Quem são os familiares, não são as esposas?' Disse: 'Sim, as
esposas são parte da família, porém o são também todas as pessoas às quais foi
proibido receber qualquer espécie de caridade.' Hushain voltou a perguntar: 'E
quem são esses?' Respondeu: 'São os descendentes de Áli, Aquil, Jafar, eAbbas...
Todos eles foram privados de receber caridade.'" (Musslim)
713. Málek Ibn al Huairis (R) narrou: "Éramos um grupo de jovens,
mais ou menos da mesma idade, a visitarmos o Mensageiro de Deus (S), com a
disposição de estarmos em sua companhia, bem como aprendermos os
ensinamentos do Islam. Permanecemos em sua companhia uns vinte dias. Era
uma pessoa tão misericordiosa e afável, que chegou a pensar que tínhamos
saudades das nossas famílias. Perguntou-nos acerca delas, e nós lhe falamos da
nossa situação. Então nos disse: 'Voltai para vossas famílias, e permanecei com
elas! Ensinai-lhes e dirigi-as! Realizai tal oração a tal hora! e, quando for tempo
de uma oração, que um de vós faça o chamamento à oração, e que a encabece o
mais idoso dentre vós!'" (Muttafac alaih)
714. Ômar Ibn al Khattab (R) disse: "Pedi ao Profeta (S) permissão para
realizar a Umra, Concedeu-me a sua permissão, e disse: 'Irmão meu, não te
esqueças de rogar por nós outros.' Essas palavras me fizeram mais ditoso do
que se tivesse tudo o que há neste mundo." (Abu Daúd e Tirmizi)
715. Sálim Ibn Abdullah Ibn Ômar (R) relatou que quando uma pessoa
estava pronta para iniciar uma viagem, Abdullah Ibn Omar lhe dizia: "Chega
perto de mim para eu poder despedir-me de ti como o Mensageiro de Deus (S)
costumava fazer. Ele costumava recitar a seguinte prece: 'Deixo a cargo de
Deus a tua crença, a tua confiança e as tuas últimas ações. '" (Tirmizi)
716. Abdullah Ibn Yazid AI Khatmi Assahábi (R) relatou que quando o
Mensageiro de Deus se despedia do exército, dizia: "Deixo a cargo de Deus a
vossa crença, a vossa confiança e as vossas últimas ações." (Abu Daúd)
717. Anas (R) relatou que, em certa ocasião, acercou-se do Profeta (S)
um homem, dizendo: -oMensageiro de Deus, Gostaria de sair de viagem, mas
desejaria que implorasses a Deus por mim!" Disse o Profeta: "Que Deus te
conserve a devoção!" Mas o homem continuou: "Algo mais!" Disse: "Que
Deus te perdoe as faltas!" P. irida assim, o homem insistiu: "Algo mais!" Disse:
"E que te facilite o bem, onde estiveres!" (Tirmizi)
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CAPÍTULO f)7
A BUSCA DA DIRETRIZ DIVINA; A CONSULTA COM OUTROS
Deus, louvado seja, disse:
"Aceita seus conselhos nos assuntos (do momento)" (Alcorão Sagrado,
3-:159).
E, louvado seja, disse também:
"Resolvem seus assuntos em consulta" (Alcorão Sagrado, 42:38).
718. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) ensinava às pessoas
a invocação a Deus, que pedissem o Seu beneplácito em todos os seus assuntos,
e lhes ensinava a fazê-lo, do mesmo modo como lhes ensinava os versículos do
Alcorão. Dizia: "Quando tiverdes intenção de fazer algo, rezai duas rakát que
não sejam das orações obrigatórias, e, em seguida, suplicai: 'Senhor, solicito
Tua ajuda para tal expediente, mediante o Teu conhecimento, Teu poder e Teu
imenso benefício, pois que Teu é o Poder, e eu não o tenho; e Teu é o
Conhecimento, e eu não o tenho. Tu és Quem conhece o incognoscível. Senhor,
se é do Teu desígnio que este assunto seja para o meu bem, em minha religião,
na minha vida presente e na Futura, faze com que o mesmo- seja possível,
facilitado e bendito. Porém, se for do Teu desígnio que este assunto seja mau
para mim, em minha religião, na minha vida presente e Futura, então afasta-o
de mim, e afasta-me dele. E destina-me o bem, onde quer que me encontre, e
que me sinta satisfeito com ele.' Então verbalizai aquilo de que necessitais!"
(Bukhãri),
CAPÍTULO 98
A RECOMENDAÇÃO DE SE IR ASSISTIR AS FESTIVIDADES
RELIGIOSAS, VISITAR O ENFERMO, PEREGRINAR A MAKKA,
LUTAR PELA CAUSA DE DEUS OU ASSISTIR A UM FUNERAL, DE
SE IR POR UM CAMINHO E RETORNAR POR OUTRO, PARA
AUMENTAR OS LOCAIS DE ADORAÇÃO
719. Jáber (R) relatou: "Por ocasião do Eid (festividade), o Profeta (S)
ia para a mesquita por um caminho e voltava por outro diferente." (Bukhãri)
720. Ibn Õmar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S), quando queria
sair de Madina, tomava o caminho de Chajara, e voltava pelo caminho de AI
Muarras. Além disso, entrava em Makka pelo vale norte (em Hujun), e saía
pelo vale sul (de Chalika). (Muttafac alaih)
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CAPÍTULO 99
A RECOMENDAÇÃO DO USO DA MÃO DIREITA EM TODOS OS
BONSATOS
Deus, louvado seja, disse:
"Então, aquele a quem for entregue seu registro na destra, dirá: Eilo
aqui! Lede meu registro" (Alcorão Sagrado, 69:19).
E, louvado seja, disse também:
"O dos que estiverem à mão direita - E quem são os que estarão à
mão direita? O dos que estiverem à mão esquerda - E quem são os que
estarão à mão esquerda?" (Alcorão Sagrado, 56:8-9).
721. Aicha (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) gostava de usar o
lado direito em tudo que fazia: para realizar a ablução, para se pentear, para se
calçar." (Muttafac alaih)
722. Aicha (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) usava a mão direita
em sua ablução e para comer; e a esquerda, quando terminava suas necessidades,
ou para se livrar de alguma sujidade." (Abu Daüd)
723. Umm Atiya (R) relatou que o Profeta (S) disse às mulheres que
estavam dando banho, após a morte, na filha dele, Zainab (R), para começarem
o banho pelo lado direito, e com as partes que são lavadas na ablução. (Muttafac
alaih)
724. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Quando um de vós quiser se calçar, que comece com o pé direito; e quando
quiser se descalçar, que comece com o pé esquerdo. Desse modo, o pé direito
será o primeiro a ficar calçado, e o último a ficar descalço." (Muttafac alaih)
725. Hafsa (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) usava a mão direita
para comer, beber e se vestir; e deixava a esquerda para as outras coisas. (Abu
Daúd e Tirmizi)
726. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Quando quiserdes vestir-vosou fazer ablução, começai pelo vosso lado direito."
(Abu Daoud e Tirmizi)
727. Anas Ibn Málik (R) relatou que quando o Mensageiro de Deus (S)
voltava para Miná (no curso do hajj), ele foi ao Jamara, e atirou seixos nele;
então voltou ao seu acampamento, em Miná, e ofereceu o sacrifício. Depois
pediu ao barbeiro que lhe raspasse a cabeça, começando pelo lado direito e
terminando do lado esquerdo. Depois começou a distribuir os seus cabelos entre
as pessoas. (Muttafac alaih)
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o LIVRO DAS BOAS MANEIRAS NO COMER
CAPÍTULO 100
O DEVER DE COMEÇARMOS A COMER, PRONUNCIANDO O
NOME DE DEUS, E LHE DARMOS GRAÇAS, AO TERMINARMOS
728. Ômar Ibn Abi Salama (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) me
disse: 'Começa a comer em nome de Deus, come com a mão direita, e da parte
que está na tua frente.'" (Muttafac alaih)
729. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Quando
um de vós começar a comer, deverá citar o nome de Deus, exaltado seja; e, caso
se esqueça de citá-Lo no princípio, que diga: 'Em nome de Deus,' para o começo
e para o fim." (Abu Daúd e Tirmizi)
730. Jáber (R) relatou que ouvira o Mensageiro de Deus (S) que dizia:
"Quando um homem chega a sua casa e pronuncia o nome de Deus, exaltado
seja, e o faz também ao comer, Satanás diz aos seus companheiros: 'Aqui não
podereis deitar nem ceiar.' Porém, se ao chegar a casa, não pronunciar o nome
de Deus, exaltado seja, Satanás dirá aos seus sequazes: 'Aqui conseguireis
dormir.' E se esse homem não citar o nome de Deus, exaltado seja, ao comer,
Satanás dirá aos seus companheiros: 'Aqui conseguireis dormir e ceiar.'''
(Musslim)
731. Huzaifa (R) relatou que sempre que ele e outras pessoas participavam
de uma refeição com o Mensageiro de Deus (S), nunca começavam a comer
antes deste. Porém, certa ocasião, participavam com ele de uma refeição, quando
apareceu por lá uma menininha, que chegara ao local como se alguém a tivesse
empurrado. Fez menção de estender a mão para comer, mas o Mensageiro de
Deus (S) lhe segurou a mão. Ao beduíno, que chegara como se alguém o tivesse
também empurrado, ele também segurou-lhe a mão. Foi então que o Mensageiro
de Deus disse: "Satanás acha lícito lançar mão da comida sem ser citado o
nome de Deus, exaltado seja, por esse ato. Por isso fez aparecer esta menina
para que lhe fosse lícito comer desta comida, e eis que impulsionou-lhe a mão.
Depois fez aparecer esse beduíno, para fazer com que lhe fosse lícita esta comida;
por isso, também lhe impulsionou a mão. Por Deus, que a mão de Satanás se
encontra nas minhas mãos, juntamente com as mãos destes dois." Em seguida,
pronunciou o nome de Deus, Altíssimo, e começou a comer. (Musslim)
732. Umaia Ibn Makhchi (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) se
achava sentado perto de um homem que começou a comer sem citar o nome de
Deus. No último bocado, aquele homem disse: "Em nome de Deus, pelo começo
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e pelo fim!" O Profeta (S) se riu, e disse: "Satanás estava comendo com ele,
mas quando esse homem citou o nome de Deus, Satanás vomitou o que tinha no
estômago!" (Abu Daúd e Nassá'i)
733. Aicha (R) relatou que em dada ocasião, o Mensageiro de Deus (S)
se encontrava comendo juntamente com outros seis dos seus companheiros. Eis
que apareceu um beduíno que, com dois bocados, acabou com toda a comida.
Então o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se esse homem tivesse citado o nome
de Deus, a comida teria sido suficiente para todos." (Tirmizi)
734. Abu Umama (R) relatou que quando o Profeta (S) se levantava da
mesa, dizia: "Senhor, a Ti elevamos todos os nossos louvores, puros e bem
intencionados. Tua bênção nos é indispensável, e jamais poderemos desdenhar
o Teu sustento!" (Bukhári)
735. Muaz Ibn Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Àquele que come a sua refeição e diz: 'Louvado seja Deus Que me deu de
comer e proveu-me sem nenhum esforço da minha parte', ser-lhe-ão perdoados
todos os pecados passados." (Abu Daúd e Tirmizi)
CAPÍTULO 101
A ABSTENÇÃO DE SE CRITICAR UMA COMIDA. A
RECOMENDAÇÃO DE A APRECIARMOS
736. Abu Huraira (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) jamais criticava
uma comida; se gostava dela, comia-a. Caso contrário, deixava-a." (Muttafac
alaih)
737. Jáber (R) relatou que em certa ocasião o Profeta (S) pediu à sua
mulher algum molho, e ela lhe disse: "Não temos nada além de vinagre!" Então
ele mandou que trouxesse o vinagre. E quando começou a comer, disse: "O
vinagre sim que é bom molho! O vinagre sim que é bom molho!" (Musslim)
CAPÍTULO 102
O QUE DEVE DIZER A PESSOA QUE ESTÁ JEJUANDO, CASO
SEJA CONVIDADO A COMER
738. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Quando um de vós for convidado para comer, que aceite o convite. Caso se
encontre jejuando, que implore a Deus pelos anfitriões; se não estiver jejuando,
que coma." (Musslim)
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CAPÍTULO 103
O QUE DEVE FAZER UM CONVIDADO SE ESTIVER
ACOMPANHADO POR OUTRO QUE NÃO TENHA SIDO
CONVIDADO
739. Abu Mass'ud al Badri (R) relatou que em certa ocasião um homem
convidou o Profeta (S) para uma refeição que havia preparado para cinco pessoas.
Porém, aconteceu que outro homem os acompanhou. Quando o Profeta chegou
à porta da casa, disse para o anfitrião: "Este homem nos seguiu; assim sendo, se
desejares, dá a tua permissão; se não, ele voltará." O anfitrião replicou -ó
Mensageiro de Deus, claro, dou-lhe minha permissão!" (Muttafac alaih)
CAPÍTULO 104
O DEVER DE A PESSOA COMER O QUE SE ENCONTRA DIANTE
DE SI. O ENSINAR E EDUCAR A QUEM DESCONHECE AS BOAS
MANEIRAS QUANTO AO COMER
740. Ômar Ibn Abu Salama (R) relatou que quando era menino,
encontrava-se sob a tutela do Mensageiro de Deus (S). Certo dia, ele, Salama,
estava comendo na presença dele, e sua mão remexia por todo o prato. Então o
Profeta disse: "Jovenzinho, primeiro cita o nome de Deus, Altíssimo, e depois
pega a comida com a mão direitã, e come, do que se encontra no prato, o que
estiver diante de ti!" (Muttafac alaih)
741. Salama Ibn al Acua' (R) contou que em certa ocasião um homem se
encontrava comendo em companhia do Mensageiro de Deus (S), e pegava a
comida com a mão esquerda; por isso, lhe disse: "Come com a tua mão direita!"
O homem respondeu: "Não posso!" Disse: "Olha, oxalá não possas realmente,
e que não seja a tua soberbia que to impeça!" Aquele homem jamais pôde levar
a mão à boca novamente! (Musslim)
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CAPÍTULO 105
A PROIBIÇÃO DE COMERMOS TÂMARAS OU OUTRAS FRUTAS
DE DUAS EM DUAS, SEM A PERMISSÃO DOS PRESENTES
742. Jabala Ibn Suhaim disse: "Durante o mandato de Ibn al Zubair,
tivemos um ano de grande seca. Alguém nos enviou umas tâmaras maduras, e
ocorreu que, quando estávamos comendo aquelas frutas, Abdullah Ibn Ômar
(R), passou perto de nós, e disse: 'Não comais as tâmaras de duas em duas, pois
o Profeta (S) nos proibiu de as comermos de duas em duas, salvo se for com a
permissão dos companheiros.'" (Muttafac alaih)
CAPÍTULO 106
QUE FAZER E QUE DIZER QUANDO UMA PESSOA COME,
PORÉM NÃO SE SATISFAZ?
743. Wahchi Ibn Harb (R) relatou que alguns companheiros do
Mensageiro de Deus (S) disseram: -ó Mensageiro de Deus, comemos e não
ficamos satisfeitos!" Perguntou-lhes: "Comestes, acaso, individualmente?"
Disseram: "Sim!" Ele lhes disse: "Comei juntos e pronunciai o nome de Deus,
que Ele vos abençoará." (Abu Daúd)
CAPÍTULO 107
AS INSTRUÇÕES PARA SE COMER DE UM LADO DO PRATO OU
RECIPIENTE, E A PROIBIÇÃO DE SE PEGAR A COMIDA DO
CENTRO DOS MESMOS
744. Ibn Abbas (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A bênção desce
sobre o centro da comida. Portanto, comei dos lados da vasilha e não do centro
dela." (Abu Daúd e Tirmizi)
745. Abdullah Ibn Busr (R) narrou que o Profeta (S) tinha uma grande
caçarola chamada "gharrá" que, para ser transportada, precisava do concurso
de quatro homens. Certa ocasião, após a oração da manhã, foi trazida aquela
caçarola, com pão trociscado, além de carne, com seu caldo. Os companheiros
se reuniram ao redor da caçarola e, como eram muitos, o Mensageiro de Deus
(S) teve que se ajoelhar. Disse um beduíno: "Que espécie de postura é essa?" O
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Mensageiro de Deus (S) respondeu: "Deus fez de mim um servo nobre, e não
um tirano transgressor!" Em seguida acrescentou: "Comei, começando pela
beirada da comida! Deixai a comida do centro para que traga a bênção!" (Abu
Daúd)
CAPÍTULO 108
A REPROVAÇÃO A QUE UMA PESSOA COMA ESTANDO
RECLINADA
746. Wahab Ibn Abdullah (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Nunca toco a comida, estando reclinado." (Bukhari)
747.Anas Ibn Málik (R) relatou que viu o Mensageiro de Deus (S) sentado
(no chão) com os joelhos levantados, enquanto comia tâmaras. (Musslim)
CAPÍTULO 109
A RECOMENDAÇÃO DE SE PEGAR A COMIDA COM TRÊS
DEDOS
748. Ibn Abbas relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Quando
alguém terminar de comer, não deve esfregar os dedos (com algum pano, toalha,
etc.), sem primeiro lambê-los." (Muttafac alaih)
749. Caab Ibn Málek (R) relatou: "Vi o Mensageiro de Deus (S) comer
com três dedos. Quando terminava, lambia-os." (Musslim)
750. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) ordenou que (ao
comer) lambessem os dedos e raspassem a vasilha, e disse: "Não sabeis onde
está a bênção da comida!" (Musslim)
751. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se algum
de vós deixar cair um pedaço (de qualquer alimento) deverá apanhá-lo, tirar a
poeira, etc., e comê-lo, e não deixá-lo para o diabo. Nem tampouco deverá
limpar as mãos com um pano, sem antes lamber (o restante da comida) os dedos,
porquanto não sabe qual parte da comida é abençoada." (Musslim)
752. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) revelou: "Satanás
está sempre presente convosco em todas as coisas e em todas as ocasiões, mesmo
quando estais comendo. Portanto, se alguém de vós derrubar um bocado de
comida, deve pegá-lo, limpá-lo da poeira, etc., e comê-lo, e não o deixar para o
espírito maligno." (Musslim)
753. Anas (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) costumava lamber
os dedos três vezes depois de comer, e dizia: "Satanás está sempre presente
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convosco em todas as coisas e em todas as ocasiões, mesmo quando estais
comendo. Portanto, se alguém de vós derrubar um bocado de comida, deve
pegá-lo, limpá-lo da poeira, etc., e comê-lo, e não o deixar para o espírito
maligno." E dizia: "Não sabeis qual parte da comida é abençoada. (Musslim)
754. Saíd Ibn aI Háris perguntou para Jáber (R) se deveria renovar a
ablução depois de comer um guisado. Respondeu: "Não, pois nos tempos do
Profeta (S) comíamos muito pouco guisado. Aliás, se havia guisado, não
tínhamos lenços com que nos limparmos; tínhamos apenas nossas mãos, nossos
braços e pés. Então praticávamos a oração sem renovarmos a ablução." (Bukhari)
CAPÍTULO 110
A SUFICIÊNCIA DE ALIMENTOS
755. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O
alimento de duas pessoas é suficiente para alimentar três, e o alimento de três
pessoas é suficiente para alimentar quatro." (Muttafac alaih)
756. Jáber (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer: "O
alimento de uma pessoa é suficiente para alimentar duas, o alimento de duas
pessoas é suficiente para alimentar três, o alimento de três pessoas é suficiente
para alimentar quatro, e o alimento de quatro é suficiente para oito." (Musslim)
CAPÍTULO 11
AS BOAS MANEIRAS AO BEBERMOS. A RECOMENDAÇÃO DA
RESPIRAÇÃO FORA DO COPO ENTRE UM GOLE E OUTRO,
TRÊS VEZES. A DESAPROVAÇÃO DA RESPIRAÇÃO DENTRO DO
COPO. A RECOMENDAÇÃO DO OFERECIMENTO DA BEBIDA
PELO LADO DIREITO AO PRIMEIRO A BEBER
757. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) costumava beber
em três goles, e respirava, entre eles, fora da vasilha. (Muttafac alaih)
758. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Não
tomeis água de um só gole (ou um só fôlego), como um camelo, mas bebei-a
em duas ou três vezes (com intervalo para a respiração); depois citai o nome de
Deus (recitai: bismillah...) quando começardes a beber, e louvai-O (dizendo: al
hamdullillah...) quando terminardes" (Tirmizi).
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759. Abu Catada (R) relatou que o Profeta (S) proibiu que, ao beber, a
pessoa respirasse dentro da vasilha. (Muttafac alaih)
760. Anas (R) relatou que uma vez foi levado leite misturado com água,
para o Mensageiro de Deus (S). À sua direita estava sentado um interiorano e à
sua esquerda estava Abu Bakr. Ele bebeu um pouco e passou a vasilha para
quem estava à sua direita, dizendo: "O da direita tem prioridade." (Muttafac
alaih)
761. Sahl Ibn Saad (R) contou que erm certa ocasião foi levada uma
bebida perante o Mensageiro de Deus (S), que bebeu um pouco dela; à sua
direita estava um jovem, e à esquerda estavam umas pessoas de idade. Perguntou
ao jovem: "Permites-me que dê de beber aos maiores, antes que a ti?" Ojovem
respondeu: "Não, por Deus, pois é a minha vez, depois de ti" e não deixarei,
por nada!" O Mensageiro de Deus (S) lhe entregou, então, a vasilha para que
bebesse. (Muttafac alaih)
CAPÍTULO 112
A DESAPROVAÇÃO DE SE BEBER DIRETAMENTE DO CÂNTARO
OU DE UM RECIPIENTE SEMELHANTE
762. Abu Saíd aI Khudri (R) narrou: "O Mensageiro de Deus (S) nos
proibiu torcermos os odres de pele, e bebermos dos mesmos, tocando-os com a
boca." (Muttafac alaih)
763. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) proibiu a
pessoa beber água diretamente da vasilha ou pote." (Muttafac alaih)
764. Ummu Sábit bint Sábit (R), irmã do famoso poeta Hassan Ibn Sábit,
disse: "O Mensageiro de Deus (S) visitou a minha casa. Enquanto ainda estava
de pé, bebeu, pelo gargalo, água de um odre que estava pendurado. Eu me pus
de pé e cortei o gargalo do odre, para o preservar (como uma recordação
abençoada)." (Tirmizi)
CAPÍTULO 113
A DESAPROVAÇÃO DE SE SOPRAR A BEBIDA
765. Abu Saíd aI Khudri (R) relatou que o Profeta (S) proibiu que se
soprasse a bebida. Então um homem lhe perguntou: "E se eu vir algum cisco na
vasilha?" O Profeta respondeu: "Jorra-a do outro lado!" Disse o homem:
"Acontece que eu não fico satisfeito com um só gole!" O Profeta (S) respondeu:
"Então retira a vasilha da boca, respira, e volta a beber!" (Tirmizi)
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766. Ibn Abbas (R) relatou que o Profeta (S) proibiu as pessoas de
repirarem dentro da vasilha e de soprarem sobre ela. (Tirmizi)
CAPÍTULO 114
A INDICAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE PODERMOS BEBER
ESTANDO DE PÉ, TENDO EM CONTA QUE SERIA MELHOR
FAZERMO-LO SENTADOS
767. Ibn Abbas (R) relatou: "Certa ocasião, dei de beber ao Profeta (S)
da água do poço de Zam Zam, e a bebeu, estando de pé." (Muttafac alaih)
768. Nazzal Ibn Sabra (R) disse: "Numa ocasião o Áli (R) chegou a Bab
al Rahba (em Kufa), e bebeu, de pé, água, e disse: 'Vi o Mensageiro de Deus
(S) fazer o que me vistes fazendo'." (Bukhári)
769. Ibn Ômar (R) relatou: "Durante os dias do Mensageiro de Deus
(S), costumávamos comer andando e beber água em pé." (Tirmizi)
770. Amar Ibn Chuaib (R) relatou, baseado na autoridade do pai e do
avô dele, que viu o Mensageiro de Deus (S) beber água tanto estando em pé
como sentado." (Tirmizi)
771. Anas (R) relatou que o Profeta (S) proibira que se bebesse, estando
de pé. Catada perguntou aAnas : "E quanto ao comer?" Respondeu Anas: "Isso
é ainda pior!" (Musslim)
772. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Que
ninguém beba, estando em pé. Quem se esquecer deve vomitar a água."
(Musslim)
CAPÍTULO 115
A RECOMENDAÇÃO DE QUE AQUELE QUE SIRVA A BEBIDA
SEJA O ÚLTIMO A BEBER
773. Abu Catada (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele que servir
a bebida a outros deverá ser o último a beber." (Tirmizi)
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CAPÍTULO 116
AAPROVAÇÃO DE SE BEBER COM QUALQUER ESPÉCIE DE
UTENSÍLIO, À EXCEÇÃO DAQUELES QUE FOREM FABRICADOS
DE OURO OU DE PRATA. AAPROVAÇÃO DE SE BEBER
DIRETAMENTE DO RIO, SEM A UTILIZAÇÃO DE VASILHA. A
PROIBIÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS DE OURO OU DE
PRATA, NA COMIDA, NA BEBIDA, E PARA DEMAIS PROPÓSITOS
774. Anas Ibn Málik (R) relatou que uma vez, quando a hora da oração
se aproximou, aqueles que moravam por perto, foram para casa fazer a ablução;
outros ficaram. Uma vazilha de pedra (contendo água) foi trazida para o
Mensageiro de Deus (S). Era uma pequena vasilha que podia ser coberta com
as mãos dele. Porém, foi suficiente para que todos os presentes fizessem a
ablução. Ao lhe ser perguntado quantas pessoas se abluíram com tão pouca
água, respondeu: "Oitenta ou mais". (Muttafac alaih)
775. Abdullah Ibn Zaid (R) narrou: "Certa ocasião, o Profeta (S) nos
visitou; e para que fizesse suas abluções, levamos-lhe a água num jarro de cobre."
(Bukhári)
776. Jáber (R) relatou que em certa ocasião o Mensageiro de Deus (S)
entrou, com um de seus companheiros, na casa de um homem dos Ansar. O
Mensageiro de Deus (S) disse: "Se tiveres água guardada em um odre
cantimplorado de pele, então dá-nos de beber; se não, inc1inar-nos-emos sobre
a água, para bebermos diretamente do riacho."(Bukhári)
777. Huzaifa (R) relatou: "O Profeta (S) nos proibiu usarmos roupas de
seda ou de brocado, bebermos em vasilhas de ouro ou de prata, e disse: "Isso é
para eles (incrédulos) neste mundo, e tudo será de vós no Outro." (Muttafac
alaih)
778. Ummu Salama (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Aquele que toma uma bebida contida numa vasilha de prata, na verdade está a
ativar o fogo do Inferno no seu estômago." (Muttafac alaih)
Outro relato de Musslim diz: "Qualquer um que comer ou beber de uma
vasilha de ouro ou de prata irá ativar o fogo do Inferno no seu estômago."
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o LIVRO DAS VESTIMENTAS
CAPÍTULO 117
A RECOMENDAÇÃO DA ROUPA DE COR BRANCA. A PERMISSÃO
PARA SE USAR AS CORES VERMELHA, VERDE, AMRELA E
PRETA, BEM COMO A UTILIZAÇÃO DE TECIDO DE ALGODÃO,
DE LÃ E DE OUTRAS VARIEDADES, MENOS A SEDA
Deus, louvado seja, disse:
-ó filhos de Adão, temo-vos provido de vestimentas, tanto para
dissimulardes vossas vergonhas, como para o vosso aparato; porém, o pudor
é preferível! Isso é um dos sinais de Deus para que meditem" (Alcorão
Sagrado, 7:26).
E Deus, louvado seja, disse, ainda:
"E Deus vos proporcionou abrigos contra o sol em quanto criou,
destinou abrigos nos montes, concedeu-vos vestimentas para vos
resguardardes do calor e do frio e armaduras para proteger-vos em vossos
combates. Assim vos agracia, para que vos consagreis a Ele" (Alcorão
Sagrado, 16:81).
779. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Vestivos
com roupa branca, pois é a melhor de vossas vestimentas, e utilizai, para
vossos mortos, mortalhas de tecido também branco!" (Abu Daúd e Tirmizi)
780. Samura (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deveis
usar trajes brancos, porque são os mais puros e sempre mais limpos; amortalhai
vossos mortos também com panos brancos." (Nassá'i e Hákim)
781. AI Barrá (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) era de estatura
mediana. Uma vez o vi usar uma capa vermelha. Nunca vi ninguém mais elegante
e belo do que ele, no mundo!" (Muttafac alaih)
782. Wahab Ibn AbdulIah (R) relatou: "Uma ocasião, vi o Profeta (S)
em Makka. Encontrava-se em Abtah, em uma tenda de pele de cor vermelha.
Bilallevou água de ablução para o Profeta (S), e enquanto alguns tiravam água
do poço, outros a transportavam. Um pouco mais tarde, saíu o Profeta (S) vestido
com uma capa de cor vermelha. Parece-me como se ainda agora lhe visse a
brancura das pernas. Bilal fez o chamamento à oração, enquanto que eu lhe
seguia o rosto, que se virava para a direita e para a esquerda, a proclamar:
'Vinde para a oração! Vinde para a salvação!' Em seguida, Bilal fincou no chão
o seu bastão diante do Mensageiro de Deus (S), que se adiantou, e orou. Defronte
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deles passavam cães e burros, e ninguém lhes impedia a passagem." (Muttafac
alai h)
783. Rifá'a aI Taimi (R) relatou: "Vi o Mensageiro de Deus (S) vestido
com duas peças de tecido de cor verde." (Abu Daúd e Tirrnizi)
784. Jáber (R) relatou: "No dia da sua entrada em Makka, o Mensageiro
de Deus (S) portava um turbante de cor preta." (Muslsim)
785. Arnr Ibn Rurais (R) relatou: "É como se eu visse agora o Mensageiro
de Deus (S) portando um turbante de cor preta, com as extremidades a lhe cair
sobre os ombros." (Musslim)
786. Aicha (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) foi amortalhado
com três peças de algodão do Iêmen, sem inclusão de camisa nem turbante."
(Muttafac alaih)
787. Aicha disse: "Num dia o Mensageiro de Deus (S) saiu (de casa)
coberto com uma peça feita de pêlo preto que continha o desenho da sela de um
camelo" (Muslsim).
788. AI Mughira Ibn Chuba (R) relatou que certa noite acompanhava o
Mensageiro de Deus (S), durante uma viagem. No trancurso da mesma, o Profeta
perguntou: "Trazes água?" Mughira respondeu que sim. Então ele apeou da sua
montaria, e caminhou, até ocultar-se na escuridão da noite. Quando voltou,
derramou a água do cântaro sobre as próprias mãos e, com ela, lavou o rosto.
Naquela noite, o Profeta estava usando uma túnica de lã, e era-lhe difícil levantar
os braços. Por isso, enfiou as mãos por debaixo da túnica; foi assim que pôde
lavar-se, passando as mãos molhadas sobre a cabeça. Mughira inclinou-se para
tirar as sapatilhas do Profeta, mas este lhe disse: "Deixa estar, pois as calcei
tendo os pés limpos, após a ablução." Em seguida, passou as mãos molhadas
sobre elas. (Muttafac alaih)
CAPíTULO 118
A PREFERÊNCIA DE SE VESTIR UM CAMISOLÃO OU UMA
TÚNICA
789. Ummu Salama (R) relatou que de todas as roupas de que o
Mensageiro de Deus (S) mais gostava, era um carnisolão - ou túnica. (Abu
Daúd e Tirrnizi)
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CAPÍTULO 119
A DESCRIÇÃO DA LARGURA DA MANGA, DO TAMANHO DO
CAMISOLÃO, DA TÚNICA, DO TURBANTE, ETC.. PROIBIÇÃO DO
ATO DE SE ARRASTAR A ROUPA EM SINAL DE OSTENTAÇÃO; A
DESAPROVAÇÃO DISSO, MESMO QUE NÃO SEJA COM
INTENÇÃO DE A PESSOA SE MOSTRAR
790. Asmá Bint Yazid - dos Ansar (R) narrou: "As mangas da camisa do
Mensageiro de Deus (S) lhe chegavam apenas até aos pulsos." (Abu Daúd e
Tirmizi)
791. Ibn Ômar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Para aquele que
deixa o seu manto se arrastar no chão, por orgulho, Deus não olhará, no Dia do
Juízo Final". Abu Bala disse: -oMensageiro de Deus, o meu manto escorrega,
a menos que eu o levante." O Profeta (S) disse: "Tu não és daqueles que fazem
isso por arrogância." (Bukhári)
792.Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus
não olhará, no Dia do Juízo Final, para aquele que deixar suas vestes cobrir os
seus calcanhares, por arrogância." (Muttafac alaih)
793. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Toda a parte do
corpo, por debaixo dos calcanhares, que for coberta por uma túnica, estará no
Inferno." (Bukhári)
794. Abu Zar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Deus, no Dia da
Ressurreição, não dirigirá a palavra ou o olhar, nem purificará a três classes de
pessoas, as quais sofrerão, aliás, um doloroso tormento!" E repetiu aquilo por
três vezes. Disse Abu Zar: "Eis que essa gente será condenada ao fracasso e à
perdição; quem serão, ó Mensageiro de Deus?" Disse: "São aqueles que deixam
que sua túnica se arraste, aqueles que exprobam a caridade que fazem, e aqueles
que conseguem vender seus produtos por meio de falsas alegações." (Musslim)
795. Ibn Ômar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "No Dia do Juízo
Final Deus não irá olhar na direção da pessoa que baixar as suas roupas, como
manto, camisolão, ou turbante, só por arrogância." (Abu Daúd e Nassá'i)
796. Jáber Ibn Sulaim (R) relatou que em certa ocasião, viu um homem
que, sempre que dava uma ordem, as pessoas se apressavam em cumprir. Então
perguntou quem era aquele homem, e lhe responderam que se tratava do
Mensageiro de Deus. Aproximou-se dele, e o saudou: "Para ti seja a paz, ó
Mensageiro de Deus!" - disse-o duas vezes. Porém, o Profeta lhe replicou:
"Não digas 'Para ti seja a paz' , pois que essa é a saudação dos mortos. Outrossim,
dize: 'Que a paz esteja contigo!" Perguntou-lhe: És tu o Mensageiro de Deus?"
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Respondeu: "Sim, sou o Mensageiro de Deus, o Qual, se te ocorrer uma desgraça
e Lhe suplicares, ta fará desaparecer; e se passares por um ano de seca, e Lhe
implorares, fará com que tua terra produza. E se te encontrares numa terra
desértica e perderes tua montaria, e Lhe suplicares, Ele ta devolverá." Disse
Sulaim: "Aconselha-me, pois!" Disse o Profeta: "Nunca insultes a ninguém!"
(Jáber Ibn Sulaim acrescentou que, depois daquelas palavras, nunca mais voltou
a insultar a ninguém nem a nada, fosse homem, escravo, camelo ou ovelha). E
o Mensageiro de Deus prosseguiu: "Não negligencies o praticar qualquer ato
benigno, ainda que seja o de dirigir, com semblante alegre, palavras para um
irmão, pois que isso é realmente um ato de bem. Contudo, que a tua túnica não
seja tão comprida a ponto de ir além da metade das tuas pernas ou, quando
muito, até os tornozelos. E jamais arrastes tua túnica, porquanto isso é sinal de
arrogância, e Deus não estima os arrogantes. Além do mais, se um homem te
ofender por saber algo sobre ti, não o ofendas por algo que saibas sobre ele,
pois ele arcará com as falhas como consequência das suas ofensas." (Abu Daúd
e Tirmizi)
797. Abu Huraira (R) disse: " A um indivíduo que estava ocupado em
oração, e com o seu manto se arrastando, o Mensageiro de Deus (S) lhe disse:
'Sai, e vai fazer novamente a tua ablução!' O homem foi e voltou, após ter feito
o que o Profeta (S) mandara. Este disse outra vez: "Sai, e vai fazer a tua ablução!'
Alguém que estava presente disse: -ó Mensageiro de Deus, por que pedes a ele
que faça a ablução?' Ele disse: 'Ele está praticando a oração com o seu manto
se arrastando! Deus não aceita a oração da pessoa que deixa o seu manto se
arrastando'." (Abu Daúd)
798. Qais Ibn Bichr al Taghlibi (R) disse que seu pai, que era companheiro
do Abu Dardá (R), disse: "Havia um homem em Damasco cujo nome era Ibn al
Hanzaliya, e que era um companheiro do Profeta (S). Ele levava uma vida de
reclusão, e não passava muito tempo na companhia das pessoas. Utilizava a
maior parte do tempo em salat (orações) e quando estava livreda salat,
costumava lembrar-se de e glorificar a Deus, com um rosário, uma vez que os
membros da sua família lhe proviam as necessidades. Num dia, quando
estávamos sentados com o Abu Dardá (R), ele passou por nós. O Abu Dardá (R)
disse para ele: 'Dize-nos uma coisa que nos irá beneficiar, e não te irá causar
dano!' O Ibn al Hanzaliya (R) disse: 'O Mensageiro de Deus (S) despachou
uma pequena parte dos Mujahidin numa missão e, quando eles voltaram, um
deles veio para um ajuntamento em que estava incluído o Mensageiro de Deus
(S), e disse para a pessoa que estava perto dele: 'Gostaria que nos tivesses visto
quando nos enfrentamos com os inimigos; um deles (um incrédulo) pegou da
lança e golpeou um muçulmano que golpeando de volta, disse: 'Toma isto de
mim, e fica sabendo que eu sou apenas um escravo Ghifari!' Agora, qual a tua
opinião sobre isso?' Uma pessoa que estava sentada por ali disse: 'Acho que ele
perdeu a recompensa por causa da sua arrogância! Outra pessoa, ouvindo aquilo,
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argumentou: 'Não vejo mal algum nisso!' Os dois começaram a discutir, até
que o Profeta (S) os ouviu, e disse: 'Glorificado seja Deus! não há mal algum
em dar-lhe a recompensa na Vida Futura, ou de se elogiá-lo neste mundo!" O
Bichr (R) disse: "O Abu Dardá (R) pareceu contente com aquilo e, levantando
a cabeça, disse: 'Ouviste o Profeta (S) dizer isso?' Quando o Ibn ai Hanzaliya
disse que sim que ouvira, o Abu Dardá (R) repetiu a sua pergunta por várias
vezes. Por fim, eu perguntei para o Abu Dardá (R) por que ele estava a aborrecêlo
(ao Ibn ai Hanzaliya)." O Qais Ibn Bichr disse que o Ibn al Hanzaliya os
encontrou novamente no dia seguinte, e que o Abu Dardá lhe disse: "Dize-nos
algo que poderá ser-nos útil, e não será danoso para ti!" Ele disse: "O Profeta
(S) nos disse que aquele que gasta para alimentar um cavalo é como aquele que
gasta generosamente em caridade, e não pára por aí!" O Ibn ai Hanzaliya (R)
passou por nós num outro dia, e o Abu Dardá (R) lhe disse: "Dize-nos algo que
poderá ser útil para nós, e que não te fará mal!" Ele disse: "O Mensageiro de
Deus (S) disse, numa ocasião: 'O Khuraim ai Assidi poderia ter sido o melhor
indivíduo, não fosse pelos seus cabelos longos e pelo seu manto se arrastando!'
Aquele comentário chegou aos ouvidos do Khuraim e, de pronto, cortou os
cabelos até às orelhas, e encurtou seu manto até aos joelhos." (Abu Daúd)
799. Abu Saíd ai Khudri (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) tenha
dito: "O manto do muçulmano deverá estar para cima da metade das canelas
das suas pernas ou, quando muito, das canelas e das juntas dos joelhos; mas não
haverá mal se estiver acima das canelas (ou ele disse que não haverá pecado). O
que estiver abaixo das canelas será destinado ao Inferno. Deus não olhará na
direção da pessoa que baixar seu manto, por orgulho." (Abu Daúd)
800. Abdullah Ibn Ômar (R) relatou: "Uma vez passei pelo Mensageiro
de Deus (S) e o meu camisolão estava-se arrastando. O Profeta me disse: -o
Abdullah, puxa o teu camisolão para cima' . Eu o puxei para cima. Ele me disse:
'Puxa um pouco mais', e eu puxei-o. Desde então passei a usá-lo curto. Alguém
da sua tribo perguntou: 'Quão curto?' Ele disse: 'Até ao meio da pema."'
(Musslim)
801. Abdullah Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"No Dia do Julgamento, Deus não irá olhar na direção da pessoa que arrastar as
suas vestes, por orgulho."A Ummu Salama (R) perguntou: "O que as mulheres
terão de fazer com suas saias? Desse modo seus pés ficarão expostos!" O Profeta
(S) disse: "Então abaixarão suas saias o comprimento duma braça, nada mais."
(Abu Daúd e Trimizi)
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CAPÍTULO 120
A RECOMENDAÇÃO DE SE EVITAR, POR MODÉSTIA, USAR
ROUPAS DE LUXO
802. Muaz Ibn Anas (R) contou que o Mensageiro de Deus (5) disse:
"Quanto àquele que deixar de usar roupas de luxo, ainda que possa pagar por
elas, em sinal de humildade ante Deus, Ele o levará, no Dia da Ressurreição,
na presença de todas as criaturas, para proporcionar-lhe a escolha de qualquer
túnica que goste, dentre todas as vestes da Fé." (Tirmizi)
CAPÍTULO 121
A MODÉSTIA NO VESTIR
803. Amr lbn Chuaib (R) relatou, baseado na autoridade do seu pai e
seu avô, que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus Se satisfaz em ver os
efeitos da Sua graça sobre os Seus servos." (Tirmizi)
CAPÍTULO 122
A PROIBIÇÃO DE VESTIREM-SE COM ROUPA DE SEDA, OS
HOMENS. PERMISSÃO PARA QUE AS MULHERES SE VISTAM
DE SEDA
804. Ômar Ibn aI Khattab (R) relatou ter ouvido o Mensageiro de Deus
(5) dizer: "Não deveis vestir seda, porque quem o vestir neste mundo, não o
vestirá no Outro." (Muttafac alaih)
SOS. Ômarlbn aI Khattab (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus
(S) dizer: "A seda é usada pela pessoa que não terá seu quinhão (de benesses)
na Vida Futura." (Muttafac alaih)
S06. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Aquele
que se vestir de seda neste mundo, não poderá usá-Ia no Outro." (Muttafac
alaih)
807. Áli (R) relatou: "Vi o Mensageiro de Deus (S) pegar uma peça de
seda na sua mão direita e um pedaço de ouro na mão esquerda, e o ouvi dizer:
'Estas duas coisas são ilícitas para os homens da minha umma. " (Abu Daúd)
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808. Abu Mussa al Ach'ari (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
disse: "Não é lícito, para os varões da minha nação, vestirem-se de seda e usarem
ouro, conquanto o seja para as mulheres." (Tirmizi)
809. Huzaifa (R) relatou: "O Profeta (S) nos proibiu bebermos ou
comermos em potes feitos de ouro ou prata, vestirmos roupas de seda natural e
seda trabalhada, ou de nos sentarmos em almofadas feitas de tais tecidos."
(Bukhári)
CAPÍTULO 123
A PERMISSÃO, AOS HOMENS QUE PADECEM DE ESCABIOSE,
PARA USAREM ROUPAS DE SEDA
810. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) autorizou que AI
Zubair e Abdel Rahman Ibn Auf se vestissem de seda, porque sofriam de
eczemas. (Muttafac alaih)
CAPÍTULO 124
A PROIBIÇÃO DE SE SENTAR SOBRE PELES DE TIGRE OU A SUA
UTILIZAÇÃO COMO APARATO DE MONTARIA
811. Muáwiya (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Não
vos monteis em assentos feitos de seda ou de pele de tigre!" (Abu Daúd)
812. Abu ai Malih transmitiu o que seu pai (R) contara, ou seja, que o
Mensageiro de Deus (S) proibira o uso das peles de animais ferozes." (Abu
Daúd, Tirmizi e Nassá'i)
CAPÍTULO 125
O QUE SE DEVE DIZER AO SE VESTIR UM TRAJE NOVO
813. Abu Saíd ai Khudri (R) relatou que quando o Mensageiro de Deus
(S) vestia um novo traje, costumava dar-lhe nome, como por exemplo, ele dizia:
"Este é um turbante," ou "esta é uma camisa" ou "este é um manto", e fazia a
seguinte prece: -oDeus, o louvor é de Ti, pois Tu é Quem me deste isto para eu
vestir. Peço-Te o bem dele e o bem de propósito para o qual foi feito. Peço-Te a
proteção contra o seu mal e o mal do propósito para o qual foi feito!" (Abu
Daúd e Tirmizi)
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CAPÍTULO 126
AVIRTUDE DE SE COMEÇAR COM O LADO DIREITO, QUANDO
SE ESTÁ VESTINDO UMA ROUPA
Os ahádice pertinentes a este tema já foram citados no capítulo 99
CAPÍTULO 127
LIVRO DA ÉTICA DE DORMIR E DE SE RECLINAR
814. AI Barrá Ibn Ázeb (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)
costumava, ao ir para a cama, deitar-se sobre o lado direito e dizia: 'Deus meu,
a Ti me entrego, e a Ti oriento o meu rosto, e a Ti encomendo meus assuntos;
em Ti resguardo os meus costados, por amor e por temor a Ti. Não há refúgio
nem salvaguarda de Ti, a não ser em Ti, creio e tenho fé na escritura que me
revelaste e no Profeta que enviaste.' (Bukhari).
815. AI Barrá Ibn Ázeb (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) lhe
disse: "Quando fores deitar-te, faze a ablução como se o fizesses para a oração;
então deita-te sobre o lado direito, e dize: 'Deus meu, submeto a minha alma a
Ti, a Ti volto o meu rosto; a Ti encomendo o meu destino, e em Ti busco refúgio
para os meus costados, com amor e temor, porque não há refúgio nem salvação
de Ti, a não ser em Ti. Creio e tenho fé no Livro que revelaste e no Profeta que
enviaste!' Que essas sejam as últimas palavras que digas antes de dormires."
(Muttafac alaih)
816. Aicha (R) relatou: "Às noites, o Mensageiro de Deus (S) realizava
uma prece de onze racát e, ao chegar a aurora, fazia duas racát breves. Então se
deitava sobre o lado direito, até que o muézin fizesse o chamado para a oração."
(Muttafac alaih)
817. Huzaifa (R) relatou: "Quando o Profeta (S) se deitava, à noite,
colocavaamão sob o rosto e dizia: -ó Deus, em Teu nome eu morro e desperto!'
Quando despertava, dizia: "Louvado seja Deus que nos fez viver, depois de nos
fazer morrer. Por certo que o retorno será a Ele. '" (Bukhári)
818. Yaich Ibn Tikhfah al Ghifári (R) relatou o que ouviu do seu pai: Ele
estava deitado de bruço na mesquita quando alguém o sacudiu com os pés,
dizendo que aquele modo de se deitar desagradava a Deus. Quando ele olhou
para cima, constatou que era o Mensageiro de Deus (S). (Abu Daúd).
819. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Aquele que se sentar em algum lugar sem se lembrar de Deus estará em falta
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para com Ele, exaltado seja; e aquele que se deitar em algum lugar, sem se
lembrar d'Ele, exaltado seja, estará em falta com Deus." (Abu Daúd)
CAPÍTULO 128
AAPROVAÇÃO DE A PESSOA RECLINAR-SE, CRUZANDO AS
PERNAS, SE NÃO HOUVER A POSSIBILIDADE DE AS PARTES
PUDENDAS FICAREM A DESCOBERTO
820. Abdullah lbn Zaid (R) disse que viu o Mensageiro de Deus (S)
deitado, de costas, na mesquita, com um pé em cima do outro. (Muttafac alaih)
821. Jáber lbn Samura (R) relatou: "Quando o Mensageiro de Deus (S)
terminava a oração da madrugada, sentava-se, no seu local (de oração), com as
pernas cruzadas, e assim permanecia, até que saísse o sol e clareasse o dia."
(Abu Daúd)
822. lbn Ômar (R) relatou: "Certa ocasião, vi o Mensageiro de Deus (S)
sentada no pátio da Caaba, com ambas as mãos nos dois joelhos." (Bukhári)
823. CailaBint Makhrama (R) contou: "Certa ocasião, o Mensageiro de
Deus (S) estava sentado, de cócoras, e apoiado em ambas as mãos. Encontravase
tão absorto em sua meditação, que me fez tremer (de tanto respeito para com
ele)." ~AblrDaúd)
824. AI Charid Ibn Suaid (R) narrou que, certa ocasião, o Mensageiro
de Deu (S) passou perto dele, que estava sentado, apoiando-se na palma da mão
esquerda, a qual havia colocado atrás das costas. Disse-lhe: "Queres acaso sentarse
como os abominados?" (Abu Daúd)
CAPÍTULO 129
AS BOAS MANEIRAS NAS REUNIÕES
825. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Ninguém
deve pedir a outro para dar-lhe o lugar, apesar do que quem estiver sentado
poderá apertar-se um pouco para proporcionar um local para o outro." Se alguém
se levantava para Ibn Ômar para dar-lhe o lugar, ele não aceitava. (Muttafac
alaih)
826. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se
algum de vós tiver deixado o lugar por uns instantes, e retomar pouco depois,
terá mais direito de tomar o lugar, que era dele." (Musslim)
827. Jáber Ibn Samura (R), relatou: "Quando íamos visitar o Mensageiro
de Deus (S), cada um de nós se sentava, sucessivamente, no último assento
vago," (Abu Daúd e Tirmizi)
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828. Salman, o persa (R), relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Quando um homem toma banho, às sextas-feiras, e se purifica o máximo que
possa, perfuma-se e, em seguida, se dirige para a mesquita, aonde se senta sem
separar outros dois, e realiza as orações que Deus prescreveu, e então escuta
com atenção o que diz o imame, Deus lhe perdoa as faltas que havia cometido
desde a sexta-feira anterior." (Bukhári)
829. Amr Ibn Chuaib transmitiu o que relatou seu pai, e este, o que
narrara o seu pai (R), isto é, que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Não é lícito
para um homem sentar-se entre outros dois que estejam sentados juntos, a não
ser que seja com a permissão deles." (Abu Daúd e Tirmizi)
830. Huzaifa Ibn al Yaman (R) contou que o Mensageiro de Deus (S)
maldizia quem se sentasse no centro de um círculo de homens reunidos. (Abu
Daúd)
831. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus
(S) dizer: "As melhores assembléias são aquelas espaçosas e dilatadas." (Abu
Daúd)
832. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se
alguém participar de uma reunião em que coisas fúteis estão sendo faladas, e se
essa pessoa antes de sair suplicar: -ó Deus, glorificado e louvado sejas. Presto
testemunho de que não há outra divindade além de Ti. Peço-Te perdão e o retorno
será a Ti', essa pessoa será perdoada por sua participação em tal reunião."
(Tirmizi)
833. Abu Barza (R) relatou que ao se aproximar o dia do desfecho da
sua vida, o Mensageiro de Deus (S), vendo que iria deixar uma reunião,
costumava suplicar: -ó Deus, louvado sejas, e todo o louvor é para Ti! Presto
testemunho de que não há outra divindade além de Ti! Peço o Teu perdão, e me
volto a Ti!" Um homem lhe disse: -ó Mensageiro de Deus, estás agora dizendo
palavras que nunca disseste antes!" Ele disse: "Essas palavras são uma expiação
do que se passa numa reunião." (Abu Daúd)
834. Ibn Ômar (R) relatou que sempre que o Mensageiro de Deus (S) se
levantava de uma reunião, implorava a Deus, com estas súplicas: "Deus meu,
infunde-nos o temor a Ti, para que haja uma barreira entre a desobediência a Ti
e nós; outorga-nos a obediência a Ti, com a qual alcançaremos o Paraíso;
concede-nos a convicção com a qual as calamidades da vida nos serão mais
leves! Deus meu, permite-nos desfrutarmos de nossos ouvidos, nossas vistas e
nossas forças - enquanto nos permitires vivermos -, e que nos acompanhem até
ao fim dos nossos dias! E faze com que nossa vingança seja contra aqueles que
nos oprimem, e concede-nos o respaldo contra quem nos declara sua inimizade!
Não deixes que soframos desgraças em nossa religião, e não permitas que a
vida terrena seja o nosso anseio máximo, ou que seja o centro da nossa
preocupação! Deus meu, não nos designes alguém com autoridade, que não
seja benevolente para conosco!" (Tirmizi)
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835. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Aqueles que deixam uma reunião na qual o nome de Deus não foi mencionado,
deixam-na como morta, e isso será uma fonte de pesares para eles." (Abu Daúd)
836. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando um grupo
de homens se reunir, sem se lembrarem de Deus, exaltado seja, e sem Lhe
pedirem a bênção sobre o Profeta, durante essa reunião, isso acarretará em falta
perante Deus. Em conseqüência, se Ele desejar, castigá-los-á ou os perdoará."
(Tirrnizi)
837. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Aquele que se sentar em algum lugar sem se lembrar de Deus estará em falta
para com Ele, exaltado seja; e aquele que se deitar em algum lugar, sem se
lembrar d'Ele, exaltado seja, estará em falta com Deus." (Abu Daúd)
CAPÍTULO 130
A QUESTÃO DOS SONHOS
Deus, louvado seja, disse:
"E entre os Seus sinais está o do vosso dormir a noite e, durante o
dia.~." (Alcorão Sagrado, 30:23).
838. Abu Huraira (R) relatou ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:
"Não sobrou nenhum sinal de profecia, exceto as boas-novas." Perguntaramlhe:
"Quaissão as boas-novas?" Respondeu: "Os Bons sonhos!" (Bukhári)
839. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando o tempo
(o Diado Julgamento) estiver próximo, o sonho do muçulmano não será falso,
eo sonho do muçulmano é uma das quarenta e seis partes da profecia." (Muttafac
alaih)
840. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A
pessoa que me vir, nos seus sonhos, ver-me-á no estado de vigília, num futuro
próximo", ou ele disse: "como se me visse no seu estado de vigília, porque o
Satanás não me pode personalizar." (Muttafac alaih)
841. Abu Saíd Al Khudri relatou que ouviu o Profeta (S) dizer: "Quando
alguém tem um sonho agradável, isso é uma graça de Deus; ele deve louvar a
Deus, e contá-lo aos seus amigos." (Muttafac alaih)
. 842. Abu Catada (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A
visão, nos sonhos, agradável em forma e interpretação, provém de Deus, ao
passo que os sonhos desagradáveis provêm de Satanás. Assim sendo, se a pessoa
passar por um sonho desagradável, deve assoprar a mão esquerda, por três vezes,
e-implorar o refúgio em Deus contra Satanás. Desse modo, esse sonho não lhe
causará transtorno." (Muttafac alaih)
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843. Jáber (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Quando
alguém passar por sonho desagradável, deve cuspir três vezes para o lado
esquerdo e pedir refúgio em Deus contra Satanás, também por três vezes; ainda
assim, deve mudar de posição." (Muslsim)
844. Wácila Ibn al Asca (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:
"Entre as piores falácias, está aquela em que um homem reivindique uma falsa
paternidade, ou declare haver visto, em sonhos, algo que não viu; ou que fale
pela boca do Mensageiro de Deus algo que este não disse." (Bukhári)
Deus, Exaltado seja, diz:
"Quanto aos crentes que praticam o bem, seu Senhor os encaminhará,
por sua fé, aos jardins do prazer, abaixo dos quais correm os rios, onde sua
prece será: Glorificado sejas, ó Deus! Aí a sua mútua saudação será: Paz!
E o fim de sua prece será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!" (Alcorão
Sagrado, 10:9-10).
Louvado seja Deus que nos orientou para isso, e não estaríamos orientados
sem a Sua orientação. Ó Deus, cumula a Muhammad' e a seus familiares com as
Tuas bênçãos e graças, como cumulaste a Abraão e a seus familiares. Ó Deus,
abençoa a Mohammad e a seus familiares, como abençoaste a Abraão e seus
familiares. Tu és Louvável, Graciosíssimo.
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