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O JARDIM DOS VIRTUOSOS

O JARDIM DOS VIRTUOSOS


Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso


Abreviaturas usadas no Livro

AS (AIaihis SaIam): Expressão árabe utilizada

após a citação do nome dos profetas e dos

anjos de Deus, e significa: "Que a paz

esteja com ele".


Prefácio

A majestade e a importância dos ahádice (plural de hadice) ditos ou tradições

do Profeta do Islam, Mohammad (S), além de seu valor moral, podem ser

inteiramente apreciadas apenas quando alguém se conscientiza de que toda a

estrutura religiosa, moral, social econômica e política de mais de um quinto da

humanidade, assenta-se no Alcorão Sagrado e nos ditos e atos, ou sunna, do

Profeta Mohammad (S).

O Alcorão Sagrado, juntamente com as tradições e a sunna do Profeta são

as fontes da chari'a ou ajurisprudência islâmica. OAlcorão Sagrado é a palavra

divina de Deus, revelada ao Profeta Mohammad (S). É para o muçulmano, de

qualquer escola, a inquestionável e principal fonte, e autoridade final para todas

as leis - religiosa, civil ou criminal.

O Profeta Mohammad (S) é o derradeiro Mensageiro de Deus, e a mensagem

que ele recebeu é a última mensagem divina do Todo-Poderoso Deus para os

Seus servos. Não haverá mais profetas depois do Profeta Mohammad (S). Como

tal, Deus não apenas revelou Sua última comunicação a ele, mas fez dele uma

perfeita espécie humana, e cornessionou-o como Seu último Mensageiro,

admoestador e orientador para toda a humanidade. O Profeta do Islam (S) foi

um modelo perfeito a ser imitado e seguido; em outras palavras, ele foi a

personificação do Alcorão. Cada aspecto, cada uma de suas ações, seu

comportamento no lar e fora dele, está registrado e preservado nos mínimos

detalhes, para servir como guia e exemplo para a humanidade.

O Alcorão Sagrado nos diz a respeito disso:

"Realmente, tendes no Mensageiro de Deus um excelente exemplo"

(Alcorão Sagrado, 33:21).

O grande líder indiano, Mahatma Ghandi, em sua introdução ao livro de

Abdullah AI Mamun AI Suharawardy, "Os Ditos de Mohammad", disse: "Eles

(os ditos) incluem-se entre os tesouros da humanidade, e não são meramente

muçulmanos."

Tolstoy, o famoso escritor e pensador russo, apreciava a personalidade do

Profeta, carregando sempre com ele um livro contendo os seus ditos. Uma

cópia desse livro foi encontrada no bolso da capa que ele usou quando saiu para

a sua última caminhada para morrer nos campos que costumava cultivar.

OAlcorão Sagrado, sem dúvida, é a fonte principal da Lei Islâmica. Porém,

qualquer ponto não coberto explicitamente pelo Alcorão, é resolvido com a

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referência às palavras e os atos do Profeta, ou às palavras e aos atos de seus

companheiros, aprovados por ele. As ações e as palavras do Profeta foram

escutadas atentamente e observadas pelos membros da sua família e pelos seus

companheiros, que preservaram cada palavra e cada ação dele em suas mentes

e as passaram, intactas, às gerações seguintes. Eles acreditavam certamente

que cada palavra que saia de sua boca, ou ação que ele praticava, era inspirada

por Deus. Esta crença é corroborada pelo Alcorão Sagrado:

"Isto não é senão a inspiração que lhe foi revelada, que lhe transmitiu

o fortíssimo (Gabriel)" (53:4-5).

"Em verdade, aqueles que te juram fidelidade, juram fidelidade a Deus.

A Mão de Deus está sobre as suas mãos" (48: 10).

Devido à importância dos sermões e dos ditos do Profeta (S) para a nossa

orientação, é necessário que o muçulmano suplemente os seus conhecimentos

do Alcorão Sagrado com os ditos do Profeta (S).

Étambém um fato que, enquanto o Alcorão Sagrado é a palavra de Deus, o

hadice e a sunna não são. A linguagem dos dois diferem, e as pessoas

familiarizadas com a língua árabe conseguem diferenciar entre eles pela sua

dicção. O Alcorão Sagrado é, indubitavelmente, obra-prima - incomparável,

inimitável. Nenhum ser humano consegue imitá-lo ou produzir mesmo uma

simples linha igual a ele. Este é um desafio permanente, porém, sem resposta,

desde há 1400 anos. O Alcorão Sagrado é um milagre vivo e uma prova da

verdade e da veracidade do Profeta (S) e do Islam. Todavia, a linguagem das

tradições, apesar de não ser do nível da linguagem do Alcorão, sobrepuja

quaisquer outros escritos terrenos, em composição e eloqüência. As tradições

são classificadas como soberbas e excelentes obras da literatura árabe.

Depois do Livro Sagrado, as tradições (ahádice) e a sunna do Profeta,

desempenharam um papel preponderante na composição e no desenvolvimento

da Lei Islâmica, a chari'a. São consideradas como os princípios básicos da fé

islâmica. Elas contêm material exaustivo e orientação para todos os aspectos

da vida do muçulmano. Sem algum conhecimento das tradições e da sunna,

seria difícil para o muçulmano a abordagem apropriada dos problemas da vida,

e compreender os seus direitos e deveres em sua vida cotidiana.

As tradições e a sunna contêm assuntos que cobrem todos os setores da

vida humana, e são, de fato, a caixa do tesouro das boas maneiras e das

excelências morais necessárias para aperfeiçoar a vida espiritual e material da

pessoa. Seguir os passos do Profeta (S), deve ser o objetivo do muçulmano para

alcançar o sucesso e a salvação neste mundo e no Outro. Num versículo, o

Alcorão nos diz:

"Dize: Se verdadeiramente amais a Deus, segui-me; Deus vos amará"

(3:31).

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Quanto à compilação e preservação das tradições e da sunna, podemos

dizer que na sociedade árabe pré-islâmica era raro encontrar três dúzias de

pessoas que soubessem ler e escrever. Era um tempo em que inexestia a

confecção de livros, de uma maneira sistemática, e as indústrias gráficas eram

desconhecidas. Por isso, os árabes dependiam, para a transmissão de suas

tradições, inteiramente, de suas privilegiadas memórias. A poesia pré-islâmica,

que havia alcançado um nível altíssimo, era preservada somente pela tradição

ora!. Essa situação ajudou no surgimento de uma classe de profissionais que

faziam de seu poder de memorização um negócio lucrativo. Um desses

profissionais, Hammad, declarou e provou que ele poderia recitar, para cada

letra do alfabeto, cem longos poemas rimando naquela letra. Posteriormente,

ele declarou que conhecia, de cor, milhares de poemas. Outra pessoa, Abu Zam

Zam, uma vez recitou poemas de cem poetas, contendo o nome "Ômar". Outro

profissional recitador, Rawi, declarou que poderia recitar poemas continuamente

durante um mês, sem recorrer a nenhuma repetição. Podemos citar aqui um

exemplo recente. Hassan AI Banna, o famoso gênio e sábio egípcio foi urna vez

solicitado a recitar algumas parelhas de versos de uma antologia em particular.

Em resposta, ele recitou, de improviso, mil parelhas da antologia, citada, e disse

que poderia recitar mais.

No começo, as tradições do Profeta e sua sunna foram memorizadas pelos

membros de sua família e pelos seus companheiros, que lhe eram muito íntimos,

e desfrutavam do privilégio de estarem constantemente em sua companhia. Essas

pessoas estavam, portanto, em melhor posição de ouvirem as suas palavras e

observarem as suas atividades.

Os colecionadores e narradores das tradições e da sunna eram pessoas

extremamente piedosas, possuiam um excelente e inimitável caráter moral. Eles

costumavam escrever ou decorar as tradições e a sunna do Profeta (5), e as

recitavam em diferentes locais públicos, nas mesquitas e nas reuniões. Apesar

de grande número dessas tradições terem sido gravadas, um considerável número

deles era preservado na memória dos companheiros íntimos do Profeta (5).

Depois de algum tempo, como resultado de rivalidade política entre os

seguidores de Áli (R) e de Muáwiya (R), cada grupo começou produzir ditos,

ordens e orientações do Profeta (5), em defesa de seus próprios pontos de vista.

Nesse tempo, os hipócritas e os inimigos do Islam, começaram forjar falsas

tradições e falsos casos sobre a vida e missão do Profeta (5). Eles misturaram

muitas tradições espúrias com as verdadeiras. Para coibirem essa confusão,

sábios muçulmanos e teólogos sentiram a necessidade de planejar um sistema

para controlar a dissiminação das falsas tradições e separar as tradições genuínas

das falsas.

No ano 101 da Hégira, Ômar Ibn Abdul Aziz, um piedoso e virtuoso califa,

designou alguns teólogos para separarem as tradições genuínas. Esses teólogos

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estabeleceram regras para descobrirem as fontes das tradições e os dados

bibliográficos dos narradores, prestando especial atenção a seus pontos de vista

religiosos. Seus esforços resultaram na criação e no desenvolvimento das ciências

críticas como 'Ilmul Hadice" (ACiência das Tradições), "Ilmur Rijal" (A Ciência

das Personagens) e "Ilmul Asmá" (A Ciência dos Nomes). De acordo com isso,

toda tradição era submetida a uma severa checagem e escrutínio quanto ao estilo

de linguagem, forma, redação e vocabulário. Então, a idéia ou o tema da tradição

era minuciosamente examinado quanto àsua coerência com o Alcorão Sagrado

e com as outras tradições, e sua relevância com outros fatos historicamente

estabelecidos. Oconteúdo ou o tema era também testado pela sua criteriosidade

e racionalidade. Depois de tudo, toda corrente de narradores (isnad) era sujeita

ao mais rígido teste de historicidade e verificação, de acordo com os princípios

estabelecidos na Ciência dos Personagens, ou o exame crítico, nos mínimos

detalhes, da vida pessoal de milhares de companheiros do Profeta e de seus

contemporâneos. Este era o modus operandi do teste desenvolvido pelos sábios

muçulmanos, há mais de mil anos atrás, para avaliar a autenticidade ou não de

um fato histórico. O criticismo islâmico utilizado textualmente na pesquisa

científica era um tipo único e incomparável, que o mundo nunca viu ou

provavelmente verá.

Como resultado da pesquisa e do trabalho desses sábios teólogos (ulemá),

muitos livros padrão foram escritos e publicados, tratando das vidas dos

narradores, especialmente, de seu caráter e comportamento, em seu dia a dia,

de sua reputação e honestidade.. Nesse exercício, o estilo de narração dos

narradores e os assuntos eram diretamente comprovados. Alguns desses notáveis

tradicionalistas ou compiladores, que trabalharam sistematicamente nessas

linhas, foram Ibn Chihab Az-Zuhri e Abu Bakr Ibn Hazm. Uma idéia sobre o

cuidado e o trabalho desenvolvido na coleção e inspeção das tradições pode ser

tirada dos seguintes exemplos:

Aiub AI Ansári viajou de Madina para o Egito para colecionar um único

hadice. O mesmo aconteceu com Jábir Ibn Abdullah que levou um mês na sua

viagem para obter um único hadice de Abdullah Ibn Anas. Outro colecionador

das tradições soube que um determinado indivíduo conhecia um hadice. Ele,

então viajou muito para encontrá-lo. Ao chegar ao seu destino, ele procurou por

ele. Alguém lho indicou. O indivíduo, na ocasião, estava tentando pegar o seu

cavalo, que havia escapado, mostrando-lhe uma bolsa vazia, como se houvesse

alguma comida nela. O colecionador, vendo-o tentando enganar o animal,

concluiu que ele não seria suficientemente confiável e, portanto, sua versão do

hadice não podia ser aceita. Por isso, ele retornou para sua terra sem conversar

com o indivíduo.

No século dois da Hégira um grande número de sábios de tradição trabalhou

na matéria, e deixou um registro valioso de suas maravilhosas pesquisas e

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codificações das tradição. Dentre desses sábios podemos citar Abu Juraij, em

Makka; lmam Málik, em Madina; Imam Sufian Sauri, em Kufa; lmam Hammad .

Ibn Salma, em Basra; ImamAbdullah lbn Mubárak, em Khurassan; ImamAuzái,

na Síria e lmam Abu Hanifa, no Iraque. O lmam Abu Hanifa é o fundador da

Escola Hanafi; o lmam Málik é o fundador da Escola Máliki; lmam Cháfi'i é o

fundador da Escola Cháfi'i e lmam Ahmad lbn Hanbal é o fundador da Escola

Hanbali de jurisprudência islâmica.

O trabalho feito até ali quanto à compilação e codificação das tradições não

era completo. Como exemplo, o livro "Muwatta, do lmam Málik, tinha apenas

1700 hadice, e tratava de poucos tópicos, como a oração, o jejum, o zakat, a

peregrinação, etc .. Por isso, houve a necessidade de se fazer as compilações

mais completas e características, incluindo todos os assuntos e ampliando seu

alcance para abranger todo o Mundo Islâmico. Por isso, trabalhos em larga

escala foram efetuados, envolvendo minuciosas pesquisas das tradições, por

sábios eminentes como o lmam Musslim (falecido no ano 18 I H.) e o lmam AI

Bukhári (falecido no ano 256 H.).

As principais características desse trabalho era vincular cada tradição com

a corrente de seus narradores ou autoridades, traçando-a até o narrador original.

Além disso, direta e detalhada investigação era feita quanto a moral, a veracidade,

os pontos de vista religiosos e o poder de memorização do narrador. O lmam al

Bukhári prestou muita atenção ao exame cuidadoso de cada tradição para a

escolha das mais autênticas, entre as milhares tradições em circulação naquela

época. Das seiscentas mil tradições que foram colocadas perante ele, escolheu

apenas sete mil e duzentas e setenta e cinco tradições e as incluiu em seu livro:

"Sahih ai Bukâri", uma obra prima de pesquisa, erudição e trabalho árduo.

Similarmente, o lmam Málik escolheu apenas nove mil e duzentas tradições de

trezentas mil. As coleções do lmam aI Bukhári e do lmam Musslim são muito

respeitadas pelos muçulmanos que os consideram quase igual ao Alcorão.

Depois, esses dois livros foram suplementados por mais quatro compilações,

conhecidas como as "Quatro sunan", do lmam Abu Daúd (Falecido no ano 275

H.), do lmam Tirmizi (falecido no ano 279 H.), do lmam lbn Mája (falecido no

ano 295 H.), e do lmam Nassá'i (falecido no ano 303 H.). Além desses, há uma

importante compilação do lmam Ahmad lbn Hanbal (falecido no ano 241 H.).

Essas coleções dos ditos e atas do Profeta (S), além de seus valores morais

e religiosos, são os mais autênticos e cotidianos registras dos eventos e

acontecimentos dos primeiros dias do lslam. São muito úteis para a escrita de

livro sobre história, biografia, etc .. Eles derramam muita luz sobre o

desenvolvimento e a expansão do lslam durante os primeiros estágios e quanto

aos movimentos políticos, sociais e sectários durante aquele período.

A coleção do hadice é tão grande e volumosa que não seria possível para

cada pessoa lê-la, compreendê-la e se lembrar em agir de acordo com ela. Por

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isso, é necessário compilar um volume condensado contendo importantes e

selecionadas tradições para aquele que não podem ter tempo suficiente para ler

os inúmeros volumes. Esse livro é intitulado "Riadus-Sálihin" ou (o Jardim dos

Virtuosos), compilado pelo grande sábio e tradicionalista Imam Mohiddin Abu

Zakariya Yahia Ibn CharafAn-Nawawi.

O ImamAn-Nawawi teve muito trabalho para selecionar, aproximadamente,

1900 tradições, extraídas das compilações de Bukhári e Musslim e de um ou

dois livros de hadice, como o livro "Muwatta" do Imam Málik. Ele arranjou

essas tradições sob diferentes tópicos, suplementando-as com versículos

pertinentes do Alcorão. Ele cita os versículos no início de cada capítulo. Isso

criou um solene respeito nas mentes dos leitores e confirma o ponto de vista de

que as tradições são anotações quanto ao Alcorão.

O presente trabalho é uma tradução literal da primeira parte do texto árabe.

Cuidados especiais foram tomados para ser fiel ao texto original tanto quanto

possível.

A pessoa do Imam An-Nawawi não necessita de nenhuma apresentação,

uma vez que ele é sobejamente conhecido no Mundo Islâmico. É suficiente

dizermos que ele é um dos grandes teólogos, tradicionalistas, sábios e abnegados,

que abandonou o mundo e os confortos terrenos, para levar um vida de retiro,

devotada ao serviço dos muçulmanos e do Islam. Na sua devoção à religião, em

suas orações, piedade e abnegação, ele é, talvez, incomparável.

O ImamAn-Nawawi é autor de um grande número de livros, particularmente

sobre tradições e seus comentários. Mas o seu "Riadus-Sálihin", é o mais

importante, o mais útil e o mais popular de seus livros. Nos últimos cem anos,

ele tem servido como guia e comêndio de informações úteis para os sábios e

teólogos muçulmanos, e representa uma grande ajuda a eles na propagação e

nas práticas do Islam.

Uma vez que a obra original é em árabe, não seria possível para um grande

número de muçulmanos não árabes tirarem qualquer benefício dela. Apesar de

um número de tradução do livro existirem em outras línguas, como o urdu, o

turco, o persa, não há muito em línguas faladas no Ocidente. Esta tradução

portuguesa do "Riadus-Sâlihin" é destinada aos muçulmanos da língua

portuguesa. Ela também será de grande valia para as novas gerações de

muçulmanos que vivem no Brasil, em Portugal, em Moçambique, em Angola,

em Guinê Bissau, em Cabo Verde e em São Tomé e Príncipe, auxiliando-os a

moldarem suas vidas de acordo com o código islâmico de ética. Devemos estar

conscientes de que a verdadeira educação islâmica alerta a mente para o

significado e o valor da vida, estimulando-a e guiando-a em todas as suas

atividades. O Islam é uma religião completa, em todos os sentidos, e é a última

Palavra de Deus, Todo-Poderoso. É uma coerente e sistemática filosofia humana,

um meio natural de vida e uma crença prática.

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Os muçulmanos, que vivem em países não muçulmanos, têm de enfrentar

uma variedade de problemas; eles não apenas vivem em um ambiente estranho,

mas estão rodeados por práticas e costumes não islâmicos. A vida nesse países,

sem dúvida, é excitante e interessante, mas tudo não passa de miragem que, no

fim, leva à frustração, ao desapontamento e à ruína. Nessa situação, é muito

difícil para o muçulmano manter sua identidade islâmica, se não estiver

apropriadamente equipado e instruído nas maneiras e no meio de vida islâmico.

Esperamos que este livro capacite os muçulmanos preservarem sua

identidade islâmica, não importa o que estejam fazendo os outros ao seu redor.

Sarnir El Hayek

Março de 200 1

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Biografia do Imam Nawawi

o lmam Yahia lbn CharafIbn Mari lbn HassanAbu Zakaria an-Nawawi

é conhecido pelo nome abreviado de lmam Nawawi.

O lmam Nawawi nasceu no primeiro mês (Muharram) do ano de 631 H.

(que corresponde ao ano 1233 d.C.), em Nawa, uma aldeia perto de Damasco.

O lmam passou a sua adolescência e atingiu a maioridade nessa aldeia, onde

memorizou o Alcorão Sagrado.

O Cheikh Yassin lbn YoussefAI Maráquichi ficou impressionado com o

menino e recomendou-o ao Cheikh que lhe dava aula. Ele parecia ter nascido

para os estudos. Ele disse a respeito dele: Eu vi o Cheikh Nawawi, em Nawa,

quando era um jovenzinho de dez anos. Os outros meninos da sua idade

costumavam forçá-lo a brincar com eles, mas o Cheikh não gostava de brincar,

e permanecia ocupado com os estudos. Se seus colegas insistiam com que ele

fosse brincar com eles, a tomar parte nas suas brincadeiras, o Cheikh começava

a chorar (de raiva)." O Professor Maráquichi diz mais: "Comecei a gostar

imensamente do lmam Nawawi, a partir daquele momento."

O pai do lmam Nawawi queria que o seu filho se juntasse a ele nos

negócios, mas devido ao imponente e altruístico temperamento deste último,

ele não quis aquilo. A natureza guardava para ele uma missão mais nobre.

Ademais, ele não mostrava ter inclinação para os negócios. Durante esse tempo,

ele completou a sua leitura do Alcorão Sagrado, sendo que, desse modo, deu o

primeiro passo para o seu aprendizado.

O pai do lmam Nawawi havia-se então conscientizado dos excelentes

dotes intelectuais do seu filho. Tendo em vista o pedido do filho no sentido de

aprender, o pai resolveu providenciar uma educação adequada para o seu filho.

Portanto, levou-o para Damasco, cidade essa que era o berço do aprendizado.

Em Damasco, o lmam Nawawi iniciou os seus estudos sob a orientação do

renomado professor, Kamal Ibn Ahmad.

O lmam Nawawi diz: "Quando eu atingi a idade de 19 anos, meu pai me

levou para Damasco, onde eu ingressei na madrasa (escola) Rawaha. Estudei

naquela instituição por dois anos. Durante a minha estada na madrasa Rawaha,

eu me mantive com o alimento suprido pela madrasa. A maior parte do meu

tempo eu me dediquei ao estudo, aos comentários e às correções de vários livros.

Quando o meu professor, Professor Moghrabi (R), viu o meu interesse pelos

estudos e o meu progresso, começou a gostar muito de mim, e demonstrou

grande preocupação pela minha educação. No ano de 650 H., eu realizei a

peregrinação (hajj) juntamente com o meu pai, e fiquei na cidade de Madina

um mês e meio."

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As Preocupações dele com Seus Estudos

o lmam Nawawi costumava dormir pouco, comer pouco, fazia jejum

constante, gastando a maior parte de seu tempo nos estudos. Devido à sua

capacidade privilegiada de memorização, ele conseguiu decorar uma grande

número de livros importantes, em pouco espaço de tempo, Ele costumava estudar

cerca de 12matérias diariamente, com os seus professores; algumas das matérias

eram: Sahih Musslim (um livro de tradições), sintaxe e etimologia, lógica e

princípios de fiquih, ou jurisprudência islâmica, etc..

O lmam Nawawi ocupou altos postos na área de ensino, porém sem

nenhuma remuneração. Vivia numa casa modesta, e se sustentava com o que

seu pai lhe enviava. Apesar de ter vivido apenas 46 anos, conseguiu produzir

uma vasta coleção de livros de importância extraordinária. Algumas de suas

obras eram compostas de mais de dez volumes.

Sua Piedade

O lmam Nawawi não foi apenas um renomado sábio e literato por

excelência; ele era uma pessoa altamente religiosa, muitíssimo devotado à

oração. Sempre seguia estritamente a sunna, ou as tradições e práticas do Profeta

(S). Sempre ingeria comida simples, e recusava convites para banquetes e festas

suntuosos, e usava roupas gorsseiras. Desse modo ele viveu a vida inteira

As pessoas doutas, a elite da sociedade e as pessoas comuns daquela

época, todos respeitavam grandemente o lmam, devido à religiosidade dele, ao

homem estudado que era, e à sua excelência de caráter. Volta e meia, todos

procuravam uma oportunidade de presenteá-lo com algo, mas ele nunca aeeitava

nada como doação ou presente de ninguém, uma vez que levava uma vida de

total retiro quanto às coisas terrenas, e menosprezava toda pompa,

espetaculosidade e riqueza terrena. O lmam nunca aceitava qualquer subsídio

monetário, benefício ou favor, do governo vigente. Dizem que somente uma

vez ele aceitou, de um pobre, um pequeno presente, uma pequena vasilha de

pôr água.

Olmam passava a maior parte do seu tempo dedicando-se à disseminação

e expansão do conhecimento religioso, ou à oração e penitência. Costumava

pouco descansar, e apenas uma vez ao dia fazia a sua refeição e bebia água.

Suas Obras

O ilustre lmam viveu por apenas 46 anos; mas mesmo durante esse curto

período ele escreveu um grande número de livros sobre vários assuntos, cada

um dos quais é uma obra-prima e um tesouro de permanente conhecimento e

informação.

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Algumas das obras do Imam estão enumeradas abaixo:

1. Charh Sahih al Bukhâri (Comentário Sobre Sahih ai Bukhári). Quanto

a esse livro, o lmam Nawawi disse: "Nesse Comentário, eu tenho apresentados

bons e valiosos conhecimentos.

2. AI Minhaj Fi Charah Musslim Ibn al Hajjaj (Comentário Sobre a

Exegese de Musslim Ibn aI Hajjaj). Acerca desse Comentário, o lmam Nawawi

disse: "Se eu não tivesse levado em conta a fragilidade de persistência e paciência

dos leitores, teria sido bem mais diligente, e teria estendido a obra para mais de

100 volumes; mas (por essa razão) eu segui o meio termo." Presentemente,

esse Comentário está disponível em apenas dois volumes. O Cheikh Chamsuddin

Mohammad bin Yusuf Hanafi (falecido em 788 H.) resumiu a obra.

3.Aobra Riadhus Sâlihin -, Jardim dos Virtuosos) Trata-se duma coleção

de quase 2000 tradições selecionadas, mas autênticas, apoiadas por relevantes

versículos do Alcorão, de modo objetivo.

Sua Morte

Em 676 H. o Imam Nawawi devolveu, para os seus respectivos donos,

todos os livros que tinha tomado emprestado; visitou os túmulos dos seus

professores e dos mais velhos, e orou por eles. Nessa ocasião ele ficou tão

comovido, que as lágrimas lhe vieram aos olhos. Depois, dando adeus aos seus

amigos e admiradores, ele voltou para a sua cidade natal, Nawa. Um grupo de

conhecidos o acompanhou até à saída de Damasco para lhe dar adeus. Eles lhe

perguntaram: "Quando nos encontraremos de novo?" O Imam respondeu:

"Depois de duzentos anos." Os que estavam presentes nessa ocasião entenderam

que o Imam se referia ao Dia do Julgamento.

Depois daquilo, o Imam foi para Bait al Makdis (Jerusalém), onde visitou

o túmulo do profeta Abraão (Ibrahim - AS), e voltou para a sua terra natal,

Nawa. Logo depois da sua chegada àquele lugar, ele caiu doente, e expirou na

noite de quarta-feira, dia 14 do mês de Rajab do ano 676 H., estando o seu pai

ainda vivo.

Quando a notícia da morte do Imam Nawawi chegou a Damasco, as

pessoas da cidade e das áreas ao redor ficaram contristadas de pesar. O Câdi al

Qudat (Ministro da Justiça) de Damasco, o senhor Izzuddin Mohammad Ibn

Saígh, visitou o túmulo do lmam, em Nawa,juntamente com uma delegação de

dignitários, e orou por ele. Um grande número de poetas compôs elegias

elogiosas ao Imam, lastimando o seu desaparecimento. O Cheik Wali al Din

Ibn ai Khatib (R), o compilador do Mishkat, dedicou o seu livro Akmal Fi Asma

al Rijal ao lmam Nawawi.

Que Deus conceda graça e paz ao nosso Profeta Mohammad, a seus

familiares e a seus companheiros até o Dia do Juízo Final.

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Em noime de Deus, o Clemente, o Misericordioso

CAPÍTULO I

A SINCERIDADE, O DESPRENDIMENTO E A BOA INTENÇÃO EM

TODOS OS ATOS E ASSUNTOS, PÚBLICOS E PRIVADOS

Deus, o Altíssimo, disse:

"E nada lhes foi recomendado a não ser que adorassem sinceramente

a Deus, fossem monoteístas, observassem a oração e pagassem o zakat; esta

é a verdadeira religião" (Alcorão Sagrado, 98:5).

E o Altíssimo disse também:

"Nem suas carnes, nem seu sangue chegam até Deus; outrossim,

alcança-O a vossa piedade" (Alcorão Sagrado, 22:37).

E o Altíssimo disse ainda:

"Diz: Quer oculteis o que encerram vossos corações, quer o

manifesteis, Deus bem o sabe" (Alcorão Sagrado, 3:29).

1. Ômar lbn AI Khattab (R) relatou que ouvira o Mensageiro de Deus

(S) dizer: "As obras são avaliados pelas intenções. Assim, cada pessoa alcançará

o que busca, de acordo com suas intenções. Desse modo, aquele cuja emigração

acontecer pela causa de Deus e do Seu Mensageiro, essa emigração será

considerada como sendo pela causa de Deus e do Seu Mensageiro. Porém, aquele

que emigrar em busca de algum benefício material, ou para desposar uma mulher,

sem dúvida a sua emigração será para aquilo para o quê emigrou." (Bukhári)

2. Aicha (R) relatou que o Profeta disse: "Um exército irá avançar rumo

à Kaaba, e quando chegar à planície de Baidá, todo ele será tragado pela terra".

ao que ela perguntou: -o Mensageiro de Deus (S), por que aqueles que

acompanharem o exército a contra-gosto, e aqueles que não pertencerem ao

exército deverão sofrer?" O Profeta respondeu: "Todo o exército irá ser tragado

pela terra, mas, no Dia do Julgamento. eles serão ressuscitado de acordo com

suas intenções," (Muttafac alaih)'

3. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Posto que

Makka foi conquistada, a migração, para os muçulmanos, não mais é necessária;

mas o jihad (porfia e combate) pela causa de Deus, e o anseio por ele,

permanecem obrigatórios; e sempre que fordes convocados (pelo lmam) a

empreendê-lo, devereis fazê-lo." (Mutaffac alaih)

I, Expressão que significa que o hadice é aceito por todos os narradores: Bukhári, Musslim, Tirmizi,

Nassá'i e Abu Daúd.

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4. Jáber Ibn Abdullah AI Ansári (R) relatou: "Havíamos acompanhado o

Profeta (S) em uma batalha, e, no decurso da mesrr a, nos disse: 'Há uns homens

em Madina que vos acompanhariam em quaisquer das vossas caminhadas ou

travessias, mas uma enfermidade os impediu de estarem convosco.' Outra

narrativa diz: 'Participariam da recompensa convosco'." (Musslim)

AI Bukhári atribuiu este hadice a Anas (R), que disse: "Quando

retornamos da batalha de Tabuk, juntamente com o Profeta (S), ele disse: "Há

pessoas que permaneceram em Madina que, não percorremos um desfiladeiro,

nem cruzamos um vale, sem que eles estivessem conosco (em espírito). Eles

não puderam nos acompanhar por terem motivos para isso."

5. Ma'n Ibn Yazid (R) relatou: "Meu pai, Yazid, depositara umas moedas

de ouro com um homem, para que fossem distribuídas em caridade, na mesquita.

Chegando eu lá, ele as deu a mim, e, com elas, eu fui ver meu pai. Ao ele tomar

conhecimento, disse: 'Por Deus, não era minha intenção dá-Ias a ti.' E levou o

caso perante o Mensageiro de Deus (S), o qual disse: 'Terás algo (a recompensa

de Deus) por tua intenção, ó Yazid. Quanto a ti, Ma'n, é teu o que levaste.:"

(Bukhári)

6. Saad Ibn Abi Waqas (R) - um dos dez que receberam as coas novas da

admissão no Paraíso - disse: "Numa ocasião eu estava de cama, seriamente

doente, e o Mensageiro de Deus (S) veio me ver. Isso aconteceu no ano em que

o Mensageiro de Deus (S) realizou a Peregrinação de Despedida. Eu lhe disse:

ÓMensageiro de Deus, eu tenho dinheiro e propriedades consideráveis, e minha

única herdeira é minha filha. Será que eu poderia, então, dar dois terços dos

meus bens, em caridade? Ele disse: 'Não!' Então eu me rendi: A metade, ó

Mensageiro de Deus? Novamente ele disse: 'Não!' De novo eu me rendi: Bom,

então um terço, ó Mensageiro de Deus? ao que ele disse: 'Um terço é suficiente,

e um terço é mais do que bastante. É preferível que deixes os teus herdeiros em

boa situação a deixá-los em penúria, forçados a mendigar pelos seus sustentos.

Por tudo o que gastares em prol de Deus, mesmo um bocado de comida que

puseres na boca de tua esposa, Deus te recompensará.' Então eu disse: Ó

Mensageiro de Deus, eu ficarei para trás quando os meus colegas partirem? Ele

disse: 'Tu com certeza não ficarás para trás; tudo o que fizeres, procurando o

aprazimento de Deus, irá elevar a tua posição na sociedade. Tenho esperança de

que viverás muito tempo, para o bem dos muçulmanos e para punir os incrédulos.

(Então ele orou) Ó Deus, faze com que a emigração dos meus companheiros

seja completa e vitoriosa, e com que eles não se retraiam!' Coitado do Saad Ibn

Khaula, que foi deixado para trás, e morreu em Makka, sobre o qual O Mensageiro

de Deus (S) invocou a misericórdia e a compaixão de Deus." (Mutaffac alaih)

7. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus

não observa os vossos corpos ou as vossas aparências, mas sim os vossos

corações e as vossas obras." (Musslim)

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8. Abdullah Ibn Cais AI Ach'ari (R) relatou: "Foi perguntado ao

Mensageiro de Deus (S) acerca dos indivíduos que combatem por valentia, ou

por orgulho e patriotismo, ou por ostentação, qual deles o faz pela causa de

Deus? O Mensageiro de Deus (S) disse: 'Aquele que combater para que prevaleça

a palavra de Deus terá feito isso pela causa de Deus.''' (Mutaffac alaih)

9. Nufai lbn ai Háres ai Sacafi (R) relatou que o Profeta (S) disse:

"Quando dois muçulmanos se enfrentam com suas espadas, o assassino e o

assassinado serão castigados com o fogo." Perguntei-lhe: -o Mensageiro de

Deus, entendo perfeitamente quanto ao caso do assassino; mas não entendo

quanto ao caso do assassinado!" Disse: "Ora, porque também tinha a firme

intenção de matar o seu companheiro!" (Mutaffac alaih)

10. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A

oração que um homem realiza em congregação supera, em vinte-e-tantos-graus,

em méritos, à realizada em seu trabalho ou lar; porque se a pessoa leva a cabo a

ablução, de um modo correto, e se dirige até àmesquita com não outro propósito

ou motivo a não ser a própria oração, então, a cada passo que der, elevar-se-á

em um grau, e lhe será perdoada uma falta, até que entre na mesquita. Uma vez

na mesquita, considerar-se-é em permanente oração, caso seja a oração que o

retenha. Além do mais, os anjos rogarão por aquele, dentre vós, que permanecer

no mesmo lugar em que reza, e dirão: 'Senhor, tem misericórdia dele! Perdoao

e aceita o seu arrependimento', desde que não tenha causado dano a ninguém

e esteja em estado de pureza." (Mutaffac Alaih)

11.Abdullah Ibn Abbas lbn Abdel Muttalib (R) relatou que o Mensageiro

de Deus (S) transmitiu de seu Senhor (louvado e exaltado seja), dizendo: "Deus

tem descrito tanto as boas como as más obras, e as tem detalhado. Para quem

teve a intenção de realizar uma boa obra, e não chegou a cumpri-la, Deus a

anotará como se a tivesse realizado integralmente. E se teve intenção de realizála

e a realizou, Deus lhe anotará o mérito de dez boas obras, que poderão ser

multiplicadas em até setecentas vezes, ou muito mais. E se a pessoa teve a

intenção de realizar uma má obra, sem chegar a fazê-lo, Deus a anotará como se

tivesse realizado uma boa obra, integralmente; porém se o fizer, Deus anotará

como se cometesse apenas uma má obra." (Mutaffac alam) ,

12.Abdullah lbn Ôniar Ibn aI Khattab (R) relatou que ouviu o Mensageiro

de Deus (Sjdizer: "Num tempo anterior' ao vosso, houve três homens que

iniciaram uma marcha. Chegada a noite, decidiram refugiar-se em uma gruta;

porém, uma vez dentro dela, uma rocha rolou da montanha e fechou a saída da

gruta. Então disseram entre si: 'Não há como escaparmos desta gruta, a não ser

rogando a Deus e invocando as nossas boas obras.' Um deles disse: 'Deus meu,

eu tinha em minha casa os meus pais, e eram muito velhos. Não permitia que

ninguém da minha própria família tomasse do leite recém-ordenhado antes que

eles. Aconteceu que um dia me distanciei muito de casa em busca de lenha.

Quando voltei, estavam dormindo, e assim ordenhei as vacas enquanto dormiam.

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Não quis despertá-los, nem queria oferecer o leite àminha família ou aos servos,

antes que a eles. Por isso fiquei esperando - vasilha em punho - que eles

despertassem, até que clareou o dia, enquanto meus filhos reclamavam,

incessantemente, a meus pés, o leite. Foi então que meus pais despertaram e

tomaram o seu leite. Deus meu, se o que fiz foi em busca do Teu beneplácito,

então alivia-nos desta situação e livra-nos desta rocha!' A rocha se afastou um

pouco, sem que eles pudessem sair. Disse o segundo: 'Deus meu, tinha eu uma

prima a quem amava mais do que a ninguém. Tentava persuadi-la a que se

entregasse a mim, mas ela se negava. E, num ano de grande seca, veio a mim

pedindo ajuda. Dei-lhe cento e vinte moedas de ouro, com a condição de que

não resistisse aos meus desejos, e ela o aceitou. Quando estava a ponto de a

tomar, ela exclamou: 'Tem piedade e teme a Deus! não me tomes, senão de um

modo lícito!' Foi então quando me retraí, mantendo o meu amor por ela, e

deixando com ela as moedas de ouro que lhe havia entregue. Deus meu, se o

que fiz foi em busca do Teu beneplácito, então alivia-nos desta situação!' A

rocha se afastou mais um pouco, mas ainda não podiam sair. Disse o terceiro:

'Deus meu, havia contratado uns trabalhadores, e lhes paguei todos os seus

salários, com exceção de um que havia partido sem nada cobrar. Então eu investi

o salário dele, o qual rendeu grandes benefícios. Depois de algum tempo, aquele

operário regressou, e disse: '6 servo de Deus, entrega-me o meu salário!' ao

que respondi: Tudo o que vês provém do teu salário. Todos estes camelos, todas

estas vacas, estas ovelhas e estes escravos são teus. Ele replicou: '6 servo de

Deus, não zombes de mim!' e eu lhe respondi: Não estou zombando de ti. E eis

que ele levou tudo o que lhe foi apresentado, sem nada deixar. Deus meu, se o

que fiz foi em busca do Teu beneplácito, então alivia-nos desta situação.' Foi

então que a rocha se afastou de vez, e aqueles homens saíram, caminhando com

seus próprios pés." (Mutaffac alaih). .

CAPÍTULO 2

o ARREPENDIMENTO

Os sábios disseram: "É obrigatório o indivíduo arrepender-se de todo

pecado cometido. Se o pecado for em relação a Deus, Ta'ãla, não implicando

no direito de alguma pessoa, o arrependimento possui três condições:

1. Parar de cometer o pecado.

2. Arrepender-se de tê-lo cometido.

3. Decidir-se a não cometê-lo novamente. Se uma das condições não for

preenchida, o arrependimento não será válido.

Se o pecado for em detrimento de alguma pessoa, o arrependimento terá

quatro condições: as três citadas atrás, mais o libertar-se da dívida; se for em

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dinheiro ou coisa semelhante, deverá pagá-Ia. Se for uma injúria, deverá colocarse

nas mãos da pessoa injuriada ou pedir o seu perdão. Se for uma calúnia,

deverá desmenti-Ia, e deverá arrepender-se de todos os pecados. Se se arrepender

de uma parte deles, o seu arrependimento será aceito pelo que ele se arrependeu,

e ficará devendo o arrependimento pelo resto. Há muitos exemplos no Alcorão,

na Sunna, e no acordo ao consenso dos sábios quanto à necessidade do

arrependimento.

Deus, o Altíssimo, diz:

-ó crentes, voltai-vos todos, arrependidos, a Dens, a fim de que vos

salveis!" (Alcorão Sagrado, 24:31).

"Implorai o perdão de vosso Senhor e voltai-vos a Ele, arrependidos"

(Alcorão Sagrado, 11:3).

-ó crentes, voltai, sinceramente arrependidos, a Deus" (Alcorão

Sagrado, 66:8).

13.Abu Huraira (R) relatou: "Ouvi o Mensageiro de Deus (S), que dizia:

'Por Deus, todos os dias peço perdão a Deus, e me arrependo perante Ele mais

de setenta vezes.'" (Bukhári)

14. AI Agharr Ibn Yasar aI Muzani (R) relatou: "O Mensageiro de Deus

(S) disse: '6 humanos, arrependei-vos perante Deus, e implorai o Seu perdão,

pois eu me arrependo perante Ele cem vezes ao dia.'" (Musslim)

15. Anas Ibn Málik aI Ansári (R), o servo do Mensageiro de Deus (S)

relatou: "O Mensageiro de Deus (S) disse: 'Certamente Deus fica mais

comprazido com o arrependimento de um servo Seu, do que um de vós ao

encontrar o seu camelo, depois de o haver perdido no deserto.'" (Mutaffac alaih)

A versão de Musslim, para o mesmo hadice, acrescenta: "Deus fica mais

comprazido com o arrependimento de um servo Seu, do que um de vós que,

estando num local ermo, com sua montaria, que lhe escapa, levando seu alimento

e sua bebida. Ao sentar-se debaixo de uma árvore, sem nenhuma esperança de

encontrá-Ia, a vê aparecer à sua frente. Ele agarra-a pelo cabresto e, devido a

sua extrema alegria, diz: '6 Deus, és o meu servo e eu sou o Teu senhor' . Ele

comete esse lapso devido à sua extrema alegria."

16.Abdullah Ibn Cais al Ach'ari (R) relatou: "O Profeta (S) disse: 'Deus,

o Altíssimo, estende Sua mão, à noite, para que se arrependa o malfeitor do que

tenha cometido durante o dia, e estende Sua mão, de dia, para que se arrependa

o malfeitor do que tenha cometido durante a noite. E, assim, até que o sol saia

do seu poente.''' (Musslim)

17.Abu Huraira (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) disse: 'Quanto

àquele que se arrepende antes que o sol saia do seu poente, Deus aceitará o seu

arrependimento e o perdoará.'" (Musslim)

] 8. Abdullah Ibn Ômar Ibn AI Khattab (R) relatou: "O Profeta (S) disse:

'O Deus, Todo-Poderoso, aceitará o arrependimento do Seu servo, Se este não

se encontrar nos últimos alentos da sua vida. '''(Tirmizi)

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19. Zirr Ibn Hubaich (R) relatou: Fui ter com o Safwan Ibn AssaI (R)

para inquirir acerca de massh (passar a mão molhada sobre os pés calçados), na

ato da ablução. Ele me perguntou: -ó Zirr, o que te traz aqui?' Eu respondi que

era a obtenção do conhecimento. Ele disse: 'Os anjos abrem suas asas, de prazer,

por aqueles que buscam o conhecimento sobre o que desejam saber!' Eu lhe

disse que alguma dúvida pairava na minha mente concernente ao massh, no ato

da ablução, após a pessoa ter estado na privada, ou urinando. Eu disse: Ora, tu

és um dos companheiros do Profeta (S), e eu vim ter contigo para te perguntar:

ouviste-o dizer algo a esse respeito? Ele respondeu: 'Sim, ele nos orientou que,

quando em viagem, não precisamos tirar os nossos calçados para lavar os pés,

no ato da ablução, por três dias e noites consecutivos, exceto após termos tido

relação com nossas esposas. Em outros casos, por exemplo, no dormirmos, no

fazermos as necessidades fisiológicas, etc., o mero passar de mãos sobre os

calçados será suficiente.' Depois, mudando de assunto, eu perguntei a ele: Será

que ouviste alguma coisa sobre o amor? Ele respondeu: 'Estávamos com o

Mensageiro de Deus (S), no meio duma viagem, quando um beduíno o chamou

num tom alto: Ó Mohammad! o Mensageiro de Deus (S) respondeu ao homem

quase no mesmo tom, dizendo que ele ali estava. Eu disse para o beduíno:

Toma cuidado! Não levantes a voz na presença do Profeta (S) - e já foste

orientado nesse sentido. Replicando-me, ele disse que não iria abrandar o tom

da sua voz e, dirigindo-se ao Profeta (S) perguntou-lhe o que ele achava do

homem que amava um povo, mas não era admitido no seu seio; ao que o Profeta

(S) respondeu que no Dia do Julgamento, a pessoa irá estar na companhia

daqueles a quem ama. Então, ele continuou a conversar conosco, até mencionar

uma porta, em algum lugar no Ocidente, cuja largura de ambas as extremidades

um cavaleiro, levaria, para percorrê-la, quarenta ou setenta anos." Sufian, que é

um dos narradores deste hadice, acrescentou: "Essa porta se encontra na direção

da Síria. Deus criou essa porta juntamente com o céus e a terra. Ela permanecerá

aberta para o arrependimento, e não se fechará, até que o sol nasça no Ocidente."

(Tirmizi e outros)

20. Abu Saíd - Saad Ibn Málik Ibn Sinan AI Khudri (R) relatou que o

Profeta (S) disse: "Há muito tempo, houve um homem que tinha assassinado

noventa e nove pessoas. Esse homem procurou o mais sábio entre os habitantes

da terra, e lhe indicaram um monge. Ao encontrar-se com este último, relatoulhe

que havia matado noventa e nove almas, e lhe perguntou se podia arrependerse.

O monge lhe respondeu que não. O homem então o matou, elevando para

cem o número das suas vítimas. Outra vez procurou o mais sábio entre os

habitantes da terra, e lho indicaram; ao encontrar-se com aquele sábio, relatoulhe

que havia matado cem pessoas, e lhe perguntou se poderia arrepen-der-se.

O sábio respondeu: 'Sim; e quem será aquele que irá impedir o teu

arrependimento? Dirige-te para tal e tal terra, onde há gente que adora a Deus,

o Altíssimo, e adora tu a Deus com eles, e não voltes à tua terra, porque é a terra

do mal.'

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"O homem se dirigiu ao local indicado, mas, na metade do caminho,

sobreveio-lhe a morte. Os anjos da misericórdia e os do tormento disputaram o

seu caso. Os anjos da misericórdia alegaram: 'Ele vinha arrependido e com o

coração dirigido para o Deus, Altíssimo.' Mas os anjos do tormento disseram:

'Nunca fez uma boa obra.' Foi então que se acercou deles um outro anjo com a

imagem de um humano, a quem elegeram como árbitro entre as duas partes.

Este disse: 'Medi a distância entre as duas terras; a que estiver mais perto de

onde se encontrava este homem será a dele.' Uma vez medida a distância,

constataram que se encontrava mais perto da terra que buscava. Assim, ele foi

levado pelos anjos da misericórdia." (Muttafac alaih)

21. Abdullah Ibn Kaab Ibn MáIík (R), que se tornara guia de seu pai

quando este ficara cego, reconta o que ouviu de seu pai, Kaab Ibn Málik, o

pleno relato do incidente de o seu pai não acompanhar o Mensageiro de Deus

(S) quando este empreendeu a campanha de Tabuk. Kaab disse: "Eu havia

acompanhado o Mensageiro de Deus (S) em todas as campanhas, menos na de

Tabuk. Também não me pude juntar ao Mensageiro de Deus (S) na batalha de

Badr - e nesse caso não houve qualquer censura -, porque o Mensageiro de

Deus e os muçulmanos tinham em vista apenas a caravana coraixita, sem intenção

nenhuma de lutarem. Porém, Deus fez acontecer, inesperadamente, um combate

contra os seus inimigos. Eu estava presente com o Mensageiro de Deus (S) na

noite de Aqaba, Não gostaria que tivesse participado de Badr e não participado

dela, mesmo com toda a fama de Badr. Com respeito ao fato de não ter

acompanhado o Profeta (S) na campanha de Tabuk, vou elucidar os meus pontos.

Eu estava com boa saúde e tinha dinheiro considerável, no tempo da campanha,

mais do que em qualquer outra ocasião. Naquele tempo eu possuía dois camelos

de montaria - e nunca antes havia tido dois. Quando o Mensageiro de Deus (S)

se decidia ppor uma campanha, ele não revelava o fato, senão no último

momento. Primeiramente, naquela ocasião, a estação estava impiedosamente

quente, a viagem era longa e entediosa através de desertos e territórios inóspitos,

sem faixas verdejantes, e o número de inimigos era muito grande. Portanto, o

Mensageiro de Deus (S) preveniu claramente os muçulmanos sobre os perigos

e riscos da campanha, e pediu-lhes que fizessem plenas prep-rações, O número

daqueles que estavam prontos para acompanhar o Mensageiro de Deus (S),

naquela missão, era também grande. Registro algum seria suficiente para anotar

os nomes de todos os Mujahidins que acompanhariam o Mensageiro de Deus

(S). A maioria dos que não queriam ir para o Jihad achava que suas ausências

não iriam ser notadas, a menos que suas negligências fossem mostradas pela

revelação divina. Também, as frutas, nas árvores, haviam amadurecido, e suas

sombras se tornado compactas, e esse fato também me ocupou a mente.

"O Mensageiro de Deus (S) e os muçulmanos que se voluntariaram para

o acompanhar ocuparam-se com os preparos para a jornada. Eu costumava sair

pela manhã com a intenção de fazer algo referente à minha preparação,

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juntamente com eles, mas voltava sem nada completar, dizendo para mim

mesmo: Há muito tempo; posso me aprontar quando quiser. Aquilo continuou,

e os muçulmanos completaram os seus preparos. Por fim chegou o dia em que

o Mensageiro de Deus (S) começou, juntamente com os muçulmanos, a marchar

para o fronte, mas eu ainda nada havia feito para a minha partida - e os

muçulmanos já estavam marchando. Eu pensei em partir sozinho e os alcançar.

Desejei não ter feito aquilo, mas isso não estava destinado a ser assim. Comecei

a vagar pela cidade, e me doeu muito ver que entre aqueles que permaneceram,

como eu, ou eram suspeitos de hipocrisia, ou estavam isentos do serviço militar

devido à idade avançada ou a alguma enfermidade imposta por Deus. Não vi

outra pessoa como eu. O Mensageiro de Deus (S) não sentiu a minha falta, a

não ser quando chegou a Tabuk.Estando sentado entre as pessoas, ele perguntou:

'Que aconteceu com o Kaab?' Um homem da tribo dos Bani Salima disse: -ó

Mensageiro de Deus (S), ele (Kaab) não veio conosco por causa dos seus dois

mantos e pelo seu orgulho quanto ao refinamento.' Então o Muaz Ibn Jabal

censurou o acusante, dizendo que ele tinha sido injusto comigo; ele disse: -o

Mensageiro de Deus, nós não vemos nada de errado com o Kaab!' O Mensageiro

de Deus (S) nada disse. Naquele momento ele viu alguém à distância, no deserto,

vestido de branco, e exclamou: 'Talvez seja o Abu Khaissama!', e deveras era.

Ele era aquele que fora tido como um mendigo pelos hipócritas, porq .ie

contribuíra com uma pequena quantidade de tâmaras. Quando eu soube que o

Mensageiro de Deus (S) estava voltando de Tabuk, senti-me muito angustiado,

e comecei a inventar falsas desculpas, na minha mente, que me ajudassem a me

salvar do seu castigo. Cheguei a consultar alguns membros da minha família

que tivessem julgamento condigno. Quando eu soube que a chegada do

Mensageiro de Deus (S) estava prestes a acontecer, eu me conscientizei de que

nenhuma falsa desculpa me iria ajudar, e resolvi falar a verdade. Ele chegou na

manhã seguinte. Era prática sua que sempre que voltava duma viagem, ia

primeiramente à mesquita oferecer duas rakát de oração opcional, e então ia

encontrar-se com as pessoas. Ele fez o mesmo também naquela ocasião, e aqueles

que deixaram de participar da campanha, se aproximaram e começaram a

apresentar suas desculpas em juramento. Essas pessoas eram pouco mais de

oitenta. O Profeta (S) lhes aceitou as desculpas e lhes renovou os juramentos,

orou pelos seus perdões, e deixou com Deus o que lhes ia nas mentes. Quando

chegou a minha vez, e eu o saudei, ele sorriu; mas a insatisfação era visível em

seu sorriso. Ele pediu que eu me aproximasse. Então eu dei um passo à frente e

me sentei defronte a ele, que perguntou: 'o que te deteve? Não conseguiste a

tua montaria?' Eu disse: ÓMensageiro de Deus, estivesse eu sendo confrontado

com qualquer outro homem no mundo, eu daria um jeito de escapar da sua

censura por meio de alguma desculpa; eu sei que se comparecesse perante ti,

hoje, com uma falsa desculpa, ela poderia convencer-te, mas com certeza Deus

logo faria aumentar a tua ira contra mim quanto a qualquer outra coisa. Por

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outro lado, se eu disser a verdade e tu ficares zangado comigo, ainda poderei

esperar pela misericórdia do Todo-Poderoso Deus. Por Deus, que não tenho

desculpa alguma. Nunca estive tão saudável e forte e mais cheio de dinheiro do

que quando deixei de te acompanhar. O Mensageiro de Deus (S) disse, dirigindose

aos presentes: 'Este homem falou a verdade!' Depois, dirigindo-se a mim:

'Agora retira-te e espera que Deus decida o teu caso!' Alguns homens dos Bani

Salima me seguiram para fora da mesquita e comentaram: 'Não sabemos que

tenhas cometido uma falta antes desta; por que não apresentaste uma desculpa

perante o Mensageiro de Deus (S), como outros não participaram da campanha?

Tua falta iria ser perdoada pelas orações do Mensageiro de Deus (S)!' Eles

continuaram a me censurar, tão veementemente, que eu me senti inclinado a

voltar a ter com o Mensageiro de Deus (S) e contradizer o meu relato. Então eu

perguntei a eles: Há algum outro caso semelhante ao meu? Eles disseram: 'Sim,

há o caso de duas pessoas que declararam o mesmo que declaraste, e foi-lhes

dito o que te foi dito.' Perguntei: 'Quem eram eles?' Responderam'tjue eram

lbn Murara lbn Rabi'i AI ' Amri e de Hilal lbn Umaiya Alwáquifi.' Eles

mencionaram dois indivíduos que eram virtuosos e não apenas tinham tomado

parte na batalha de Badr, mas eram um exemplo a seguir e, por isso, eu me senti

fortalecido, no meu pensamento original.

"Depois daquilo, o Mensageiro de Deus (S) pediu aos muçulmanos que

não falassem com nós três que não o acompanhamos. As pessoas procuravam

nos evitar, e tornaram-se estranhas para nós. Eu me sentia como se estivesse

num país estrangeiro. Aquele estado de coisas durou cinqüenta dias. Meus outros

dois companheiros ficaram tão chocados pela vergonha, que se trancaram em

suas casas, chorando. Eis que eu, sendo o mais jovem e o mais forte dos três,

saía para a rua e me juntava aos muçulmanos nas orações, e caminhava pelas

ruas, mas ninguém falava comigo. Eu me apresentava perante o Mensageiro de

Deus (S) quando ele se sentava na mesquita, após à oração, e o saudava, e

ficava ávido por saber se seus lábios se mexiam ou não, em resposta à minha

saudação. Mais ainda, eu costumava ficar, nas orações, perto dele. Quando eu

notava que ele não olhava na minha direção, estando eu absorto nas minhas

orações, e ele olhava para outro lado quando eu olhava para ele; eu ficava muito

angustiado por causa das atitudes hostis dos muçulmanos para comigo. Naquele

estado, num dia eu subi no muro divisório do jardim do meu primo e amigo

íntimo, Abu Catada, e o saudei, mas ele não respondeu. Eu lhe disse: Ó Abu

Catada, digo-te em nome de Deus! Deves estar ciente de que eu amo a Deus e

ao Seu Mensageiro!, e ele continuou calado. Eu repeti a minha afirmação; ainda

assim não houve resposta da parte de Catada. Repeti a minha afirmação por três

vezes, quando ele disse: 'Deus e Seu Mensageiro sabem melhor!' Ao ouvir

aquilo, não pude conter as lágrimas, e voltei para casa.

"Num dia, eu estava vagando pelo mercado de Madina, quando vi um

camponês da Síria que vendia grãos comestíveis, e perguntava para as pessoas

se alguém ali poderia dar-lhe o endereço de Kaab bin Málik. Alguém apontou

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na minha direção. O camponês veio até mim e me entregou uma carta do Rei de

Ghassan - eu sabia ler. Nela estava escrito: 'Ficamos sabendo que a pessoa com

a qual te associaste, ou seja, o Profeta (S), está te tratando injustamente. Deus

não te fez para seres desgraçado e mal tratado. Vem para nós, e nós faremos

todo o esforço para te satisfazer!' Após ter lido a carta, eu disse para mim mesmo

que aquilo era também um teste para mim, e queimei a carta.

"Quando quarenta dos cinqüenta dias haviam passado, e nenhuma ordem

divina sobre nós fora revelada, um porta-voz do Mensageiro de Deus (S) veio

ter comigo, e disse: 'O Mensageiro de Deus (S) te orienta a não coabitares com

tua esposa.' Perguntei: Devo divorciar-me dela, ou o quê? Ele disse: 'Não, apenas

te abstenhas de teres relação com ela!' O Profeta (S) havia transmitido ordens

semelhantes também para os meus dois companheiros. Assim, eu pedi para a

minha esposa que fosse para a casa dos seus pais, e com eles ficasse, até que

Deus determinasse sobre aquele assunto. A esposa de um outro homem,

condenado como eu, o Hilal Ibn Umaiya, foi ter com o Mensageiro de Deus

(S), e implorou: -ó Mensageiro de Deus (S), o Hilal Ibn Umaiya está velho, e é

incapaz de se cuidar sozinho; ele nem atendente tem! Portanto, desagradar-teia

se eu continuasse a servi-lo?' O Profeta (S) disse: 'Contanto que ele não

tenha relação contigo...' Ela disse: 'Ele (sendo velho) não tem desejo por sexo!'

Desde aquele incidente, ele chora continuamente. Alguns dos meus achegados

sugeriram-me que eu também pedisse permissão ao Profeta (S) para que minha

esposa também tomasse conta de mim, como fazia a esposa do Hilal Ibn Umaiya.

Eu não iria aborrecer o Profeta (S) com tal pedido, porque não sabia o que ele

iria dizer; além do mais, eu era jovem (ao contrário do Hilal).

"Mais dez dias (e noites) COIT:.Oaqueles se passaram, desde o meu boicote

social e, na qüinquagésima primeira manhã, após à oração da madrugada, eu

estava sentado, em minha casa, nem modo depressivo, como se o mundo, apesar

da sua extensão, como o Todo-Poderoso Deus o descrevia, parecia estreito e

pequeno para mim, eu ouvi, repentinamente, alguém gritar, com toda potência

da sua voz, vinda do do cume do Monte Salá: -o Kaab Ibn Málik, fica feliz,

porque há boas notícias para ti!' Imediatamente, após ouvir aquilo, eu me prostrei

(para exprimir meus agradecimentos), e me conscientizei de que algum meio

para o meu consolo havia sido encontrado. Parecia que o Mensageiro de Deus

(S) havia informado a audiência, na hora da Oração da Alvorada, que Deus, o

Exaltado, havia graciosamente aceito os nossos arrependimentos, e então várias

pessoas se puseram a externar as felizes notícias para todos nós. Alguns foram

ter com os meus dois outros companheiros. Um homem se pôs a cavalo em

direção a minha casa. Um membro da tribo dos Aslam subiu ao topo do morro

e, em voz alta, anunciou as novas, e sua voz chegou aos meus ouvidos, antes

que o cavaleiro chegasse a minha casa. Quando o homem cuja voz eu ouvira

chegou para me felicitar, eu presenteei-lhe com as duas peças da minha

vestimenta. Por Deus, naquele dia eu não tinha uma roupa extra para usar;

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portanto, tive que pedir emprestado uma, e decidi apresentar os meus respeitos

ao Mensageiro de Deus (S). No caminho para a casa dele, cruzei-me com grupos

e ajuntamento de pessoas que me congratularam pela aceitação, da parte de

Deus, do meu arrependimento. Por fim quando cheguei à mesquita, encontrei o

Mensageiro de Deus (S) lá sentado, rodeado de seguidores. Deles, somente o

Tal-ha Ibn Ubaidullah ficou de pé e se apressou em direção a mim e, apertando

minha mão, congratulou-me. Ele foi o único homem, de todos os emigrantes,

que me recebeu tão calorosamente, que eu jamais me esqueci do seu gesto."

Kaab, continuando sua narrativa, disse: "Quando eu saudei o Mensageiro

de Deus (S), seu rosto estava brilhante de alegria, e ele disse: 'Alegra-te com o

melhor dos dias que já se passaram, desde o dia do teu nascimento!' Eu perguntei:

ÓMensageiro de Deus(S), é isto (este favor) obra tua, ou de Deus? Ele respondeu:

'De certo que isto é de Deus!' Era costumeiro o fato de que a sua felicidade

ficasse estampada no seu rosto, o qual brilhava como um pedaço da lua; e assim

nós podíamos ver que ele estava feliz. Após aquilo, eu me rendi a ele; eu disse:

Ó Mensageiro de Deus, como um ato de gratidão pela aceitação do meu

arrependimento, quero presentear toda a minha propriedade a Deus e ao Seu

Mensageiro, para ser gasta em caridade. Ele disse: 'Será melhor para ti se

continuares retendo uma parte da tua propriedade!' Então eu disse que iria reter

a minha parte da propriedade, em Khaibar. Então, eu me rendi mais ainda, e

disse: Ó Mensageiro de Deus, Allah, Ta' ála, concedeu a minha liberação apenas

por causa daverdade e, portanto, para concretizar o meu arrependimento, pelo

resto da minha vida, nada falarei, a não ser a verdade. Desde o dia em que

declarei isso perante o Mensageiro de Deus (S), Allah, Ta'ála, não testou a

ninguém tão severamente na questão de dizer a verdade, como me havia testado.

Até este dia, desde a minha declaração, eu jamais fui tentado a dizer mentiras,

e espero que Deus continue a me proteger quanto a isso, pelo resto da minha

vida!"

Deus, o Altíssimo, revelou:

"Sem dúvida que Deus absolveu o Profeta, os migrantes e os

socorredores, que o seguiram na hora angustiosa em que os corações de

alguns estavam prestes a fraquejar. Ele os absolveu, porque é para com

eles Compassivo, Misericordiosíssimo. Também absolveu os três que se

omitiram (na expedição de Tabuk) quando a terra, com toda a sua

amplitude, lhes parecia estreita, e suas almas se constrangeram, e se

compenetraram de que não tinham mais amparo senão em Deus; e Ele os

absolveu, a fim de que se arrependessem, porque Deus é o Remissório, o

Misericordiosíssimo. Ócrentes, temei a Deus e permanecei com os verazes!"

(Alc.9:117-119).

Continuando, o Kaab disse que desde que Deus lhe concedeu a bênção

do Islam, o maior beaefício foi ele dizer a verdade perante o Mensageiro de

Deus (S), e não mentir para ele, arruinando assim a sua vida, como se arruinararn

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aqueles que lhe contaram mentiras. Na Sua revelação, o Mensageiro de Deus

condenou severamente aqueles que se dão a contar mentiras. Deus diz, no

Alcorão Sagrado:

"Quando regressardes, pedir-vos-ão por Deus, para que os desculpeis.

Apartai-vos deles, porque são abomináveis, e sua morada será o inferno,

pelo que lucraram. Jurar-vos-ão (fidelidade), para que vos congratuleis

com eles; porém. se vos congratulardes com eles, sabei que Deus não Se

compraz com os depravados" (9:95-96).

Kaab diz que os casos dos três (incluindo ele), exceto os daqueles que

apresentaram desculpas em juramento perante o Profeta (S), ficaram pendentes,

e que este admitiu e aceitou os seus rogos, e orou pelas suas salvações. Eis que

o- Profeta (S) manteve pendente os seus casos, até que o Todo-Poderoso Deus

decidisse por Si Mesmo. É quando Deus, o Exaltado, diz:

"Também absolveu os três que se omitiram (na expedição de Tabuk)!"

(AIc. 9:118).

"Isso não quer dizer uma aprovação à nossa omissão ao Jihad, mas

significa que Deus deferiu os nossos casos até depois da disposição dos casos

dos indivíduos que fizeram umjuramento perante o Profeta (S), e ele lhes aceitou

asdesculpas." (Muttafac alaih)

Outra versão diz que o Profeta (S) partiu para a campanha de Tabuk

numa quinta-feira - e ele gostava de partir em viagem nas quintas-feiras. Ainda

outra tradição diz que ele costumava voltar de uma viagem com o dia claro, e

antes do meio-dia. Imediatamente após à sua chegada, ia para a mesquita e

oferecia duas rakát de nafl (orações opcionais), e lá se sentava.

22. O Imran Ibn Hussein relatou que uma mulher, pertencente à tribo

Juhaina, ficou grávida como resultado de um adultério. Ela foi ter com o

Mensageiro de Deus (S) e admitiu sua culpa e pediu para ser punida de acordo

com as injuções alcorânicas. O Profeta (S) mandou que buscassem o guardião

dela, e pediu a ele que a tratasse bem, e que a levasse de volta a ele, após o

parto. O guardião de fato cumpriu as ordens, e a levou de volta ao Profeta (S),

que ordenou a execução dela, como manda o Alcorão Sagrado. Para tanto, as

roupas dela foram amarradas em torno do seu corpo, e ela foi apedrejada até à

morte. Depois o Profeta (S) dirigiu as orações do funeral dela. O Ômar

argumentou: -o Mensageiro de Deus, ela era uma adúltera, e tu diriges as orações

do seu funeral!" O Profeta (S) disse: "Sim, ela de tal modo se arrependeu. que

se esse arrependimento fosse distribuído entre 70 pessoas de Madina, ser-lhesia

suficiente. Não pode haver um grau de arrependimento melhor e mais elevado

do que esse, porque ela escolheu falar a verdade ao custo da sua própria vida,

simplesmente em prol do aprazimento de Deus" (Musslim).

23. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se um

dentre os filhos de Adão tivesse um vale de ouro, teria desejado ter dois vales;

porém (na sua morte), nada além de terra lhe encherá a boca. Ainda assim,

Deus perdoará a todo aquele que se arrepender." (Muttafac alaih)

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24. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus,

louvado seja, demonstrará alegria no caso de dois homens; um deles mata o

outro, mas ambos alcançam o Paraíso. Um combatia pela causa de Deus, e caiu

morto; logo Deus perdoa o outro que o havia matado, por ter abraçado o Islam

e também ter caído como mártir." (Muttafac alaih)

CAPÍTULO 3

A PACIÊNCIA

Deus, louvado seja, disse:

-o crentes, perseverai, sede pacientes e constantes, estai sempre

vigilantes" (Alcorão Sagrado, 3:200).

E o Altíssimo disse ainda:

"Certamente que vos poremos à prova mediante o temor, a fome, a

perda dos bens, das vidas e dos frutos. E (ó Mensageiro) anuncia (a bemaventurança)

aos perseverantes" (Alcorão Sagrado, 2:155).

E, louvado seja, disse mais:

"Aos perseverantes, ser-lhes-ão pagas, irrestritamente, as suas

recompensas!" (Alcorão Sagrado, 39:10).

E, louvado seja, continuou dizendo:

"Quem preservar e perdoar, saberá que isso éum fator determinante

em todos os assuntos" (Alcorão Sagrado, 42:43).

E, louvado seja, disse outra vez:

-ó crentes, amparai-vos na perseverança e na oração, porque Deus

está com os perseverantes" (Alcorão Sagrado, 2:153).

E Deus, louvado seja, disse então:

"Sabei que vos provaremos, para certificar-Nos de quem são os

combatentes e perseverantes dentre vós" (Alcorão Sagrado, 47:31).

25. AI Háres lbn A'ssem AI Ach'ari (R) relatou que o Mensageiro de

Deus (S) disse: "A purificação é a metade da fé. O louvarmos a Deus faz com

que se encha a balança das boas ações; e o louvarmos e glorificarmos a Deus

fazem com que se encham o que há entre o céu e a terra. A oração é luz, e a

caridade é uma evidência. Apaciência é luminosidade, e oAlcorão é uma prova,

a favor ou contra ti. Todas as pessoas começam o dia como vendedoras de si

mesmas, libertando-se ou se condenando." (Musslim)

26. Abu Saíd AI Khudri (R) relatou que algumas pessoas dos Ansar

recorreram ao Mensageiro de Deus (S) pedindo ajuda (caridade), e ele lhas

concedeu. Voltaram outra vez a pedir-lhe, e ele a lhas concedeu, até que se

acabou tudo o que tinha. Então ele lhes disse: "Não guardei nada comigo de

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valioso que possa dar-vos. Porém, quanto àquele que se abstiver de ou se recusar

a pedir, Deus lhe satisfará as necessidades; e quanto a quem buscar a autosuficiência,

Deus o fará auto-suficiente; e quanto a quem buscar ser paciente,

Deus o tornará paciente. Ninguém usufruirá de uma graça maior do que a

paciência." (Muttafac alaih)

27. Suhaib Ibn Sinan (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"É admirável o caso do crente, pois tudo é bom para ele; e isto não ocorre com

ninguém mais, a não ser com o crente. Se é objeto de um bem e dá graças, isto

é um bem para ele; e se sofre alguma desgraça e se arma de paciência, isto

também é um benefício para ele." (Musslim)

28. Anas (R) relatou que durante a última enfermidade do Profeta (S), a

dor e a febre se faziam insuportáveis para ele. Sua filha, Fátima (R), disse:

"Que angústia, a do meu pai!" Porém, o Profeta disse: "Não haverá angústia

para o teu pai, depois de hoje." E quando o Profeta morreu, Fátima exclamou:

-ó pai meu, Deus atendeu à tua prece! ó pai meu, os jardins do Paraíso serão a

tua morada! ó pai meu, ao arcanjo Gabriel anunciaremos a tua morte!" E quando

o Profeta (S) foi enterrado, Fátima disse: "Como pudestes lançar terra sobre o

Mensageiro de Deus?" (Bukhári)

29. Ussama Ibn Zaid Ibn Hárisa (R), servente do Mensageiro de Deus

(S) relatou: "A filha do Profeta (S) informou a seu pai: 'Meu filho está

agonizando, e esperamos a tua presença em casa.' O Profeta enviou as suas

saudações, dizendo: 'A Deus pertence aquilo que leva, e a Deus pertence aquilo

que dá. Tudo, para Ele, tem um plano pré-estabelecido. Então que tenha muita

paciência e que rogue a Deus para que seja recompensada.' Ela voltou a insistir

por ele, pedindo-lhe por Deus que fosse. O Profeta (S) se dispôs a vê-la,

acompanhado por Saad Ibn Ubada, Moaz Ibn Jabal, Ubai Ibn Kaab e Zaid Ibn

Sãbet, entre outros. Uma vez lá, o menino foi levado ao Mensageiro de Deus,

que o pegou no colo, enquanto o pequeno ofegava. Os olhos do Profeta

marejaram. Ao vê-lo chorar, Saad perguntou: -o Mensageiro de Deus, que é

isso?" E o Profeta respondeu: "É a compaixão que Deus pôs no coração dos

Seus servos." (Bukhári)

30. O Suhaib (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Entre os

povos antigos houve um rei que tinha um mágico (a seus serviços). Quando

este ficou velho, disse para o rei: 'Já que estou ficando velho, por favór escolha

um jovem a quem eu possa ensinar magia!' Concordando com isso, o rei enviou

a ele um jovem para aprender a arte da magia. No caminho do jovem, na ida

para o mágico, vivia um monge com o qual o rapaz costumava sentar-se e ouvirlhe

a fala. Ele ficava tão aprazido com o discurso do monge, que toda vez que ia

encontrar-se com o mágico, no caminho sentava-se com o monge, e isso o

atrasava, e o mágico batia nele; o jovem queixou-se junto ao monge sobre isso.

Este lhe disse: 'Quando tiveres medo do mágico, dize-lhe que o teu pessoal te

deteve; e quando te vires acossado pelas perguntas do teu pessoal, dize que te

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atrasas por causa do monge.' Esse estratagema continuou por algum tempo.

Num dia o jovem viu um grande animal a bloquear a passagem das pessoas, e

disse para si mesmo: 'Agora me certificarei se o mágico é o melhor, ou se é o

monge!' Então ele pegou uma pedra, e disse: -ó Deus, se a conduta do monge

é mais do Teu agrado, do que a prática do mágico, causa a morte deste animal,

para que as pessoas possam passar.' Eis que ele golpeou o animal com a pedra,

e o matou, possibilitando a passagem das pessoas. O jovem contou sobre aquilo

para o monge, que disse: 'Filho, hoje tu me passaste em liderança, e acho que

chegaste a um estágio em que poderás sofrer injúrias. Se isso acontecer, não

reveles o meu reduto!'

"O jovem começou a curar as pessoas que sofriam de cegueira congênita,

de lepra, e de outras enfermidades. A notícia chegou aos ouvidos de um cortesão

do rei que havia ficado cego. Ele foi ter com o jovem, levando muitos presentes,

e disse: 'Tudo isto será teu, se me curares!' O jovem lhe disse: 'Eu não curo

ninguém; é tão-somente Deus Que concede a cura. Se declarardes a vossa fé em

Deus, eu orarei por vós, e Ele vos concederá a saúde.' Assim, ele declarou sua

fé em Deus, Que lhe restaurou a visão. Depois ele foi para a corte real e aí se

assentou, como soía acontecer. O rei perguntou a ele quem lhe havia restaurado

a visão, e ele respondeu 'o meu Deus!' O rei perguntou: 'Acaso tens outro

Deus além de mim?' O homem respondeu: 'Deus é o vosso e o meu Sustentador!'

O rei ordenou que o cortesão fosse preso e torturado, até que ele revelou o

nome do jovem, que foi levado perante o monarca, que lhe perguntou: 'Filho, te

aprofundaste tanto na magia, que podes curar pessoas que sofrem de cegueira,

lepra e outras doenças?' O rapaz disse: 'Eu não curo ninguém; é Deus Quem

cura!' Então o rapaz foi também preso e torturado, até que ele fez o rei saber o

nome e endereço do monge, que foi do mesmo modo intimado, e ordenado no

sentido de repudiar a sua fé, mas ele se recusou. O rei mandou que trouxessem

um serrote, que foi posto no meio da cabeça do monge, e ela foi cortada em dois

pedaços. Depois o cortesão do rei foi chamado e intimado a renunciar à sua fé.

Ele também se recusou, e sua cabeça foi cortada. O jovem foi trazido perante o

rei, que lhe pediu que renunciasse ao seu culto, mas ele se recusou fazê-lo. O rei

entregou o jovem aos seus homens, e lhes disse: 'Levai-o a tal e tal montanha e,

quando chegardes ao topo, se ele ainda se recusar a renunciar à sua fé, atirai-o

montanha abaixo!' Eles o levaram para o topo da montanha; aí ele suplicou: -ó

Deus, ajuda-me a me livrar disto, da maneira que achares mais apropriada!'

Então um terremoto sacudiu a montanha, e os homens despencaram para baixo.

O jovem voltou para o rei, que lhe perguntou: 'Que aconteceu com os teus

acompanhantes?' Ele respondeu: 'Deus me salvou deles!' Então ele foi entregue

a um outro grupo de homens aos quais foi mandado que o levassem num pequeno

bote ao mar e, no caso de persistênciaem não renunciar à sua fé, que o atirassem

ao mar. Assim, eles o levaram, e ele orou: -ó Deus, livra-me desses indivíduos,

da maneira que desejares!' O bote afundou com a sua carga e os homens do rei

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se afogaram. Novamente o rapaz voltou para o rei, que lhe perguntou: 'Que

aconteceu com teus acompanhantes?' Ele respondeu: 'Deus me resgatou deles',

e acrescentou: 'Não sereis capaz de me matar, a menos que façais o que eu vos

disser!' O rei inquiriu: 'E o que é?' O jovem respondeu: 'Reuni o povo num

espaço aberto, e fazei com que eu seja amarrado no tronco de uma palmeira;

depois tirai uma flecha da minha aljava e, colocando-a no arco, dizei: Em nome

de Deus, o Senhor desse jovem, e disparai a flecha em mim. Se fizerdes isso,

sereis capaz de me matar!' O rei procedeu de acordo com o que o rapaz dissera:

o povo foi reunido num espaço aberto, o jovem foi amarrado ao tronco duma

palmeira, o rei pegou uma flecha da aljava dele e, colocando-a no arco, disse:

'Em nome de Deus, o Senhor desse jovem', e disparou. Aflecha atingiu o jovem

na têmpora; ele se contorceu todo, e morreu.

"Vendo aquilo, as pessoas disseram: 'Declaramos a nossa fé no Senhor

desse jovem!' O rei foi informado: 'Vede, aquilo sobre o que estáveis apreensivo

aconteceu: o povo declarou a sua fé no Senhor do jovem!' O rei ordenou que

trincheiras fossem escavadas em ambos os lados das estradas; quando estavam

prontas, fizeram-nas ficarem cheias de fogo. Então foi anunciado que qualquer

pessoa que se recusasse a abandonar a sua fé seria arremessada nas trincheiras

em chamas, ou seria ordenado que nelas se atirassem. Esse procedimento teve

continuidade. Uma mulher se apresentou, acompanhada de um menino, e

hesitava em ser atirada ao fogo, no que o menino a encorajou, dizendo: 'Mãe,

sê firme; tu estás no caminho certo!" (Musslim).

31. Anas (R) relatou que o Profeta (S) passou junto a uma mulher que

chorava ao lado de uma sepultura. Disse-lhe ele: "Sê devota e paciente!" Ela

lhe respondeu: "Deixa-me, pois tu não tens sofrido o mesmo que eu, em minha

desgraça!" Amulher não o havia reconhecido. Mais tarde, quando foi informada

de que se tratava do Profeta, dirigiu-se à casa dele e, não encontrando nenhum

criado, entrou e lhe disse: "Não te reconheci", e ele replicou: "A paciência se

mostra ante o primeiro momento de uma calamidade." (Muttafac alaih)

32.Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus,

louvado seja, diz: 'Não tenho outra recompensa que não seja o próprio Paraíso

para o Meu servo crente que, quando tomo o seu mais querido ente, nesta vida,·

ele o aceita com resignação, em busca da Minha recompensa." (Bukhári)

33. Aicha (R) relatou que perguntara ao Mensageiro de Deus (S) acerca

da peste, e que ele explicara a ela que era um castigo de Deus, louvado seja, que

Ele enviava a quem determinasse, e que era uma misericórdia para os crentes.

Assim que, todo crente que sofre de peste e se mantém em sua localidade,

armado de paciência e resignação. em busca da recompensa de Deus, convencido

de que nada lhe poderá ocorrer a não ser o que Deus lhe tenha destinado.

desfrutará de uma recompensa equivalente à de um mártir. (Bukhári)

34. Anas (R) relatou que ouvira o Mensageiro de Deus (S) dizer: "Deus.

glorificado seja, disse: 'Caso submetesse Meu servo a uma provação, com a

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perda da visão, e ele tivesse abundância de paciência, recompensá-lo-ia, por

isso, com o Paraíso." (Bukhári)

35. Atá Ibn Abi Rabah disse que Ibn Abbas (R) lhe perguntou: "Queres

conhecer uma mulher dentre as moradoras do Paraíso?" Respondi-lhe que sim;

disse: "Aquela negra que se dirigiu ao Profeta (S), dizendo: 'Sofro de epilepsia,

sendo que isso faz com que me descubra. Roga a Deus, louvado seja, por mim.'

O Mensageiro de Deus respondeu: 'Se quiseres, sê paciente e terás o Paraíso. E

se quiseres, rogarei a Deus, Altíssimo, para que te devolva a saúde.' A mulher

disse: 'Pois terei paciência; mas roga a Deus por mim, para que não esteja, com

o ataque, descoberta!' E o Profeta rogou por ela." (Muttafac alaih)

36. Abdullah Ibn Mass 'ud (R) relatou: "É como se estivesse vendo agora

o Mensageiro de Deus (S), nos falando de um dos profetas de Deus (AS) que

foi golpeado por sua própria gente até à sangria, dizendo enquanto limpava o

sangue de seu rosto: 'Senhor, perdoa minha gente, porque não sabem o que

fazem!" (Muttafac alaih)

37.Abu Saíd eAbu Huraira (R) relataram que o Profeta (S) disse: "Sempre

que o muçulmano for acometido de uma fadiga, enfermidade, preocupação,

tristeza, lesão ou angústia, inclusive atingido por um espinho que o perfure,

Deus lhe expiará, por isso, alguma das suas faltas." (Muttafac alaih)

38. Abdullah Ibn Mass'ud (R) relatou: "Visitei o Profeta (S) quando ele

estava com febre. Disse-lhe: Ó Mensageiro de Deus, estás com febre alta! Ele

disse: 'Deveras! a intensidade da minha febre é equivalente à de duas pessoas!'

Eu disse: Isso é porque tens a recompensa em dobro! Ele disse: .É isso aí', e

acrescentou mais: 'Quando um muçulmano se fere, por exemplo, com um

espinho, ou com menos que isso, Deus expia-lhe os pecados, os quais saem

dele como saem as folhas de uma árvore'" (Muttafac alaih)

39. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Àquele

a quem Deus quiser favorecer fá-lo-á sofrer." (Bukhári)

40. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse; "Que ninguém

dentre vós deseje a morte por algo que haja sofrido. Outrossim, que diga: 'Deus

meu, se a vida é o melhor para mim, faze-me viver; e faze-me morrer, se a

morte é o melhor para mim!'" (Muttafac alaih)

41. Khabbab Ibn aIArat (R) relatou: "Queixamo-nos durante a repressão

que os primeiros muçulmanos sofreram, em Makka, perante o Mensageiro de

Deus (S), que se encontrava sentado sobre a sua túnica, à sombra da Kaaba;

dissemos: Poderias tu pedir o respaldo de Deus e rogar-Lhe por nós? E ele

respondeu: 'Houve um tempo em que se levava o homem (crente), cavava-se

uma cova na terra, e ali se o jogava. Então pegava-se um serrote para pô-la na

sua cabeça, partindo-a em dois, ou se lhe passava um pente de ferro, separandolhe

as carnes dos próprios ossos. Contudo, aquilo não o demovia da sua religião.

Por Deus, Ele fará prevalecer essa religião de tal modo, que o viajante poderá

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percorrer o caminho de Sana a Hadramut sem nada temer a não ser a Deus, e o

lobo quanto às suas ovelhas. Porém, quanto a vós, desde já, sois uns apressados.'"

(Bukhári)

42. Ibn Mass;ud (R) relatou: "No desfecho da luta, em Hunain, o

Mensageiro de Deus (S), com o fito de conquistar os corações de alguns novos

convertidos ao Islam, favoreceu algumas pessoas, na distribuição dos despojos.

Deu para o Aqra Ibn Hábis e para o Uyaina Ibn Hissn cem camelos cada, e

dispensou favores também para alguns dos respeitáveis líderes árabes. Um

homem objetou àquilo, dizendo: 'Essa não é uma distribuição justa no sentido

de se obter o aprazimento de Deus!' (Ao ouvir aquilo) eu resolvi levar tal objeção

ao conhecimento do Mensageiro de Deus (S); fui ter com ele, e o informei (do

que se dissera). Ao ouvir tal coisa, o rosto do Profeta (S) ficou vermelho, e ele

disse: 'Quem então irá fazer justiça, se Deus e o Seu Mensageiro não a fizerem?'

Depois acrescentou: 'Que Deus tenha misericórdia de Moisés (As), pois ele

teve mais problemas que este, mas foi paciente!' Ouvindo aquilo, eu disse para

mim mesmo: Jamais direi nada dessa natureza para ele outra vez!" (Muttafac

alaih)

43. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Caso Deus

deseje favorecer um de Seus servos, adiantar-Ihe-á as conseqüências da suas

faltas ainda nesta vida; caso contrário, deixá-lo-á com suas faltas, com as quais

se apresentará no Dia do Juízo." Ele disse ainda: "Apenas o trabalho árduo traz

uma recompensa elevada, e quando Deus, o Exaltado, ama as pessoas, Ele as

coloca sob testes. Portanto, aquele que aceita o seu teste e por ele passa, obtém

o aprazimento de Deus, e aquele que se esquivar do seu teste irá obter a ira de

Deus." (Tirmizi)

44. Anas (R) narrou que Abu Tal-ha (R) tinha um filho que sofria de uma

grave doença. Um dia, Abu Tal-ha se ausentou de casa e, durante a sua ausência,

o menino faleceu. No seu regresso, perguntou: "Como está meu filho?" Ummu

Sulaim - a mãe do menino - respondeu: "Está mais tranqüilo que nunca." Em

seguida lhe pôs a ceia. Abu Tal-ha, depois de ceiar, se deitou com sua mulher.

Mais tarde esta lhe comunicou que o menino havia sido enterrado. No dia

seguinte, Abu Tal-ha foi ter com o Mensageiro de Deus (S), e lhe contou o

sucedido. O Profeta lhe perguntou: "Tivestes uma noite de bodas?" Abu Tal-ha

disse que sim. O Profeta exclamou: "Senhor, abençoa o fruto de ambos!" A

mulher de Abu Tal-ha deu à luz um varão, e ele disse a Anas: "Leva o menino

ante o Profeta (S)." E também enviou algumas tâmaras para o Profeta. Este

perguntou: "Trazes algo?" Anas disse: "Sim, tâmaras." O Profeta (S) as pegou

e as mastigou, e as colocou na boca do menino, esfregando-lhas nas gengivas;

e lhe pôs o nome de Abdullah. (Muttafac alaih)

A versão de Bukhári acrescenta: Ibn Uyaina disse: "Um homem dos

Ansar informou que o Abdullah, o filho de Tal-ha, teve nove filhos, e todos

recitavam o Alcorão."

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A narração de Musslim diz: "Quando o filho de Abu Tal-ha, que ele

tinha tido com a Ummu Sulaim, morreu, ela disse para os membros da família:

'Não conteis para oAbu Tal-ha sobre a morte do menino; eu mesma lhe contarei.'

Quando ele chegou, ela pôs o jantar diante dele, o qual ele comeu. Ela, então se

arrumou para ele, da melhor forma possível, e eles tiveram relações. Depois

disso, ela lhe disse: 'Abu Tal-ha, diz-me, se alguém empresta algo a uma pessoa,

e depois o pede de volta, tem o emprestado o direito de negar a devolução?' Ele

respondeu" 'Não!' Então, ela disse: 'Tem esperança na recompensa de Deus,

pelo que aconteceu ao teu filho.' Abu Tal-ha ficou zangado, e disse: 'Deixasteme

em dúvida a respeito da condição do meu filho, até depois de termos relações.'

Ele a deixou e foi ter com o Mensageiro de Deus (S), e lhe contou O ocorrido.

Ele disse: 'Que Deus abeçoe a vossa noite.' Ela então concebeu. Posteriormente,

o Mensageiro de Deus (S) estava de viagem, e Abu Tal-ha e esposa estavam

com ele. Era costume do Profeta (S) que, quando retornasse de uma viagem, ele

não entrava na cidade durante a noite. Quando eles se aproximaram de Madina,

as dores de parto de Ummu Sulaim começaram, e Abu Tal-ha teve de ficar com

ela. O Mensageiro de Deus (S) continuou a sua marcha. Abu Tal-ha, então fez a

seguinte prece: -o Senhor meu, Tu sabes qual era o meu desejo de ter o privilégio

de acompanhar o Mensageiro de Deus quando ele sai em viagem e quando ele

volta. Agora fiquei detido aqui devido à situação que vês.' Ummu Sulaim disse:

-ó Abu Tal-ha, não estou mais sentindo dores. Vamos seguir.' Assim, eles

seguiram. Ao chegaram à cidade, as dores voltaram, c ela deu à luz a um menino."

Anas continuou o seu relato, dizendo: "A minha mãe me disse: 'Anas, o bebê

não deve mamar antes que o leves ao Mensageiro de Deus (S).' Ao amanhecer,

leve o menino para o Mensageiro de Deus (S)." (A continuação do hadice é a

mesma).

45. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O

homem forte não é aquele que tem força no porte físico, mas sim aquele que se

controla no momento da ira." (Muttafac alaih)

46. Suleiman Ibn Surad (R) relatou que estava sentado ao lado do Profeta

(S), e viram dois homens que se insultavam mutuamente. Um deles ficou com

o rosto muito ruborizado e as jugulares inchadas. O Mensageiro de Deus (S)

disse: "Conheço algumas palavras que, se ele as disser, livrar-se-á desse estado;

se disser: 'Peço refúgio em Deus contra o maldito Satanás ' Alguns homens

contaram àquele homem o que o Profeta (S) dissera: "Busca refúgio em Deus

contra o maldito Satanás!" (Muttafac alaih)

47. Moaz Ibn Anas (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Àquele que

reprimiu, ou reprime, sua ira, ao tempo que pôde ter agido, Deus, louvado e

exaltado seja, o convidará, na presença de todas as criaturas, no Dia do Juízo,

para que eleja a quem mais goste, entre as belas huris do Paraíso." (Abu Daúd

e Tirmizi)

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48. Abu Huraira (R) relatou que um homem disse ao Profeta (S):

"Aconselha-me!" Respondeu-lhe: "Não te enfureças!" O homem insistiu em

sua pergunta várias vezes, mas o Profeta continuava a repetir: "Não te enfureças!"

(Bukhári)

49. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "As

calamidades acompanharão o crente e a crente, em sua pessoa, seus filhos e

suas posses, até ele ou ela encontrar-se com Deus, louvado seja, sem que tenha

algum pecado ou delito." (Tirmizi)

50. Ibn Abbas (R) relatou "O Uyaina Ibn Hisn foi para Madina e aí ficou

com o seu sobrinho, o Hurr Ibn Qais, que era íntimo de Ômar, e tinha o privilégio'

de pertencer ao quadro de seus concelheiros. O Uyaina disse para o Hurr: 'Meu

caro sobrinho, tu desfrutas da confiança do Amir dos Crentes; será que não

obterias permissão para eu o ver?' Então o Hurr pediu a permissão requerida, a

qual o Ômar concedeu. Quando o Uyaina compareceu perante o Ômar, dirigiuse

a este assim: -ó filho de Khattab, tu não nos dás muito, e não nos tratas

justamente!' O Ômar ficou aborrecido e ia golpear o homem, quando o Hurr

disse: -ó Amir dos Crentes, Deus disse para o Seu Profeta (S): (Ó Mohammad)

conserva-te indulgente, recomenda o bem e afasta-te dos ignorantes (7:199).

Eis que este (Uyaina) é um dos ignorantes!' Quando o Hurr recitou aquilo, o

Ômar se acalmou, e não se mexeu do seu assento. Ele sempre seguia à risca o

Livro de Deus." (Bukhári)

51. Ibn Mass' ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Haverá, depois de mim, egoísmo, e observareis coisas que desaprovareis."

Perguntaram-lhe: Ó Mensageiro de Deus, o que nos ordenas fazermos em tal

situação?" Ele respondeu: "Cumpri com a vossa obrigação e suplicai a Deus o

que é vosso." (Muttafac alaih)

52. Ussayd bin Hudhair (R) relatou que um muçulmano dos Ansar

perguntou para o Mensageiro de Deus (S): "Por que não me apontas como um

executivo, como apontaste Fulano?" Ele respondeu: "Tu verás discriminação

depois que eu me for, mas sê paciente, até que me encontres na margem da

fonte (Kaussar, no Paraíso)." (Muttafac alaih)

53. Abdullah Ibn Abi Aufa (R), relatou que no dia em que o Mensageiro

de Deus (S) teve que enfrentar-se com o inimigo, esperou até o sol se inclinar

depois de meio dia; logo se pôs de pé e se dirigiu aos seus homens: -opovo,

não ansieis pelo reencontro com o inimigo, mas rogai a Deus para que estejais

a salvo. Porém, quando vos enfrentardes com ele, sede pacientes, e sabei que o

Paraíso se encontra sob a sombra das espadas." E orou: "Senhor, Tu que revelaste

as escrituras, que fazes correr as nuvens, e que derrotaste os partidos aliados (o

exército de Makka), derrota-os e concede-nos a vitória sobre eles!" (Muttafac

alaih)

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CAPÍTULO 4

A VERACIDADE

Deus, louvado seja, disse:

-ó crentes, temei a Deus e permanecei com os verazes!" (Alcorão

Sagrado, 9:119).

E, louvado seja, disse também:

"Aos verazes e às verazes" (Alcorão Sagrado, 33:35).

E, louvado seja, disse ainda:

"Quão melhor seria para eles se fossem sinceros para com Deus!"

(Alcorão Sagrado, 47:21).

54. Ibn Mass 'ud (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A veracidade conduz

à bondade, e a bondade conduz ao Paraíso. De sorte que se um homem disser

constantemente a verdade, Deus o inscreverá como realmente veraz. A mentira

conduz à perversidade e a perversidade conduz ao Fogo. Deste modo, se um

homem disser sempre mentiras, Deus o inscreverá como irremediavelmente

mentiroso." (Muttafac alaih)

55. AI Hassan Ibn Áli Ibn Abi Tálib (R) relatou: "Aprendi de memória

umas palavras do Mensageiro de Deus (S); foram estas: "Abandona o que te

deixa em dúvida, pelo que não te deixa em dúvida, pois, a veracidade conforta,

e a mentira atromenta a alma." (Tirmizi)

56. Abu Sufyan (R) relatou uma parte da sua afirmação sobre Herác1ios,

dizendo que este lhe perguntou o que o Profeta (S) lhes ensinava, e o Abu

Sufyan respondeu: "Ele nos ensina a cultuarmos somente a Deus, a não

associramos ninguém a Ele, e a abandonarmos tudo o que os nossos ancestrais

disseram; e nos ordenou a observarmos a oração, a falarmos a verdade, a

mantermo-nos castos e a reforçarmos os laços de parentesco com aqueles

realcionados a nós" (Muttafac alaih).

57. Sahl Ibn Hunaif (R) relatou que o profeta (S) disse: "Aquele que

suplica a Deus, louvado seja, com sinceridade, para que lhe conceda o martírio,

Deus o fará alcançar o grau dos mártires, ainda que venha a falecer no seu

próprio leito." (Musslim)

58. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Um

dos primeiros profetas, enquanto em campanhia, anunciou entre seu povo que o

indivíduo que houvesse desposado uma mulher que ainda não tivesse levado

para casa, ou que o que houvesse construído as paredes da casa, mas não tivesse

posto o teto sobre elas, ou o que houvesse adquirido cabras prenhes ou camelas

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esperando para dar cria, o acompanhassem. Após isso, ele se pôs a caminho da

cidade, que era o seu objetivo. Ele chegou lá um pouco antes do crepúsculo, e

disse para o sol: 'Tu estás sujeito ao comando d~ Deus, e eu estou também

comissionado a encetar guerra.' Então ele orou: 'O Deus, contém, para nós, o

sol!' e este foi contido, até que Deus lhe proporcionou a vitória. Depois os

despojos foram juntados para serem queimados como oferenda, mas o fogo não

os consumia. Então ele anunciou: 'Alguém, dentre vós, surripiou uma parte dos

despojos; então, agora, que um homem de cada tribo renove o juramento nas

minhas mãos!' Nesse processo, a mão de um homem ficou grudada na mão do

profeta, e este declarou: 'Alguém da tua tribo é culpado desse surripiamento;

assim sendo, que cada homem da tua tribo renove o juramento nas minhas

mãos!' Nesse processo, as mãos de dois ou três homens ficaram grudadas na

mão do profeta, e ele disse que um deles era o culpado pelo surripiamento. Eis

que eles apresentaram uma cabeça de vaca, de ouro, que foi posta entre os

despojos, e o fogo os consumiu." O Profeta acrescentou: "Os despojos de guerra

não foram tornados lícitos para os nossos antepassados; Depois, Deus os tornou

lícitos para nós, face à nossa fraqueza ou à nossa carência de meios" (Muttafac

alaih)

59. Hakim bin Hizam (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Um acordo de venda é revogável até que o vendedor e o comprador se separem.

Se falarem a verdade e puserem às claras todas as coisas relevantes à transação,

ela se tornará plena de bênçãos para os dois; mas se falarem falsamente, e

ocultarem o que deveria ser esclarecido, a bênção da transação será apagada"

(Muttafac alaih)

CAPÍTULO 5

A VIGILÂNCIA

Deus, louvado seja, disse:

"Que te vê quando te ergues (para orar), assim como vê os teus

movimentos entre os prostrados" (Alcorão Sagrado, 26:218-219).

E, louvado seja, disse também:

"... está convsoco onde quer que estejais, e Deus bem vê o quanto

fazeis" (Alcorão Sagrado, 57:4).

E, louvado seja, disse ainda:

"De Deus nada se oculta, tanto na terra como no céu" (Alcorão

Sagrado, 3:5).

E, louvado seja, disse mais:

"... teu Senhor está sempre alerta" (Alcorão Sagrado, 89: 14).

E, louvado seja, continuou:

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"Ele conhece os olhares furtivos e quanto ocultam os corações"

(Alcorão Sagrado, 40:19).

60. Ômar Ibn aI Khattab (R) relatou que num dia em que ele e outras

pessoas estavam sentados em companhia do Mensageiro de Deus (S), aproximouse

deles um homem com roupa de resplandecente brancura, e tinha cabelos

intensamente pretos. Não se lhe notavam sinais de que tivesse viajado, nem

tampouco o conhecia nenhum de nós. Sentou-se em frente ao Profeta (S),

apoiando os joelhos contra os do Profeta; e, pondo as mãos sobre as coxas dele,

disse: -ó Mohammad, fala-me acerca do Islam!" O Mensageiro de Deus (S)

lhe respondeu: "O Islam consiste em que prestes testemunho de que não há

outra divindade além de Deus, e de que Mohammad é o Seu Mensageiro; que

observes a oração e que pagues o zacat; que jejues no mês de Ramadan, e que

realizes a peregrinação à Caaba, se tens meios para isso." O homem disse:

"Disseste a verdade." A nós surpreendeu-nos que lhe perguntasse, e que logo

confirmasse a verdade. O homem voltou a perguntar: "Fala-me sobre a fé!" E o

Profeta lhe respondeu: "Que creias em Deus, em Seus anjos, em Seus Livros,

em Seus mensageiros e no Dia do Juízo. E que creias no destino, tanto no bom

como no mau." E o homem disse: "Falaste a verdade! Fala-me agora sobre o

ihsan (o devido cumprimento das obrigações)." O Mensageiro de Deus

respondeu: "Que adores a Deus como se O visses, pois se não O vês, Ele te vê."

O homem disse: "Fala-me acerca da Hora (do Juízo)". Disse o Profeta: "Quem

está sendo interrogado disso não tem melhor conhecimento do que quem está

fazendo a pergunta." O homem insistiu: "Fala-me, então, dos sinais dela!" Disse

o Mensageiro de Deus (S): "Será quando a escrava der à luz a sua própria

senhora, e quando vires os descamisados e desamparados pastores de ovelhas

competindo nas construções dos altos edifícios." Aquele homem se foi. Fiquei

pensativo por um bom tempo. O Profeta me perguntou: -o Ôrnar, sabes quem

era aquele que me perguntava?" Eu disse: "Deus e o Seu Mensageiro têm melhor

conhecimento!" Disse o Profeta: "Era o Arcanjo Gabriel, que veio ensinar-vos

a essência da vossa religião." (Musslim)

61. Jundub Ibn Junada eMuaz Ibn Jabal (R) relataram que o Mensageiro

de Deus (S) disse: "Tende devoção e temor a Deus, onde quer que estejais. E

depois de haverdes cometido uma falta, apressai-vos em contrabalançá-la com

um bom ato, pois este a expiará. Além disso, convivei bondosamente com as

pessoas." (Tirmizi)

62. IbnAbbas (R) relatou: "Estava eu, um dia, na garupa da montaria do

Profeta (5), quando ele me disse: -ó jovem, ensinar-te-ei algumas palavras:

Resguarda a Deus e Ele te resguardará. Recorda-te de Deus, e O encontrarás

sempre à tua frente. Se implorares por algo, implora a Deus. E se pedires ajuda,

pede a Deus. E tem certeza de que ainda que se reúna todo o povo para beneficiarte

em algo, não conseguirão fazê-lo, a não sernaquilo que Deus houver disposto

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69. Abu Huraira (R) relatou que uma pessoa perguntou ao Mensageiro

de Deus (S): -o Mensageiro de Deus, quem é o homem mais honorável?"

Respondeu-lhe: "É o religioso que mais teme a Deus." O homem insistiu: "Não

foi isso que te perguntei..." e ele respondeu: "É o Profeta de Deus, José, e o

Filho do Profeta de Deus, ou o neto do Profeta de Deus, e o bisneto do amado

de Deus (Abraão)." Porém, outra vez lhe disse: "Não foi isso que te perguntei..."

Foi aí que o Profeta disse: "Se me estás perguntando pelas qualidades dos árabes,

dir-te-ei: os que foram bondosos antes do Islam (na idolatria) sê-le-ão no Islam,

caso assimilem bem a religião." (Muttafac alai h)

70. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A vida é

doce e cor-de-rosa. Deus vos fez legatários nela, e observará as vossas obras.

Pois bem, evitai as tentações da vida e das mulheres, pois a primeira tentação

que os judeus encontraram foi causada pelas mulheres." (Musslim)

71. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Deus meu, imploroTe

que me concedas a boa diretriz, a devoção, a abstenção (do ilícito) e a

prodigalidade." (Musslim)

72. Adi Ibn Hátem al Tai (R) relatou que escutava o Mensageiro de Deus

(S) dizer: "Quem jurou - em testemunho - acerca de alguma questão, e logo

descobriu que seria mais justo - perante Deus - retificá-la, que proceda, então,

como o mais condescendente." (Musslim)

73. Sudai Ibn Ajlan ai Báhili (R) relatou que escutara o Mensageiro de

Deus (S) dizer, no Sermão de Despedida: "Sede devotos e temei a Deus. Praticai

as cinco orações (diariamente), jejuai no vosso mês (o mês de Ramadan), pagai

o zacat das vossas propriedades, e obedecei os vossos governantes. Dessa

maneira, alcançareis o Paraíso do vosso Senhor." (Tirmizi)

CAPÍTULO 7

QUANTO À CONVICÇÃO E À CONFIANÇA EM DEUS

Deus, louvado seja, disse:

"E quando os crentes avistaram os partidos, disseram: Eis os que

nos haviam prometido Deus e o Seu Mensageiro, e tanto Deus como Seu

Mensageiro disseram a verdade! E isso não fez mais do que lhes aumentar

a fé e a resignação" (Alcorão Sagrado, 33:22).

E, louvado seja, disse também:

"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra

vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Deus nos é suficiente.

Que excelente Guardião! Pela mercê e a graça de Deus retornaram ilesos.

Seguiram Seus bons preceitos; sabei que Deus é Agraciante por excelência"

(Alcorão Sagrado, 3: 173-174).

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E, louvado seja, disse ainda:

"E confia-te no Vivente, Imortal" (Alcorão Sagrado, 25:58).

E, louvado seja, disse mais:

"Que os crentes confiem em Deus!" (Alcorão Sagrado, 14:11).

E, louvado seja, continuou:

"E quando tomares uma decisão, confia em Deus" (Alcorão Sagrado,

3: 159).

Os versículos do Sagrado Alcorão referentes à fé e à confiança em Deus

são inúmeros e conhecidos. Entre outros, Deus, louvado seja, disse:

"Quanto àquele que confiar em Deus, saiba que Ele lhe será

Suficiente" (Alcorão Sagrado, 65:3).

E, louvado seja, disse também:

"Só são crentes aqueles cujos corações se estremecem quando lhes é

mencionado o nome de Deus e, quando lhes são recitados Seus versículos,

é-lhes aumentada a fé, e confiam em seu Senhor" (Alcorão Sagrado, 8:2).

74. IbnAbbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Foramme

expostas (em sonho ou inspiração) muitas nações. Assim, vi um profeta

acompanhado por um pequeno grupo de pessoas, e outros profetas

acompanhados por apenas um ou dois homens, ou nenhum. Então apareceu

uma grande multidão, e eu pensei que fosse a minha nação, mas fui informado:

'Estes são Moisés e seus seguidores; mas... olha para o horizonte!' Olhei e vi

outra grande multidão, e me disseram para que olhasse do outro lado do

horizonte, onde havia uma outra grande multidão. Então fui informado: 'Estes

são os teus seguidores; e, com isso, são setenta mil pessoas que entrarão no

Paraíso sem prestar conta alguma nem sofrer castigo algum." Uma vez dito

aquilo, o Mensageiro de Deus (S) se levantou e entrou na sua habitação. Os

assistentes começaram a especular acerca dos que entrariam no Paraíso sem

prestar contas nem sofrer castigo. Alguém disse: "Serão, acaso, os que forem

companheiros do Mensageiro de Deus (S)?" Outros disseram: "Seriam acaso

os que nasceram no Islam e, desse modo, nada e ninguém associaram a Deus?"

E citaram outros casos. Ao ouvir aquelas polêmicas, o Mensageiro de Deus (S)

saiu de sua habitação, e perguntou: "De que estais discutindo?" Quando teve

conhecimento do tema, disse: "São os que não utilizam o benzimento nem

benzem as pessoas, e não crêem no mau augúrio, mas apenas se encomendam

a Deus." Naquele momento se apresentou Ucacha Ibn Muhsen e implorou ao

Profeta que suplicasse a Deus para que fosse contado entre aquelas setenta mil

pessoas. O Mensageiro de Deus (S) disse: "Serás uma delas." Todavia,

apresentou-se outro Companheiro pedindo o mesmo, ao que o Profeta

respondeu: "Ucacha teve prioridade sobre ti!" (Muttafac alaih)

75. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus

meu, a Ti me submeto, em Ti creio, tenho fé, e a Ti me encomendo. A Ti me

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volto em adoração, e por Ti discordo (dos incrédulos)! Deus meu, refugio-me

em Teu sublime poderio - pois não existe outro senhor que não sejas Tu - não

me faça extraviar. Tu és o Vivente, que jamais morre, porquanto tanto os humanos

como os gênios morrem!" (Muttafac alaih)

76. Ibn Abbas (R) disse: "Deus nos é suficiente; Ele é o melhor Guardião.

Isto foi o que disse Abraão (AS) quando foi atirado ao fogo, e que foi repetido

por Mohammad (S) quando foi dito a ele e aos seus companheiros: 'Os inimigos

concentraram-se contra vós; temei-os, pois! Isso aumentou-lhes a fé, e

disseram: Deus nos é suficiente. Que excelente Guardião!" (Alcorão Sagrado,

3: 173). (Bukhári)

77. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Muitas pessoas

cujos corações são iguais aos dos pássaros entrarão no Paraíso, ou seja, seus

corações serão ternos como os dos pássaros, ou então estarão contentes, ou

seus corações serão ternos devido aos seus temores a Deus" (Musslim).

78. Jáber (R) relatou que acompanhou o Profeta (S) numa campanha de

jihad, na direção de Najd e, no final da batalha, com ele voltou. No meio do dia,

o destacamento chegou a um vale cheio de árvores espinhosas, onde o Profeta

ordenou que parássemos, sendo que os Companheiros se espalharam em busca

de sombra. Ele pendurou a sua espada no galho de uma árvore, e se deitou sob

a sombra dela. Nós também tiramos um cochilo e, subitamente, ouvimos o

Profeta (S) a nos chamar. Corremos ao encontro dele, e vimos um beduíno que

se sentava ao lado dele. 'Esse homem sacou da minha espada contra mim

enquanto eu dormia; acordei e vi que ele tinha a espada nua em sua mão, e me

perguntou: 'Agora, quem te irá salvar de mim?' Eu lhe disse: Deus me salvará!',

e repetiu a sentença por três vezes. O Profeta se levantou, e não puniu o homem."

(Muttafac alaih)

79. Ômar (R) relatou que escutara o Mensageiro de Deus (S) dizer: "Se

vos encomendardes a Deus com verdadeira devoção e sinceridade, Ele vos

proverá como faz com os pássaros, que saem com as moelas vazias, pela manhã,

para regressarem com elas cheias ao entardecer." (Tirmizi)

80. AI Barrá Ibn Ázeb (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) lhe

disse: "Quando fores recolher-te ao teu leito, dize: 'Deus meu, a Ti me entrego,

e a Ti oriento o meu rosto, e a Ti encomendo meus assuntos; em Ti resguardo os

meus costados, por amor e por temor a Ti. Não há refúgio nem salvaguarda de

Ti, a não ser em Ti, creio e tenho fé na escritura que me revelaste e no Profeta

que enviaste.' E se morreres nessa noite, morrerás como um verdadeiro crente,

com inata fé. E se te chegar a manhã, encontrar-te-ás melhor." (Muttafac alaih)

81. Abu Bakr Siddik (R) lbn Abdullah lbn Uçman lbn Amir lbn Ômar

lbn Kaab lbn Saad lbn Taim Ibn Murra lbn Kaab Ibn Luwai lbn Ghálib ai

Quraixi Taimi que, juntamente com seu pai e sua mãe, são todos Companheiros,

relatou: "Quando o Profeta (S) e eu nos escondemos na Caverna de Saur, e

estávamos sendo procurados pelos maquenses, eu vi os pés deles acima de nós,

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do lado de fora da caverna, e disse: ó Mensageiro de Deus, se eles olharem

para baixo, para seus pés, eles nos verão! O Profeta (S) disse: -o Abu Bakr, que

achas tu de dois dos quais Deus é o Terceiro?''' (Muttafac alaih)

82. Hind Bint Abu Umaia (R) relatou que quando o Profeta (S) saía de

casa, dizia: "Em nome de Deus; encomendo-me a Deus! Deus meu, refugiome

em Ti para não me extraviar (da senda reta), ou não me fazerem extraviar;

para não cometer faltas, ou não me fazerem cometê-las; para não ser injusto, ou

ser objeto de injustiça; para não ser impertinente, ou o serem comigo!" (Abu

Daúd e Tirmizi)

83. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Àquele que,

ao sair de casa, disser: 'Em nome de Deus; encomendo-me a Deus; não há força

nem poder senão em Deus', será dito: 'Foste guiado (à verdadeira senda), e

Deus te proverá e te guardará; e Satanás se esquivará de ti.'" (Abu Daúd, Tirmizi,

Nassá'i e outros)

84. Anas lbn Málik (R) relatou que durante os dias do Profeta (S) havia

dois irmãos; um deles costumava servir o Profeta (S), e o outro costumava

tratar dos seus negócios. Um dia este último se queixou junto ao Profeta (S) que

o outro irmão nada fazia (para ganhar a vida). O Profeta (S) argumentou: "É

possível que tu estejas sendo ajudado a ganhar a tua vida por ele!" (Tirmizi).

CAPÍTULOS

ARETIDÃO EAFIRMEZA

Deus, louvado seja, disse:

"Sê firme, pois, tal qual te foi ordenado" (Alcorão Sagrado, 11:112).

Deus, louvado seja, disse também:

"Em verdade, quanto àqueles que dizem: Nosso Senhor é Deus, e se

firmam, os anjos descerão sobre eles (ao morrerem), os quais lhes dirão:

Não temais, nem vos entristeçais; outrossim, regozijai-vos com o Paraíso

que vos está prometido! Somos os vossos protetores na vida terrena e (o

seremos) na Outra, onde tereis quanto anelam vossas almas e quanto

pretendíeis. Tal é a hospedagem do Indulgente, Misericordiosíssimo!"

(Alcorão Sagrado, 41:30-32).

Deus, louvado seja, disse ainda:

"Em verdade, quanto àqueles que dizem: Nosso Senhor é Deus, e se

firmam, não serão presas do temor nem se angustiarão. Estes serão os diletos

do Paraíso, onde morarão eternamente em recompensa de quanto houverem

feito" (Alcorão Sagrado, 46: 13-14).

85. Sufian lbn Abdullah (R) relatou que em certa ocasião perguntou: -o

Mensageiro de Deus, fala-me algo definitivo acerca do lslam, para que eu não

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tenha que perguntar a ninguém mais. Ele disse: 'Dize: creio em Deus; e então,

age com firmeza!'" (Musslim)

86. Abu Huraira (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Segui

os princípios do Islam estritamente, e sede firmes, e sabei que ninguém se salvará

por intermédio de seus atas." Perguntaram-lhe: "Nem mesmo tu, ó Mensageiro

de Deus?" Ele respondeu: "Nem mesmo eu, a não ser que Deus me cubra com

a Sua mercê e graça." (Musslim)

CAPÍTULO 9

A CONTEMPLAÇÃO DA CRIAÇÃO DO UNIVERSO E AS COISAS

QUE NELE EXISTEM

Deus, louvado seja, disse: "Dize-lhes: Exorto-vos a uma só coisa: que

vos consagreis a Deus, em pares ou individualmente; e refleti" (Alcorão Sagrado,

34:46).

Deus, louvado seja, disse também:

"Na criação dos céus e da terra e na alternância do dia e da noite há

sinais para os sensatos, que mencionam Deus, estando em pé, sentados ou

deitados, e meditam na criação dos céus e da terra, dizendo: Ó Senhor nosso,

não criaste isto em vão. Glorificado sejas! Salva-nos do tormento infernal!"

(Alcorão Sagrado, 3:190-191).

Deus, louvado seja, disse ainda:

"Porventura, não reparam nos camelídeos,(2482) como são criados? E

no céu, como foi elevado? E nas montanhas, como foram fixadas? E na terra,

como foi dilatada? Admoesta, pois, porque és tão-somente um admoestador!"

(Alcorão Sagrado, 88:17-21).

Deus, louvado seja, disse mais:

"Porventura, não percorreram a terra, para ver qual foi a sorte dos seus

antecessores?" (Alcorão Sagrado, 47: 10).

Quanto aos assunto, ver o hadice n° 66.

CAPÍTULO 10

A TOMADA DE DECISÃO NAS BOAS AÇÕES E O INCENTIVO QUE

DEVE RECEBER QUEM AS REALIZA

Deus, louvado seja, disse:

"Empenhai-vos na prática das boas ações" (Alcorão Sagrado, 2: 148).

Deus, louvado seja, disse também:

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"Apressai-vos em obter a indulgência de vosso Senhor e um Paraíso

cuja amplitude é igual à dos céus e da terra, preparado para os tementes"

(Alcorão Sagrado, 3:133).

87. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Não

percais tempo em fazerdes boas obras porque logo irá haver uma série de

malefícios, como nalgumas partes de uma noite escura: o indivíduo se levantará

pela manhã como muçulmano crente, e se transformará num renegado, ao

anoitecer, ou irá deitar-se crendo, e se levantará pela manhã, descrendo. Será

prestes em vender sua crença por um ganho terreno." (Musslim)

88. Ucba Ibn Háris (R) conta: "Juntei-me à oração da tarde, em Madina

dirigida pelo Profeta (S). Logo que ele terminou a oração, levantou-se e,

caminhando pela linha dos cultuadores, apressou-se na direção de um dos seus

camareiros. As pessoas, em ajuntamento, ficaram surpresas com tal pressa.

Quando ele voltou, explicou o seu ato, dizendo: 'Lembrei-me de que havia sido

deixada comigo uma peça de prata (ou ouro), e isso me perturbou. Providenciei

agora para a sua distribuição" (Bukhári).

Outra versão diz: "Foi deixada comigo uma peça de prata (ou ouro) que

era para caridade; fiquei preocupado que ela pernanecesse comigo por toda a

noite."

89. Jáber (R) relatou que um dia um homem, na batalha de Uhud, pediu

ao Profeta (S): "Dize-me: onde irei estar se eu for morto em batalha, agora

mesmo?" Ele respondeu: "No céu!" O homem jogou fora algumas tâmaras que

tinha na mão, arremessou-se para a batalha, e lutou até que foi martirizado.

(Muttafac alaih)

90. Abu Huraira (R) relatou que um homem perguntou ao Profeta (S): -oMensageiro de Deus, qual a caridade que merece maior recompensa?" Disse

o Profeta: "É quando entregas tua caridade no gozo de plena saúde, com poucos

meios, e temendo a pobreza, mas com esperanças de enriquecer. E não te atrazes

nas tuas caridades, até ao momento da morte, quando então dirás: 'Isto é para

fulano, e isto é para cicrano' , quando, na realidade, tuas posses já foram passadas

para outros." (Muttafac alaih)

91. Anas (R) relatou que num dia, na batalha de Uhud, o Mensageiro de

Deus (S) tomou da espada, e perguntou: "Quem vai tomar esta minha espada?"

Todos estiraram suas mãos, dizendo:"Eu... Eu..." O Profeta (S) perguntou:

"Quem irá tomá-la com a plena responsabilidade?" Os presentes hesitaram.

Então o Companheiro Abu Dujana disse: "Tomá-Ia-ei com responsabilidade!"

Ele a tomou e com ela matoui um grande número de idólatras!" (Musslim).

92. Zubair Ibn Adiy (R) conta: "Abordamos o Anas Ibn Málik e nos

queixamos junto a ele dos maus tratos e das torturas causados a nós pelo Hajaj

Ibn Yussuf (um cruel governador durante o reinado omíade). Ele nos aconselhou

a sermos pacientes, dizendo: "Cada período é seguido de um tempo pior; ouvi

isso dito pelo Profeta (S)." (Bukhári)

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93. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: ''Tomai

a iniciativa fazendo boas ações, antes que ocorram as sete calamidadess; e tende

cuidado com elas: Acaso, esperam uma pobreza que faz esquecer, ou uma riqueza

que causa despotismo, ou uma enfermidade maligna, ou uma velhice senil

(delirante), ou uma morte repentina, ou o Anti-cristo e o impostor - pois é o

pior ausente esperado>, ou a Hora (do Juízo), pois a Hora será a mais calamitosa

e amarga!" (Tirmizi)

94. Abu Huraira (R) relatou que na véspera da batalha de Khaibar o

Mensageiro de Deus (S) disse: "Ofereço este estandarte àquele que ama a Deus

e Seu Mensageiro; que Deus (nos) conceda a vitória por intermédio dele!" O

Ômar relatou: "Nunca desejei ter um comando, mas naquele dia eu esperava

que me fosse dada a chance!" Porém, o Profeta (S) chamou o Áli Ibn Abi Tálib

(R), entregou-lhe o estandarte, e disse: "Vai em frente, e não prestes atenção a

nada, até que Deus (nos) conceda a vitória por teu intermédio!" Ao ouvir aquilo,

o Áli (R) se pôs a caminhar, mas se reteve e, sem se voltar, perguntou em voz

alta: -o Mensageiro de Deus, pelo quê lutarei com eles?" Ele respondeu:

"Continua a lutar, até que eles afirmem que não há outra divindade além de

Deus, e que Mohammad é o Seu Mensageiro. Se fizerem isso, suas vidas e

propriedades deverão permanecer a salvo, (certamente) sujeitos estarão quanto

às obrigações impostas pela lei islâmica, e eles irão prestar contas a Deus."

(Musslim)

CAPíTULO 10

A ABNEGAÇÃO

Deus, louvado seja, disse:

"Quanto àqueles que diligenciam por Nossa causa, encaminhá-losemos

por Nossas sendas. Sabei que Deus está com os benfeitores" (Alcorão

Sagrado, 29:69).

Deus, louvado seja, disse também:

"E adora a teu Senhor até que te chegue a certeza" (Alcorão Sagrado,

15: 99).

Deus, louvado seja, disse ainda:

"Porém, recorda-te de teu Senhor e consagra-te integralmente a

Ele" (Alcorão Sagrado, 73:8).

Deus, louvado seja, disse mais:

"Quem tiver feito o bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-à"

(Alcorão Sagrado, 99:7).

Deus, louvado seja, disse outra vez:

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"E em todo o bem que fizerdes, em favor de vossas almas, achareis a

recompensa em Deus, o Qual é preferível e mais recompensador" (Alcorão

Sagrado, 73:20).

E, louvado seja, continuou:

"De toda a caridade que fizerdes Deus saberá" (Alcorão Sagrado,

2:73).

95. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) afirmou que

Deus (louvado seja) disse: "Aquele que hostiliza um dos Meus servos mais

devotos, está em guerra coMigo. Jamais o Meu servo se aproximará de Mim

com algo que Eu goste mais do que lhe prescrevi como obrigatório. Que Meu

servo continue se aproximando de Mim através dos atos opcionais (orações,

jejum, caridades), até que Eu venha a amá-lo. E, ao amá-lo, serei seus ouvidos

com os quais ouve, suas vistas com as quais vê, suas mãos com as quais opera,

e suas pernas com as quais anda. Se Me pedir algo, dar-Ihe-ei; e se em Mim

buscar refúgio, conceder-Iho-ei." (Bukhári)

96. Anas (R) relatou o que o Profeta (S) transmitiu de seu Senhor: "Se

um servo Meu, em busca de Meu beneplácito, se aproximar de Mim um palmo,

aproximar-Me-ei dele uma braça; se se aproximar de Mim uma braça, aproximarMe-

ei dele duas braças; e se vier a Mim andando, irei ao seu encontro correndo."

(Bukhári)

97. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Há duas

dádivas que são menosprezadas por muita gente: a saúde e o tempo de lazer."

(Bukhári)

98. Aicha (R) relatou que o Profeta (S) se mantinha desperto e em pé,

em oração, até ao ponto de sofrer chagas nas solas dos pés, tanto que ela disse:

"6 Mensageiro de Deus, por que fazes isso, sendo que Deus te tem perdoado as

faltas, passadas e futuras?" Ele disse: "Ainda assim, não teria eu de ser um

servo agradecido?" (Muttafac alaih)

99. Aicha (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S), quando dos últimos

dez dias do mês de Ramadan, mantinha-se orando noites a dentro; além disso,

despertava a sua família para que lhe seguisse o exemplo, dedicando-se às suas

súplicas com intensidade". (Muttafac alaih)

100. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O

crente forte é melhor e mais amado por Deus do que o fraco. E ambos são

benéficos. Continua pedindo a ajuda de Deus e não te desesperes. Se te atingir

algum mal, não digas: 'Se tivesse feito isso ou aquilo, isto não teria acontecido',

mas dize: 'Somente Deus determina e age de acordo com a Sua vontade' , porque

a frase 'tivesse eu... ' apenas abre as portas para as acões de Satanás." (Musslim)

101. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O

Inferno se esconde por trás dos desejos, e o Paraíso se esconde por trás das

restrições." (Muttafac alaih)

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102. Huzaifa Ibn Yaman (R) disse: "Numa noite eu me juntei ao Profeta

(S) na oração. Ele começou a recitação da Surata AI Bácara; eu pensei que ele

se passaria para o ruku (a inclinação), após recitar uma centena de versículos,

mas ele continuoucom a recitação. Então eu achei que ele iria completá-la em

uma rakat, mas ele continuou com a recitação, e começou a recitar a SurataAI

Imran e depois a Surata An Nissá. Sua recitação era clara. Quando ele recitava

um versículo que continha a glorificação a Deus, ele O glorificava; quando a

súplica era mencionada, ele suplicava e, quando a procura da proteção era

mencioanda, ele pedia proteção. Então ele se inclinou para o Ruku, e repetiu:

"Glorificado seja o meu Senhor, o Ingente", e seu Ruku foi quase tão longo

quanto o seu Quiyam (de pé). Então ele se endireito, dizendo: "Deus ouve aquele

que O louva; Teu é o louvor, ó Senhor!" Então ele se prostrou (Sajda), e recitou:

"Glorificado seja o meu Senhor, o Altíssimo", e sua prostração foi igual ao seu

Quiyam. (Musslim)

103. Ibn Mass'ud (R) relatou: "Numa noite eu juntei-me ao Profeta (S)

em oração. Ele prolongou tanto o Qiyam, que eu me senti vontade de cometer

um ato que chegava à impetinência. Foi-me perguntado: 'Que ato foi esse?' Eu

respondi: Sentar-me e parar de o seguir (em oração)." (Muttafac alaih)

104. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Três coisas

seguem o féretro de uma pessoa: os membros de sua família, seus pertences e

seus atos. Os membros da família e os pertences voltam, e permanecem com

ele os seus atos." (Muttafac alaih)

105. Ibn Massu'd (R) relatou que o Profeta (S) disse: "O Paraíso está

mais próximo de vós de que o cordão de vosso calçado; o mesmo se dá com o

Inferno." (Bukhári)

106.Abi Firás Rabi'a Ibn Kaab (R), um servente do Mensageiro de Deus

(S) e um dos asshabis sufta, relatou: "Eu costumava passar a noite na companhia

do Mensageiro de Deus (S), para lhe fornecer água para a ablução e toalete.

Num dia, ele me disse: 'Pede-me o que desejas!' Eu disse: Solicito a tua

companhia no Paraíso! Ele disse: 'Algo mais!' Eu disse: Apenas a tua companhia!

Ele disse: 'Então ajuda-me por meio de multiplicares tuas prostrações!"

(Musslim)

107. Sauban (R) relatou que ele ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:

"Multiplicai as vossas prostrações (orações voluntárias). Cada prostração que

fizerdes vos elevará em um grau e vos redimirá de um pecado." (Musslim)

108. Abdullah Ibn Busr al Asslami (R) relatou que o Mensageiro de

Deus (S) disse: "O melhor, dentre os indivíduos, é aquele que teve uma vida

mais intensa e repleta de boas obras." (Tirmizi)

109. Anas Ibn Málik (R) relatou que seu tio Anas Ibn Nadhar não esteve

presente na batalha de Badr. Este disse para o Profeta (S): -ó Mensageiro de

Deus, não pude juntar-me a ti na tua primeira batalha contra os pagãos. Se eu

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tivesse a chance de combater os pagãos, teria mostrado o meu desempenho!"

No dia da batalha de Uhud, os muçulmanos aparentemente sofreram uma derrota.

Ele disse: -ó Deus, eu argumento junto a Ti, a respeito do que os muçulmanos

fizeram, e me desassocio do que os pagãos perpetraram!" Então ele ~e pôs a

caminhar e, no caminho, encontrou o Saad Ibn Muaz; disse para ele: "O Muaz,

pelo Senhor da Kaaba, eu sinto a fragrância do Paraíso, que vem de detrás de

Uhud!" Saad disse: -ó Mensageiro de Deus, não tenho o poder de descrever o

que ele fez (sua fidalguia)." Seu sobrinho, Anas Ibn Málik, disse: "Encontramos

na pessoa dele mais de oitenta ferimentos feitos por espadas, lanças e flechas.

Ele foi desse modo martirizado; além e acima disso, os infiéis mutilaram o seu

corpo morto, cortando-lhe o nariz e as orelhas, tanto que ninguém o podia

identificar, a não ser sua irmã, que o reconheceu por causa dos dedos dele. Ele

achava que o seguinte versículo se referisse a ele e aos iguais a ele: "Entre os

crentes, há homens que cumpriram o que haviam prometido a Deus; há-os

que já morreram, e outros que esperam, sem violarem a sua promessa, no

mínimo que seja" (Ale, 8:24). (Muttafac alaih)

no. Ucba Ibn Amr (R) relatou que, quando foi revelado o versículo da

caridade, ele e outras pessoas carregavam algumas coisas sobre os ombros.

Ocorreu que chegou um homem e deu, em caridade, grandes quantidades (de

coisas), e alguém comentou: "Este apenas quer-se mostrar!" E chegou outro,

entregando uma medida de alimentos, e alguém comentou: "Deus não precisa

da medida de alimentos desse aí!" Foi então quando foi revelado o versículo:

"Quanto àqueles que caluniam os crentes caritativos, por seus donativos, e

escarnecem daqueles que não dão mais do que o fruto do seu labor, Deus

escarnecerá deles, e sofrerão um doloroso castigo" (Alcorão Sagrado, 9:79).

(Muttafac alaih)

111.Abu Zar Jundub (R) relatou que do Profeta (S), transmitiu palavras

de Deus, Altíssimo, que diziam: -o servos Meus, eis que proibi a injustiça a

Mim Mesmo, e a declarei proibida para vós e entre vós, portanto, não cometais

injustiça uns com os outros! Ó servos Meus, todos vos encontrais

desencaminhados, exceto aquele a quem Eu guio. Assim, implorai por Minha

diretriz, e Eu vos guiarei. Ó servos Meus, todos vós estais famintos, exceto a

quem Eu alimento. Assim, implorai para que Eu vos alimente, e vos alimentarei.

Ó servos Meus, todos vos encontrareis despidos, exceto a quem Eu visto. Assim,

implorai para que vos vista, e vos vestirei. Ó servos Meus, cometeis faltas,

noites e dias seguidos, e l?u vos perdôo todos os pecados. Assim, implorai o

perdão, e vos perdoarei. O servos Meus, jamais lograreis prejudicar-Me. por

assim dizer, nem tampouco beneficiar-Me, por assim dizer. Ó servos Meus, se o

primeiro e o último de vós, gênios e humanos, tivessem o coração mais devoto,

isso em nada aumentaria o Meu Reino. Ó servos Meus, ainda que o primeiro e

o último de vós, humanos e gênios, se reunissem num mesmo lugar, e Me

pedissem, e Eu concedesse a cada um o seu anseio, isso não diminuiria o que

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tenho, mais do que uma agulha diminuiria a água do mar se nele fosse

introduzida. Ó servos Meus, são as vossas obras que computo, e logo vos

compensarei por elas! Aquele que achar boa a recompensa, que louve a Deus.

Porém, aquele que achar o contrário, que não culpe a ninguém, mas a si mesmo."

(Musslim)

CAPÍTULO 12

O INCENTIVO AO AUMENTO DAS BOAS OBRAS NOS ÚLTIMOS

TRÂMITES DAVIDA

Deus, louvado seja, disser

"Acaso, não vos prolongamos as vidas para que, quem quisesse

reflitir, pudesse fazê-lo, e não vos chegou o admoestador?" (Alcorão Sagrado,

35:37).

112. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Deus continua a

aceitar a desculpa da pessoa cuja morte seja adiada até que atinja a idade de

sessenta anos." (Bukhári)

113. Ibn Abbas (R) relatou: "O Ômar (R) costumava incluir-me, em

consulta, juntamente com os mais velhos, que haviam tomado parte na batalha

de Badr. Alguns Companheiros (participantes mais velhos) ressentiram-se

daquilo, e comentaram: 'Por que será que o Ômar permite que esse rapaz se

junte a nós, em concelho, sendo que nossos filhos têm a idade dele?' O Ômar

lhes disse: 'Ele pertence à fonte do vosso conhecimento (a casa do Profeta)'

Um dia ele me chamou para o seu concelho, juntamente comeles, e me pus a

imaginar o que ele tinha em mente, simplesmente para mostrar a eles o meu

saber e conhecimento. Ele lhes perguntou: 'Qual é o significado de: Quando te

chegar o socorro de Deus e o triunfo...?' (Ale. 110: 1).Alguém deles respondeu:

'Nesse versículo é-nos pedido que louvemos a Deus, e que supliquemos por

Seu perdão, que é quando Ele nos ajuda e nos concede a vitória.' Alguns

permaneceram calados e nada disseram. O Ômar me perguntou: -ó Ibn Abbas,

tu concordas?' Eu disse que não. Então ele me inquiriu sobre o que eu tinha a

dizer, e eu disse: Trata-se da intimidade com a aproximação da morte do Profeta

(S), que Deus lhe impõs. Deus disse: 'Quando te chegar o socorro de Deus e

o triunfo.' Isto é dito como uma informação prévia da morte do Profeta (S):

'Celebra, então, os louvores do teu Senhor, e implora o Seu perdão, porque

Ele é Remíssõrio' (Ale, 110:3). Dirigindo-se a mim, o Ômar disse: -o Ibn

Abbas, ninguém sabe mais do que isso que disseste!'" (Bukhári).

114.Aicha (R) relatou que ao ser revelado o versículo "Quando te chegar

o socorro de Deus e o triunfo" (Alcorão Sagrado, 110-1), o Mensageiro de

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Deus (S) implorava a seu Senhor, ao final de todas as orações, dizendo: "Senh~~

nosso, Teus são os louvores, e a Ti damos graças. Deus meu, perdoa-me.

(Muttafac alaih)

115. Anas (R) relatou: "Deus, exaltado seja, enviava a revelação para o

Mensageiro de Deus (S), com mais freqüência, conforme se aproximava o ano

em que ele faleceria." (Muttafac alaih). ."

116. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: Todo servo

(de Deus) será ressuscitado de acordo com o estado (de fé) em que morreu."

(Musslim)

CAPÍTULO 13

O ESCLARECIMENTO DOS INÚMEROS CAMINHOS DO BEM

Deus, louvado seja, disse:

"Todo o bem que fizerdes, Deus dele tomará consciência" (Alcorão

Sagrado, 2:215).

Deus, louvado seja, disse também:

"Iudo que fizerdes de bem Deus o saberá" (Alcorão Sagrado, 2:197).

Deus, louvado seja, disse ainda:

"Quem tiver feito o bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-à"

(Alcorão Sagrado, 99:7).

Deus, louvado seja, disse mais:

"Quem praticar o bem, será em beneficio próprio" (Alcorão Sagrado,

45:15).

117. Jundub Ibn Junada (R) relatou que havia perguntado ao Profeta (S):

"6 Mensageiro de Deus, qual é a obra de maior mérito?" Ele respondeu: "É a

da pessoa que crê e tem fé em Deus, e combate pela Sua causa." Voltou a

perguntar-lhe: "Quais os escravos que dariam mais méritos a pessoa libertar?"

Respondeu: "Os que são mais valiosos para seus amos, e com preços mais

elevados." Perguntou-lhe: UE se não puder fazê-lo?" Respondeu-lhe: "Pois que

ajude um pobre, ou faça o trabalho para um inválido." Perguntou-lhe outra vez:

-ó Mensageiro de Deus, e se não puder arcar com o trabalho?" Respondeu:

"Que se abstenha, então, de prejudicar a outros. Isto será uma caridade dele

para ele." (Muttafac alaih)

118.Abu Zar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Todas as

manhãs, cada uma das falanges do ser humano deverá oferecer uma caridade.

Para isso, o dizer 'Glorificado seja Deus!' é uma caridade; o pronunciar 'Louvado

seja Deus!' é também uma caridade; o pronunciar 'Não há outra divindade além

de Deus' é uma caridade, e o anunciar 'Deus é o Maior!' também é uma caridade.

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A recomendação do bem é uma caridade, e o opor-se ao mal é também uma

caridade. Mesmo assim, e como equivalente a tudo isto, será suficiente a oração

de duas rakát, de Dhuhá (período compreendido entre 15 minutos depois do

nascer do sol até 15 minutos antes do meio do dia)." (Musslim)

119.Abu Zar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Foram-me expostas as

obras da minha nação, as boas e as más. Entre as boas, encontrei a da retirada

dos empecilhos do caminho; e, entre as más, encontrei a falta de se limpar as

escarradas feitas nas mesquitas." (Musslim)

120. Abu Zar (R) relatou que alguns homens se dirigiram ao Profeta (S)

e lhe disseram: -ó Mensageiro de Deus, os ricos levam todas as recompensas;

eles rezam tal como rezamos; jejuam como jejuamos, e, quanto à caridade, eles

dão o que lhes sobra de seus bens." Disse o Profeta: "Acaso não vos deixou

Deus nada que possais oferecer como caridade? Pois sabei que o pronunciardes

'Glorificado seja Deus!' é uma caridade; e a proclamação de 'Deus é o Maior!'

é uma caridade; e a pronuncia de 'Louvado seja Deus!' é também uma caridade;

e a proclamação de 'Não há outra divindade além de Deus!' é uma caridade. A

recomendação do bem é uma caridade, e o opor-se ao que é mal é uma caridade;

inclusive, a relação sexual do indivíduo é uma caridade também." Disseramlhe:

-o Mensageiro de Deus, o fato de que um satisfaça o seu desejo, isso

também é merecedor de recompensa?" Respondeu o Profeta: "Porventura, se o

tivesse satisfeito de modo ilícito, não teria cometido uma falta? Desse mesmo

modo, será recompensado quando o satisfizer de modo lícito." (Musslim)

121. Abu Zar (R) relatou que o Profeta (S) lhe disse: "Não menosprezes

qualquer ato de bondade, inclusive o de receberes o teu próximo com semblante

alegre." (Musslim)

122. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Em

todos os dias da vida, as falanges (articulações) do ser humano devem proceder

a uma caridade. Por isso, o estabelecer-se a justiça estre duas pessoas é uma

caridade. Ajudarmos um homem a subir em sua montaria ou colocar a carga

sobre ela é também uma caridade; aboa palavra é uma caridade, e cada passo

que dermos no sentido da oração é uma caridade; mais ainda, o retirar-se o

empecilho do caminho é também uma caridade." (Muttafac alaih)

123. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Deus proverá ao

crente o sustento e as comodidades, no Paraíso, por cada vez que se encaminhar

para a mesquita." (Muttafac alai h)

124. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: -o

muçulmanas, que nenhuma se acanhe de oferecer à sua vizinha, nem que seja

um casco de ovelha." (Muttafac alaih)

125, Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Os atos da fé se

compõem de umas sessenta ou setenta classes; o que tem mais mérito é o de se

proclamar: 'Não há outra divindade além de Deus.' E o de menor importância é

o de se retirar os obstáculos dos caminhos. Mas sabei que o pudor é um ramo da

fé." (Muttafac alaih)

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126. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Conforme um homem ia percorrendo um caminho, sua sede ia-se tornando

insuportável. Com a continuação da caminhada, encontrou um poço, e decidiu

descer, e ali bebeu; porém, ao sair, viu um cão que arquejava e ofegava, de tanta

sede que tinha, e inclusive lambia a areia. O homem disse a si mesmo: 'Este cão

está sofrendo de sede, do mesmo modo que eu sofria!' Por isso, descendo outra

vez ao poço, encheu de água o seu sapato, agarrando-o com a boca enquanto

subia; e deu de beber ao cão. Deus aceitou o seu ato e perdoou-lhe as faltas."

Disseram ao Profeta: -ó Mensageiro de Deus, acaso receberemos também

alguma recompensa por tratarmos bem os animais?" Respondeu: "Para cada

ser vivente haverá uma recompensa." (Muttafac alaih)

127.Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (5) disse: "No Paraíso, vi um

homem que por ali passeava, como recompensa, por ter podado uma árvore que

obstaculizava o caminho dos muçulmanos." (Musslim)

128. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Quanto àquele que realizar corretamente sua ablução e então se encaminhar

para a oração das sextas-feiras, escutar o sermão (khutba) com toda a atenção,

Deus lhe perdoará as faltas até à sexta-feira seguinte, e por três dias mais. Porém,

aquele que se distrair com contas, durante o sermão, terá anulada a sua oração

da sexta-feira." (Musslim)

129. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Quando o servo de Deus - muçulmano ou crente -levar a cabo a sua ablução,

lavando o rosto, sua face deixará, com a água ou com a última gota d' água, toda

a falta que houver cometido com seus olhos; e quando lavar suas mãos, com a

água ou com a última gota d' água, sairá delas toda falta que houverem cometido.

Do mesmo modo, quando lavar os pés, ir-se-á deles, com a água ou com a

última gota d' água, toda a falta causada por eles, e assim por diante, até que se

ache completamente limpo de toda falta." (Musslim)

130. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "As

cinco orações diárias, a oração da sexta-feira, até à seguinte, e o jejum do mês

de Ramadan, até' ao mês seguinte de Ramadan, são penitências das faltas

cometidas durante o transcurso desse tempo, conquanto se evitem os pecados

maiores." (Musslim)

131. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (5) disse:

"Quereis que vos indique o ato com o qual Deus apaga os pecados e eleva as

posições?" Disseram: "Dize-nos, ó Mensageiro de Deus." Ele disse: "Efetuar a

ablução apropriadamente, em circunstâncias difícieis, ir à mesquita

freqüentemente para as orações, esperar a oração seguinte, depois de terminar

uma. Este é o vosso jihad pela causa de Deus." (Musslim)

132. Abu Musaa al Ach'ari (R) relatou que o Mensageiro de Deus (5)

disse: "Aquele que, regular e pontualmente, cumprir a oração da manhã (jajr) e

a oração da tarde (asr) entrará no Paraíso." (Muttafac alaih)

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133. Abu Mussa al Achari (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Quando um servo de Deus se encontrar enfermo ou em viagem, Deus

lhe anotará a recompensa de quantas boas obras tiver feito, estando são, e em

seu lar." (Bukhári)

134. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Todo ato de

bondade é uma caridade." (Muttafac alaih)

135. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Todo

mulçumano que plantar uma árvore frutífera fará uma permanente caridade por

tudo quanto se comer da mesma. E tudo quanto for roubado da mesma será para

ele uma caridade; e tudo quanto for desperdiçado será para ele uma caridade."

(Musslim)

136. Jáber (R) relatou que os (a tribos dos) Bani Salima tencionavam

mudar-se para perto da mesquita do Profeta (S). Tomando ciência daquilo, o

Profeta (S) lhes disse: "Soube que vós pretendeis mudar-vos para perto da

mesquita!" Eles disseram: "Sim ó Mensageiro de Deus, queremos fazer isso!"

Ele disse: -ó Bani Salama, ficai em vossas casas! Vossas pegadas serão

anotadas." (Muttafac alaih)

Outra versão diz: "Cada passo vosso em direção à mesquita realça vossas

posições." Bukhári também registra o mesmo significado à autoridade de Anas

(R).

137. Abu Munzir Ubai Ibn Kaab (R) relatou: "Havia um homem cuja

casa ficava a uma distância considerável da mesquita, mas ele jamais perdia

uma oração (congregacional). (Foi-lhe dito), ou eu lhe perguntei: Por que não

adiquires um burro para que possas cavalgar na escuridão ou nos dias quentes?

Ele respondeu: 'Quero que a minha ida à mesquita ou a minha volta dela sejam

registradas na minha conta, uma vez que faço isso em prol de Deus!' O Profeta

(S) lhe disse: 'Deus tem tudo isso creditado na tua conta." (Musslim)

Outra versão acrescenta: "Todos esses atos virtuosos são registrados corno

bons feitos, na vossa conta!".

138. Abdullah Ibn Amr Ibn al '·ás (R) relatou que o Mensageiro de Deus

(S) disse: "Há quarenta espécies de bons feitos - sendo, o maior de todos, o

empréstimo de uma camela dando leite. Qualquer desses atos, praticado na

esperança da sua recompensa, e oferecido com a promessa mencionada,

conduzirá o seu praticante ao Paraíso" (Bukhári)

139. Adi Ibn Hátem (R) relatou que escutara o Profeta (S) dizer:

"Esquivai-vos do Inferno, ainda que seja dando, em caridade, meia tâmara."

(Mutaffac alaih)

140. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O que agrada

a Deus, com relação ao servo, é que este coma o alimento e Lhe dê graças por

ele, ou que ingira a água e Lhe dê graças por ela." (Musslim)

141. Abu Mussa (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Todo muçulmano

deve oferecer caridade." Foi-lhe perguntado: "E se não tiver nada para oferecer?"

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Respondeu: "Que trabalhe com suas próprias mãos. Desse modo, obterá

benefícios e poderá oferecer, disso, uma caridade." Foi-lhe perguntado: "E se

não puder?" Respondeu: "Que preste sua ajuda a quem necessite de uma urgente

assistência." Novamente foi-lhe perguntado: "E se não puder?" O Profeta

respondeu: "Que recomende o bem." Foi-lhe perguntado: "E se não o fizer?"

Disse: "Então, que se abstenha de causar o mal; isso também é uma caridade."

(Mutaffac alaih)

CAPÍTULO 13

A MODERAÇÃO NO CULTO A DEUS

Deus, louvado seja, disse:

"Taha. Não te revelamos o Alcorão para que te mortifiques" (Alcorão

Sagrado, 20: 1).

Deus, louvado seja, disse também:

"Deus vos deseja a comodidade e não a dificuldade" (Alcorão Sagrado,

2:185).

142. Aicha (R) relatou que o Profeta (S) entrou um dia em sua casa e

encontrou nela uma mulher. Peguntou quem era, e Aicha lhe respondeu: "É

fulana", conhecida por suas excessivas orações." Disse o Profeta, dirigindo-se

à mulher: "É demasiado! Faz o que está ao teu alcance, pois Deus não deixará

de recompensar-te até aonde possa chegar a tua constância." E Aicha disse que

a religião mais agradável para ele era a perseverança com que se praticavam as

orações. (Mutaffac alaih)

143. Anas (R) relatou que chegaram três homens a casa das esposas do

Profeta (S) inquerindo pelos atos dele quanto ao culto. E, uma vez informados,

aquilo lhes pareceu insuficiente, e disseram: "Não estamos em condição de nos

compararmos ao Profeta, pois que lhe foram perdoadas as faltas, tanto anteriores

como posteriores." Um deles disse: "O que farei será permanecer-me durante a

noite, em oração, por toda a vida." O segundo disse: "E eu jejuarei durante o dia

pelo resto da minha vida." O terceiro disse: "Eu me privarei de relacionar-me

com as mulheres, e jamais me casarei." Mais tarde, o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Fostes vós que dissestes isto e aquilo? Se é assim, juro-vos por Deus

que sou o que mais teme a Deus e o mais devoto; mesmo assim, observo o

jejum e o quebro, e me levanto para orar à noite, mas também me deito, e

também me caso com as mulheres. Então, quem se recusar a seguir o meu

exemplo não será dos meus." (Mutaffac alaih)

144. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Os extremistas

(na prática da religião) buscam a sua própria perdição." E repetiu isso três vezes.

(Musslim)

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145.Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A prática da religião

é fácil, e a religião é mais forte do que o fanatismo. De sorte que, cumpri com

vossos deveres de modo apropriado, sincero e comedido, e sede otimistas;

auxiliai-vos com as orações pelas manhãs e pelas tardes, e durante uma parte da

noite, pois com regularidade e moderação, alcançareis o vosso almejo (o

Paraíso)." (Bukhári)

146. Anas (R) relatou que o Profeta (S) entrou, uma ocasião, na mesquita,

e encontrou uma corda esticada entre dois pilares da mesma. Então perguntou:

"E esta corda?" Responderam: "Esta corda é de Zainab; é para que ela se agarre

à corda quando sente fadiga, durante a oração." O Profeta (S) disse: "Desamarraia!

E que cada um faça as suas orações de acordo com as suas capacidades;

porém, quando estiver cansado, que sente." (Mutaffac alaih)

147. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se alguém

tiver sono durante a oração, que se deíte, até que passe o sono. Porque se tiver

sono durante a oração, não saberá se estará pedindo perdão a Deus, ou se

maldizendo." (Mutaffac alaih)

148. Abu Abdullah Jáber Ibn Sãmura (R) relatou: "Ocasionalmente, eu

me juntava ao Profeta (S) para a oração. Tanto as suas orações como os seus

sermões eram de duração moderada." (Musslim)

149. Wahb IbnAbdullah (R) relatou que o Profeta (S) se havia irmanado

com Salman e Abu al Dardá. Numa ocasião, Salman foi visitarAbu al Dardá; e,

encontrando a esposa do seu irmão com roupa de trabalho cotidiano (sem estar

arrumada), perguntou-lhe: "Que te passa?" Ela respondeu: "É que teu irmão,

Abu al Dardá, parece que não tem interesse por esta vida!" Mais tarde, Salman

foi à procura de Abu al Dardá, e lhe preparou uma comida; porém, Abu al

Dardá lhe disse: "Come tu, pois estou jejuando." E Salman insistiu: "Não tocarei

na comida antes que tu comas!" Abu al Dardá acedeu e comeu. Quando se fez

noite, Abu al Dardá se levantou para começar suas orações prerrogativas, mas

Salman lhe pediu: "Deita-te!", e ele deitou-se. Mais tarde, Abu al Dardá se

levantou outra vez para orar, e Salman lhe disse: "Deita-te!" À última hora da

noite, Salman se levantou e acordou Abu al Dardá, dizendo: "Levanta-te agora!"

Ambos realizaram as orações prerrogativas, e, ao término, Salman disse: "Deus

tem direito sobre ti, e teu corpo tem também direito sobre ti; mas acontece que

a tua família também tem direito sobre ti. Portanto, tens de dar a cada um o que

é de direito." Abu aI Dardá foi ao encontro do Profeta (S) e lhe relatou o que se

havia passado. O Profeta exclamou: "Salman disse a verdade!" (Bukhári)

150. Abu Mohammad, Abdullah Ibn Amr Ibn al 'Ás relatou: "O Profeta

(S) foi informado de que eujurara guardar jejum durante o dia, e oferecer orações

voluntárias durante toda a noite, por toda a minha vida. Ele me perguntou: 'Tu

disseste isso?' Eu respondi: Ó Mensageiro de Deus, por meus pais, que se

sacrificariam por ti, eu deveras disse isso! Ele disse: 'Tu não serias capaz de

agüentar! Deves jejuar e quebrar o jejum; dorme e levanta-te (à noite, para as

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orações voluntárias). Jejua três dias por mês, uma vez que o valor de um bom

feito é em décuplo; assim, isso seria igual ao jejum de um mês e, como tal, iria

significar um jejum perpétuo.' Eu disse: Sou forte o bastante para fazer mais!

Ele disse: 'Bom, então jejua em dias alternados! Esse era o jejum do profeta

Davi - um jejum moderado - e, de acordo com outra versão, é o melhor jejum.'

Eu disse: Sou bastante forte para fazer ainda mais! O Profeta (S) disse: 'Não há

melhor virtude que essa!'" Quando o Abdullah ficou velho, ele se lamentava,

dizendo que deveria ter concordado com a sugestão do Profeta (S) de jejuar

apenas três dias por mês; aquilo teria sido mais caro para ele do que seus bens

e seus filhos. (Muttafac alaih)

151. Hanzala Ibn Rabi al Ussaidi (R) relatou: "Numa ocasião, encontreime

com Abu Bakr (R), que me perguntou: -ó Hanzala, como estás?' Respondilhe

que temia haver-me tornado um hipócrita. Surpreso, exclamou: 'Glorificado

seja Deus! Que me dizes!?' Respondi-lhe que quando nos encontrávamos

reunidos com o Mensageiro de Deus (S), ele nos falava acerca do Paraíso e do

Inferno, descrevendo-os como se os víssemos com nossos próprios olhos; porém,

quando o deixávamos, absorvia-nos a preocupação pelas mulheres, as crianças

e o trabalho (as ganâncias, as posses), e, portanto, esquecíamo-nos de muito

(do que o Profeta nos ensinara). Abu Bakr assentiu: 'Por Deus, a mim me sucede

algo parecido!' Os dois fomos ver o Profeta (S), e eu lhe disse temer ter-me

tornado um hipócrita! o Mensageiro de Deus (S) perguntou: 'E, como é isso?'

Disse-lhe que quando estávamos reunidos com ele, ele nos fazia lembrar do

Paraíso e do Inferno, como se os víssemos com os nossos próprios olhos, mas

uma vez que o deixávamos, nos absorvia a preocupação pelas mulheres, pelos

filhos e pelo trabalho, e, por isso, esquecíamo-nos muito (das palavras dele). O

Mensageiro de Deus (S) disse: 'Por Deus em Cujas mãos se encontra minh' alma!

Se preservardes a situação em que vos encontrais na minha presença, lembrandovos

de Deus, os anjos estenderão as mãos para vos saudar, ainda que estejais

em vossos leitos ou em vossos caminhos. Porém, Ó Hanzala, dedica uma hora

para uma coisa, e outra hora para outra!' E repetiu isso por três vezes." (Musslim)

152. Ibn Abbas (R) relatou que, em certa ocasião, o Profeta (S) se

encontrava proferindo um discurso. Todos se haviam sentado, menos um homem,

que se mantinha de pé. E o Profeta perquiriu sobre aquilo, e lhe responderam

que se tratava de Abu Israil, que fizera votos para ficar de pé ao sol, assim que

não se sentava, nem procurava a sombra, nem tampouco falava, além de guardar

jejum. O Profeta (S) disse: "Ordenai-lhe que fale e que busque a sombra. Que

se sente, e cumpra o jejum de hoje!" (Bukhári)

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CAPÍTULO 15

SER CONSTANTE NAS PRÁTICAS VIRTUOSAS

Deus, louvado seja, disse:

"Porventura, não chegou o momento de os crentes humilharem os

seus corações à recordação de Deus e à verdade revelada, para que não

sejam como os que antes receberam o Livro? Porém, longo tempo passou,

endurecendo-lhes os corações, e a sua maioria é rebelde e transgressora"

(Alcorão Sagrado, 57:16).

Deus, louvado.seja, disse também:

"Então, após eles, enviamos outros mensageiros Nossos e, após estes,

enviamos Jesus, filho de Maria, a quem concedemos o Evangelho; e

infundimos nos corações daqueles que o seguiam compaixão e clemência.

No entanto, (agora) seguem a vida monástica, que inventaram, mas que

não lhes prescrevemos" (Alcorão Sagrado, 57:27).

Deus, louvado seja, disse ainda:

"E não imiteis aquela (mulher) que desfiava a sua roca depois de

havê-Ia enrolado profusamente" (Alcorão Sagrado, 16:92).

Deus, louvado seja, disse mais:

"E adora ao teu Senhor até que te chegue a Hora da certeza" (Alcorão

Sagrado, 15:99).

153. Ômar Ibn al Khattab (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Se a pessoa se esqueceu de praticar a oração voluntária ou deixou de

recitar algo, à noite, e dormiu, terá a mesma recompensa se os recitar a qualquer

hora entre fajr (madrugada) e zohr (meio-dia) do dia seguinte." (Musslim)

154. Abdullah lbn Amr lbn al 'Ás (R) relatou que o Mensageiro de

Deus (S) lhe disse: "6 Abdullah, não sejas como fulano, que costumava levantarse

à noite para as orações voluntárias, mas deixou de fazê-lo depois de algum

tempo." (Muttafac alaih)

155.Aicha (R) relatou que quando o Mensageiro de Deus (S) não podia

realizar a oração opcional noturna dele, devido a alguma causa, como doença,

oferecia doze rakat durante o dia. (Musslim)

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CAPÍTULO 16

INJUNÇÕES PARA A OBSERVAÇÃO REGULAR DA TRADIÇÃO

PROFÉTICA E DAS SUAS CONDIÇÕES

Deus, louvado seja, disse:

"Aceitai, pois, o que vos dê o Mensageiro, e abstende-vos de quanto

ele vos proíba" (Alcorão Sagrado, 59:7).

Deus, louvado seja, disse também:

"... nem fala por capricho. Isso não é senão a inspiração que lhe foi

revelada" (Alcorão Sagrado, 53:3-4).

Deus, louvado seja, disse ainda:

"Se verdadeiramente amais a Deus, segui-me; Deus vos amará e

perdoará vossas faltas" (Alcorão Sagrado, 3:31)

Deus, louvado seja, disse mais:

"Realmente, tendes no Mensageiro de Deus um excelente exemplo

para aqueles que esperam contemplar a Deus.deparar com o Dia do Juízo

FinaL," (Alcorão Sagrado, 33:21).

Deus, louvado seja, disse mais, ainda:

"Qual! Por teu Senhor, não crerão até que te tomem por juiz de suas

dissenções e não objetem ao que tu tenhas sentenciado. Então, submeterse-

ão a ti espontaneamente" (Alcorão Sagrado, 4: 65).

Deus, louvado seja, continuou ainda:

"Se disputardes sobre qualquer questão, recorrei a Deus e ao

Mensageiro" (Alcorão Sagrado, 4:59).

Deus, louvado seja, continuou mais:

"Quem obedecer ao Mensageiro obedecerá a Deus" (Alcorão Sagrado,

4:80).

Deus, louvado seja, continuou mais, ainda:

"E tu certamente guias para uma senda reta" (Alcorão Sagrado,

42:52).

Deus, louvado seja, continuou:

"Que temam aqueles que desobedecem suas ordens que lhes

sobrevenha uma provocação ou lhes açoite um doloroso castigo" (Alcorão

Sagrado, 24:63).

Deus, louvado seja. tornou a dizer:

"E lembrai-vos do que é recitado em vosso lar dos versículos de Deus

e da sabedoria" (Alcorão Sagrado, 33:34).

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156.Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Não me questioneis

acerca das questões que vos mencionei. O que levou os povos que vos

precederam para a perdição foi a sua insistência em fazerem perguntas sobre

questões desnecessárias, além de manterem divergências com os seus profetas.

Assim sendo, abstende-vos do que vos proíbo, e, quando vos ordeno algo, buscaio

de acordo com a vossa capacidade." (Mutaffac alaih)

157. Abu Najih Irbadh Ibn Sáriya (R) relatou: "O Mensageiro de Deus

(S) proferiu um comovente discurso que nos tocou grandemente a todos,

causando uma onda de temor em nossos corações. Dissemos-lhe que aquele

sermão mais parecia uma recomendação, e que ele nos dissesse algo mais como

conselho, ao que ele disse: 'Aconselho-vos a temerdes a Deus (por causa da

vossa obrigação para com Deus), e a ouvirdes e obedecerdes mesmo a um escravo

que for posto em autoridade sobre vós! Aqueles dentre vós que sobreviverem a

mim, verão uma porção de divergências. É da vossa incumbência seguirdes a

minha sunna (prática) e as práticas dos meus sucessores adequadamente dirigidos

(califas); apegai-vos firmemente a esses preceitos e essas tradições, e tende

cuidado com as inovações e invenções quanto à religião! Porque toda inovação

leva para um caminho errado. '" (Abu Daúd)

158.Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Todos

os meus seguidores entrarão no Paraíso, à exceção daquele que se opuser (a

mim)." Perguntaram-lhe: "E quem será aquele que se oporá a ti, 6 Mensageiro

de Deus?" Respondeu: "Aquele que me obedecer, entrará no Paraíso; e o que

me desobedecer será aquele que se oporá (a mim)." (Bukhári)

159. Abu Musslim, tanbém chamado Abu Ayas (R), relatou que um

indivíduo começou a comer com a mão esquerda na presença do Mensageiro de

Deus (S), que lhe pediu que comesse com a mãos direita. Ele disse: "Não sou

capaz de fazer isso!" Foi simplesmente a sua insolência que o impediu de

obedecer as ordens do Profeta (S). Após aquilo, aconteceu que o dito homem

não mais pôde elevar a mão à boca. (Musslim)

160. Numan Ibn Bachir (R) relatou: "Ouvi o Mensageiro de Deus (S)

dizer: 'Deveis alinhar as vossas fileiras de modo adequado (nas orações); se

não o fizerdes, Deus criará divergências entre vós (ou seja, criará inimizade

entre vós). '" (Mutaffac alaih)

161. Abu Mussa (R) relatou que certa noite, em Madina, uma casa foi

tomada pelas chamas, estando dentro dela os seus habitantes. Quando o

Mensageiro de Deus (S) foi informado do acontecimento, disse: "O fogo é um

inimigo vosso; portanto, apagai-o ao irdes dormir." (Mutaffac alaih)

162. Abu Mussa (R) também relatou que o Mensageiro de Deus (S)

argumentou: "O caso da diretriz e do conhecimento com os quais Deus me

dotou (e enviou para o vosso esclarecimento) é como a chuva que cai sobre a

terra; parte desta é boa e fértil, onde o capim seco se torna verde e cresce uma

vegetação relativamente fresca; e parte dela é seca e armazena a água, e Deus a

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torna benéfica para os seres humanos; eles bebem dela a se fartarem, e a usam

para o cultivo. Essa água pluvial também atinge um pedaço de terra que é uma

planície aberta e ampla, onde a água não é retida nem tampouco pode ajudar a

produzir capim. Similar é o caso daqueles que entendem o conhecimento da

religião que Deus enviou (para o povo) por meu intermédio, e se beneficiam

disso; e também daqueles que o aprendem e o ensinam para outros. Outro

exemplo é o daqueles que nem sequer levantaram as cabeças para aprender, e

não aceitaram a diretriz de Deus, enviada a eles por meu intermédio." (Mutaffac

alaih)

163. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Eu e vós

somos iguais a uma pessoa que ateia um fogo, e as mariposas e outros insetos

começam a esvoaçar em torno dele e a cair nele, e o homem que iniciou o fogo

tenta afugentá-los. Sou igual a esse homem, tentando segurar-vos pelas cinturas

(para vos salvar) do Inferno, mas continuais a escapar das minhas mãos."

(Musslim)

164. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) ordenou que (ao

comer) lambessem os dedos e raspassem a vasilha, e disse: "Não sabeis onde

está a bênção da comida!" (Musslim)

Outra versão, em Musslim, diz: "Se algum de vós deixar cair um pedaço

(de qualquer alimento) deverá apanhá-lo, tirar a poeira, etc., e comê-lo, e não

deixá-lo para o diabo. Nem tampouco deverá limpar as mãos com um pano,

sem antes lamber (o restante da comida) os dedos, porquanto não sabe qual

parte da comida é abençoada.

Outra versão, em Musslim, diz que o Profeta (S) revelou: "O Satanás

está sempre presente convosco, em todas as ocasiões, mesmo quando estivéreis

comendo. Portanto, se algum de vós deixar cair ao chão um pedaço (de qualquer

alimento), deverá apanhá-lo, limpar a poeira, etc., e comê-lo, e não deixá-lo

para o espírito maligno"

165. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) dirigiu a ele e

outros um sermão, dizendo: -ó humanos, ireis todos congregar-vos ante Deus,

oAltíssimo, descalços, despidos e não circuncidados, porque Ele diz: 'Do mesmo

modo que originamos a criação, reproduzí-la-emos, porque é uma promessa

que fazemos, e certamente a cumpriremos' (Alcorão Sagrado, 21:103). A

primeira criatura a aparecer vestida, no Dia da Ressurreição, será Abraão (AS);

e comparecerão }1omens da minha própria nação para serem levados ao Fogo;

então eu direi: O Senhor, eis que são meus companheiros! e me responderá:

'Porém, não sabes o que cometeram depois de ti!' e eu direi o que disse aquele

virtuoso servo de Deus: 'E enquanto permaneci entre eles, fui testemunha

contra eles; e quando quiseste encerrar os meus dias na terra, foste tu o seu

Único observador, porque és Testemunha de tudo. Se Tu os castigas é porque

são os Teus servos; e se os perdoas, é porque Tu és o Poderoso, o

Prudentíssimo' (Alcorão Sagrado, 5: 117 -118). Então me replicará:

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'Continuaram renegando-te, desde o tempo em que os deixaste.'" (Mutaffac

alaih)

166. Abu Saíd Abdullah Ibn Mughaffal (R) relatou que o Mensageiro de

Deus (S) proibira que se atirasse pedras com o auxílio do polegar e do indicador,

do jeito de míssil, e disse: "Essa tirada não mata a caça nem tampouco fere o

inimigo, mas danifica os olhos e quebra os dentes." (Mutaffac alai h)

Outra versão diz: Um parente achegado ao Abdullah Ibn Mughaffal atirou,

daquela maneira, uma pedra em alguém; este censurou aquele, dizendo: "O

Mensageiro de Deus (S) proibiu essa prática, e disse que isso não mata a caça!"

Aconteceu que o homem não deu ouvidos e continuou a atirar as pedras daquele

jeito, ao que o Abdullah Ibn Mughaffal (R) lhe disse: "Já te disse que o

Mensageiro de Deus (S) proibiu tal arremesso de pedras, e tu repetes isso ...

jamais falarei contigo novamente!"

167. Ábis Ibn Rabi (R) relatou: "Vi o Ômar Ibn aI Khattab (R) beijando

a Pedra Negra (da Sagrada Kaaba), e o ouvi dizer: 'Bem sei que és tão-somente

um pedaço de rocha, que não tens poder para conferir benefício nem de causar

dano. Se não tivesse visto o Mensageiro. de Deus (S) beijar-te, e eu nunca te

beijaria!'" (Mutaffac alaih)

CAPÍTULO 17

A OBRIGAÇÃO DE SE OBEDECER AOS MANDAMENTOS DE

DEUS, E O QUE DE VE DIZER QUEM FOR CONVOCADO PARA

ISSO, OU FOR ORDENADO A PRATICAR O BEM E COIBIR O

ILÍCITO

Deus, louvado seja, disse:

"Por teu Senhor, não crerão, até que te tomem por juiz de suas

dissensões e não objetem ao que tu tenhas sentenciado. Então, submeterse-

ão a ti espontaneamente" (Alcorão Sagrado, 4:65).

Deus, louvado seja, disse também:

"A resposta dos crentes, ao serem convocados ante Deus e Seu

Mensageiro, para que (estes) julguem entre eles, será: Escutamos e

obedecemos! E serão venturosos" (Alcorão Sagrado, 24:51).

168. Abu Huraira (R) relatou que quando o seguinte versículo:"ADeus

pertence tudo quanto há nos céus e na terra. Tanto o que manifestais, como

o que ocultais, Deus vo-lo julgará" (2:284) foi revelado ao Mensageiro de

Deus (S), seus companheiros ficaram muito perturbados, e foram ter com ele;

e, ajoelhando-se, disseram-lhe: "6 Mensageiro de Deus, nós já fomos

sobrecarregados com deveres que estavam sob o nosso poder, isto é, a salat, o

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jihad, o jejum e a caridade. Agora esse versículo te foi revelado, o qual nos

sobrecarrega com deveres além da nossa capacidade!" Ele disse: "Quereis acaso

dizer o que o povo dos dois Livros disseram anteriormente, ou seja, 'Nós

ouvimos, mas desobedeceremos?' Em vez disso deveríeis dizer: 'Escutamos e

obedecemos. Só anelamos a Tua indulgência, ó Senhor nosso!' (Ale. 2:285).

Quando eles recitaram isso, e suas línguas se adaptaram àquilo, Deus revelou:

"O Mensageiro crê no que foi revelado por seu Senhor, e todos os crentes

crêem em Deus, em Seus anjos, em Seus Livros e em Seus mensageiros.

Nós não fazemos distinção entre os Seus mensageiros. Disseram: Escutamos

e obedecemos. Só anelamos a Tua indulgência, ó Senhor nosso! A Ti será o

retorno!" Quando eles recitaram isso, e suas línguas se adaptaram àquilo, Deus

revelou: "Deus não impõe a nenhuma alma uma carga superior às suas

forças. Beneficiar-se-á com o bem quem o tiver feito e sofrerá o mal quem

o tiver cometido. Ó Senhor nosso, não nos condenes, se nos esquecermos

ou nos equivocarmos!" Quando eles recitaram isso, e suas línguas se adaptaram

àquilo, Deus revelou: -o Senhor nosso, não nos imponhas carga, como a

que impuseste aos nossos antepassados!" Quando eles recitaram isso, e suas

línguas se adaptaram àquilo, Deus revelou: -o Senhor nosso, não nos

sobrecarregues com o que não podemos suportar!" Quando eles recitaram

isso, e suas línguas se adaptaram àquilo, Deus revelou: "Absolve-nos! Perdoanos!

Tem misericórida de nós! Tu és nosso Protetor! Concede-nos a vitória

sobre os incrédulos!" (Ale, 2:286). (Musslim).

CAPÍTULO 18

A PROIBIÇÃO DA INOVAÇÃO E DA HERESIA

Deus, louvado seja, disse:

"E que há, fora da verdade, senão o erro?" (Alcorão Sagrado, 10:32).

Deus, louvado seja, disse também:

"Nada omitimos no Livro" (Alcorão Sagrado, 6:38).

Deus, louvado seja, disse ainda:

"Se disputardes sobre qualquer questão, recorrei a Deus e ao

Mensageiro" (Alcorão Sagrado, 4:59).

Deus, louvado seja, disse mais:

"E (o Senhor ordenou-vos, ao dizer): Esta é a Minha senda reta.

Segui-a e não sigais as demais, para que estas não vos desviem da Sua"

(Alcorão Sagrado, 6: 153).

Deus, louvado seja, continuou:

"Dize: Se verdadeiramente amais a Deus, segui-me; Deus vos amará

e perdoará vossas faltas" (Alcorão Sagrado, 3:31).

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169. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Aquele

que tentar introduzir em nossa religião algo que não faça parte dela será

rechaçado." (Mutaffac alaih)

170. Jáber (R) relatou: "Quando o Mensageiro de Deus (S) se dirigia a

nós, seus olhos costumavam ficar vermelhos, o tom da sua voz se elevava, e ele

ficava excitado com se nos estivesse prevenindo quanto a um exército hostil

pronto para nos atacar. Dizia: 'O inimigo vos irá atacar pela manhã, ou o inimigo

irá avançar contra vós pela tardezinha!' Dizia mais: 'Meu advento e o advento

do Dia do Julgamento estão colocados juntos (ele mostrava os dedos indicador

e médio entrelaçados).' Dizia que a melhor palavra era o Livro de Deus, e que

a melhor diretriz era aquela mostrada por ele (Mohammad); a pior prática era a

introdução de novos elementos na fé islâmica, e toda inovação levava à heresia.

Dizia: 'Eu tenho mais direito sobre cada muçulmano do que ele próprio (ou

seja, eu sou o maior benquerente dos muçulmanos). (Apesar disso) se um

muçulmano deixar alguma propriedade, ela pertencerá aos membros da sua

família. Se ele morrer deixando dívidas pendentes aos dependentes, sentir-meei

responsável pelo pagamento delas, e pela manutenção dos dependentes dele.'"

(Musslim)

CAPÍTULO 19

A CONSTITUIÇÃO DOS NOVOS EXEMPLOS, TANTO OS BONS

COMO OS MAUS

Deus, louvado seja, disse:

"E aqueles que disserem: Ó Senhor nosso, faze com que nossas

esposas e a nossa prole sejam nosso consolo e designa-os imames dos

devotos!" (Alcorão Sagrado, 25:74).

Deus, louvado seja, disse também:

"E os designamos imames, para que guiassem os demais, segundo

Nossos desígnios" (Alcorão Sagrado, 21:73).

171. Jarir Ibn Abdullah (R) relatou: "Estávamos presente numa reunião

com o Mensageiro de Deus (S) numa manhã. Nisso, alguns indivíduos vestidos

com roupas de saco se chegaram; alguns deles tinham mantos como roupas,

com espadas penduradas de um lado. Quase todos eles pertenciam à tribo

Mudhar. O Mensageiro de Deus (S) ficou grandemente comovido ao vê-los,

com seus corpos macérrimos, de fome. Ele se levantou, entrou na sua câmara,

saiu, e pediu ao Bilal (R) que fizesse o chamamento (azan), pois era hora da

oração. Ele liderou a oração e, no final, dirigiu a palavra à assembléia: -o

humanos, temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, do qual criou a

sua companheira e, de ambos, fez descender inúmeros homens e mulheres.

Temei a Deus, em nome do Qual exigis os vossos direitos mútuos e

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reverenciai os laços de parentesco, porque Deus é vosso Observador" (Ale.

4:1). Depois ele leu outro versículo da Surata Hachr: -ó crentes, temei a Deus!

E que cada alma considere o que (de provisão) tiver guardado, para o dia

de amanhã" (Alc. 59:18).

"Depois daquilo, o Mensageiro de Deus (S) pediu aos presentes que

fizessem contribuições caritativas, com seus dinars e dirhams, suas roupas,

farinhas e tâmaras, nem que fosse meia tâmara. Ao ouvir aquilo, um dos Ansar

trouxe um pesado saco cujo peso era-lhe difícil carregar; outros se seguiram,

um após outro, até que a coleta fez dois montes de artigos comestíveis e de

roupas. Então eu vi que o rosto do Mensageiro de Deus (S) brilhava feito ouro.

"Então o Mensageiro de Deus (S) disse: 'Aquele que introduzir no Islam

uma boa medida terá a sua recompensa por isso, e ainda uma recompensa por

aqueles que dela usufruírem, sem que nada seja reduzido dessa recompensa; do

mesmo modo, aquele que introduzir uma prática nociva no Islam será punido

por isso, e todo aquele que se der dessa prática nociva será punido, sem fazer

diminuir, de modo algum, a carga dos seus feitos malignos" (Musslim).

172. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Uma parte do

pecado por assassinato injusto de qualquer alma recairá sobre Caim, o primeiro

filho de Adão, pois foi ele o primeiro a dar o exemplo, matando." (Mutaffac

alaih)

CAPÍTULO 20

A RECOMENDAÇÃO DO BEM E O CONVITE À SALVAÇÃO, OU

CONTRAA PERDIÇÃO

Deus, louvado seja, disse:

"Convoca (os humanos) para o teu Senhor" (Alcorão Sagrado, 28:87).

Deus, louvado seja, disse também:

"Convoca (os humanos) à senda de teu Senhor com sabedoria e bela

exortação" (Alcorão Sagrado, 16:125).

Deus, louvado seja, disse ainda:

"Auxiliai-vos na virtude e na piedade" (Alcorão Sagrado, 5:2).

Deus, louvado seja, disse mais:

"E que surja de vós uma nação que recomende o bem" (Alcorão

Sagrado, 3:104).

173. Ucba Ibn Amru (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Aquele que indicar o caminho para o bem terá a mesma recompensa de quem

o fizer." (Musslim)

174. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Aquele que indicar o caminho reto a alguém terá a mesma recompensa daquele

que o tiver seguido, sem que isso lhe diminua em nada as suas próprias

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182. Jarir Ibn Abdullah (R) relatou: "Dei o meu voto de confiança ao

Mensageiro de Deus (S) de que eu praticaria a oração, pagaria o zakat, e

aconselharia a todo muçulmano." (Mutaffac alaih)

183. Anas (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Nenhum de vós chegará

a ser um verdadeiro crente, até que deseje para o seu irmão o que deseja para si

mesmo." (Mutaffac alaih)

CAPÍTULO 23

A RECOMENDAÇÃO DA PRÁTICADO BEM E A PROIBIÇÃO DA

PRÁTICA DO MAL

Deus, louvado seja, disse:

"E que surja de vós uma nação que convoque para as boas ações,

recomende a prática do bem e proíba a prática do ilícito. Esta será (uma

nação) bem-aventurada" (Alcorão Sagrado, 3:104).

Deus, louvado seja, disse também:

"Sois a melhor nação que jamais surgiu para a humanidade, porque

recomendais o bem, proíbis o ilícito" (Alcorão Sagrado, 3:11O).

Deus, louvado seja, disse ainda:

"Conserva-te indulgente, encomenda o bem e foge dos insipientes"

(Alcorão Sagrado, 7:199).

Deus, louvado seja, dis e mais:

"Os crentes e as crentes são protetores uns dos outros; recomendam

o bem, proíbem o ilícito" (Alcorão Sagrado, 9:71).

Deus, louvado seja, disse ainda mais:

"Os incrédulos, dentre os israelitas, foram amaldiçoados pela boca

de Davi e por Jesus, filho de Maria, por causa de sua rebeldia e profanação.

Não se reprovavam mutuamente pelo ilícito que cometiam. E que detestável

é o que cometiam!" (Alcorão Sagrado, 5:78-79).

Deus, louvado seja, disse mais ainda:

"Dize-lhes: A verdade emana de vosso Senhor; assim, pois, que creia

quem desejar, e descreia quem quiser" (Alcorão Sagrado, 18:29).

Deus, louvado seja, disse também:

"Proclama, pois o que te tem sido ordenado" (Alcorão Sagrado, 15:94).

Deus, louvado seja, também disse:

"Salvamos aqueles que pregavam contra o mal e infligimos aos

iníquos um severo castigo por sua depravação" (Alcorão Sagrado, 7:165).

184. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que ouvira o Mensageiro de Deus

(S) dizer: "Quem dentre vós presenciar uma ação condenável, que se oponha a

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ela com suas mãos; se não puder, que o faça com suas palavras; se também não

puder, que o faça com o coração, sendo que isto é o mínimo que se espera da

sua fé." (Musslim)

185. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Todo

profeta anterior a mim, que foi enviado por Deus a uma nação, teve discípulos

e devotados companheiros, que lhe seguiram o exemplo e puseram em prática

as suas ordens. Porém, depois disso vêm gerações que incitam ao mal, dizem o

que não fazem, e fazem o que não lhes é mandado fazer. Pois bem, aquele que

os combater com suas próprias mãos será um crente; aquele que os combater

com palavras será também um crente, e aquele que os combater com o coração

será também um crente. A partir daí não haverá uma mostra de fé, nem que seja

do peso de um grão de mostarda." (Musslim)

186. Ubada Ibn al Sámet (R) relatou: "Comprometemo-nos junto ao

Mensageiro de Deus (S) a escutá-lo e a obedecer-lhe, tanto em tempos de escassez

como de abundância, e em situações tanto favoráveis como adversas; e

concordamos com que ele tenha prioridade sobre nós. Do mesmo modo,

concordamos com que não disputaríamos as ordens da autoridade legítima, a

não ser que ficasse comprovada a sua evidente infidelidade, fruto de concludentes

provas provenientes de Deus. Portanto, era preciso que dispuséssemos sempre

com a verdade e a eqüidade, onde quer que estivéssemos, pela causa de Deus,

sem temor algum às críticas ou às pressões." (Mutaffac alaih)

187. AI Nu'man Ibn Bachir (R) relatou que o Profeta (S) disse: "O

exemplo da pessoa que obedece as injunções de Deus e da que transgride é o

dos passageiros de uma barcaça, em que alguns ocupavam a parte superior e

outros ocupavam a parte inferior. Estes, para recolherem água, tinham de passar

por aqueles, causando-lhes algum incôrnodo. Assim, eles sugeriram aos

I

ocupantes superiores permitirem-lhes abrir um buraco no casco da barcaça para

poderem recolher a água por ele, sem causar-lhes incômodo. Se os ocupantes

da parte superior permitissem tal pedido, pereceriam todos os ocupantes da

barcaça. Ao impidi-los (de abrir o buraco no barco), salvam-se, e a todos os

passageiros." (Bukhari)

188. Hind Bint Huzaifa (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Ser-vos-ão

designados uns governantes; alguns dos seus atos serão legais, e outros, ilegais.

Aquele que repelir estes (os atos ilegais) com o coração terá cumprido os ditames

da sua consciência; e aquele que se opuser abertamente a eles ver-se-à salvo.

Porém, aquele que consentir e aceitar, terá de prestar contas por isso."

Perguntaram-lhe: "6 Mensageiro de Deus, não devemos combatê-los?"

Respondeu: "Não! Desde que (e quando) mantenham a celebração da oração

convosco." (Musslim)

189. Ummu al Muminin, Zainab Bint Jahch (R) relatou que o Profeta

(S) foi ter com ela, em um estado de medo, dizendo: "Não há outra divindade

além de Deus. Ai dos árabes quanto a um mal eminente. Abriu-se hoje uma

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brecha deste tamanho (e ele fez um círculo utilizando o polegar e o indicador)

na muralha de Gog e Magog." Disse-lhe ela: -ó Mensageiro de Deus, seremos

aniquilados mesmo tendo entre nós um grande número de pessoas virtuosas?"

Ele disse: "Sim! enquanto a obscenidade se estiver espalhando." (Mutaffac

alaih)

190. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Evitai

sentar-vos nas ruas." Os Companheiros disseram: -ó Mensageiro de Deus, não

podemos evitar isso, pois são os lugares onde nos reunimos para prosear." O

Mensageiro de Deus (S) disse: "Se insistis em fazerdes aí as vossas reuniões,

então dai à rua o que lhe é de direito." Eles perguntaram: "E qual é o direito da

rua, ó Mensageiro de Deus?" Respondeu: "É terdes os olhares recatados,

evitardes causar qualquer dano às pessoas, retribuirdes as saudações, pregardes

a prática do bem e combaterdes a prática do mal." (Mutaffac alaih)

191. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) viu um anel

de ouro na mão de um homem; o Profeta o abordou e lhe tirou o anel, dizendo:

"Como é que uma pessoa pode buscar uma brasa incandecente para levar em

suas mãos!?" Quando o Mensageiro de Deus (S) se foi, alguém disse ao homem:

"Leva o anel e aproveita-o em outros misteres." Porém, o homem respondeu:

"Não, por Deus! Não posso fazê-lo, uma vez que o Mensageiro de Deus (S)

tirou-o de mim!" (Musslim)

192. Abu Saíd Hassan aI Basri (R) relatou que o Áiz IbnAmr (R) visitou

o Ubaidullah Ibn Ziad e disse a ele: "Filho, ouvi o Mensageiro de Deus dizer:

'O pior dos governantes é aquele que trata asperamente as pessoas. Toma

cuidado, senão poderás ser um de tais (funcionários)' Disse-lhe: 'Acalma-te! tu

és um dos refugos dos companheiros de Mohammad (S)!' O Áiz Ibn Amr

perguntou: 'Será que havia tais pessoas entre os companheiros do Profeta?'

Claro que não; essas pessoas vieram depois deles, sem pertencerem a eles.'''

(Musslim)

193. Huzaifa (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Juro por Aquele em

Cujas mãos se encontra minh'alma, que tendes a obrigação de pregar a prática

do bem e combaterdes a prática do mal. Caso contrário, Deus não demorará no

envio do Seu castigo sobre vós; então, tentareis suplicar-Lhe, mas vossas súplicas

não serão ouvidas." (Tirrnizi)

194. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "O melhor

jihad (porfia pela causa de Deus) é a pessoa falar o que é justo perante um

governante tirano." (Abu Daúd e Tirrnizi)

Isso significa que a pessoa não deverá hesitar em falar a verdade, por

causa do medo.

195. Tárek Ibn Chihab (R) relatou que um homem, enquanto punha o pé

no estribo do seu camelo, perguntou ao Profeta (S): "Qual é o esforço (jihad)

mais meritório pela causa de Deus?" Disse o Profeta: "É proclamares a verdade

na presença de um governante tirano." (Nassá'i)

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196. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O

principal defeito que demonstravam os filhos de Israel era que quando um deles

se encontrava com outro, dizia: -o tu, sê reverente, e abstém-te do que estás

fazendo, porque não é lícitor Contudo, se o encontrava no dia seguinte fazendo

o mesmo, não lhe punha nenhum empecilho, para com ele comer e beber e,

inclusive, sentar-se e conversar amigavelmente. Quando os filhos de Israel assim

procederam, Deus provocou a discórdia entre eles, e disse: 'Os incrédulos,

dentre os israelitas, foram amaldiçoados pela boca de Davi e por Jesus,

filho de Maria, por causa de sua rebeldia e profanação. Não se reprovavam

mutuamente pelo ilícito que cometiam. E que destestável é o que cometiam!

Vês muitos deles (judeus) em intimidade com os idólatras. Que detestável é

isso a que os induzem suas almas! Por isso, suscitaram a indignação de

Deus, e sofrerão um castigo eterno. Se tivessem acreditado em Deus, no

Profeta e no que lhes foi revelado, não os teriam tomado por confidentes.

Porém, muitos deles são depravados' (Alcorão Sagrado, 5:78-81)." Terminada

aquela recitação, o Mensageiro de Deus (S) prosseguiu: "Por Deus,

categoricamente, tendes a obrigação de preconizar a prática do bem, combater

a prática do mal, impedir as atuações do injusto, obrigando-o a agir apenas com

justiça. Caso contrário, Deus provocará a discórdia entre vós, e então vos

amaldiçoará como amaldiçoou a eles." (Abu Daúd e Tirmizi)

197. Abu Bakr As Siddik (R) disse: -o gente, vós recitais o seguinte

versículo: -ó crentes, resguardai as vossas almas. Se vos conduzirdes bem,

jamais poderão prejudicar-vos aqueles que se desviam; todos vós retomareis

a Deus, o Qual vos inteirará de tudo quanto houverdes feito' (Alcorão

Sagrado, 5:105).Porém, também ouvi o Mensageiro de Deus (S) dizer: 'Quando

as pessoas não fazem oposição à injustiça, Deus não tardará em generalizar o

Seu castigo sobre elas.'" (Abu Daúd, Tirmizi e Nassá'i)

CAPÍTULO 24

O CASTIGO PARA AQUELE QUE ORDENAA PRÁTICA DO LÍCITO

E OPÕE-SE AO QUE É ILÍCITO, AO MESMO TEMPO QUE AGE

CONTRARIAMENTE AO QUE ORDENA E AO QUE SE OPÕE

Deus, louvado seja, disse:

"Ordenais, acaso, aos demais fazerem caridade e esqueceis vós

mesmos de fazê-la, apesar de lerdes o Livro? Não raciocinais?" (Alcorão

Sagrado, 2:44).

Deus, louvado seja, disse também:

-o crentes, por que dizeis o que não fazeis? É enormemente odioso

perante Deus, dizerdes o que não fazeis" (Alcorão Sagrado, 61:2-3).

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E disse, ainda:

"Não pretendo contrariar-vos, a> .J ser no que Ele vedou" (Alcorão

Sagrado, 11:88).

198. Usama Ibn Zaid (R) rela.ou que ouvira o Mensageiro de Deus (S),

que dizia: "No Dia do Juízo Final :rá trazido um homem que será lançado ao

Pego. Sairá do seu ventre o intev ,\0, e ele passará a dar voltas sobre si mesmo,

como faz o burro em torno (', uma moenda. Então, as pessoas do Fogo se

acercarão dele, e lhe perguntarão: -o fulano, que te aconteceu? Acaso, não

preconizavas a prática do bem e a abstenção da prática do mal?' E ele responderá:

'Sim, porém, preconizava o cumprimento do lícito, sem o acatar, e a abstenção

do ilícito, cometendo-o.'" (Mutaffac alaih) (

CAPÍTULO 25

A RESTITUIÇÃO DOS DEPÓSITOS CONFIADOS

Deus, louvado seja, disse:

"Deus manda restituir o confiado ao seu dono; quando julgardes

vossos semelhantes, fazei-o com eqüidade, Quão excelente é isso a que Deus

vos exorta! Ele é Oniouvinte, Onividente" (Alcorão Sagrado, 4:58).

Deus, louvado seja, disse também:

"Por certo que apresentamos o Encargo aos céus, à terra e às

montanhas, que se negaram e temeram recebê-lo; porém, o homem se

encarregou disso, mas provou ser um tirano e insipiente" (Alcorão Sagrado,

33:72).

199. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Distingue-se o hipócrita por três características: quando conta algo, mente;

quando promete, não cumpre; e quando confiam nele, trai." (Mutaffac alaih)

200. Huzaifa Ibn aI Yaman (R) disse: "O Mensageiro de Deus (S) nos

contou duas coisas, uma das quais eu já vi (tornar-se realidade); quanto à outra,

estou esperando que se materialize. O Mensageiro de Deus (S) nos informou

que a confiabilidade estava imbuída nos corações dos indivíduos. Quando o

Alcorão Sagrado foi revelado, eles (tembém) aprenderam isso, 'Aprederam pela

minha prática.' Então ele nos contou sobre o ser-nos tirada a confiança, no

seguinte: o homem vai dormir e, ao levantar-se, verá que a sua confiabilidade

desapareceu, deixando apenas uma sombra dela em seu coração; e quando ele

for dormir o restante da confiança desaparecerá, deixando atrás de si uma

pequena marca como uma bolha no coração, como aquela que adquirimos quando

pisamos numa brasa; obtemos uma bolha que deixa a pele levantada, mas que é

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vazia por dentro. (Então o Profeta apanhou um pedregulho e começou a riscálo

no seu pé.) Então; os indivíduos levantam-se pela manhã e prosseguem no

ato rotineiro de comprar e vender, mas nenhum deles será o homem que se irá

desfazer da sua confiança, tanto é assim, que lhe será dito: 'Há apenas uma

pessoa confiável em tal e tal tribo.' (O contrário) será dito do homem que for

bem versado nos negócios terrenos: 'Quão esperto, bem apessoado e inteligente

ele é', embora lhe falte um grão de fé." O Huzaifa (R) continua: "Tempo houve

em que eu não me importava com quem fazia negócios, pois acontecia que

eram todos muçulmanos, e sua fé era suficiente garantia, e, se fosse judeu ou

cristão, seu guardião (certamente) era suficiente garantia. Hoje não faço negócios,

a não ser com Fulano." (Mutaffac alaih)

201. Huzaifa e Abu Huraira (R) relatam que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "No Dia do Julgamento Deus, o Glorificado e Exaltado, irá juntar toda a

humanidade, sendo que fará com que os crentes fiquem perto do Paraíso.

Primeiramente eles se aproximarão do profeta Adão (AS), e lhe perguntarão:

'Pai, por favor, abre a porta do Paraíso para nós!' Ele responderá: 'Foi a falta do

vosso pai que causou a vossa expulsão do Paraíso! Sou incapaz de vos ajudar;

ide ter com o meu filho, o profeta Abraão, o amigo de Deus!' Então eles irão ter

com o profeta Abraão, que lhes dirá: 'Não é da minha competência fazer isso; a

tarefa é muito dificultosa; eu era (simplesmente) o amigo de Deus. (Irá dizer

isso, demonstrando humildade.) Ide ter com o profeta Moisés, com o qual Deus

bem falou!' Mosés lhes dirá: 'Não sou competente para fazer isso; ide ter com

Jesus, o Verbo de Deus, e Seu espírito!' Jesus também dirá: 'Não sou adequado

para esse serviço!' Então eles virão para o Profeta Mohammad (S). Este se

apresentará e Deus, Todo-Poderoso, permitir-lhe-a (interceder). Aintegridade e

a misericórdia estarão presentes, e a direita e a esquerda ficarão de cada lado da

Ponte de Sirát (a ponte sobre a qual todos terão de passar, no Diado Julgamento).

A primeira parte de vós passará como relâmpago sobre a ponte." Huzaifa inquiriu:

"(Que meus pais sejam sacrificados por ti) que quer isso dizer?" Ele disse:

"Não notaste que o relâmpago brilha e desaparece num piscar d' olhos? Então o

grupo seguinte irá passar sobre a ponte como o vento, e a terceira parte irá

passar como como uma revoada de pássaros, apressando-se como homens a

correr; e essa diferença será de acordo com o mérito de seus feitos. Nessa hora,

o vosso Profeta permanecerá de pé sobre a ponte, solicitado a misericórdia de

Deus, e recitando: Ó Sustentador, mantém-nos salvos! mantém-nos salvos!

Conforme o padrão das virtudes fore caindo, a velocidade irá ser cada vez menor,

até que virá um homem que não será capaz de andar, que virá arrastando-se

com a ajuda das suas nádegas. Algumas mãos irão estar apertando ambos os

lados da ponte. Esses apertões, com a ordem de Deus, irão segurar aqueles que

Ele quiser ajudar. Aquele que estiver meramente arranhado será redimido, e

alguns serão arremessados no Inferno." O Abu Huraira disse: "Por Deus, em

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Cujas mãos está a vida de Abu Huraira, a profundeza do Inferno é igual à distância

que poderia ser coberta numa viagem de setenta anos" (Musslim).

202. Abu Khubaib Abdullah Ibn al Zubair (R) relatou: "Quando (no mês

de Jamadi aI Auwal do ano 36 H.) o Zubair estava indo lutar na batalha de

Jamal, mandou-me chamar, eu fui, e fiquei ao seu lado. Disse-me: 'Meu filho,

tanto o agressor como o agredido serão mortos hoje. Estou certo de que eu serei

morto como o agredido. Estou muito preocupado com a disposição dos bens.

Achas tu que irá sobrar algo da minha propriedade após o pagamento das dívidas?

Meu filho, paga as minhas dívidas após a venda da minha propriedade. Se sobrar

algo depois do desencargo das minhas dívidas, deixo em herança um terço. Um

terço dela, ou seja, um nono dela (total sobrado) será enviado para os filhos de

al Zubair. Depois, se algo mais sobrar, um terço dessa sobra será para os teus

filhos (de Abdullah). O Hicham diz que alguns filhos do Abdullah eram da

mesma idade dos de Khubaib e Abbad, os filhos de Zubair - e ele tinha 9 filhos

e 9 filhas.' Ele seguiu me instruindo acerca da disposição dos seus bens, e disse:

'Meu filho, se achares qualquer dificuldade em te desfazeres das minhas dívidas,

procura recursos junto ao meu mestre, e implora a sua ajuda! Não compreendi

muito bem o que ele quiz dizer por 'mestre', e perguntei: Pai, quem é o teu

mestre? Ele respondeu: 'Deus!' Assim, sempre que me via encarando uma

dificuldade em me desfazer das suas dívidas, eu suplicava: ÓMestre de Zubair,

dispensa a dívida dele!, e Ele a dispensava. O Zubair foi martirizado. Não deixou

dirham e dinar (dinheiro) algum, mas deixou algumas terras, uma delas em

Ghába, onze casas em Madina, duas em Basra, uma em Kufa e uma no Egito. A

causa do seu endividamento era que se uma pessoa fosse ter com ele, pedindolhe

que guardasse algo seu como custódia a ele, o Zubair (R) não concordava

em aceitar aquilo como custódia, achando que poderia ficar perdido, mas tomavao

como um empréstimo. Ele jamais aceitou um posto de autoridade ou de

cobrador de impostos. Ele teve o privilégio de ter participado no jihad com o

Profeta (5), com Abu Bakr, com Ômar e com Osman (ter adquirido a sua partilha

nos despojos).

"Eu preparei um inventário das suas dívidas, que chegaram a dois milhões

e duzentos mil. O Hakim Ibn Hizam me encontrou e perguntou: -ó sobrinho,

quanto é o montante de dívidas do meu irmão?' .Ocultando os negócios das

terras, eu disse: Cem mil! O Hakim disse: 'Não creio que os teus rendimentos

irão cobrir tanto!' Eu disse: Que acharias se a quantia fosse de dois milhões e

duzentos mil? Ele disse: 'Acharia que isso não estaria dentro da tua capacidade,

que serias incapaz de te desincumbires de qualquer parte dela, se não pedisses

a minha ajuda!'

"O Zubair (R) havia adquirido a terra, em Ghába, por cento e setenta

mil. OAbdullah vendeu-a por um milhão e seiscentos mil, e mais tarde anunciou

que quem tivesse uma reivindicação quanto ao Zubair (R), que comparecesse e

se encontrasse com ele em Ghába. O Abdullah Ibn Ja'far foi até ele, e disse: 'O

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Zubair me devia quatrocentos mil, mas abrirei mão da dívida, se quiseres.' O

Abdullah disse: 'Não, não quero que ela seja eliminada.' O Ibn Ja'far disse:

'Então quando quiseres, estou preparado para adiar o recebimento.' OAbdullah

disse: 'Não, não quero nem mesmo isso.' O Ibn Ja'far disse: 'Então demarca

um pedaço de terra para mim!' Assim, o Abdullah demarcou um pedaço para

ele. Desse modo, o Abdullah pagou a dívida do seu pai por meio de vender as

suas terras. Após o pagamento da dívida do seu pai, ainda restava um lote de

terra que media quatro sihams e meio. Depois disso, o Abdullah visitou o Amir

Muawiya, que tinha com ele, ao tempo, oAmr Ibn Uçman, o Munzir Ibn Zubair

e o Ibn Zam'a. O Amir Muawiya perguntou para o Abdullah (R) que preço ele

havia estipulado para a terra de Ghába. Ele respondeu que se tratava de cem mil

por uma parte dela. O Amir Muawiya quiz saber quanto da terra havia sido

deixado. OAbdullah disse que eram quatro sahms e meio. OMunzir Ibn Zubair

disse: 'Pegarei um sahm por cem mil.' o Amr Ibn Uçman disse: 'Eu também

gostaria de pegar um sahm por cem mil!' OIbn Zam' a disse: 'Eu também pegarei

um sahm por cem mil.' Então o Amir Muawiya perguntou: 'Quanto da terra

restou agora?' O Abdullah disse: 'Resta um sahm e meio.' O Amir Muawiya

disse: 'Fico com eles por cento e cinqüenta mil'. Mais tarde, o Abdullah Ibn

Ja'far vendeu o seu quinhão da terra para o Amir Muawiya por seiscentos mil.

Quando Ibn al Zubair terminou de pagar as dívidas, seus familiares lhe

pediram para dividir o resto com eles. Ele lhes disse: 'Por Deus que não o farei

até que anuncie por quatro anos, durante o período do Hajj, se alguém tem

alguma dívida para receber de AI Zubair. Ele o fez por quatro anos e, então

dividiu um terço do resto dos bens entre os familiares. O Zubair tinha quatro

mulheres e cada uma recebeu um milhão e duzentos mil. Afortuna deAl Zubair

era de cinquenta milhões e duzentos mil." (Bukhári)

CAPÍTULO 26

A PROIBIÇÃO DA CRUELDADE E DA INJUSTIÇA, E A ORDEM DA

SUA ERRADICAÇÃO

Deus, louvado seja, disse:

"Os iníquos não terão amigos íntimos, nem intercessores que possam

obedecer" (Alcorão Sagrado, 40:18).

Deus, louvado seja, disse também:

"Os iníquos não terão nenhum protetor" (Alcorão Sagrado, 22:71).

203. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Evitai serdes

injustos, pois a injustiça se transformará, no Dia do Juízo, em trevas. E evitai a

avareza, pois ela levou os povos anteriores a vós à perdição: fê-los derramar,

injustamente, o seu próprio sangue e violar as suas sagradas leis." (Musslim)

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204. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Definitivamente, serão restituidos os direitos a seus verdadeiros donos, no Dia

do Julgamento; até o mal causado a uma cabra sem chifre, por uma cabra

chifruda, será levado em conta" (Musslim).

205. Ibn Ômar (R) relatou: "Um dia, numa reunião na qual o Profeta (S)

estava presente, estávamos discutindo sobre a Peregrinação de Despedida, sem

sabermos o que ela significava, até que o Profeta (S) teceu louvores a Deus, e

demorou-se um pouco quanto ao papel do massih ai dajjal (o falso Cristo), e

disse: 'Todos os profetas enviados por Deus preveniram os seus seguidores

acerca (da maldade) dele; mais tarde, o profeta Noé preveniu o seu povo, e

assim fizeram os profetas que vieram depois dele. Se ele se levantar contra vós,

as suas condições não vos serão ocultas. Bem sabeis que o vosso Senhor não é

um Deus de um só olho, ao passo que o olho direito do Dajjal é defeituoso; seu

olho é deformado, e parece uma uva inchada. Acautelai-vos, pois Deus vos

proibiu derramardes o sangue uns dos outros, e surripiar-lhes os pertences; estes

são sacrossantos como a sacrossanticidade deste (sagrado) dia, deste sagrado

mês, neste sagrado lugar. Ficai em guarda! Será que vos não transmiti (e ensinei

todas as ordens divinas)?' Nós, os Companheiros, dissemos: Sim! O Profeta (S)

disse: -ó Deus, sê minha testemunha!' , e repetiu essas palavras por três vezes,

e concluiu, dizendo: 'Entendei bem que não devereis voltar à incredulidade

quando eu não mais estiver (entre vós), e começar a derramar sangue entre vós

outros"'. (Bukhári)

206. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Aquele

que usurpar o menor pedaço de terra, será punido por Deus, tendo ao redor de

seu pescoço o equivalente a sete terras." (Mutaffac alaih)

207. Abu Mussa AI Ach'ari (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Deus adia tomar qualquer ação contra o injusto; mas quando chegar a

hora, não o deixará umpune", Então ele recitou: "E assim é o extermínio (vindo)

do teu Senhor, que extermina as cidades por suas injustiças. O Seu extermíno

é terrível, severíssimo" (Alcorão Sagrado, 11:102). (Mutaffac alaih)

208. Moaz (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) designou-me como

seu delegado - no Iêmen -, e me disse: 'Tu te apresentarás a um povo que é

seguidor das Sagradas Escrituras. Convida-os a prestarem testemunho de que

não há outra divindade além de Deus, e que eu sou o Seu Mensageiro. Se o

aceitarem, informa-os que Deus prescreveu o cumprimento de cinco orações

diárias. Se o aceitarem, informa-os que Deus prescreveu uma caridade que será

tomada aos ricos entre eles, para ser distribuída entre os pobres entre eles. Se o

aceitarem, não toques no que é valioso, de suas propriedades. Contudo, previnete

quanto às súplicas a Deus dos injustiçados, pois entre Deus e essas súplicas

não existe barreira alguma. '" (Mutaffac alaih)

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209. Abdul Rahman Ibn Saad (R) relatou que o Profeta (S) designou um

homem da tribo Azd, chamado Ibn ai Lutbiya, para coletar o zacat. Quando

regressou a Madina, disse: "Isto é para vós, e isso foi-me dado." Quando o

Mensageiro de Deus (S) subiu ao púlpito, depois de louvar a Deus e Lhe dar

graças, disse: "Eis que designei um homem, dentre vós, para cumprir com o

trabalho que Deus me encarregou de realizar. Mas, ao voltar, disse: 'Isto é para

vós, e isso me foi presenteado.' Por que não fica na casa do seu pai ou da sua

mãe, e espera lá receber o seu presente, se é que diz a verdade? Por Deus, quem

quer que seja, dentre vós, que tome algo sem que a isso tenha direito, encontrarse-

á levando aquilo que houver tomado, às costas, no Dia do Juízo Final. Não

gostaria de conhecer ninguém entre vós que comparecesse ante Deus levando

um camelo a grunhir, ou uma vaca a mugir, ou uma ovelha a balir!" E, levantando

os braços até que pudéssemos ver a brancura das suas axilas, exclamou: -o

Senhor, acaso pude eu cumprir com o propósito de fazer chegar a eles a Tua

Mensagem?" e repetiu aquilo por três vezes. (Mutaffac alaih)

210. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele que tenha

cometido uma injustiça com relação a uma pessoa ou a qualquer outra coisa,

deverá rogar-lhe, o quanto antes, que o perdoe, pois no Dia do Juízo de nada lhe

valerá o ouro, nem a prata (para compensá-lo); porém, se tiver realizado boas

obras, estas serão levadas em conta para lhe compensar a injustiça cometida; e,

se não houver essas boas obras, serão tomadas as más obras cometidas pela

outra pessoa, que servirão de carga para ele." (Bukhári)

211. Abdullah IbnArnr Ibn ai 'Ás (R) relatou que o Profeta (S) disse: "O

verdadeiro muçulmano é aquele de cuja língua e de cujas mãos os outros

muçulmanos se encontram a salvo; e o verdadeiro muhájir (emigrante) é aquele

que abandona o que Deus tem proibido." (Mutaffac alaih)

212. Abdullah Ibn Amr Ibn al 'Ás (R) contou que um homem cnamado

Kirkira estava a cargo dos pertences pessoais do Profeta (S). Quando Kirkira

morreu, o Mensageiro de Deus disse: "Estará no Inferno!" E o pessoal foi ver

por quê. Eis que no lugar onde fora morto, encontraram uma túnica que aquele

homem havia subtraído de entre os troféus de guerra. (Bukhari )

213. Abu Bakr Nufai Ibn Háris relatou: "O Profeta (S) disse: 'o tempo

está a passar do mesmo modo como no dia em que Deus fez o universo. Um

ano compreende doze meses, quatro dos quais são sagrados, três em sucessão:

Zul Qui'da, Zul Hajja e Muharram, sendo Rajab o mês mais sagrado da tribo

Mudhar, o qual cai entre Jumada e Chaaban.' Ele perguntou: 'Que mês é este?'

Nós dissemos: Deus e Seu Mensageiro sabem melhor! Ouvindo aquilo, ele se

manteve silente por um tempo, e nós pensamos que ele fosse dar um novo

nome para aquele mês. Então ele perguntou: 'Será que não é Zul Hajja?'

Dissemos: Sim, é! Então ele perguntou: 'Qual é o nome desta cidade?'

Respondemos: Deus e o Seu Profeta sabem melhor! Ele fez uma pausa por uns

instantes, e nós pensamos que ele fosse dar a ela um novo nome. Então ele

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disse: 'Não é esta uma cidade sagrada?' Respondemos: Certamente que é! Depois

ele perguntou: 'Que dia é hoje?' Dissemos: Deus e Seu Mensageiro sabem

melhor! Novamente ele fez uma pausa um pouco demorada, e nós pensamos

que ele fosse dar ao dia um novo nome. Então ele disse: 'Não é o dia do

sacrifício?' Dissemos: 'Sim!' Então, ele disse: 'Vosso sangue, vossos pertences

e vossa honra são sagrados, tanto para uns como para outros, como sagrada é

esta cidade, como sagrado é este dia, e este mês. Não está longe o dia em que

ireis estar face a face com Deus, e Ele vos chamará para prestardes contas das

vossas ações neste mundo. Portanto, tomai cuidado para não vos tornardes

incrédulos, quando eu não mais existir, matando-vos uns aos outros. Que aqueles

que estão presentes transmitam esta mensagem àqueles que estão ausentes,

porque aqueles que receberem esta mensagem indiretamente talvez se lembrem

dela melhor do que aqueles que a ouviram diretamente.' Então ele perguntou

por duas vezes: 'Será que vos comuniquei (a ordem de Deus)?' Dissemos: Sim,

senhor! Então ele disse: -ó Deus, sê Tu Testemunha. '" (Mutaffac alaih)

214. Iyas Ibn Salaba AI Hárisi relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Deus decretou o Fogo do Inferno para a pessoa que usurpa a propriedade

do muçulmano por intermédio de falsos juramentos, proibindo-lhe a entrada no

Paraíso." (Musslim)

215. Adi Ibn Umaira (R) relatou: "Ouvi o Mensageiro de Deus (S) dizer:

'Quando eu nomear um de vós para algum cargo, se ele ocultar de mim nem

que seja uma agulha ou algo menos importante que isso, esse ato será tido

como apropriação indébita; ele terá que apresentar tal coisa, no Dia do

Julgamento.' Nisso, um Ansari de cor escura se postou perante o Profeta (S) - é

como se eu o estivesse vendo -, e disse: -ó Mensageiro de Deus, por favor,

livra-me do encargo que me foi designado!' O Profeta (S) perguntou ao dito

homem qual era o problema, e o homem disse: 'Acabei de ouvir-te dizer essa

coisa...' O Profeta (S) disse: 'Mais uma vez eu digo que a pessoa que eu apontar

para qualquer cargo (público) deverá prestar contas plenas do seu encargo, por

mais insignificante que seja. O que lhe for permitido receber, e o que lhe for

designado, deverá evitar" (Musslim).

21 6. Ômar Ibn al Khattab (R) narrou que durante a campanha de Khaibar,

alguns dos companheiros do Profeta (Deus o abeçoe e lhe dê paz) chegaram a

ele dizendo: "Fulano é um mártir, e Beltrano também." Até que passaram perto

do corpo sem vida de um homem; e disseram: "Este é também um mártir."

Então o Profeta disse: "Não, porque o vi no Inferno, por causa de ter subtraído

uma túnica de entre os troféus de guerra." (Musslim)

217. Abu Catada Háris Ibn Ribi relatou que o Mensageiro de Deus (S)

se pôs de pé para fazer um sermão aos seus companheiros, e disse que a fé em

Deus e o jihad em prol da Sua causa eram os mais elevados tipos de feitos

virtuosos. De entre a audiência, um homem se levantou, e disse: "O Mensageiro

de Deus, achas que se eu fosse morto no combate pela causa de Deus, meus

pecados seriam expiados?" Ele respondeu: "Sim, se fosses morto combatendo

pela causa de Deus, e fosses paciente e, se auto-examinando, continuasses a

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marchar para a frente, sem se retrair." Então o Profeta (S) pediu ao homem que

repetisse o que havia dito. O homem repetiu: "Achas que se eu fosse morto no

combate pela causa de Deus, meus pecados seriam remidos?" Ele respondeu:

"Sim, se fosses morto enquanto estivesses firme, fosses paciente e, se autoexaminando,

marchasses para a frente, não retrocedendo e não fugindo. Contudo,

tuas dívidas não seriam perdoadas. O anjo Gabriel acabou de me informar quanto

a isso." (Musslim)

218. Abu Huraira relatou que o Profeta (S) perguntou, certa vez, aos

seus companheiros: "Sabeis quem é o pobre?" Os Companheiros disseram que

o pobre era o indivíduo que não possuía dinheiro ou propriedade. O Profeta (S)

elucidou o ponto, dizendo: "Pobre, dentre os meus seguidores, é aquele que

embora compareça no Dia do Juízo Final com bons registros de salat (orações)

e saum (jejum) e zakat (pagamento do tributo), também tenha prejudicado

alguém, difamado outro, usurpado os bens de outro, tenha matado outro, ou

batido em outro. Então, todas as pessoas agredidas receberão parte das boas

ações do agressor; e quando as boas ações terminarem, antes de pagar as

injustiças que havia cometido, os pecados e as faltas das pessoas agredidas

serão transferidas para ele, que então será jogado no Fogo." (Musslim)

219. Umm salama (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Sou, além de

tudo, um ser humano. Eis que trazeis as vossas disputas até a mim para eu as

decidir. É possível que um dos disputantes seja bem versado na arte da

argumentação e seja perito em apresentar o seu caso. De acordo com isso, eu

decido o caso a seu favor. Mas, se eu decidir a favor de alguém, em detrimento

do direito de seu irmão, estarei fornecendo-lhe um pedaço do Inferno. (Mutaffac

alaih)

220. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O crente

continuará desfrutando de uma margem de liberdade com respeito à sua religião,

desde que não mate, ilegalmente, a ninguém." (Bukhari)

221. Khaula Bint Ámir aI Ansári (R) disse ter ouvido o Mensageiro de

Deus (S) dizer: "Algumas pessoas estão malversando os fundos que pertencem

a Deus (fundos públicos islâmicos). No Dia do Juízo, o seu destino será o

Inferno." (Bukhári)

CAPÍTVL027

o RESPEITO PELA DIGNIDADE DOS DIREITOS DOS

MUÇULMANOS E A COMPAIXÃO PARA COM ELES

Deus, louvado seja, disse:

"Quanto àquele que enaltecer os ritos sagrados de Deus, (isso) será

melhor para ele aos olhos de seu Senhor" (Alcorão Sagrado, 22:30).

Deus, louvado seja, disse também:

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"Tal será. Contudo, quem enaltecer os símbolos de Deus, saiba que

tal (enaltecimento) parte de quem possui piedade no coração" (Alcorão

Sagrado, 22:32).

Deus, louvado seja, disse ainda:

"E abaixa gentilmente as asas para os crentes" (Alcorão Sagrado,

15:88).

Deus, louvado seja, disse mais:

"Quem matar uma pessoa sem que esta tenha cometido homicídio

ou semeado a corrupção na terra, será considerado como se tivesse

assassinado toda a humanidade; quem a salvar, será reputado como se

tivesse salvo toda a humanidade" (Alcorão Sagrado, 5:32).

222. Abu Mussa aI Ach'ari (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "O crente é, para os outros crentes, como um edifício onde as suas

diferentes partes se reforçam reciprocamente." Conforme ele falava aquilo,

entrelaçava com força os dedos de ambas as mãos. (Mutaffac alaih)

223. Abu Mussa al Ach'ari (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse:"Quem passarpor nossasmesquitasou no nosso mercado portando flechas,

. deverá segurar suas pontas com as mãos, como precaução para que um

muçulmano com elas não se fira." (Mutaffac alaih)

224. AI Numan Ibn Bachir (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "O bomexemplo que os crentes demonstram, com relação ao seu carinho,

sua misericórdia e amabilidade recíprocas, é como se fosse proveniente de um

só corpo; quando um membro se encontra indisposto, todo o resto do corpo

mostra sua debilidade e febre." (Mutaffac alaih)

225. Abu Huraira (R) relatou que em certa ocasião o Profeta (S) estava

beijando seu neto, AI Hassan Ibn Áli, sendo que AI Acra Ibn Hábes estava

sentado ao seu lado. Este disse: "Tenho dez filhos, e nunca beijei a nenhum

deles!" O Mensageiro de Deus (S) olhou para ele e disse: "Aquele que não

mostra compaixão para com os demais não será tratado com compaixão."

(Mutaffac alaih)

226. Aicha (R) relatou que uns beduínos foram ver o Mensageiro de

Deus (S), e lhe perguntaram: "Acaso vós beijais as crianças?" O Mensageiro de

Deus (S) respondeu: "Sim!" Eles disseram: "Por Deus, pois nós nunca as

beijamos." E o Profeta (S) disse: "Será que está nas minhas mãos o fato de que

Deus haja tirado a compaixão dos vossos corações?" (Mutaffac alaih)

227. Jarir Ibn Abdullah (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Aquele que não tem compaixãocom as pessoas não terá a compaixão de Deus."

(Mutaffac alaih)

228. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se

algum de vós dirigir os indivíduos, em oração, deverá encurtá-la, pois entre

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eles poderão encontrar-se pessoas débeis, enfermas e vetustas. Entretanto, se

um de vós levar a efeito a oração estando só, poderá prolongá-la como desejar."

(Mutaffac alaih)

229. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) algumas vezes

costumava evitar fazer algo, apesar de gostar de fazê-lo, temendo que seus

seguidores o fizessem, e que se tornaria uma obrigação para eles. (Muttafac

alaih)

230. Aicha (R) contou que o Profeta (S) proibiu os muçulmanos de

prolongarem o jejum por mais de um dia, movido pela compaixão para com

eles. Alguns disseram: "É, mas tu jejuas constantemente!" Ele respondeu: "Não

sou como vós, pois que, durante a noite, meu Senhor me dá de comer e de

beber." (Mutaffac alaih)

231. Abi Catada Háris Ibn Ribi (R) relatou que o Mensageiro de Deus

(S) disse: "Eu me ergo para as orações (salat) pretendendo prolongá-las. Nisso,

ouço o choro duma criança, e tenho que encurtar minha oração, sendo

compreensivo, se não minha recitação de um versículo comprido poderia

perturbar a mãe do bebê" (Bukhari).

232. Jundub lbn Abdullah (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele

que oferece as orações da alvorada fica sob a proteção de Deus. Deveis, portanto,

manter-vos nessa condição, para que Deus não tenha que vos chamar para

prestardes contas. Se Deus chamar alguém para prestar contas, e achar que está

em falta, esse alguém será enviado diretamente para o Inferno." (Musslim)

233. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Um

muçulmano é irmão de outro muçulmano; nunca é injusto para com ele, nem o

entrega ao inimigo. Aquem acudir um irmão necessitado, Deus acudirá em sua

ajuda; e a quem aliviar a angústia de um muçulmano, Deus aliviará, por isso,

uma de suas angústias no Dia da Ressurreição; e a quem encobrir a falta de um

muçulmano, Deus encobrirá as suas faltas no Dia do Juízo." (Mutaffac alaih)

234. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Um

muçulmano é irmão de outro muçulmano. Ele não o trai, não lhe mente, nem

tampouco o humilha. Tudo o que pertence a um muçulmano, sua honra, sua

propriedade e seu sangue, é sagrado para outro muçulmano; e a piedade está

aqui (apontando ele para o coração). É deveras ruim alguém menosprezar seu

irmão muçulmano". (Tirmizi)

235. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Não

tenhais inveja, nem manipuleis os preços das coisas. Não vos odieis, nem vos

deis as costas. Não vos rivalizeis, prejudicando, uns, as vendas dos outros. Ó

servos de Deus, sede como irmãos! O muçulmano é irmão do muçulmano, não

é injusto para com ele, não o abandona à sua sorte, nem o menospreza,. Apiedade

se encontra aqui mesmo (demonstrou, indicando o peito três vezes); demasiada

maldade demonstraria uma pessoa que menosprezasse o seu irmão muçulmano!

Tudo o que possui um muçulmano é inviolável: seu sangue, seus bens, sua

honra." (Musslim)

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236. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Só será

crente aquele que desejar ao seu irmão o que deseja a si próprio." (Mutaffac

alaih)

237. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Presta apoio

ao teu irmão, mesmo que tenha sido o injusto, ou a vítima de uma injustiça!"

Um homem perguntou: "6 Mensageiro de Deus, prestar-lhe-ia meu apoio se

fosse vítima de injustiça; porém, que deveria fazer, caso fosse o injusto?"

Respondeu: "Impedindo-o que agisse com injustiça. Isto é o que significa prestarlhe

apoio." (Bukhári)

238. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O

muçulmano tem cinco deveres ante os demais muçulmanos: retribuir a saudação,

visitar o enfermo, acompanhar o séquito do funeral, aceitar o convite e rogar a

Deus pela pessoa que espirra." (Mutaffac alaih)

239. AI BarráIbn Ázeb (R) disse: "O Mensageiro de Deus (S) nos ordenou

acerca de sete deveres e nos proibiu outras sete questões. Ordenou-nos:

visitarmos o enfermo, seguirmos o séquito do funeral, rogarmos a Deus por

quem espirra, cumprirmos o juramento feito, prestarmos apoio ao oprimido,

aceitarmos um convite e retribuirmos a saudação. E nos proibiu: portarmos

anéis de ouro, bebermos em vasilhas de prata, usarmos coxins de seda vermelha

e nos vestirmos de seda e brocado." (Mutaffac alaih)

CAPÍTULO 28

A DISCRIÇÃO EM RELAÇÃO ÀS FALTAS DOS MUÇULMANOS, E

A PROIBIÇÃO DE AS TORNAR PÚBLICAS, SEM QUE HAJA

NECESSIDADE PREMENTE PARA ISSO

Deus, louvado seja, disse:

"Sabei que aqueles que se comprazem em que a obscenidade se

difunda entre os crentes, sofrerão um doloroso castigo, neste mundo e no

Outro; Deus sabe e vós ignorais" (Alcorão Sagrado, 24: 19).

240. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quanto àquele

que encobrir os defeitos de um servo de Deus, nesta vida, Ele lhe encobrirá os

defeitos no Dia do Juízo." (Musslim)

241. Abu Huraira (R) relatou que havia escutado o Mensageiro de Deus

(S) dizer: "Todos os membros da minha nação serão perdoados, menos aqueles

que tomarem públicos seus atos particulares. Um exemplo disso é quando alguém

pratica algum ato, à noite, e levanta, no dia seguinte para comentar com outra

pessoa, dizendo: -ó fulano, ontem fiz isto e aquilo' , ou seja, apesar de passar a

noite acobertado por Deus, revela, na manhã seguinte, o que Deus lho ocultou.",

(Mutaffac alaih)

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242. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando ficar

comprovado que uma escrava fornicou, que seja açoitada (o que prescreve a

lei), sem que seja repreendida; se fornicar pela segunda vez, que seja açoitada

(o que prescreve a lei), sem que seja repreendi<. 1.. Porém, se fornicar pela terceira

vez, então que seja vendida, ainpa que em.troca (e uma corda fibrosa." (Mutaffac

~~ ,

243. Abu Huraira (R) relatou: "Um home:n que havia bebido vinho foi

levado perante o Profeta (S), que disse: 'Batei ne.e!' Então alguns de nós lhe

batemos com as mãos, outros lhe bateram com as sandálias, e outros, com peças

de roupa. Ao terminarmos, alguém disse: 'Que Deus te humilhe!' Porém, o

Profeta (S) disse: 'Não digas isto! Não apóies Satanás contra ele! ," (Bukhári)

CAPÍTULO 29

o DEVER DE SE RESOLVER AS NECESSIDADES DOS

MUÇULMANOS

Deus, louvado seja, disse:

"••• praticai o bem, para que prospereis" (Alcorão Sagrado, 22:77).

244. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Um

muçulmano é irmão de outro muçulmano; nunca é injusto para com ele, nem o

entrega ao inimigo. A quem acudir um irmão necessitado, Deus acudirá em sua

ajuda; e a quem aliviar a angústia de um muçulmano, Deus aliviará, por isso,

uma de suas angústias no Dia da Ressurreição; e a quem encobrir a falta de um

muçulmano, Deus encobrirá as suas faltas no Dia do Juízo." (Mutaffac alaih)

245. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Àquele que aliviar,

de um crente, uma angústia, das angústias desta vida, Deus aliviará algumas

das angústias no Dia da Ressurreição; e àquele que resolver a dificuldade de

um necessitado, Deus resolverá as dificuldades, tanto nesta, como na Outra

Vida; e à pessoa que for discreta para com as faltas de um muçulmano, Deus

será discreto com as faltas dela, nesta e na Outra, e Deus estará ajudando o

servo enquanto este estiver ajudando o seu irmão; e àquele que empreender um

caminho na busca do conhecimento, Deus facilitará, por isso, um caminho para

o Paraíso. Sempre que se reunir um grupo de indivíduos para recitar e estudar o

Livro de Deus, fazendo-o em uma das Casas do Senhor, o sossego descerá

sobre eles, e a misericórdia de Deus (louvado seja) os cobrirá; os anjos os

rodearão, e serão mencionados por Deus, ante aqueles que se encontram na

Sua presença. Aquele cujas obras tenham sido rebaixadas não será dignificado,

por sua linhagem." (Musslim)

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r

CAPÍTULO 30

A INTERCESSÃO

Deus, louvado seja, disse:

"Quem interceder em favor de uma causa nobre participará dela"

(Alcorão Sagrado, 4:85).

246. Abu Mussa ai Ach'arí (R) relatou que quando uma pessoa ia ter

com o Profeta (S), pedindo-lhe que lhe resolvecse alguma questão, ele se

inclinava para os Companheiros presentes e lhes c.z.a: "Intercedei, e sereis

recompensados por Deus, Que decidirá o que desejar, pela boca do SeúProfeta."

(Mutaffac alaih)

247. Ibn Abbas (R) contou acerca da disputa de Barira com seu marido,

ao quê o Profeta (S) disse a ela: "Que te parece voltares para ele?" Ela respondeu:

-ó Mensageiro de Deus, acaso mo estás ordenando?" Disse ele: "Não, mas

estou intercedendo por ele." E ela disse: "Pois eu não tenho interesse por ele!"

(Bukhári)

CAPÍTULO 31

A RECONCILIAÇÃO DAS PESSOAS

Deus, louvado seja, disse:

"Não há utilidade alguma na maioria de seus colóquios" (Alcorão

Sagrado, 4:114).

E, louvado seja, disse também:

" ...a concórdia é o melhor" (Alcorão Sagrado, 4: 128).

E, louvado seja, disse ainda:

"Temei a Deus, e resolvei fraternalmente as vossas querelas" (Alcorão

Sagrado, 8:1).

E, louvado seja, disse mais:

"Sabei que os crentes são irmãos; reconciliai, pois, entre vossos

irmãos" (Alcorão Sagrado, 49:10).

248. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Em

qualquer dia da vida, as falanges (articulações) do ser humano devem oferecer

uma caridade. Para isso, o estabelecer ajustiça entre duas pessoas é uma caridade;

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ajudar um homem a subir em sua montaria e ajudá-lo com a carga da mesma é

também uma caridade; a boa palavra é uma caridade; e cada passo que der em

direção à oração é uma caridade; e retirar do caminho um obstáculo é também

uma caridade." (Mutaffac alaih)

249. Ummu Kulçum Bint Ucba (R) relatou que ouviu o Profeta (S) dizer:

"Não é mentiroso aquele que inventa ou aumenta as coisas para promover o

bem." (Mutaffac alaih)

250. Aicha (R) relatou que numa ocasião o Mensageiro de Deus (S)

ouviu dois homens que discutiam em voz alta, do lado de fora da sua casa. Um

deles estava pedindo, com amabilidade, para que o outro lhe reduzisse uma

dívida, e que tivesse piedade; mas o outro se negava, dizendo: "Por Deus, que

não o farei!" Foi então que o Mensageiro de Deus foi ao encontro deles dizendo:

"Quem é esse que está jurando por Deus e se negando a prestar um ato de

bondade?" Disse um deles: "Sou eu, ó Profeta de Deus! Ele terá o que desejar."

(Mutaffac alaih)

251. Sah1 Ibn Saad (R) contou que o Mensageiro de Deus (S) foi

informado acerca das graves disputas entre os membros da tribo Amr Ibn Auf,

e, por isso, acorreu, juntamente com alguns de seus companheiros, a reconciliálos.

Aí, foi convidado a comer. Nesse ínterim, chegou a hora da oração, e Bilal

se acercou de Abu Bala (R), dizendo-lhe: -o Abu Bakr, o Mensageiro de Deus

(S) foi convidado a comer, e já é hora da oração; gostarias de encabeçar as

pessoas na oração?" Abu Bakrrespondeu: "Sim, se é isso o que desejas]?" Bilal

anunciou o começo da oração (Icáma) eAbu Bakr, adiantando-se até à primeira

fileira, proclamou: "Alahu Acbar!", iniciando a oração com os demais. Um

pouco mais tarde, chegou o Mensageiro de Deus (S), atravessando as fileiras,

até chegar à primeira. As pessoas começaram a bater palmas para chamarem a

atenção de Abu Bakr acerca da presença do Profeta (S). Porém, como Abu Bakr

não costumava, durante a oração, olhar aqui e ali, não se apercebeu daquilo, até

que o pessoal continuou insistindo em seus aplausos. Voltando a cabeça, Abu

Bakr viu o Mensageiro de Deus (S), que lhe indicou com a mão que prosseguisse

com a oração; porém, Abu Bala levantou a mão, deu graças a Deus, e se retirou

até chegar àfileira. Por isso, o Mensageiro de Deus (S) se adiantou e encabeçou

a oração. Quando a finalizou, deu uma volta em tomo do pessoal, e disse: -ó

gente, que se passou, que quando aconteceu algo durante a oração começastes a

aplaudir? Sabei que as mulheres é que aplaudem (na oração). Se a uma pessoa

ocorre algo durante a oração, deverá dizer: 'subhânal-lah' (Glorificado seja

Deus), e, desse modo, poderá chamar a atenção de toda gente ... e tu, ó Abu

Bakr, por que não continuaste encabeçando a oração quando to indiquei?" Abu

Bakr respondeu: "O filho de Abu Cuhafa (Abu Bakr) não deve encabeçar a

oração na presença do Mensageiro de Deus." (Mutaffac alaih)

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CAPÍTULO 32

o MÉRITO DOS MUÇULMANOS FRACOS, POBRES E OPRIMIDOS

Deus, louvado seja, disse:

"Sê paciente, juntamente com aqueles que de manhã e à noite

invocam a seu Senhor, anelando o Seu Rosto. Não os negligencies" (Alcorão

Sagrado, 18: 28).

252. Háriça Ibn Wahbrelatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:

"Quereis que vos diga quem serão os habitantes do Paraíso? Serão todos os

indivíduos que são considerados fracos e desprezados, os quais, se fazem um

juramento de fidelidade a Deus, jamais o quebram. Agora, quereis que vos diga

quais serão os indivíduos destinados ao Inferno? Serão aqueles que são

ignorantes, impertinentes, orgulhosos e arrogantes." (Mutaffac alaih)

253. Abul Abbas Sahl Ibn Saad al Sáidi (R) relatou que um indivíduo

passou perto do Profeta (S). Este perguntou para os seus companheiros, que se

sentavam com ele: "Que achais desse homem que acaba de passar por este

caminho?" Os Companheiros disseram: "É um dos homens mais gentis e, por

Deus, se ele propusesse casamento a qualquer mulher, sua proposta seria aceita,

e se ele recomendasse algo, sua recomendação provaria ser eficiente." O Profeta

(S) manteve silêncio. Então outro homem passou, e ele perguntou: "Qual é a

vossa opinião sobre esse homem?" Um dos Companheiros respondeu: -ó

Profeta, ele pertence à classe do muçulmanos pobres; se pensar em casamento,

sua proposta não será aceita; se interceder em favor de alguém, sua intercessão

será rejeitada, e se se puser a falar, ninguém o irá ouvir!" O Profeta (S) disse:

"Esse homem é a melhor de todas as pessoas do mundo, melhor do que aquela

a quem acabastes de louvar" (Mutaffac alaih)

254. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Em dada

ocasião, o Paraíso e o Inferno disputam entre si. Diz o Inferno: 'Tenho comigo

os tiranos e os arrogantes!' E diz o Paraíso: 'Eu tenho comigo os débeis e os

modestos!' Porém Deus resolve a disputa, dizendo: 'Tu, Paraíso, és a Minha

misericórdia e to concedo a quem Eu quiser; e tu, Inferno, és o meu castigo.

Contigo farei sofrer a quem Eu desejar. E a ambos abarrotarei.''' (Musslim)

255. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Um homem gordo

e de grande porte irá aparecer perante Deus, no Dia do Julgamento; mas o seu

porte, às vistas do Senhor, não será mais do que o da asa de um mosquito."

(Mutaffac alaih)

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256. Abu Huraira (R) reporta que uma mulher de pele escura (talvez

uma jovem - o relator não se definiu) costumava tomar conta de uma mesquita.

Um dia o Mensageiro de Deus (S) não a viu cuidando da mesquita, e perguntou

sobre ela, e foi informado de que ela havia morrido. Então o Profeta (S) disse

que ele não foi informado do fato porque os Companheiros não acharam

importante o assunto. Depois ele pediu a eles que lhe mostrassem o túmulo da

falecida. Ao ser-lhe mostrado o túmulo, ele orou sobre a tumba, e disse: "Estes

sepulcros estão cheios de trevas para as pessoas que os ocupam, mas Deus os

ilumina para elas, como resultado das minhas orações." (Mutaffac alaih)

257. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Há

muitos indivíduos que aparentam estar muito peturbados, com cabelos eriçados

e rostos cavernosos, sendo desdenhosamente escurraçados das portas das

pessoas; todavia, se dissessem (pedindo algo) em nome de Deus, seu pedido

seria satisfeito" (Musslim).

258. Ussama (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Estive na porta do

Paraíso, e observei que a maioria das pessoas que lá entraram era de entre os

pobres, ficando os ricos retidos do lado de fora, pois os que tinham o Inferno

por destino,já para lá haviam sido conduzidos. Depois estive na porta do Inferno,

e observei que a maioria das pessoas que lá entravam era de entre as mulheres."

(Mutaffac alaih)

259. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse que só três pessoas

falaram, ainda no berço. Um foi o filho de Maria (Jesus Cristo); o outro foi o

suposto filho de Juraij, que foi um homem piedoso e construiu um mosteiro no

qual levou uma vida de retiro dedicada à adoração. Um dia quando ele estava

absorto em suas orações, a mãe dele veio e o chamou. Ele, então, fez uma prece

em silêncio: Pensou: "Senhor, minha mãe ou minhas orações (isto é, iluminame

quanto a quem devo preferir)", e continuou as suas orações; a mãe foi embora.

No dia seguinte a mãe apareceu novamente e o chamou: -o Juraij", e ele suplicou

novamente: "Senhor, minha mãe ou minhas orações?" e continuou com suas

orações. A mãe retornou no terceiro dia e chamou o seu filho: -o Juraij". Ele

novamente suplicou a Deus: -o meu Sustentador, minha mãe ou minhas

orações?" e continuou ocupado com suas orações. A mãe disse: -ó Deus, que

ele não morra sem antes ver os rostos das mulheres levianas!" Então, Juraij,

com sua devoção, tomou-se famoso entre os israelitas. Havia entre eles também

uma mulher leviana cuja beleza era exemplar. Ela disse: "Se quiserdes, posso

envolver Juraij num escândalo." A partir de então ela tentou seduzi-lo, mas

Juraij não lhe deu nenhuma atenção. Ela, então, se aproximou de um pastor que

vivia perto do mosteiro de Juraij e se entregou a ele, e ficou grávida dele. Quando

a sua criança nasceu, ela declarou que era filho de Juraij. Os israelitas foram ter

com ele, aviltaram-no e derrubaram o seu lugar de retiro, e começaram a agredilo.

Juraij perguntou a razão de tudo aquilo. Eles disseram: "Cometeste adultério

com esta leviana e ela deu à luz uma criança!" Ele perguntou: "Onde está a

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criança?" Eles a trouxeram. Ele disse: "Deixai-me sozinho que quero orar". Ele

então orou e quando terminou foi ter com a criança recém-nascida, cutucou-a

na barriga, e lhe perguntou: "Quem é o teu pai?" A criança, na presença de

todos, respondeu: "Fulano de Tal, o pastor." Os israelitas, então voltaram para

Juraij, beijando-o, pediram bênçãos a ele, e disseram: "Iremos construir um

mosteiro de ouro." Juraij disse: "Podem construí-lo de barro, como era." E eles

assim o fizeram.

O terceiro caso foi o de uma criança que estava mamando no peito da

mãe. Nessa hora um homem passou cavalgando um veloz e belo cavalo. O

cavaleiro vestia trajes finos. A mãe suplicou: -oDeus, faze com que meu filho

seja igual a esse homem!" A criança deixou o peito da mãe e, virando o rosto

para o homem, disse: -ó Deus não me faças igual a esse homem!" Então, voltouse

para o peito da mãe e recomeçou a mamar. Então, algumas pessoas e uma

criada passaram por eles. As pessoas estavam batendo na criada, e dizendo:

'Cometeste adultério e roubaste' .Em resposta ao que ela estava sofrendo, apenas

dizia: "Deus é suficiente para mim, pois Ele é um Excelente Guardião." A mãe

suplicou: -ó Deus, não faças minha criança ter a sina dessa mulher!"A criança,

ouvindo isso, parou de mamar, olhou para a jovem, e disse: -oDeus, faze-me

como ela!" Então, um diálogo começou entre mãe e filho. Ela disse: "Uma

pessoa simpática passou e eu supliquei para que Deus te fizesse igual a ele;

desejaste o contrário. Então passaram umas pessoas com a criada, e estavam

batendo nela e dizendo: 'Cometeste adultério e roubaste'. Pedi a Deus para não

te fazer igual a ela, porém, desejaste o contrário. Por que fizeste isso?" O menino

respondeu: "O homem era um indivíduo cruel e eu não desejei ser igual a ele.

Quanto à criada, ela foi acusada de adultério, mas na realidade não o cometeu.

Foi acusada de roubo, mas ela não roubou. Por isso pedi a Deus para fazer-me

igual a ela." (Mutaffac alaih)

CAPÍTULO 33

AAMABILIDADE PARA COM OS ÓRFÃOS,AS MENINAS E

OS DEMAIS SERES DÉBEIS E POBRES. A BONDADE E A

MODÉSTIA PARA COM TODOS ELES

Deus, louvado seja, disse:

"...e abaixa as asas gentilmente para os crentes" (Alcorão Sagrado,

15: 88).

E, louvado seja, disse também:

"Sê paciente, juntamente com aqueles que de manhã e à noite

invocam a seu Senhor, anelando o Seu Rosto. Não negligencies os crentes,

desejando o encanto da vida terrena" (Alcorão Sagrado, 18: 28).

E, louvado seja, disse ainda:

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"Portanto, ao órfão não maltrates, nem tampouco repulses o

mendigo" (Alcorão Sagrado, 93:9-10).

E, louvado seja, disse mais:

"Tens reparado em quem desmente a religião? Em quem repele o

órfão, e não estimula (os demais) a alimentar os necessitados?" (Alcorão

Sagrado, 107:1-3).

260. Saad Ibn Abi Waqas (R) contou: "Certa ocasião, estive, juntamente

com outros cinco homens, em companhia do Profeta (S), quando uns politeístas

se aproximaram do Mensageiro de Deus, e lhe disseram: 'Se queres expor-nos

tua religião, então faze com que esses (que éramos nós) não se excedam conosco!'

Éramos: eu, Ibn Mass'ud, um homem da tribo Huzail, Bilal e outros dois de

quem não me lembro os nomes. Pareceu-nos que algo calou no espírito do

Mensageiro de Deus (S), pois esteve pensando. Foi aí que Deus, louvado seja,

revelou: "Não rechaces aqueles que de manhã e à tarde invocam a seu

Senhor, desejosos de contemplar Seu rosto. Não te incumbe julgá-los, assim

como não lhes compete julgar-te; se os rechaçares, contar-te-ás entre os

iníquos." (6:5 2). (Mutaffac alaih)

261. Áiz IbnArnr aIMuzani (R) narrou que, em certa ocasião, Abu Sufian

passou perto de Salman, Suhaib e Bilal, e de outros amigos seus; disseram-lhe:

"As espadas de Deus não conseguiram ainda fazer o que deviam com os Seus

inimigos!" Porém, Abu Bakr disse: "Como dizeis tal coisa para o ancião, líder

dos coraixitas!?" Ato contínuo, Abu Bakr foi ver o Profeta (S), e lhe contou o

sucedido. Então o Mensageiro de Deus (S) lhe disse: -ó Abu Bakr, não os

terias aborrecido? Se assim foi, terás aborrecido a Deus." Abu Bakr regressou

para onde se encontravam, e disse: -ó irmãos, temo haver-vos aborrecido."

Mas eles responderam: "Não, que Deus te perdoe irmão!" (Musslim)

262. Sahl Ibn Saad (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Eu

e o tutor do órfão estaremos juntos, tal como se encontram estes", e juntou o

indicador e o dedo médio. (Bukhári)

263. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Eu e

aquele que cuidar de um órfão, seja parente ou um estranho, seremos como

estes dois, no Paraíso" - e o narrador, Anas IbnMálik, juntou os dedos indicador

e médio para ilustrar o dito. (Musslim)

264. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Um indivíduo

necessitado e pobre não é aquele que pode ser mandado de volta com uma ou

duas tâmaras ou uma ou duas fatias; uma pessoa realmente pobre é aquela que,

apesar da sua pobreza, abstém-se de pedir." (Mutaffac alaih)

Outra versão desses dois narradores é a seguinte: "Um indivíduo pobre

não é aquele que sai por aí pedindo, e pode ser despachado com uma ou duas

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fatias. com umaou duas tâmaras. Overdadeiro pobreé aquele que nãoacumula

o suficiente para se manter, e não revela a sua pobreza, tanto que dá esmolas, e

não se sujeita a pedir."

265. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele que se

esforça a favor da viuva ou do necessitado é igual ao combatente pela causa de

Deus." O relator acha que O Profeta (S) também disse: " ... é como quem pratica

a oração sem nunca se cansar; é como o jejuador que nunca quebra o jejum."

(Mutaffac alaih)

266. Abu Huraira (R) relatou que O Profeta (S) disse: "A pior comida é

aquela servida por ocasião do walima (jantar após ao matrimônio), ao qual é

negada a presença de pessoas que gostariam de comparecer, para o qual são

convidadas pessoas que não gostariam de comparecer; e aquele que declina um

convite desobedece a Deus e ao Seu Mensageiro." (Musslim)

Outra versão de Bukhari e Musslim diz: "A pior comida é aquela servida

por ocasião de festa à qual se convida os ricos, e os pobres são excluídos."

267. Anas (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele que cuidar de

duas meninas, até que tenham alcançado sua maioridade, encontrar-se-á comigo

no Dia do Juízo, tal como se encontram estes dois" (e juntou dois dos dedos da

sua mão). (Musslim)

268. Aicha (R) relatou: "Certa ocasião, veio ver-me uma mulher pobre,

acompanhada de suas duas filhas. Ofereci-lhe três tâmaras. De sorte que deu a

cada uma delas uma tâmara; porém, quando a mulher estava a ponto de levar a

última fruta à boca, suas filhas lha pediram, e ela partiu-a ao meio e lhas deu.

Admirei o seu gesto, e contei aquilo ao Mensageiro de Deus (S), que disse:

'Deus lhe concederá, por isso. o Paraíso, ou a libertará do Infemo.'" (Mutaffac

alaih)

269. Aicha (R) relatou: "Uma mulher pobre veio a mim com suas duas

filhas. Dei-lhe três tâmaras, ela deu uma a cada uma das meninas, e queria

comer a terceira. As duas garotas pediram também aquela; a mulher dividiu-a

em duas metades e deu cada metade a cada uma das meninas. Eu fiquei muito

impressionada com a ação dela. e mencionei aquilo ao Profeta (S). Ele disse:

'Deus ordenou o Paraíso para ela por causa da sua ação!' ou 'Deus livrou-a do

Inferno por causa do seu gesto" (Musslim).

270. Khuailed Ibn al Khuzai (R) relatou que O Profeta (S) disse: "Senhor

meu, denuncio como pecador a quem violar os direitos destes débeis: o órfão e

a mulher." (Nassá'i)

271. Mussab Ibn Sad Ibn Abi Waqas relatou: "O Saad possuía uma noção

de que tinha superioridade sobre aqueles que não estavam tão bem de vida

quanto ele. OProfeta (S) disse: 'Tu és ajudado e provido para o bem dos fracos'"

(Bukhari).

272. Abu aI Dardá Oeimer (R) contou que escutara o Mensageiro de

Deus (S) quando dizia: "Ajudai-me a buscar os débeis e os pobres, pois Deus

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vos concederá o-respaldo-e o sustento, mais que tudo, para os débeis e para os

pobres." (Abu Daúd)

CAPÍTULO 34

o DEVER DE SE TRATAR AS MULHERES COM BONDADE

Deus.Iouvado seja, disse:

"Harmonizai-vos com elas" (Alcorão Sagrado, 4:19).

E disse:

"Não podereis ser eqüitativos com vossas esposas, ainda que nisso

vos empenheis. Por essa razão, não vos inclineis preferencialmente a uma

delas, deixando a outra como se estivesse abandonada; porém, se vos

emendardes e temerdes a Deus, sabei que Ele é Indulgente,

Misericordiosissimo" (Alcorão Sagrado, 4: 129).

273.Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Tratai

bondosamente as mulheres. A mulher foi criada de uma costela, e a parte mais

curva da costela é a sua parte superior. Se quiserdes endireitá-la, ireis quebrála;

se a deixardes como ela é, ficará curva. Portanto, tratai bondosamente as

mulheres." (Mutaffac alaih)

274. Abdullah Ibn Zam'a (R) relatou que ouviu o Profeta (S) proferir

um discurso, no decorrer do qual mencionou o caso da camela (do profeta Saleh)

e da pessoa que a matou. Naquele sermão, ele disse: "E o mais perverso deles

se incumbiu... (Ale. 91:12)" Isso quer dizer que o chefe mais poderoso da tribo

de Samud foi para a frente e cortou os pés da camela. Depois ele apresentou um

conselho sobre as mulheres, e disse: "Alguns de vós espancam suas mlheres,

tratam-nas como escravas e, no fim do dia, coabitam com elas!" Então ele

admoestou a audiência quanto a rirem de alguém que solta gases, dizendo: "Por

que rides de uma pessoa que faz a mesma coisa que vós outros fazeis?" (Mutaffac

alaih)

275. Abu Huraira (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Que

nenhum crente guarde rancor de uma crente (sua esposa), pois se algo do caráter

dela o aborrecer, será comprazido no resto do mesmo." (Musslim)

276. Arnru Ibn al Ahwass (R) relatou que ouviu o Profeta (S), na

Peregrinação de Despedida, dizer, depois de ter louvado e glorificado a Deus:

"Tratai as mulheres com bondade. Elas são como prisioneiras em vossas mãos.

Além disso, não possuís nada delas. Se cometerem algum mau comportamento,

deveis afastá-las de vossos leitos e castigá-las; porém, sem infringir-lhes uma

punição severa. Se vos obedecerem, não recorrais a nada mais contra elas. Sabei

que tendes direitos sobre as vossas mulheres e elas têm direitos sobre vós. Os

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vossos direitos é exigirdes que não vos traiam, nem permitam que entre em

vossas casas quem não desejais, e os seus direitos sobre vós é que deveis tratálas

bem, alimentando-as e vestindo-as." (Tirmizi)

277. Muáwiya Ibn Haida (R) relatou que solicitou ao Mensageiro de

Deus (S) que o instruísse quanto ao direito da esposa sobre o marido. Ele disse:

"Deves alimentá-la do mesmo que tu te alimentas. Deves vesti-la do mesmo

que tu vestes. Não deves bater-lhe na face. Não deves aborrecê-la ou amaldiçoála.

Não deves separar-te dela a não ser nos limites da casa." (Abu Daúd)

278. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O

crente mais íntegro é aquele que demonstra melhor caráter e tem melhor

moralidade. E o melhor dentre vós é aquele que melhor trata a sua mulher."

(Tirmizi)

279. Iyas Ibn Abdullah Ibn Abu Zubab (R) relatou que o Mensageiro de

Deus (S) disse: "Não surreis as servas de Deus (as esposas)!" Tempos mais

tarde, Ômar (R) foi ter com o Mensageiro de Deus (S), e disse: "As mulheres

estão-se excedendo no trato com seus maridos l" Por isso, o Profeta autorizou

baterem, com restrição, nas mulheres. Muitas mulheres protestaram pelo trato

recebido de seus maridos, queixando-se junto às esposas do Mensageiro de

Deus, o qual, ao saber disso, disse: "Muitas mulheres têm protestado junto às

esposas de Moharnrnad quanto ao trato recebido de seus maridos. Esses maridos,

sem dúvida alguma, não são boas pessoas!" (Abu Daúd)

280. Abdullah Ibn Arnr Ibn al 'Ás (R) relatou que o Mensageiro de Deus

(S) disse: "A vida é uma sucessão de coisas proveitosas, e o melhor da vida é

uma mulher virtuosa." (Musslim)

CAPÍTULO 35

OS DIREITOS DO MARIDO SOBRE A ESPOSA

Deus, louvado seja, disse:

"Os homens são os protetores das mulheres, porque Deus preferiu

uns a outros pelo que gastam de seu pecúlio" (Alcorão Sagrado, 4:34).

281. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Quando o marido chama a esposa para a cama e ela se recusa, e ele passa a

noite zangado com ela; os anjos continuarão a amaldiçoá-la até chegar a manhã."

(Mutaffac alaih)

282. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A

mulher não deve praticar o jejum voluntário quando seu marido está presente

em casa, a não ser com a permissão dele. Ela também não deve deixar ninguém

entrar em sua casa sem a permissão dele." (Mutaffac alaih)

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283. Ibn Ômar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Cada um de vós é

um pastor, e cada um de vós lé responsável por aqueles que se encontram a seu

cargo. Assim como o governador é um pastor, o homem, em sua casa, também

é um pastor, e a mulher é uma pastora quanto à sua casa, seu marido e seus

filhos. Portanto, cada um de vós é um pastor, e responsável por aqueles que se

encontram a seu cargo." (Mutaffac alaih)

284. Talk Ibn Áli (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Quando um homem convida sua mulher ao leito conjugal, ela deve obedecer,

ainda que esteja ocupada assando pão no forno." (Tirmizi e Nassa'i)

285. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se

fosse permitido a alguém prostrar-se perante outra pessoa, eu teria ordenado à

mulher prostrar-se para o marido." (Tirmizi)

286. Ummu Salama (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Se uma mulher

morrer enquanto o seu marido está contente com ela, essa entrará no Paraíso."

(Tirmizi)

287. Muaz Ibn Jabal (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Sempre que

uma mulher causar aborrecimento ao seu marido, neste mundo, e o torturar, a

companheira dele, entre as huris do Paraíso, dirá a ela: 'Que Deus te arruíne!

não causes aborrecimento ao teu marido, porque ele é apenas o teu convidado,

e logo te deixará para se juntar a-nós no Paraíso'" (Tirmizi)

288. Ussama Ibn Zaid (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Não estou

deixando uma intriga mais danosa para os homens do que as mulheres."

(Mutaffac alaih).

CAPÍTULO 36

o ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES E AOS GASTOS

FAMILIARES

Deus, louvado seja, disse:

"Devendo (o pai) mantê-Ias e vestí-las decentemente" (Alcorão

Sagrado, 2:233).

E, louvado seja, disse também:

"Que o abastado retribua isso segundo suas posses; quanto àquele,

cujos recursos forem parcos, que retribua com o que Deus lhe agraciou.

Deus não impõe a ninguém obrigação superior à que lhe tem concedido"

(Alcorão Sagrado, 65:7).

E, louvado seja, disse ainda:

"Tudo quanto distribuirdes em caridade Ele vo-lo restituirá" (Alcorão

Sagrado, 34:39).

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289. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Entre

o dinheiro gasto na causa de Deus, ou gasto na libertação de um escravo, ou

gasto em caridade e o gasto com a família, a recompensa maior será pelo gasto

com a família." (Musslim)

290. Abu Abdullah, também denominado de Abu Abdul Rahman Sauban

Ibn Bujdud, escravo liberto do Profeta (S), relatou que o Mensageiro de Deus

(S) disse: "O melhor dinheiro que o indivíduo gasta é o dinheiro gasto com a

família, o dinheiro gasto com sua montaria pela causa de Deus, e o dinheiro

gasto com os amigos, pela causa de Deus." (Musslim)

291. Ummu Salama (R) narrou que havia perguntado: -oMensageiro

de Deus, acaso teria a recompensa de Deus se cobrisse os gastos dos filhos do

meu primeiro marido, Abu Salama, sem que os abandonasse na sua busca do

sustento? É que são também meus filhos!" Disse ele: 'Desde já tens a recompensa

por tudo o quanto gastas com eles!" (Mutaffac alaih)

292. Saad Ibn Abu Waqas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) lhe

disse: "Sempre que fizeres algum gasto, buscando a complacência de Deus,

serás recompensado; incluídos estão os alimentos que levas à boca da tua

mulher." (Mutaffac alaih)

293. Ibn Mass'ud Al Badri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando

alguém gasta com a sua família, almejando uma recompensa, isso é-lhe contado

como caridade." (Mutaffac alaih)

294. Abdullah Ibn Amr Ibn al 'Ás (R) contou que o Mensageiro de Deus

(S) disse: "Quereis maior pecado cometido por um homem do que quando

esbanja o que seria o sustento daqueles que se encontram sob seus cuidados?"

(Abu Daúd e outros)

295. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Pela madrugada,

todos os dias, dois anjos descem à terra, e um deles diz: 'Senhor meu, compensa

a quem gasta de seus bens!' enquanto o outro anjo diz: 'Senhor meu, destrói os

bens de quem se nega a gastá-los. '" (Mutaffac alaih)

296. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A

mão superior (a que dá) é preferível à inferior (a que recebe. Deves começar a

tua generosidade com os teus dependentes. A melhor espécie de caridade é a

tirada do excedente. Aquele que desejar tornar-se virtuoso, Deus assim o fará; e

aquele que desejar a abundância, Deus lha dará." (Bukhári)

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CAPÍTULO 37

o ATENDIMENTO AOS GASTOS, OFERECENDO MELHORES

BENEFÍCIOS

Deus, louvado seja, disse:

"Jamais alcançareis a virtude, a menos que façais caridade com o

que mais apreciardes." (3:92).

E, louvado seja, disse também:

-ó crentes, contribuí com o que de melhor haveis adquirido, assim

como o que vos temos feito brotar da terra, e não escolhais o pior para

fazerdes caridade." (2:267).

297. Anas (R) relatou que Abu Tal-ha era o maior proprietário de

tamareiras entre os Ansar de Madina, e o mais querido para ele, de todos os

seus pomares, era um chamado Bairahá, que se encontrava defronte à Mesquita

do Profeta (S), o qual lá entrava para beber das suas doces águas. Quando foi

revelado o seguinte versículo: "Jamais alcançareis a virtude, até que façais

caridade com aquilo que mais apreciardes" (3:92), Abu Ta-ha disse ao

Mensageiro de Deus (S): -ó Mensageiro de Deus, tu disseste: 'Jamais alcançareis

a virtude, até que façais caridade com aquilo que mais apreciardes'. Pois bem,

eu não tenho nada mais querido, dentre minhas propriedades, do que o pomar

de Bairahá. Portanto, quisera entregá-lo como caridade pela causa de Deus,

cuja recompensa espero apenas d'Ele. ó Mensageiro de Deus, faze o que quiseres

com ele." Então o Mensageiro de Deus (S) disse: "Bem, muito bem! Estou

certo de que é uma propriedade rentável para ti; é uma propriedade rentável

para ti. Já ouvi o que disseste, e creio que deveria ser distribuído entre os teus

familiares mais achegados." Abu Ta-ha disse: "Assim o farei, ó Mensageiro de

Deus." E eis que distribuíu o pomar entre seus familiares e primos. (Mutaffac

alaih)

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CAPÍTULO 38

o DEVER DA PESSOA DE ORDENAR AOS MEMBROS DA SUA

FAMÍLIA E ÀQUELES QUE SE ENCONTRAM AO SEU ENCARGO A

QUE OBEDEÇAM A DEUS - LOUVADO SEJA -, BEM COMO OS

EDUCAR, E IMPEDIR QUE COMETAM ATOS ILÍCITOS

Deus, louvado seja, disse:

"E recomenda aos teus a oração, e sê constante, tu também" (Alcorão

Sagrado, 20:132).

Deus, louvado seja, disse também:

-ocrentes, precavei-vos, juntamente com vossas famílias, do Fogo"

(Alcorão Sagrado, 66:6).

298. Abu Huraira (R) relatou que AI Hassan Ibn Áli, quando menino,

pegou uma tâmara das que foram oferecidas por alguém como caridade, e a

levou à boca. O Mensageiro de Deus (S) disse: "Tira-a já da boca! Não sabes

que nós (familiares do Profeta) não comemos nada que tenha sido oferecido em

caridade?" (Mutaffac alaih)

299. Abi Hafs Ômar Ibn Abi Salama Abdullah Ibn Abdul Assad, que é

filho de Ummu Salama (R), a esposa do Profeta (S) - do seu marido anterior relatou:

"Quando eu era uma criança, sob a tutela do Profeta (5), costumava

passar a mão por dentro da tigela, ao comer. Ele disse para mim: -o guri,

pronuncia o nome de Deus, o Todo-Poderoso, e come com a tua mão direita, e

do que está na tua frente!' Então essa se tornou a minha prática ao comer, desde

então" (Mutaffac alaih) .

300. Ibn Ômar (R) relatou que o Profeta (5) disse: "Cada um de vós é

um pastor, e cada um de vós tem responsabilidades para com os que estão ao

seu encargo. O líder é um pastor, e tem responsabilidade para com o seu povo;

o homem é um pastor, em sua família, e tem responsabilidade para com ela; a

mulher é uma pastora, na casa de seu marido, e tem responsabilidades para com

a sua família; e o servente é um pasor, na propriedade do seu patrão, e tem

responsabilidade para com ela. De sorte que cada um de vós é um pastor, e tem

responsabilidades para com o que esteja a seu encargo." (Mutaffac alaih)

301. Amar Ibn Xuaib (R) relatou, baseado em seu pai, e este no seu, que

o Profeta (S) disse: "Ordenai vossos filhos a praticarem a oração aos sete anos

de idade; castigai-os, se não a cumprirem, aos dez anos, e que durmam em

camas separadas." (Abu Daúd)

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302. Sabrat Ibn Ma'bad al Juhani (R) relatou que o Mensageiro de Deus

(S) disse: "Ensinai a oração ao menino de sete anos, e castigai-o, aos dez anos,

se não a cumprir." (Abu Daúd e Tirmizi)

CAPÍTULO 39

OS DIREITOS DO VIZINHO E A RECOMENDAÇÃO QUANTO A

ELE

Deus, louvado seja, disse:

"Adorai a Deus e não Lhe atribuais parceiros. Tratai com

benevolência vossos pais e parentes, os órfãos, os necessitados, o vizinho

próximo, o vizinho estranho, o companheiro, o viajante e os vossos servos"

(Alcorão Sagrado, 4:36).

303. Ibn Ômar e Aicha (R) relataram que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "O Arcanjo Gabriel insistiu tanto acerca do bom-trato para com o vizinho,

que cheguei a pensar que o incluiria como um dos herdeiros." (Mutaffac alaih)

304. Abu Zar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: -o Abu

Zar, quando estiveres fazendo sopa, acrescenta um pouco mais de água nela, e

verifica se o teu vizinho necessita de um pouco." (Musslim)

305. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Por Deus, nunca

chegará a ser um verdadeiro crente", repetindo a frase por três vezes. Foi-lhe

perguntado: -ó Mensageiro de Deus, quem é esse?" Disse: "É aquele cujo

vizinho não se encontra a salvo das suas más ações." (Mutaffac alaih)

306. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: -ó

muçulmanos, que nenhuma mulher menospreze o regalo que é oferecido à

vizinha, ainda que seja o casco de uma ovelha." (Mutaffac alaih)

307. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Que

ninguém impeça que seu vizinho introduza uma viga de madeira em sua parede!"

Abu Huraira acrescentou: "Por que não cumpris essa ordem? Por Deus, eu a

joguei sobre os vossos ombros." (Mutaffac alaih)

308. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Aquele que crê em Deus e no Dia do Juízo Final não deve causar nenhuma

inconveniência ao seu vizinho; aquele que crê em Deus e no Dia do Juízo Final

deve respeitar o hospede; aquele que crê em Deus e no Dia do Juízo Final deve

falar bem, ou se calar." (Mutaffac alaih)

309.Abu Churaih al Khuzai (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele

que acredita em Deus e no Último Dia deverá tratar seus vizinhos com bondade;

aquele que crê em Deus e no Dia do Julgamento deverá honrar seu hóspede; e

aquele que acredita em Deus e no Último Dia deverá falar bem (dos outros) ou

ficar calado" (Musslim)

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310. Aicha (R) relatou que perguntou: -ó Mensageiro de Deus, tenho

duas vizinhas; a qual delas deveria eu fazer um regalo primeiro?" Disse: "Àquela

cuja porta estiver mais próxima à tua." (Bukhári)

311.Abdullah Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"O melhor dos amigos, aos olhos de Deus, é quem for melhor para o amigo. O

melhor dos vizinhos, perante Deus, é quem convive melhor com o vizinho."

(Tirrnizi)

CAPÍTULO 40

A BENEVOLÊNCIA PARA COM OS PAIS E O FORTALECIMENTO

DOS LAÇOS FAMILIARES

Deus, louvado seja, disse:

"Adorai a Deus e não Lhe atribuais parceiros. Tratai com

benevolência vossos pais e parentes, os órfãos, os necessitados, o vizinho

próximo, o vizinho estranho, o companheiro, o viajante e os vossos servos"

(Alcorão Sagrado, 4:36).

E, louvado seja, disse também:

"Temei a Deus em nome do Qual exigis os vossos direitos mútuos e

reverenciai os laçoas de parentesco" (Alcorão Sagrado, 4: 1).

E, louvado seja, disse ainda:

" ... que unem o que Deus ordenou fosse unido" (Alcorão Sagrado,

13:21).

E, louvado seja, disse mais:

"E recomendamos aos humanos benevolência para com seus pais"

(Alcorão Sagrado, 29:8).

E, louvado seja, continuou:

"O decreto de teu Senhor é que não adoreis senão a Ele; que sejais

indulgentes com vossos pais, mesmo que a velhice alcance a um deles ou a

ambos, em vossa companhia; não os reproveis nem os repilais; outrossim,

dirigi-lhes palavras honrosas. E estende sobre eles a asa da humildade, e

dize: Ó Senhor meu, tem misericórdia de ambos, como eles tiveram

misericórdia de mim, criando-me desde pequenino!" (Alcorão Sagrado,

17:23-24).

E, louvado seja, continuou mais:

"E recomendamos ao homem benevolência para com seus pais. Sua

mãe o suporta entre dores e dores e sua desmama é aos dois anos. (E lhe

dizemos): Agradece a Mim e a teus pais!" (Alcorão Sagrado, 31:14).

312. Abdullah Ibn Mass'ud (R) relatou que perguntou ao Profeta (S):

"Qual é o mais querido ato perante Deus?" Respondeu: "A prática da oração

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em seu devido tempo." Perguntou novamente: "Que vem depois?" Respondeu:

"O bom tratamento aos pais." Perguntou mais uma vez: "Que vem depois?"

Respondeu: "Lutar pela causa de Deus." (Muttafac alaih)

313. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Um

filho nunca poderá compensar a seu pai, a não ser que este se encontre

escravizado, e o compre e lhe dê a liberdade." (Musslim)

314. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Quem

crê verdadeiramente em Deus e no Último Dia deve ser generoso para com os

hóspedes. E quem crê em Deus e no Último Dia deve se relacionar com seus

parentes. E quem crê em Deus e no Último Dia deve falar o que é certo, e com

bondade, ou ficar calado." (Muttafac alaih)

315. Abu Huraira (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Quando Deus estabeleceu a criação, o útero se levantou para dizer: 'Esta é a

ocasião em que Te imploro a proteção para não sofrer de rompimento dos

vínculos (dos meus parentes).' Disse Deus: 'Assim seja! e acaso comprazer-teia

se concedesse algo da Minha bondade a quem os mantivesse, e excluisse da

Minha misericórdia a quem os rompesse?' O útero respondeu: 'Sim!' E Deus,

louvado seja, disse: 'Assim será.''' O Mensageiro de Deus (S) prosseguiu:

"Recitai, se desejais, o versículo: 'É possível que, ao assumirdes o comando,

causeis corrupção na terra e que rompais os vínculos (com vossas parentes).•

Tais são aqueles a quem Deus amaldiçoou, ensurdecendo-os e cegandolhes

as vistas" (47:22-23). (Muttafac alaih)

316. Abu Huraira (R) relatou que um homem foi ter com o Mensageiro

de Deus (S) e lhe perguntou: -o Mensageiro de Deus quem é a melhor pessoa

a quem devo oferecer a minha amizade?" Ele respondeu: "A tua mãe". O homem

perguntou novamente: "E quem mais?" Ele respondeu: "A tua mãe". "E depois

dela" , ele perguntou. O Profeta (S) respondeu: "A tua mãe", "E depois dela?",

ele perguntou, novamente. O Profeta (S) respondeu: "O teu pai." (Muttafac

alaih)

317. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Que o seu nariz

seja esfregado na areia, que seu nariz seja esfregado na areia, que seu nariz seja

esfregado na areia, isto é, que seja humilhado aquele que vê os pais atingirem

avançada idade e não consegue entrar no Paraíso (por não os servir)." (Musslim)

318. Abu Huraira (R) relatou que um homem disse: -ó Mensageiro de

Deus, tenho familiares com os quais sempre trato de melhorar os laços, porém,

eles desdenham de mim; cuido-os com generosidade, mas eles me maltratam;

sou indulgente e compreensivo para com eles, mas eles são malévolos e

intransigentes para comigo." O Mensageiro de Deus (S) disse: "Se é assim, tal

como me contas, seria como se te fizessem engolir cinza escaldante; porém,

desde que te mantenhas assim, Deus te dará o Seu apoio e te protegerá deles."

(Musslirn)

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319. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Aquele que

gostaria de alcançar u'a maior riqueza e uma vida mais farta deveria fortalecer

os seus laços consangüíneos." (Muttafac alaih)

320. Anas (R) relatou que Abu Tal-ha era o maior proprietário de

tamareiras entre os Ansar de Madina, e o mais querido para ele, de todos os

seus pomares, era um chamado Bairahá, que se encontrava defronte à Mesquita

do Profeta (S), o qual lá entrava para beber das suas doces águas. Quando foi

revelado o seguinte versículo: "Jamais alcançareis a virtude, até que façais

caridade com aquilo que mais apreciardes" (3:92), Abu Tal-ha disse ao

Mensageiro de Deus (S): -oMensageiro de Deus, tu disseste: 'Jamais alcançareis

a virtude, até que façais caridade com aquilo que mais apreciardes'. Pois bem,

eu não tenho nada mais querido, dentre minhas propriedades, do que o pomar

de Bairahá. Portanto, quisera entregá-lo como caridade pela causa de Deus,

cuja recompensa espero apenas d'Ele. ó Mensageiro de Deus, faze o que quiseres

com ele." Então o Mensageiro de Deus (S) disse: "Bem, muito bem! Estou

certo de que é uma propriedade rentável para ti; é uma propriedade rentável

para ti. Já ouvi o que disseste, e creio que deveria ser distribuído entre os teus

familiares mais achegados." Abu Tal-ha disse: "Assim o farei, ó Mensageiro de

Deus." E eis que distribuíu o pomar entre seus familiares e primos. (Muttafac

alaih)

321. Abdullah Ibn Amar Ibn al 'Ás (R) relatou que um homem se

aproximou do Profeta (S) e disse: "Desejo dar-te o meu voto de fidelidade na

emigração, e lutar pela causa de Deus, e ser recompensado por Ele." O Profeta

(S) inquiriu: "Algum dos teus pais está, acaso, vivo?" O homem respondeu:

"Sim, ambos estão vivos." O Profeta (S) perguntou-lhe: "Tu desejas ser

recompensado por Deus?" "Sim", respondeu. O Profeta (S) disse: "Então vai

até os teus pais e serve-os". (Muttafac alaih)

322. Abdullah Ibn Amar Ibn al 'Ás (R) relatou que o Profeta (S) disse:

"O fortalecimento dos laços familiares não consiste em darmos com

generosidade, em reciprocidade, mas darmos aos parentes que cortam os seus

laços conosco.' (Bukhári)

323. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Os laços de

sangue estão suspensos no trono do Senhor, e dizem: 'Quem de nós cuidar,

Deus dele cuidará; e quem conosco romper, Deus com ele romperá." (Muttafac

alaih)

324. Maimuna Bint ai Háris (R), esposa do Profeta, concedeu a liberdade

à sua escrava, sem pedir permissão ao Profeta. Quando o Mensageiro de Deus

(S) foi vê-la, disse-lhe: -ó Mensageiro de Deus, chegaste a saber que libertei a

minha escrava?" Ele lhe perguntou: "Já o fizeste?" Ela respondeu: "Sim!" Então

ele disse: "Se a tivesses entregue aos teus tios maternos, teria tido uma

recompensa ainda maior de Deus." (Muttafac alaih)

325. Asmá Bint Abu Bakr (R), relatou: "Minha mãe, quando ainda se

mantinha na idolatria, fez-me uma visita, ainda nos tempos do Mensageiro de

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Deus (S). Foi então que o consultei, dizendo-lhe: 'Minha mãe esteve em minha

casa, e veio pedir-me ajuda; porém, continua conservando a sua idolatria. Acaso

tenho eu o dever de manter os meus laços com ela?' Ele disse: 'Sim, conserva

os teus laços com ela!'" (Muttafac alaih)

326. Zainab al Saqafia (R), esposa do Abdullah Ibn Mass' ud (R), relatou:

"O Profeta (S), dirigindo-se a um grupo de mulheres, disse: 'Gastai em caridade,

ó mulheres, mesmo que seja (algo) dos vossos ornamentos!' Ao ouvir aquilo,

eu fui ter com o meu marido, e lhe disse: Tu és um indivíduo pobre e necessitado,

e o Profeta (S) admoestou-nos a gastar em caridade. Portanto vai à sua augusta

presença, e pergunta-lhe se eu te der algo, isso será tido como caridade; caso

contrário, darei a outra pessoa! O Abdullah Ibn Mass'ud disse: 'Vai tu mesma,

e pergunta-lhe!' Assim, eu fui a casa do Profeta (S) e encontrei uma mulher dos

Ansar já àporta da casa, que lá fora com o mesmo propósito que eu. Nós ficamos

relutantes em entrar, por causa da dignidade e magnificência do Profeta (S).

Nisso, o Bilal (R) saíu da casa, e nós lhe pedimos: Por favor, vai ter com o

Profeta (S), e dize-lhe que duas mulheres vieram saber se seria tido como caridade

elas darem aos seus maridos e aos órfãos sob seus cuidados, mas não lhe digas

quem somos nós! O Bilal (R) foi ter com o Profeta (S) e lhe apresentou o nosso

caso. Ele perguntou: 'Quem são elas?' O Bilal (R) disse: 'Uma mulher dos

Ansar, e o nome da outra é Zainab.' Ele perguntou: 'Qual Zainab?' o Bilal (R)

disse: 'A esposa do Abdullah.' O Profeta (S) disse: 'Terão recompensa dupla:

uma pela sua bondade para com os parentes, e outra pela caridade. '" (Muttafac

alaih)

327. Abu Sufian Sakhr Ibn Harb (R) contou que, durante um encontro

com Herác1io,este lhe perguntou, referindo-se ao Profeta (S): "Que vos ordena

ele?" Respondeu-lhe: "Diz-nos: 'Adorai tão-somente aDeus, sem O associardes

a nada ou a ninguém; e não pratiqueis o culto de vossos pais'; e nos ordena a

oração, a veracidade, a castidade e a boa relaçuao com os nossos parentes.'''

(Muttafac alaih)

328. Abu Zar (R) relatou que o Profeta disse: "Logo ireis conquistar

uma terra onde o quilate é por demais falado."

Outra tradição diz que ele disse: "Em breve ireis conquistar o Egíto,

onde há uma terra chamada Quirat. Então, tratai as pessoas de lá com bondade,

porque haverá laços de parentesco e a nossa responsabilidade quanto a elas."

(Musslim)

329. Abu Huraira (R) relatou que quando o seguinte versículo "E

admoesta os teus parentes mais próximos" (26:214) foi revelado, o Profeta

(S) convocou a tribo do Coraich, e todos compareceram, as pessoas comuns e

os chefes. Ele lhes disse: "6 descendentes de Abd Chams, ó filhos de Kaab Ibn

Luai, protegei-vos contra o Fogo (do Inferno)! Ó progênie de Abd Manaf,

salvaguardai-vos contra o Fogo (do Inferno)! 6 vós, hachemítas, livrai-vos do

Fogo (do Inferno)! Ófatimistas, garanti-vos quanto ao e protegei-vos contra o

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Fogo, porque no Dia do Julgamento não serei capaz de interferir à vontade de

Deus! Certamente que sou relecionado a vós e por causa disso continuarei a

cumprir com minhas obrigações" (Musslim).

330. Abu Abdullah Amr Ibn al 'Ás (R) relatou que ouviu o Mensageiro

de Deus (S) dizer abertamente e sem restrições: "Os filhos de Fulano não são

meus amigos; ou parentes, mas meus amigos são Deus e os muçulmanos virtuosos.

Não há dúvida de que tenho laços de parentesco com eles, laços esses

que continuarei a observar." (Muttafac alaih)

331. Kháled Ibn Zaid AI Ansári (R) relatou que um homem pediu ao

Profeta (S): -o Mensageiro de Deus, indica-me uma ação com a prática da qual

eu possa entrar no Paraíso, e me conservar distante do Inferno." Ele respondeu:

"Adora a Deus e não lhe associes ninguém; pratica as orações; paga o zakat e

conserva os laços de parentesco." (Muttafac alaih)

332. Salman Ibn Ámer (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando

quebrardes o jejum, fazei-o com tâmaras, pois há bênção nelas, e se não

encontrardes tâmaras, quebrai-o com água, pois a água purifica." Ele acrescentou:

"Dar esmolas aos pobres é uma caridade, e dá-las a um parente, equivale à

prática de dois atos, isto é caridade e benevolência para com o parente, ao mesmo

tempo.". (Tirmizi)

333. Ibn Ômar (R) relatou: "Estava casado com a mulher a quem amava

muito; porém, meu pai, Ômar, tinha aversão por ela, e me pediu que me

divorciasse dela, coisa que neguei a fazer. Meu pai foi ter com o Mensageiro de

Deus (S), e lhe falou sobre o assunto. O Profeta então me disse: 'Divorcia-te

dela! '" (Abu Daúd e Tirmizi)

334. Abu al Dardá (R) relatou que um homem foi vê-lo e lhe disse:

"Tenho esposa, mas minha mãe me ordena que me divorcie dela." Disse Abu aI

Dardá: "Ouvi o Mensageiro de Deus (S) dizer: 'A bondade para com os pais é a

melhor porta de entrada para o Paraíso. Então, se quiseres, poderás conservá-la,

ou perdê-la.''' (Tirmizi)

335.AI Barrá Ibn Ázeb (R), relatou que o Profeta (S), disse: "A tia materna

tem a mesma posição da mãe." (Tirmizi)

CAPÍTULO 41

A PROIBIÇÃO À DESOBEDIÊNCIA E À INGRATIDÃO PARA COM

OS PAIS, BEM COMO À RUPTURA DOS LAÇOS FAMILIARES

Deus, louvado seja, disse:

"É possível que causeis corrupção na terra e que rompais os vínculos

consangüíneos quando assumirdes o comando. Tais são aqueles a quem

Deus amaldiçoou, ensurdecendo-os e cegando-lhes as vistas" (Alcorão

Sagrado, 47:22-23).

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E, louvado seja, disse também:

"Em troca, aqueles que violam o compromisso com Deus depois de

haverem-no constituído, que desunem o que Deus ordenou fosse unido e

causam corrupção na terra, sobre eles pesará a maldição e obterão a pior

morada" (Alcorão Sagrado, 13:25).

E, louvado seja, disse ainda:

"O decreto de teu Senhor é que não adoreis senão a Ele; que sejais

indulgentes com vossos pais, mesmo que a velhice alcance a um deles ou a

ambos, em vossa companhia; não os reproveis nem os repilais; outrossim,

dirigi-lhes palavras honrosas. E estende sobre eles a asa da humildade e

dize: Ó Senhor meu, tem misericórdia de ambos, como eles tiveram

misericórdia de mim, criando-me desde pequenino" (Alcorão Sagrado, 17:2324).

336. Abu Bakra Nufai Ibn ai Hares (R) relatou que o Mensageiro de

Deus (S) disse: "Quereis que vos fale dos pecados mais graves?", e repetiu isso

três vezes. Disseram: -ó Mensageiro de Deus, claro que sim!" Disse: "São

eles: associarmos algo ou alguém a Deus; desobedecermos e maltratarmos os

pais..." como estava deitado, sentou-se, e prosseguiu: "Falarmos mentiras e

testemunharmos falsamente." e, continuou Nufai, dizendo que o Profeta repetia

tanto aquilo, que todos desejaram que se calasse. (Muttafac alaih)

337. Abdullah Ibn Amr Ibn ai 'As (R), relatou que o Mensageiro de

Deus (S) disse: "Os pecados mais graves são: associarmos algo ou alguém a

Deus; desrespeitarmos os pais; assassinaramos uma pessoa e o falso juramento."

(Bukhári)

338. Abdullah Ibn Amr Ibn ai 'Ás (R) relatou que o Mensageiro de Deus

(S) disse: "A pessoa ofender os próprios pais é um pecado capital!" As pessoas

perguntaram: -ó Mensageiro de Deus, poderia alguém ofender a seus próprios

pais?" Ele resposndeu: "Sim, se ele ofender o pai de outra pessoa, esta, em

retaliação, irá ofender o pai dele; se ele ofender a mãe de outra pessoa, esta, em

troca, irá ofender a mãe de1e."(Muttafac alaih)

339. Jubair Ibn Mutem (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Jamais entrará no Paraíso aqueleque romper com os laços de sangue." (Muttafac

alaih)

340.Abu IssaAI Mughira Ibn Chu'ba (R) relatou que o Profeta (S) disse:

"Deus vos proibiu: desobedecerdes as vossas mães, o impedirdes o direito dos

outros, o pedirdes o que não vos pertence, e enterrardes vivas as meninas; e

desaprovou as conversas fiadas, o questionamento excessivo e o desperdício de

dinheiro." (Muttafac alaih)

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CAPÍTULO 42

o MÉRITO DE SERMOS BENEVOLENTES COM AS AMIZADES

DOS PAIS, COM OS PARENTES, COM A ESPOSA, E COM TODOS

AQUELES QUE SERIA RECOMENDÁVEL SEREM TRATADOS

COM GENEROSIDADE

341. Ibn Ôrnar(R) relatou que o Profeta (S) disse: "O cúmulo da bondade

é quando um homem é benevolente para com os amigos de seu pai." (Musslim)

342. Abdullah Ibn Dinar narrou: "Em certa ocasião, Abdullah Ibn Ômar

se encontrou com um beduíno, no caminho que fazia até Makka. Ibn Ômar

saudou-o, e o levou em seu burro.Além disso, presenteou-o com um rico turbante

que levava à cabeça. Por isso, lhe dissemos: 'Que Deus te corrija! Era apenas

um beduíno, e estaria satisfeito com qualquer coisa.' Ibn Ômar respondeu: 'O

pai desse homem era amigo de Ômar Ibn al Khattab, meu pai (R), e eis que ouvi

o Mensageiro de Deus (S), que dizia: 'O cúmulo da bondade é quando um

homem estreita os laços com as amizades do seu pai, depois que ele morre.'''

(Musslim)

343. Málik Ibn Rabia al Sáidi (R) relatou que, em certa ocasião, quando

ele e outros estavam em companhia do Mensageiro de Deus (S), apresentou-se

um homem da tribo Banu Salama, e disse: -ó Mensageiro de Deus, uma vez

que morreram os meus pais, teria eu de cumprir com mais. algum dever, em

sinal de benevolência para com eles?" O Profeta (S) disse: "Sim, rogar a Deus

e pedir-Lhe o perdão para eles; cumprires os compromissos por eles assumidos;

estreitares os laços de sangue de ambos, e seres generoso com suas amizades."

(Abu Daúd)

344. Aicha (R) disse: "Eu não tinha muito ciúme das esposas do Profeta

(S) tanto quanto tinha de Khadija (R), apesar de não ter tido chance de vê-la. O

Profeta (S) lembrava-se dela sempre. Quando matávamos um carneiro, ele

sempre o cortava em pedaços e mandava para os amigos de Khadija. Uma vez

lhe disse: Falas dela como se fosse a única mulher no mundo. Ele disse: 'Era

uma nobre mulher, e eu tive um filho com ela.''' (Muttafac alaih)

345. Anas Ibn Málik (R) relatou: "Uma vez eu fui viajar com Jarir Ibn

Abdullah AI Bajali (R). Durante a viagem ele costumava servir-me. Então, eu

lhe disse: Por favor, não faças isso! Ele replicou: 'Eu vi os ansar (os habitantes

originais de Madina) servirem o Profeta (S) com tal devoção, que eu fiz uma

promessa de que quando eu estivesse na companhia de algum deles, eu o

serviria." (Muttafac alaih)

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CAPÍTULO 43

A HONRAAOS MEMBROS DA CASA DO PROFETA (S), E A

INFORMAÇÃO ACERCA DAS SUAS VIRTUDES

Deus, louvado seja, disse:

"...porque Deus só deseja afastar de vós a abominação, ó membros

da Casa, bem como purificar-vos integralmente" (Alcorão Sagrado, 33:33).

E, louvado seja, disse também:

"Quem enaltecer os rituais de Deus, saiba que tal (enaltecimento)

parte de quem possui piedade no coração" (Alcorão Sagrado, 22:32).

346. Yazid Ibn Habban relatou que foram, Hushain Ibn Sabra, Amr Ibn

Musslem e ele, visitar Zaid Ibn Arcam (R). Enquanto estiveram com ele, Hushain

lhe disse: -o Zaid, foste um tanto afortunado, pois viste o Mensageiro de Deus

(S), ouviste as suas palavras, lutaste ao lado dele e oraste por trás dele. Sim,

foste um tanto afortunado! Conta-me algo do que ouviste das palavras dele!"

Disse: "Sobrinho meu, juro-te por Deus que sou um velho com bastante idade.

Portanto, esqueci parte do que memorizava das palavras do Mensageiro de Deus

(S); assim sendo, aceita o que te vou falar, mas não exijas demais de mim. Certo

dia, o Mensageiro de Deus nos dirigiu umas palavras, perto de um poço entre

Makka e Madina, de nome Khumma. E, depois de louvar a Deus e O glorificar,

nos aconselhou e nos admoestou, e nos fez recordar-nos dos nossos deveres.

Então disse: 'Em outra ordem de coisas, Ó povo, não sou mais do que um ser

humano, e estou a ponto de receber uma mensagem do meu Senhor (através do

anjo da morte), a qual devo obedecer. Contudo, deixo em vossas mãos dois

legados de capital importância: o primeiro é o Livro de Deus, aonde se encontra

a diretriz e a luz. Assim, apegai-vos ao Livro de Deus, e sede-lhe fiéis.' Logo

depois de recomendar o Livro de Deus, prosseguiu: 'E o segundo é o da minha

família. Quero que vos lembreis de Deus quando se tratar de algo acerca da

minha família! Que vos lembreis de Deus quando se tratar de algo acerca da

minha família!' Hushain lhe perguntou: 'Quem são os familiares, 6 Zaid, não

são as esposas?' Disse: 'Sim, as esposas são parte da família, porém o são também

todas as pessoas às quais foi proibido receber qualquer espécie de caridade.'

Hushain voltou a perguntar: 'E quem são esses?' Respondeu: 'São os

descendentes de Áli, Aquil, Jafar, e Abbas..." Todos eles foram privados de

receber caridade?', perguntou. Disse: 'Sim! '" (Musslim)

347. Ibn Ômar (R) relatou que o Abu Bala Siddik (R) disse: "Honrai

Mohammad (o Profeta de Deus), por meio de honrardes os membros da sua

família." (Bukhári)

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CAPÍTULO 44

A HONRAAOS ERUDITOS,AOS IDOSOS E ÀS GENTES DE

CONHECIMENTO; O SABERMOS DISTINGUI-LOS SOBRE OS

DEMAIS, FAZENDO SOBRESSAIR OS SEUS MÉRITOS

Deus, louvado seja, disse:

"Poderão, acaso, equiparar-se os sábios com os insipientes? Só os

sensatos o meditam" (Alcorão Sagrado, 39:9).

348. Ucba Ibn Amru (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Aquele que encabeçar uma oração congregacional deverá ser o que melhor

saíba recitar o Alcorão. Se houver igualdade quanto a isso, que seja aquele que

melhor conheça a tradição profética. Se nisso também houver igualdade, que

seja quem emigrou primeiro. Se houver igualdade ainda, que seja o de mais

idade. Ademais, que ninguém encabece uma oração na casa de outro, nem se

sente no lugar favorito do dono, se não for com a sua permissão." (Musslim)

349. Abu Massud Ucba Ibn Amr al Badri al Ansãri (R) relatou também:

"O Mensageiro de Deus (S) colocava suas mãos sobre os nossos ombros quando

estávamos alinhados para a oração, e dizia: 'Ficai em linhas retas, e não diverjais

entre vós, porque se não vossos corações estranharão uns aos outros, devido ao

desacordo. Que aqueles de idade mais avançada e que possuam conhecimento

fiquem próximos a mim, e em seguida, que fiquem os próximos a eles, e então

aqueles próximos e eles." (Musslirn)

350. Abdullah Ibn Mass'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Que os mais tolerantes e sensatos se coloquem ao meu lado (na oração),

e assim sucessivamente (e repetiu isso três vezes); e evitai as conversas vãs."

(Musslím)

351. Abi Yahya ou Abi Mohammad Sahl Ibn Abi Hasma relatou que o

Abdullah Ibn Sahl e o Muhaiysha Ibn Mass'ud foram para Khaibar durante o

período de trégua, e se separaram, na busca dos seus respectivos negócios. Então

o Muhaiysha voltou para o Abdullah, e o encontrou morto, banhado em sangue.

Ele providenciou o funeral do amigo, e voltou para Madina, Então o Abdur

Rahman Ibn Sahl e o Muhaiysha e o Huwaiysha, filhos de Mass'ud, se

aproximaram do Profeta (S), e o Abdur Rahman que era dos três o que melhor

falava, começou a falar, ao quê o Profeta (S) disse: "O mais velho deverá falar!"

Eis que o Abdur Rahman, sendo o mais jovem, parou de falar, e os outros dois

se dirigiram ao Profeta (S), que disse: "Sois capazes de jurar quanto a isto, e

exigis justiça contra o assassino?" (Muttafac alaíh)

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352. Jáber (R) relatou que quando a Batalha de Uhud terminou, o Profeta

(S) enterrou os mártires, de dois em dois, em uma só cova. Para escolher quem

colocaria na cova primeiro, ele perguntava quem deles decorara mais textos do

Alcorão, e com ele começava. (Bukhári)

353. Ibn Ômar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Sonhei que estava

escovando os dentes com miswak, e dois homens vieram ter comigo, sendo,

um, mais velho que o outro (e me pediram o miswak); entreguei-o ao mais

novo, mas foi-me pedido que o entregasse para o mais velho, coisa que fiz."

(Bukhari e Muslim)

354. Abu Mussa (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Um

dos modos de se glorificar a Deus, louvado seja, é honrarmos o muçulmano

ancião; é honrarmos também aquele que aprende a recitação do Alcorão e a sua

interpretação, sem fanatismo, nem desdém; é, ainda, respeitarmos o governante

justo." (Abu Daúd)

355. Amr Ibn Chuaib (R) relatou, baseado em seu pai, que havia ouvido

do pai, que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A pessoa que não tem compaixão

de nossas crianças e não respeita os nossos idosos não pertence a nós." (Abu

Daúd e Tirmizi)

356. Maimun Ibn Abu Chabib (que Deus o tenha em sua misericórdia)

relatou que Aicha (R) foi abordada por um pobre que lhe pedia caridade, e deu

a ele um pedaço de pão. Em outra ocasião, foi abordada por um homem bem

vestido e de bons modos, pedindo também uma caridade. Ela o convidou a

sentar-se e lhe deu de comer. Foi inquerida sobre os dois casos, e ela respondeu:

"O Mensageiro de Deus (S) disse: 'Tratai as pessoas de acordo com suas

posições." (Abu Daúd)

357. Ibn Abbas (R) contou que Uiaina Ibn Hissn visitou o seu sobrinho,

AI Hurr Ibn Cais, que era um dos mais achegados de Ômar. Sabe-se que aqueles

que memorizavam, e melhor compreendiam o Alcorão, constituíam o grupo

consultivo de Ômar, velhos que fossem ou jovens. Uiaina disse para Hurr:

"Sobrinho meu, tu gozas de boa situação junto a esse Emir, assim, pede permissão

para que eu possa comparecer à sua presença." Pedida a permissão, Ômar lha

concedeu. Entretanto, quando entrou, começou dizendo em tom de desafio: -ó

tu, filho de Khattab, juro por Deus que não nos concedes o que deverias, com

generosidade, nem nos governas com justeza." Ômar se sentiu ofendido e, por

uns momentos, teve vontade de castigar aquele homem. Porém, AI Hurr disse:

-ó Emir dos Fiéis, Deus, louvado seja, disse ao Seu Profeta (S): 'Conserva-te

indulgente, recomenda o bem e aparta-te dos ignorantes!' (7:199) E esse

homem é um dos ignorantes" Quando AI Hurr recitou isso, Ômar se acalmou e

não se moveu de seu lugar. Ele sempre seguiu estritamente o Livro de Deus.

(Bukhari)

358. Abu Saíd Samura Ibn Jundub (R) relatou: "No tempo do Mensageiro

de Deus (S), eu era apenas um menino, e costumava memorizar as tradições

dele, mas não relatava o que havia preservado porque havia entre nós pessoas

mais velhas que eu." (Muttafac alaih)

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359. Anas Ibn Málik (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Se um jovem honrar uma pessoa mais velha, por causa da idade desta, Deus

irá designar alguém que o honrará quando chegar à velhice." (Tirmizi)

CAPÍTULO 45

AVISITA AOS VIRTUOSOS; FAZER-LHES COMPANHIA E

DISPENSAR-LHES CARINHO. O PEDIRMOS A SUA VISITA E AS

SUAS SÚPLICAS, A VISITA AOS LUGARES SAGRADOS

Deus, louvado seja, disse:

"Moisés disse ao seu atendente: Não descansarei até alcançar a

confluência dos dois mares, ainda que para isso tenha de viajar anos e

anos. Mas, quando ambos se aproximaram da confluência dos dois mares,

haviam esquecido o seu peixe, o qual seguira, serpeando, seu rumo até ao

mar. E quando a alcançaram, Moisés disse ao seu atendente: Providencia

nosso alimento, pois sofremos fadigas durante esta nossa viagem.

Respondeu-lhe: Lembras-te de quando nos refugiamos junto à rocha? Eu

me esqueci do peixe - e ninguém, senão Satanás, fez-me esquecer de me

recordar! Creio que ele tomou milagrosamente o rumo do mar. Disse-lhe:

Eis o que procurávamos! E voltaram pelo mesmo caminho. E encontraramse

com um dos Nossos servos a quem havíamos agraciado com a Nossa

misericórdia e iluminado com a Nossa ciência. E Moisés lhe disse: Posso

seguir-te, para que me ensines a verdade que te foi revelada?" (Alcorão

Sagrado, 18:60-66).

E, louvado seja, disse também:

"Sê paciente, juntamente com aqueles que de manhã e à noite

invocam a seu Senhor, anelando o Seu Rosto" (Alcorão Sagrado, 18:28).

360. Anas Ibn Málik (R) relatou que depois do falecimento do Profeta

(S), Abu Bakr (R) disse para Ômar (R): "Vamos visitar Ummu Aiman (R), pois

oMensageiro de Deus (S) costumava fazê-lo." Quando lá chegaram, elacomeçou

a chorar. Eles lhe perguntaram: "O que te faz chorar? Tu não sabes que Deus

tem melhor recompensa para o Mensageiro de Deus do que ele possuía aqui na

terra?" Ela disse: "Sei muito bem disso, e não choro por isso. Derramo lágrimas

porque a revelação agorajá parou." Isso comoveu tanto os dois distintos visitantes

que eles também se puseram a chorar com ela. (Musslim)

361. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quanto àquele

que visitar um enfermo ou um irmão, uma voz o chamará, e dirá: 'Bendito sejas

e bendito sejam teus passos, pois que gozarás de uma morada no Paraíso!'"

(Musslim)

362. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se

um indivíduo visitar uma pessoa doente ou um irmão, meramente em prol de

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Deus, um arauto irá anunciar: 'Que sejas feliz, que a tua ida seja abençoada, e

que sejas contemplado com uma prazerosa residência, no Paraíso.'" (Tirmizi)

363.Abu Mussa al Achari (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A amizade

com um virtuoso ou com um malfeitor tem a aparência de um vendedor de

almíscar e de um acendedor de forja; o vendedor de almíscar pode oferecer-te

algo, ou pedir-te que lhe compres algo, ou, pelo menos, que lhe cheires o grato

perfume; ao passo que o acendedor de forja pode queimar a tua roupa, ou fazerte

sentir o seu desagradável odor." (Muttafac alaih)

364. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Um homem

desposa uma mulher por quatro motivos: por sua riqueza, pela sua boa linhagem,

por sua beleza, ou por sua religiosidade. Pois bem, procura a que tem

religiosidade, e alcançarás a felicidade." (Muttafac alaih)

365. IbnAbbas (R) narrou que o Profeta S) perguntou ao Arcanjo Gabriel:

"Por que não nos visitas mais amiúde?" Como resposta foi revelado o versículo:

"Não descemos senão por ordem do teu Senhor; a Quem pertence o passado, o

futuro e o presente." (Bukhári)

366. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Não tomes

por amigo senão a um crente, e não convides a comer senão a um piedoso."

(Abu Daúd e Tirmizi)

367. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A pessoa costuma

seguir a religião de seu amigo. Portanto vede de quem sois amigos." (Abu Daúd

e Tirmizi)

368. Abu Mussa AI Ach'ari (R) relatou que o Profeta (S) disse: " A

pessoa estará com quem ama." (Muttafac alaih)

369. Anas (R) relatou que um beduíno perguntou ao Mensageiro de Deus

(S): "Quando será o Dia do Juízo?" Porém, o Mensageiro de Deus (S) lhe

perguntou: "Que tens tu preparado (para esse Dia)?" E o beduíno respondeu:

"Meu amor por Deus e por Seu Profeta." Disse: "Estarás com quem amas!"

(Muttafac alaih)

370. Ibn Mass'ud (R) narrou que um homem foi ter com o Mensageiro

de Deus (S), e lhe perguntou: -ó Mensageiro de Deus, que me dizes acerca de

um homem que ama a gente virtuosa, mas não se associa a ela?" O Mensageiro

de Deus (S) respondeu: "Essa pessoa estará com quem amou." (Muttafac alaih)

371. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "As pessoas são

como os metais de ouro e prata. As melhores entre elas são as que foram as

melhores na época da ignorância, se é que assimilam bem a Religião. Os espíritos

parecem com os exércitos, entre os quais há similares em qualidades, que se

misturam com os outros, e há os que são diferentes, que não se misturam e se

estranham." (Musslim)

372. Ussair Ibn Amr (R), também conhecido como Ibn al Jáber, relatou

que sempre quando uma delegação chegava, procedente do Iêmen, e se

apresentava ao Ômar Ibn al Khattab, este perguntava: "O Uwais Ibn Ámir está

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entre vós?" Por fim, numa das delegações estava incluído o Uwais (R), e o

califa Ômar (R) perguntou a ele: "És tu o Uwais Ibn Ámir?" O Uwais respondeu:

"Sim!" Foi-lhe então perguntado se ele pertencia ao ramo de Qarn, da tribo dos

Murad. Ele repondeu afirmativamente. O califa então perguntou: "Acaso não

sofrias de lepra, e saraste dela, a não ser por um espaço do tamanho de um

dirham (uma moeda)?" Ele respondeu: "Sim!" O califa perguntou: "Tua mãe é

viva?" Ele respondeu: "Sim!" Então o Ômar (R) disse: "Ouvi o Mensageiro de

Deus (S) dizer: 'o Uwais Ibn Ámir virá a ti juntamente com uma delegação

procedente do Iêmen; ele é do ramo de Qarn, da tribo dos Murad. Ele sofria de

lepra, mas ter-se-ia recuperado dela, exceto por um espaço do tamanho de um

dirham. Ele tem sua mãe àquem ama e obedece. Se ele suplicar quanto a algo,

confiando em Deus, Ele lhe satisfará o desejo. Se desejares pedir que ele ore

por ti, pelo teu perdão, deverás fazê-lo!' Assim sendo, eu te peço que ores a

Deus pelo meu perdão!" Concordando, o Uwais (R) orou pelo perdão do Ômar.

Este então lhe perguntou: "Para onde estás indo?" Ele respondeu: "Para Kufa."

O Ômar (R) lhe perguntou: "Queres que eu escreva ao governador de Kufa,

pedindo que te ajude?" O Uwais disse: "Eu prefiro ir viver entre os pobres!" No

ano seguinte, um dos nobres de Kufa chegou em peregrinação, e encontrou-se

com o Ômar (R), que o inquiriu acerca do Uwais (R). Ele disse: "Deixei-o

numa casa em ruínas e com poucos móveis!" O Ômar disse: "Ouvi o Mensageiro

de Deus (S) dizer: 'o Uwais Ibn Ámir, do ramo de Qarn, da tribo dos Murad,

virá a ti com uma delegação procedente do Iêmen. Ele sofria de lepra, mas terse-

ia curado, exceto por um espaço do tamanho de um dirham. Tem uma mãe a

quem ama imensamente. Se ele suplicar quanto a algo, confiando cm Deus, Ele

satisfará sua súplica. Se desejares pedir-lhe que ore pelo teu perdão, faze-o!'"

De acordo com isso, aquele indivíduo (o nobre) foi ter com o Uwais (R) e lhe

pediu que orasse pelo perdão dele. O Uwais (R) lhe disse: "Tu acabas de voltar

duma jornada sagrada; portanto és tu que deverias orar pelo meu perdão!" Depois

ele perguntou para o nobre: "Acaso te encontraste com o Ômar?" O homem

disse: "Sim, encontrei-o!" Então o Uwais orou pelo perdão do nobre. Depois

daquilo, as pessoas se tornaram cientes das virtudes do Uwais (R) que,

conseqüentemente, partiu do lugar, seguindo os seus impulsos. (Musslim)

373. Ômar Ibn ai Khattab (R) disse: "Pedi ao Profeta (S) permissão para

levar a efeito a Umra. Concedeu-me a permissão, e disse: 'Irmãozinho, não te

lesqueças de rogar por nós!' Aquelas palavras me fizeram mais venturoso do

que se tivesse tudo o que há neste mundo!" (Abu Daúd e Tirmizi)

\ 374. Ibn Ômar (R) relatou: "O Profeta (S) costumava visitar (a mesquita

Ide) Kubá, montado ou a pé, e aí cumpria duas unidades de oração." (Bukhari e

Musslim)

I De acordo com outra versão, é dito que o Profc!a (S) visitava a mesquita

ree~~~~ todos os sábados, montado ou a pé, e o Ibn Omar (R) também fazia o

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CAPÍTULO 46

o MÉRITO E A ÉTICA DO SINCERO AMOR POR DEUS, E O SEU

INCENTIVO. O FAZERMOS SABER À PESSOA QUE DELA

GOSTAMOS. O QUE DEVE SER-LHE DITO EM TAL CASO

Deus, louvado seja, disse:

"Mohammad é o Mensageiro de Deus, e aqueles que estão com ele

são severos para com os incrédulos, porém compassivos entre si. Vê-les-á

genut1exos, prostrados, anelando a graça de Deus e Sua complacência. Seus

rostos estarão marcados com os traços da prostração. Tal é seu exemplo na

Tora e no Evangelho, como semente que brota, desenvolve-se e se robustece,

e se firma em seus talos, compraz aos semeadores, para irritar os incrédulos.

Deus prometeu aos crentes que praticam o bem, indulgência e uma

magnífica recompensa" (Alcorão Sagrado, 48:29).

E, louvado seja, disse também:

"Os que antes deles residiam (em Madina) e haviam adotado a fé,

mostram afeição por aqueles que emigraram para junto deles" (Alcorão

Sagrado, 59:9).

375. Anas Ibn Málik (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Há três

qualidades; e quem as tiver, testará o sabor da fé: a primeira é a de quem ama a

Deus e Seu Mensageiro acima de tudo; a segunda é a de quem ama aos outros

por amor a Deus; e a terceira é a daquele que abomina retornar à incredulidade,

depois de Deus tê-lo resgatado dela, pois ele abomina ser arrojado no Inferno."

(Muttafac alaih)

376. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Sete indivíduos

serão aqueles que estarão à sombra de Deus no Dia do Juízo Final, quando não

haverá outra sombra além da d'Ele. São: o governante justo, o jovem que passou

a sua juventude adorando a e a serviço de Deus, glorificado e exaltado seja;

aquele que tiver o coração permanentemente ligado à mesquita; duas pessoas

que se amam por amor a Deus; eles se juntam para aprazerem a Deus e se

separam para aprazê-Lo; aquele que for incitado a cometer um pecado por uma

mulher bela e de posição e não aceitar, dizendo: temo a Deus; aquele que faz

caridade em segredo, sem se mostrar, de tal forma que sua mão direita não sabe

o que a esquerda dá; e aquele que se lembra de Deus com tanta solicitude, que

seus olhos se enchem de lágrimas." (Muttafac alaih)

377.Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus,

louvado seja, no Dia do Juízo dirá: 'Onde se encontram aqueles que se amam,

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buscando a Minha complacência e a Minha majestosidade? Hoje os farei gozar

da Minha proteção, porque hoje não haverá proteção além da Minha.'" (Musslim)

378. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Juro

por Quem tem a minh'alma em Suas mãos que não alcançareis o Paraíso até

que sejais autênticos crentes; e não sereis autênticos crentes até que vos ameis

uns aos outros. Quereis que vos indique algo que, se o fizerdes, vos amareis

mais? Pois difundi a saudação entre vós." (Musslim)

379. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Um homem se

dirigiu a outro povoado para ver um seu irmão (em Deus). No seu regresso,

Deus lhe enviou um anjo para lhe dizer: 'Deus te ama tal como amaste outro

por amor a Ele." (Musslim)

380. AI Barrá Ibn Ázeb (R) contou que o Profeta (S) falou acerca dos

Ansar: "Não os ama a não ser o crente, e não os repudia a não ser o hipócrita.

Quem os amar, será amado por Deus; e quem os repudiar será repudiado por

Deus." (Muttafac alaih)

381. Muaz bin Jabal (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S)

dizer: "Deus, exaltado seja, diz: 'Para aqueles que amam uns aos outros, por

cuasa do temor à Minha Majestade e Magnificência, haverá assentos de luz tão

elevados, que farão inveja aos profetas e aos mártires." (Tirmizi)

382. Abu Idris aI Khaulani (R) relatou: "(Uma vez) eu entrei na mesquita

de Damasco e, por acaso, vi um jovem que tinha dentes brilhantes, e um bom

número de indivíduos se sentavam com ele. Quando eles discordavam quanto a

algum tópico, dirigiam-se a ele, e aceitavam a sua opinião. Perguntei quem era

ele, e me disseram que era o Muaz Ibn Jabal (R). No dia seguinte eu me apressei

em ir à mesquita, e constatei que ele já lá estava, ocupado, em oração. Esperei

até que ele terminasse a sua oração e o abordei frente a frente; após o saudar, eu

disse: Por Deus, que te amo! Ele disse: 'Por Deus?' Respondi: Sim, por Deus!

Ele disse novamente: 'Por Deus?' Respondi: Sim, por Deus! Então ele me

segurou pelas dobras da minha túnica, apertou-me contra ele, e disse: 'Ouve as

boas notícias! Eis que ouvi o Mensageiro de Deus (S) dizer que Deus disse:

'Cabe a Mim conceder o Meu amor àqueles que amam uns aos outros por Mim,

encontram uns aos outros por Mim, visitam uns aos outros por Mim, e gastam

uns com os outros por Mim. '" (Málik)

383.Abu Karima Al Micdad Ibn Ma'd Ykarib (R) relatou que o Profeta

(S) disse: "Se uma pessoa ama a seu irmão, deve fazê-lo saber disso." (Abu

Daúd e Tirmizi)

384. Muaz Ibn Jabal (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) pegoulhe

a mão e lhe disse: "Muaz, por Deus que te amo. Desejo avisar-te para não te

esqueceres de fazer a seguinte prece, após cada oração obrigatória: -ó Deus,

ajuda-me a recordar-me de Ti, a agradecer-Te e a adorar-Te de maneira correta!"

(Abu Daúd e Nassá'i)

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385. Arras Ibn Málik (R) relatou que um homem estava sentado com o

Profeta (S), quando outra pessoa passou por eles, e o homem disse: -ó

Mensageiro de Deus (S), eu amo essa pessoa!" o Profeta (S) perguntou:

"Notificaste-a desse fato?" Ele disse: "Não!" O Profeta (S) disse: "Vai dizerlhe!"

Assim, o homem foi para perto daquela pessoa, e lhe disse: "Eu te amo

por Deus!" O outro replicou: "Que Deus, por Cujo bem tu me amas, te ame!"

(Abu Daúd)

CAPÍTULO 47

OS SINAIS DO AMOR DE DEUS A UM SERVO D'ELE, E A

FOMENTAÇÃO DAADOÇÃO DESSES SINAIS

Deus, louvado seja, disse:

"Dize: Se verdadeiramente amais a Deus, segui-me; Deus vos amará

e perdoará vossas faltas, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo"

(Alcorão Sagrado, 3:31).

E, louvado seja, disse também:

-o crentes, aqueles dentre vós, que renegarem sua religião, saibam

que Deus os suplantará por outras pessoas, as quais amará, as quais O

amarão, serão compassivos para com os crentes e severos para com os

incrédulos; combaterão pela causa de Deus e não temerão a censura de

ninguém. Tal é a graça de Deus, que a concede a quem Lhe apraz, porque

Deus é Munificente, Sapientíssimo" (Alcorão Sagrado, 5:54).

386. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) afirmou:

"Deus, louvado seja, disse: 'A quem se inimizar um dos Meus confidentes

declararei guerra. E o servo Meu não encontrará, para Me comprazer, nada que

Me seja tão grato como o cumprimento do que Lhe hei prescrito. E o servo Meu

continuará buscando a Minha complacência mediante obras super rogatórias,

até que Eu o ame. Quando o amar, serei como o seu ouvido com o qual ouve,

como suas vistas com as quais vê, como suas mãos com as quais lida, como

suas pernas com as quais anda. E se Me pedir algo, lho concederei; e se buscar

o Meu refúgio, tê-lo-á.:" (Bukhári)

387. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando Deus

ama um servo, o anjo Gabriel é notificado (e informado) que 'Deus, o Exaltado,

ama Fulano; amai-o vós também!' Então o anjo Gabriel passa a amá-lo, e envia

um comunicado por todo o Céu, alertando os habitantes dali que: 'Deus ama

Fulano; amai-o vós também!' Então os celícolas também passam a amá-lo, e

ele se toma popular (também) no mundo." (Muttafac alaih)

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388. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) havia designado o

mando de uma patrulha a um homem. Este, ao encabeçar, em oração, os seus

companheiros, finalizava-a, recitando a Surata da Unicidade!" Quando do seu

regresso, aquilo foi mencionado junto ao Mensageiro de Deus (S), que disse:

"Perguntai-lhe por que faz isso!" Quando aquele homem foi perguntado,

respondeu: "Porque é a Surata que expõe a qualidade do Misericordioso, e por

isso gosto de recitá-la." O Mensageiro de Deus (S) então disse: "Anunciai-lhe

que Deus o ama!" (Muttafac alaih)

CAPÍTULO 48

PRECAUÇÕES CONTRA O MOLESTAR OS VIRTUOSOS, OS

FRACOS, OS POBRES E OS NECESSITADOS

Disse Deus, o Altíssimo:

"E aqueles que molestarem os crentes e as crentes imerecidamente,

serão culpados de uma falsa imputação e de um delito flagrante" (33:58).

E disse também:

"Não maltrates o órfão, nem tampouco repudies o mendigo" (93:9-

10).

389. Jundub Ibn Abdullah (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele

que praticar a Oração da Alvorada fica sob a proteção de Deus. Portanto, tende

cuidado, pois Deus pode pedir-vos conta de algo relacionado com a Sua proteção.

E se Ele pedir contas a algum de vós, por alguma falta relacionada com a Sua

garantia, terá de ser atendido, e podereis ser arrojados no fogo do Inferno."

(Musslim)

CAPÍTULO 49

AVALIARAS PESSOAS PELAS SUAS CONDUTAS APARENTES E

QUE CONFIAM SEUS SEGREDOS ADEUS

Deus, louvado seja, disse:

"Caso se arrependam, observem a oração e paguem o zakat, abrilhes

o caminho" (Alcorão Sagrado, 9:5)

390. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus

me ordenou lutar contra os idólatras, até que prestem testemunho de que não há

outra divindade além do Deus, Único, e de que Mohammad é o Mensageiro de

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Deus; que realizem as orações e paguem o zacat. Se cumprirem isso, terãosalvaguardado

suas vidas e seus bens de mim, salvo nos casos estabelecidos

pelo direito islâmico; e Deus os fará prestar contas." (Muttafac alaih)

391. IbnAbdullah Táric Ibn Uchaim (R) relatou que ouviu o Mensageiro

de Deus (S) dizer: "Aquele que afirma que não há outra divindade além de

Deus, e rejeita tudo o que é adorado além de Deus, assegura sua vida e suas

propriedades, e suas contas serão prestadas a Deus, Altíssimo." (Musslim)

392. AI Micdad Ibn al Aswad (R) relatou que havia perguntado ao

Mensageiro de Deus (S): "Que te parece o caso em que, lutando contra um

idólatra, ele me desferisse um golpe com sua espada que me cortasse um braço,

e logo depois fugisse de mim e se refugiasse atrás de uma árvore, dizendo:

'Submeto-me a Deus!' Poderia eu matá-lo, depois de ele pronunciar tais

palavras?" Respondeu: 'Não podias matá-lo!' Porém, insisti: -o Mensageiro de

Deus, mesmo que me tenha cortado o braço e, em seguida, pronunciado o seu

testemunho de fé?' Disse ele: 'Não deverias matá-lo; pois se o fizesses, ele iria

ocupar o lugar (de muçulmano) que tu tinhas antes de o matar; e tu irias ocupar

o lugar que ele tinha antes que pronunciasse o seu testemunho de fé. '" (Muttafac

alaih)

393. Ussama Ibn Zaid (R) relatou: "O Profeta (S) me enviou com uma

patrulha contra os Huraca, da tribo Juhaina. Pela madrugada, atacamos aquela

gente perto das suas águas. Durante o ataque, um dos Ansar e eu perseguimos

um inimigo. Porém, uma vez que estava ao alcance das nossas armas, aquele

homem disse: 'Presto testemunho de que não há outra divindade além de Deus!'

Naquele momento o ansári se retirou, e eu cravei a lança naquele homem que

havíamos perseguido, o qual morreu no ato. De regresso a Madina, o Profeta

(S) foi informado acerca do ocorrido. Por isso, me chamou, e perguntou: -o

Ussama, é certo que mataste aquele homem, depois de ele pronunciar o

testemunho de que não há outra divindade além de Deus?' Respondi: -ó

Mensageiro de Deus, apenas pronunciou aquilo para se salvar!' Porém, ele

insistiu uma e outra vez: 'Como é que o matas depois de ele pronunciar o

testemunho de fé!?' Tal era a sua reprimenda, que eu desejei não haver abraçado

o Islam antes daquele dia!" (Muttafac alaih)

394. Jundub Ibn Abdullah (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

dispôs uma expedição contra uma tribo de idólatras. No combate, um idólatra

matou vários muçulmanos; e, por isso, um muçulmano - falou-se de Ussama

Ibn Zaid - quis surpreendê-lo. Porém, quando levantou a espada para o matar,

o homem exclamou: "Dou meu testemunho de que não há outra divindade além

de Deus!" Mesmo assim o muçulmano o matou. Um homem informou o

Mensageiro de Deus (S) de tudo quanto ocorreu com a expedição, bem como

do incidente com aquele homem. O Profeta chamou o citado muçulmano, e lhe

perguntou: "Por que o mataste?" O homem respondeu: -ó Mensageiro de Deus,

aquele homem causou graves perdas aos muçulmanos, matando fulano, beltrano

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e cicrano (mencionando-lhes os nomes). Eu o ataquei e, vendo a espada disse:

'Não há outra divindade além de Deus!'" Disse o Profeta: "E o mataste!?"

Respondeu "Sim." Tornou a dizer o Profeta: "E que farás quanto ao 'não há

outra divindade além de Deus' no Dia do Juízo?" Respondeu o homem: -ó

Mensageiro de Deus, pede perdão por mim!" Mas o Profeta insistiu uma e outra

vez: '''E que farás com o 'Não há outra divindade além de Deus' no Dia do

Juízo?" (Musslim)

395. Abdullah Ibn Utabah Ibn Mass'ud (R) relatou que ouviu o Ômar

Ibn ai Khattab (R) dizer: '-Durante o tempo de vida do Mensageiro de Deus (S),

as pessoas eram chamadas a prestar contas (das suas mazelas) por meio da

revelação. Agora que as revelações pararam, chamar-vos-emos a prestardes

contas com base nas vossas ações visíveis. Assim sendo, aquele que nos mostrar

uma coisa boa será tido como bom, e a aceitaremos, e não iremos inquirir acerca

das suas atividades ou razões ocultas, com vistas a desaprová-las. Deus irá tomar

nota das suas atividades ocultas, e o chamará a prestar contas por elas. Por

outro lado, daquele que nos mostrar uma coisa má, não a aceitaremos, e não a

confirmaremos, embora ele afirme que sua intenção era boa." (Bukhári)

CAPÍTULO 50

o TEMOR (A DEUS)

Deus, louvado seja, disse:

" ... temei a Mim somente" (Alcorão Sagrado, 2:40).

E, louvado seja, disse também:

"Em verdade, a punição de teu Senhor será severíssima" (Alcorão

Sagrado, 85:12).

E, louvado seja, disse ainda:

"E assim é o extermínio vindo de teu Senhor, que extermina as cidades

-por suas iniqüidades. O Seu extermínio é terrível, severíssimo. Nisto há

um sinal para quem teme o castigo da Outra Vida. Isso acontecerá no dia

em que forem congregados os humanos; aquele será um dia testemunhável,

que só adiamos por um prazo predeterminado. Quando tal dia chegar,

ninguém falará, senão com a vénia d'Ele, e entre eles haverá desventurados

e venturosos. Quanto aos desventurados, serão precipitados no fogo, donde

exalarão gemidos e gritos" (Alcorão Sagrado, 11:102-106).

E, louvado seja, disse mais:

"O Próprio Deus vos previne" (Alcorão Sagrado, 3:28).

E, louvado seja, continuou:

"Nesse dia o homem fugirá de seu irmão, de sua mãe e de seu pai, de

sua esposa e de seus filhos. Nesse dia a cada qual lhe bastará a preocupação

consigo mesmo" (Alcorão Sagrado, 80:34-37).

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Deus, louvado seja, disse:

-ó humanos, temei o vosso Senhor, porque a convulsão da Hora

será algo terrível. O dia em que a presenciardes, cada nutriente esquecerá

o filho qua amamenta; toda gestante abortará; tu verás os homens como

ébrios, embora não o estejam, porque o castigo de Deus será severíssimo"

(Alcorão Sagrado, 22:1-2).

E, louvado seja, disse também:

"Por outra, para quem teme o comparecimento ante seu Senhor

haverá dois jardins" (Alcorão Sagrado, 55:46).

E, louvado seja, disse ainda:

"E acercar-se-âo uns dos outros, inquirindo-se. Dirão: Em verdade,

antes estávamos temerosos pelos nossos familiares. Portanto, Deus nos

agraciou e nos preservou do tormento do vento abrasador. Porque antes O

invocávamos, por ser Ele o Beneficente, o Misericordioso" (Alcorão Sagrado,

52:25-28).

396. Abdullah Ibn Mass 'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S), o

mais veraz dos verazes, disse: "Cada um de vós permanece na forma de esperma,

no ventre da mãe, por quarenta dias, então se transforma em coágulo pelos

próximos quarenta dias e, então, se transforma num embrião pelos próximos

quarenta dias, e então, um anjo é enviado que insuflará a alma no feto, estando

instruído a lhe registrar quatro coisas que governarão o seu destino neste mundo,

isto é, sua subsistência, a extensão de sua vida, suas atividades, e se será feliz

ou infeliz. Por Aquele além do Qual não há outra divindade, se um de vós atuar

como os habitantes do Paraíso, até que não haja entre eles a distância de um

braço e o que lhe foi destinado prevalecer, e ele então passar a agir de acordo

com os habitantes do inferno, nele entrará. E se, por outro lado, alguém atuar de

acordo com os habitantes do inferno até que não haja entre eles a distância de

um braço e o que lhe foi destinado prevalecer, e passar a agir de acordo com os

habitantes do Paraíso, nele entrará." (Muttafac alaih)

397. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "No

Dia do Julgamento, o Inferno será arrastado, e haverá setenta mil rédeas, e cada

rédea será puxada por setenta mil anjos." (Musslim)

398. AI Numan, Ibn Bachir (R), relatou que ouvira o Mensageiro de

Deus (S) quando disse: "No Dia do Juízo, o castigo mais suave para os moradores

do Inferno será o da colocação de duas brasas debaixo dos pés de um homem.

Por causa das brasas, seu cérebro ferverá. Parece-lhe que ninguém poderá sofrer

um castigo mais severo quando, na realidade, será o mais suave." (Muttafac

alaih)

399. Samura Ibn Jundub (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Alguns

indivíduos, sentenciados ao Inferno, estarão com o fogo até às canelas, alguns

até aos joelhos, outros até à cintura, e outros, ainda, até aos pescoços - na

proporção dos seus atos e pecados." (Musslim)

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400. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "No Dia

(do Julgamento) algumas das pessoas que estiverem perante o Todo-Poderoso

Deus, ficarão imersas em seus suores, até ao meio das suas orelhas." (Muttafac

alaih)

401. Anas (R) narrou: "Ouvira um sermão do Mensageiro de Deus

contendo algo cuja semelhança nunca escutara antes. Uma das coisas que disse

foi: 'Se soubésseis do que sei, teríeis rido pouco e chorado bastante!' foi então

que vi os companheiros do Mensageiro de Deus (S) cobrirem seus rostos. Seus

soluços se faziam ouvir." (Muttafac alaih)

402. Micdad (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer: "No

Dia do Julgamento, o sol irá estar tão perto das pessoas, que será como se

estivesse apenas a uma légua de delas!" O Sulaim Ibn Ámir, que narrou esse

hadice do Micdad, disse: ("Por Deus, eu não sabia o que significava uma 'légua'

- se uma milha ou uma vara de pintar os olhos.") "O suor de alguns irá chegar

até às suas canelas, a de outros, até aos joelhos, a de outros até à cintura, e

alguns serão afogados nos seus suores 1" O Profeta apontou para a própria boca,

à guisa de ilustração." (Musslim)

403. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "As

pessoas irão suar tanto, no Dia do Julgamento, que terra ficará encharcada de

suor, numa altura de setenta jardas, e as pessoas se afogarão nele, depois que

lhes chegar até às orelhas." (Muttafac alaih)

404. Abu Huraira (R) relatou: "Numa ocasião nós estávamos com o

Mensageiro de Deus (S) quando ouvimos o ruído de algo caindo. Ele perguntou

a nós: 'Sabeis acaso o que é isso?' Dissemos: Deus e Seu Mensageiro estão

mais bem informados (do que nós, pessoas comuns)! Ele disse: 'Trata-se de

uma pedra que foi atirada ao Inferno há setenta anos; ela continuou a cair até

esta data, e agora chegou ao fundo dele; acabaste de ouvir o ruído de ela tocar a

sua base.'" (Musslim)

405. Adi Ibn Hátem (R) relatou que escutara o Mensageiro de Deus (S)

dizer: "Todos vós ireis prestar contas perante Deus, sem que haja necessidade

de tradutor. Olhareis para a direita e só vereis o que tiverdes feito; olhareis para

a esquerda e só vereis o que tiverdes feito. Olhareis para a frente e só vireis o

Fogo do Inferno à vossa frente. Portanto, esquivai-vos do Inferno, ainda que

seja dando, em caridade, meia tâmara." (Muttafac alaih)

406. Abu Zar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Eu vejo

o que vós não vedes; o Céu chora (por causa da grande quantidade de anjos que

se prostram), e tem a sua justificativa em fazer isso. (Ali) não há espaço para

caber quatro dedos, mas ele está todo ocupado pelos anjos que se prostram

perante Deus! Por Deus, se soubésseis o que sei, iríeis rir pouco e chorar muito!

Não iríeis desfrutar das vossas esposas, na cama, mas apressar-vos-íeis em sair

para as ruas e para as selvas, em busca do refúgio de Deus." (Tirmizi)

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407. Nadhla Ibn Ubaid al Aslami (R) relatou que o Mensageiro de Deus

(S) disse: "Quando chegar o Dia do Juízo, todo servo de Deus permanecerá de

pé, até que preste contas acerca da sua vida, em que a empregou; do seu

conhecimento, o que fez com ele; da sua riqueza, como a conseguiu, e em que

a gastou; do seu corpo, como o consumiu." (Tirmizi)

408. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) recitou o

seguinte versículo: "Nesse dia, ela declarará suas notícias (99:4)", e perguntou:

"Sabeis que notícias são essas?" Seus companheiros responderam: "Deus e Seu

Mensageiro sabem melhor!" Ele disse: "Sua notícia é que ela irá testemunhar

contra todos os homens e todas as mulheres, com relação ao que eles ou elas

fizeram na terra. Ela irá dizer que eles fizeram isto e aquilo, em tal e tal dia; esta

será a notícia." (Tirmizi)

409. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Como irei desfrutar de sossego, se o Anjo Israfil, o encarregado da trombeta,

já se encontra à espera de uma ordem para a soar?" Parecia como se aquelas

palavras se transformassem numa pesada carga para os companheiros do Profeta.

Por isso, ele os tranquilizou, dizendo: "Dizei: 'Deus nos é suficiente! Que

excelente Guardião!'" (Tirmizi)

410. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (5) disse:

"Aquele que tem medo vai-se na primeira parte da noite, e quem se vai na

primeira parte da noite chega ao seu destino. Tomai cuidado, pois a propriedade

de Deus é preciosa! Sabei que a propriedade de Deus é o Paraíso!" (Tirmizi)

411. Aicha (R) relatou: "Ouvi o Mensageiro de Deus (S) dizer: 'No Dia

do Julgamento as pessoas serão congregadas juntas, descalças, despidas e não

circuncidadas.' Perguntei: Mas, Mensageiro de Deus, os homens e as mulheres

irão estar juntos, olhando uns para os outros? Ele disse: 'Aicha, a ocasião será

tão grave e terrificante, para que estejam dispostos a olhar uns para os outros'"

(Muttafac alaih).

Outra versão diz que a ocasião será tão séria, que ninguém se atreverá a

olhar para outrem.

CAPÍTULOS1

A ESPERANÇA EM DEUS

Deus, louvado seja, disse:

"Dize: Ó servos Meus que se excederam. contra si próprios, não

desespereis da misericórdia de Deus; certamente, Ele perdoa todos os

pecados, porque Ele é o Indulgente, o Mísericordiosíssímo'' (Alcorão

Sagrado, 39:53).

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E, louvado seja, disse também:

"Temos castigado, acaso, alguém, além do ingrato?" (Alcorão Sagrado,

34: 17).

E, louvado seja, disse ainda (a respeito de Moisés e Aarão):

"Foi-nos revelado que o castigo recairá sobre quem nos desmentir e

nos desdenhar" (Alcorão Sagrado, 20:48).

E, louvado seja, disse mais:

"Minha clemência abrange tudo" (Alcorão Sagrado, 7:156).

412. Ubada Ibn al Sámet (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Quanto àquele que prestar seu testemunho de que não há outra divindade

além do Deus, Único, sem parceiro algum; de que Mohammad é o servo e

Mensageiro de Deus; de que Jesus é o servo e Mensageiro de Deus - Seu verbo

e Seu espírito postos em Maria -; ede que tanto o Paraíso como o Inferno são

incontestáveis, então Deus o fará entrar no Paraíso, sejam quais forem as suas

obras." (Muttafac alaih)

413. Abu Zar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Deus, glorificado e

exaltado seja, diz: 'Quem fizer um bem será recompensado por dez vezes ou

mais, e aquele que cometer um mal será punido por um só pecado, ou será

perdoado; aquele que se aproximar de Mim um palmo, aproximar-Me-ei dele

um braço, e quem se aproximar de Mim um braço, aproximar-Me-ei dele dois

braços; aquele que vier a Mim andando, irei até ele correndo; aquele que vier a

Mim com tantos pecados quanto os grãos de areia, contanto que não tenha

associado ninguém a Mim, encontrã-lo-ei com a mesma quantidade de perdão.":

(Musslim)

414. Jáber (R) relatou que um beduíno perguntou ao Profeta (S): -o

Mensageiro de Deus, quais são as duas premissas?" Ele respondeu: "Aquele

que morrer sem que haja associado nada ou ninguém com Deus entrará no

Paraíso; e aquele que morrer tendo associado algo ou alguém a Deus entrará no

Inferno." (Musslim)

415. Anas (R) relatou que em certa ocasião Muaz ia atrás do Profeta (S),

em sua montaria, quando este lhe disse: "Muaz!" Respondeu: "Eis-me aqui, ó

Mensageiro de Deus!" E repetiu aquilo por três vezes. O Mensageiro de Deus

(S) disse: "Todo servo de Deus que prestar, com devoção e sinceridade de

coração, o testemunho de que não há outra divindade além de Deus, e que

Mohammad é Seu servo e Mensageiro, Deus o salvará do Inferno." Muaz

perguntou: -o Mensageiro de Deus, poderia eu anunciar isso entre as pessoas?"

Respondeu: "Não, porque se tornariam totalmente dependentes disso!" Um

pouco antes de morrer, Muaz relatou aquele episódio, temendo faltar com o

dever de informar o povo. (Muttafac alaih)

416. Abu Huraira (R) ou Abu Saíd al Khudri (R) relatou que durante a

expedição de Tabuk, os alimentos estavam tão escassos, que muitos passavam

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fome. Então, alguns disseram: -ó Mensageiro de Deus, concede-nos permissão

para sacrificarmos uns dos nossos camelos; deste modo, poderíamos comer da

sua carne e utilizar a sua banha." O Mensageiro de Deus (S) respondeu: "Sim,

fazei isso!" Nesse momento, acercou-se dele Ômar, dizendo: "Ó Mensageiro

de Deus, se lhes deres essa permissão, restar-nos-ão poucas montarias! Por que

não mandas que tragam o que resta de seus alimentos, e então imploras a Deus

as Suas bênçãos sobre eles? Talvez Deus ponha neles a Sua bênção!" O

Mensageiro de Deus (S) disse: "Sim, assim farei." Logo mandou que trouxessem

um manto de couro, estendeu-o ao solo, e ordenou que trouxessem os alimentos

que restavam. Um homem trouxe um punhado de milho; outro, um punhado de

tâmaras; e outro, um pedaço de pão... No entanto, com tudo reunido, a comida

era escassa. O Mensageiro de Deus (S), implorando a bênção de Deus sobre os

alimentos, disse: "Enchei vossos recipientes!" As pessoas começaram a encher

os seus recipientes até ao ponto de não ficar no acampamento um só recipiente

vazio. Comeram até fartar-se, e ainda sobrou bastante comida. Então, o

Mensageiro de Deus (S) disse: "Dou testemunho de que não há outra divindade

além de Deus, e de que eu sou o Seu Mensageiro. A qualquer servo de Deus que

morrer com este testemunho, com plena fé nele, Ele não negará o Paraíso."

(Musslim)

417. Itban Ibn Málek (R) narrou que estava encarregado de dirigir as

orações junto à sua gente, os Banu Sálem; porém, quando chovia, era-lhe difícil

atravessar o pequeno vale que separava sua casa da mesquita. Então foi ter com

o Mensageiro de Deus (S), contou-lhe o fato, e lhe pediu: "Gostaria que fosses

e rezasses em algum lugar da minha casa, para utilizá-lo como mesquita, pois

que me está falhando a visão, e não me acho capaz de cruzaro vale que separa

minha casa da mesquita, aonde reza a minha gente." O Mensageiro de Deus (S)

disse: "Sim, assim farei." Na metade da manhã do dia seguinte, chegou o

Mensageiro de Deus em companhia de Abu Bakr, pediu permissão para entrar

na casa, e ele lha concedeu. Antes de se sentar, perguntou: "Em que lugar da tua

casa gostarias que fosse feita a oração?" Málik lhe indicou o lugar onde queria

que se rezasse. O Mensageiro de Deus (S) se levantou e pronunciou: "Deus é

Maior!" iniciando a oração, ao tempo em que os demais se colocavam atrás

dele. Cumpriu duas racát, fez a saudação final, fazendo, os outros, o mesmo.

Então, Málik o convidou a comer uma comida preparada em casa. As pessoas

do bairro se inteiraram de que o Mensageiro de Deus (S) se encontrava naquela

casa, e para lá começaram a afluir. Alguém perguntou: "Onde está Málik, que

não o vejo?" E outro homem disse: "Esse não é mais que um hipócrita, que não

ama aDeus, nem ao Seu Mensageiro!" Foi quando o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Não digas isso! Acaso não sabes que ofereceu o seu testemunho de que

não há outra divindade além de Deus, buscando com isso a complacência de

Deus?" Aquele homem respondeu: "Deus e o Seu Mensageiro sabem mais!

Contudo, juro por Deus que os seus desvelos e as suas conversas não são senão

para e com os hipócritas" Porém, o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus tem

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salvo do Inferno quem testemunhou que não há outra divindade além de Deus,

buscando, com esse testemunho, a Sua complacência." (Muttafac alaih)

418. Ômar Ibn AI Khattab (R) relatou que, em certa ocasião, ele chegou

a Madina acompanhado de cativos. Entre eles havia uma mulher que buscava

angustiada o seu filhinho; e, quando o encontrou, abraçou-o e o amamentou.

Foi quando o Mensageiro de Deus (S) disse: "Poderíeis crer que essa mulher

seria capaz de arrojar seu filho ao Inferno?" Responderam: "Não, por Deus!"

Disse: "Pois sabei que Deus é mais misericordioso para com Seus servos do

que essa mulher o é para com o seu próprio filho." (Muttafac alaih)

419. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando Deus

criou os seres Ele escreveu no livro, que está com Ele nas alturas: "Minha

misericórdia prevalece sobre a Minha ira." (Muttafac alaih)

420. Abu Huraira (R) relatou ter ouvido o Mensageiro de Deus (S) dizer:

"Deus dividiu a misericórdia em cem partes, reteve noventa e nove partes,

fazendo descer apenas uma parte à terra. Dessa parte emana toda a compaixão

que a criação inteira divide entre si. É tamanha essa compaixão, que faz com

que o animal levante bem as garras para não causar dano à sua cria." (Muttafac

alaih)

421. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) transmitiu,

de seu Senhor, louvado e exaltado seja: "Um servo cometeu uma falta, e disse:

'Senhor, perdoa minha falta!' e Deus, louvado seja, disse: 'Meu servo cometeu

uma falta, mas reconheceu que tem um Senhor que perdoa ou castiga as faltas.'

O servo voltou a cometer outra falta, e disse: '6 Senhor, perdoa a minha falta!'

Deus, louvado seja, disse: 'Meu servo cometeu uma falta, contudo reconheceu

que tem um Senhor que perdoa ou castiga as faltas.' O servo, de novo cometeu

outra falta, e disse: '6 Senhor, perdoa a minha falta!' E Deus disse: 'Meu servo

cometeu uma falta, porém reconheceu que tem um Senhor que perdoa ou castiga

as faltas. Já perdoei oMeu servo; então, que faça o que lhe aprouver.'" (Muttafac

alaih)

422. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Juro

por Quem tem a minh'alma em Seu poder que se não cometêsseis faltas, Deus

vos substituiria por outro povo que cometeria faltas, e pediria perdão a Deus,

louvado seja, Que os perdoaria." (Musslim)

423. Kháled Ibn Zaid (R) contou que havia ouvido o Mensageiro de

Deus (S) dizer: "Se não tivésseis cometido faltas, Deus haveria criado um outro

povo que as teria cometido e, ato contínuo, teria pedido perdão, e Deus o teria

perdoado." (Musslim)

424. Abu Huraira (R) narrou: "Certa ocasião estávamos sentados em

companhia do Mensageiro de Deus (S). Entre nós se encontravam Abu Bakr e

Ôrnar (R). O Mensageiro de Deus (S) se levantou para abandonar a reunião.

Porém, demorou tanto, que temíamos por ele. De modo que nos levantamos

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todos, e fomos à sua procura, sendo eu o primeiro a fazê-lo. Aproximei-me do

horto que pertencia a um ansári (Abu Huraira contou também com se encontrou

com o Profeta). AÍ o Mensageiro de Deus (S) me disse: 'Vai, e dá a boa-nova a

todas as pessoas que encontrares fora deste horto: Quem quer que seja que

ofereça o testemunho de que não há outra divindade além de Deus, sentindo a

certeza - desse testemunho - em seu coração, alcançará o Paraíso.:" (Musslim)

425. Abdullah Ibn Amr Ibn al 'Ás (R) relatou que o Profeta (S) recitou

as palavras de Deus, no Alcorão Sagrado, concernentes ao que o Profeta Abraão

(AS) suplicou: -ó Senhor meu, já se desviaram muitos humanos. Porém,

quem me seguir será dos meus, e quem me desobedecer... Certamente 10

és Indulgente, Misericordiosíssimo!" (Alcorão Sagrado, 14:36), e as palavras

de Jesus (AS): "Se Tu os castigas é porque são Teus servos; e se os perdoas,

é porque10és o Poderoso, o Prudentíssimo" (Alcorão Sagrado, 5:118). Então,

o Profeta (S) ergueu as mãos, e disse: -ó Deus, minha comunidade, minha

comunidade!", e chorou. Deus lhe enviou o Anjo Gabriel para lhe perguntar por

que estava chorando (apesar de já ter conhecimento daquilo). Ao responder,

Deus disse ao Anjo para lhe informar: -ó Mohammad, Nós te satisfizemos

quanto à tua comunidade, e não te deixaremos triste." (Musslim)

426. Muaz Ibn Jabal (R) relatou: "Eu estava montado num burro, na

garupa do Profeta (S), quando ele me perguntou: -ó Muaz, tu sabes qual é o

direito de Deus sobre Seus servos e qual é o direito dos servos sobre Deus?'

Respondi: 'Deus e Seu Mensageiro sabem melhor'. Ele disse: 'O direito de

Deus sobre Seus servos é que eles devem adorar somente a Ele e não devem

associar ninguém a Ele. E o direito dos servos sobre Deus, é saber que Ele não

deve punir aqueles que não Lhe associam divindade alguma'. Ouvindo isso, eu

disse: -ó Mensageiro de Deus, posso informar as pessoas dessa feliz notícia?'

Ele disse: 'Não, senão as pessoas irão depender inteiramente disso.!" (Muttafac

alaih)

427. AI Barrá Ibn Ázeb (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Se o

muçulmano for interrogado, na tumba, e oferecer o testemunho de que não há

outra divindade além de Deus, e que Mohammad é o Seu Mensageiro, isso será

a explicação das palavras de Deus: 'Ele firmará os crentes com a palavra

firme, na vida terrena, bem como na Outra Vida'" (Alcorão Sagrado, 14:27).

(Muttafac alaih)

428. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Quando um

incrédulo realizar uma boa obra, será recompensado com o sustento desta vida,

ao passo que, ao crente, Deus preservará as recompensas para a Outra Vida, e

lhe concederá o sustento nesta vida pela sua obediência." (Musslim)

429. Jáber (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "As cinco

orações diárias se parecem com um rio profundo que corre diante da porta do

indivíduo, no qual ele se lava cinco vezes ao dia." (Musslim)

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430. Ibn Abbas (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:

"Sempre que morrer um muçulmano e lhe assistirem o funeral quarenta homens

que nunca associaram nada nem ninguém a Deus, Ele aceitará as suas

intercessões por ele." (Musslim)

431. Ibn Mass'ud (R) relatou: "Cerca de quarenta de nós estavam

presentes com o Profeta (S) quando ele nos perguntou: 'Ficaríeis contentes se

fôsseis constituir um quarto dos habitantes do Paraíso?' Respondemos: Sim,

Senhor! Depois ele perguntou: 'Ficaríeis felizes se fôsseis constituir um terço

dos habitantes do Paraíso?' Respondemos: Sim, Senhor, ficaríamos! Ele disse:

'Por Deus, em Cujas mãos está a vida de Mohammad, espero que constituais a

metade dos habitantes do Paraíso. Isso porque ninguém entrará no Paraíso, a

não ser a alma que estiver em plena submissão a Deus (for muçulmana), e a

vossa proporção quanto aos incrédulos é de um pêlo branco no couro preto dum

boi, ou de um pêlo preto no couro jalne dum touro'" (Muttafac alaih) .

432. Abu Mussa al Ach'ari (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S)

disse: 'No Dia da Ressurreição, Deus empurrará, ao muçulmano, um judeu ou

um cristão, e lhe dirá: 'Ele é a tua redenção do Fogo do Inferno.''' (Musslim)

433. Ibn Ômar (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:

"O crente irá aproximar-se do seu Senhor (Deus), no Dia do Julgamento, e Ele

o cobrirá com Sua misericórdia. Inquiri-Io-á acerca dos seus pecados:

'Reconheces tal e tal (coisa), este e aquele pecado?' Ele responderá: 'Senhor,

deveras reconheço!' Então Ele dirá: 'Guardei isso em segredado mundo para

ti, e hoje te perdôo.' Então o registro das suas boas obras lhe será passado às

mãos." (Muttafac alaih)

434. Ibn Mass'ud (R) relatou que um homem beijou uma mulher e foi

ter com o Profeta (S), e confessou o seu pecado. Foi, então, revelado o seguinte

versículo: "E observa a oração em ambas as extremidades do dia e em certas

horas da noite, porque as boas ações anulam as más" (11:114). O homem

perguntou: "Este versículo é para mim, ó Mensageiro de Deus?" Respondeu:

"E para toda a minha comunidade." (Muttafac alaih)

435. Anas (R) relatou: "Um homem foi ter com o Profeta(S) e confessou:

-ó Mensageiro de Deus, cometi um grande e punível pecado; portanto, puneme'

Como era a hora da oração, o homem cumpriu-a com o Mensageiro de

Deus. Depois da oração, o homem novamente disse ao Mensageiro de Deus

que havia cometido um pecado sério e pediu para ser castigado, de acordo com

o Livro de Deus. O Profeta perguntou: 'Cumpriste a oração conosco?'

Respondeu: 'Sim, cumpri'. O Profeta lhe disse: 'Então, foste perdoado.'''(

Muttafac alaih)

436. Anas Ibn Málik (R) diz que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus

fica contente com o Seu servo que come e O louva por isso, que bebe água e O

louva por isso." (Musslim)

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437. Abu Mussa al Ach'ari (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S)

disse: 'Deus, o Altíssimo, estende Sua mão, à noite, para que se arrependa o

malfeitor do que tenha cometido durante o dia, e estende Sua mão, de dia, para

que se arrependa o malfeitor do que tenha cometido durante a noite. E, assim,

até que o sol saia do seu poente.'" (Musslim)

438. Abu Najih Arnr Ibn Abassa Sulamini (R) relatou: "Nos dias da

jahiliya (dias da ignorância) eu costumava achar que as pessoas se haviam

desviado, e não seguiam qualquer religião verdadeira; costumavam adorar ídolos.

Depois de algum tempo ouvi falar de um homem, em Makka, que estava a dizer

algo novo. Então, montado no meu camelo, fui ter com ele. Constatei que se

tratava do Mensageiro de Deus (S) - com novas idéias -, e precisava viver

longe das vistas do seu povo, o qual o perseguia. Com algum planejamento,

consegui encontrar-me com ele em Makka. Perguntei-lhe: Que és tu? Ele

respondeu: 'Sou um Profeta.' Perguntei-lhe: Que é um profeta? Ele disse: 'Deus

me enviou como Seu Mensageiro.' Perguntei mais: Com que (missão) Ele te

enviou? Ele respondeu: 'Ele me enviou para dizer aos indivíduos que sejam

bondosos para com os parentes, que destruam os ídolos, que proclamem que

Deus é Único, sem ninguém a Ele associado.' Perguntei: Quais são as pessoas

que estão entre os teus seguidores? Ele disse: 'Um livre e um escaravo.' Naquela

ocasião, somente o Abu Bakr (R) e o Bilal (R) estavam com o Profeta (S). Eu

disse: Também sou teu seguidor, e quero estar contigo! Ele disse: 'Na presente

situação, não é aconselhável que faças isso; não vês a minha posição e a atitude

do povo? Volta pois para a tua gente e, quando souberes que eu tive sucesso

com a minha missão, então vem a mim!' De acordo com aquilo, voltei para os

meus e, enquanto estava com eles, o Mensageiro de Deus (S) migrou para

Madina. Continuei a perguntar para as pessoas acerca dele, até que alguns,

dentre o meu povo, visitaram Madina. Quando voltaram, perguntei-lhes: Como

se está saindo o homem que acaba de chegar a Madina? Eles disseram: 'O povo

está a correr até ele (para aceitar o seu credo). Embora o seu próprio povo

tentasse matá-lo, não tiveram sucesso!' Logo depois eu rumei para Madina,

apresentei-me perante o Profeta (S), e perguntei: Ó Mensageiro de Deus,

reconheces-me? Ele respondeu: 'Sim, tu és aquele que se encontrou comigo em

Makka!' Eu disse: Ó Mensageiro de Deus, dize-me das coisas que Deus te

ensinou e que eu não sei! Primeiro de tudo, dize-me (algo) da salat (oração)!

Ele disse: 'Oferece a oração matinal, e pára com ela, até que o sol se tenha

elevado à altura duma lança, pois nessa hora ele se eleva entre os dois chifres

do diabo, e é quando os incrédulos se prostram perante ele. Depois disso poderás

orar, porque (durante essa hora) a salat é observada e testemunhada pelos anjos,

até que a sombra duma lança se iguale ao tamanho da lança. Novamente, pára

com a oração, porque o fogo do Inferno é alimentado com combustível, nessa

hora. Quando a sombra aumentar, poderás continuar a orar, pois a salat é

obeservada e testemunhada pelos anjos, até à hora da oração Asr. Após à oração

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Asr, abstém-te de orar, até que o sol se tenha posto, porque ele se põe entre os

dois chifres do diabo, e os incrédulos se prostram perante ele, nessa hora!'

"Então eu disse: Ó Profeta de Deus, por favor, dize-me (algo) sobre a

ablução! Ele disse: 'Quando um indivíduo começa a ablução e lava sua boca

(gargareja), e lava as narinas, os pecados do seu nariz são (também) lavados.

Então, conforme ele lava o rosto, como Deus ordenou, os pecados do seu rosto

são (também) lavados e saem, com a água, pelos lados da sua barba. Depois ele

lava as mãos e o antebraço até aos cotovelos, e os pecados das suas mãos são

(também) lavados, e saem, com a água, pelos seus dedos. Então ele passa suas

mãos molhadas pela cabeça, e os pecados da sua cabeça são (também) lavados,

e saem, com a água, pelas extremidades dos cabelos. Depois ele lava os pés até

aos tornozelos, e os pecados dos seus pés são (também) lavados, e saem, com a

água, pelos dedos'" (Musslim).

439. Abu Mussa (R) relatou que o Profeta (s) disse: "Quando Deus

determina misericórdia a umpovo, Ele conc1ama a alma do seu Profeta perante

ele, e faz dela um arauto e depósito (de bons feitos) para ele, na Vida Futura; e

quando Deus determina a destruição de um povo, Ele o castiga enquanto o seu

Profeta está vivo, e o destrói durante sua vida, e observa a sua destruição, e se

deleita com isso, porque o rejeitaram e desobedeceram os seus mandamentos."

(Musslim)

CAPÍTULO 52

o MÉRITO DE SE MANTER A ESPERANÇA EM DEUS

Deus, louvado seja, disse:

"Quanto a mim, encomendo-me a Deus, porque é Observador de

Seus servos. E eis que Deus o preservou das conspirações que lhes haviam

urdido" (Alcorão Sagrado, 40:44-45).

440. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus

diz: 'Procederei com Meuservo, como ele espera que Eu seja. Estarei com ele

quando se lembrar de Mim.'" O Profeta (S) continuou, dizendo: "Por Deus, Ele

fica mais satisfeito com o arrependimento do servo, do que alguém de vós fica

quando encontra o camelo perdido, no deserto. Deus diz: 'Aquele que se

aproximar de Mim um palmo, aproximar-Me-ei dele um braço; aquele que se

aproximar um braço, aproximar-Me-ei dele dois. Se vier a Mim andando, irei

até ele correndo.:" (Muttafac alaih)

441. Jãber Ibn Abdullah (R) relatou que ouviu o Profeta (S) dizer, três

dias antes de sua morte: "Que ninguém morra sem esperar o melhor de Deus, o

Exaltado e Glorificado." (Musslim)

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442. Anas (R) relatou ter ouvido o Mensageiro de Deus (S) dizer: "Deus,

louvado seja, disse: -ó filho de Adão, sempre que Me implorares e Me suplicares,

Eu te perdoarei o que houveres feito, sem que nada Me importe! Ó filho de

Adão, ainda se tuas faltas alcançarem os horizontes do céu, e Me pedires perdão,

perdoar-te-ei! Ófilho de Adão, ainda se vieres a Mim, depois de haveres cometido

tantas faltas que dessem para encher a terra, e te encontrasses coMigo sem nada

nem ninguém associares a Mim, conceder-te-Ia um perdão que cobriria toda a

terra. ,,, (Tirrnizi)

CAPÍTULO 53

A COMBINAÇÃO DO TEMOR A DEUS COM A ESPERANÇA

DEPOSITADA N'ELE

Imam Nawawi diz que para uma pessoa - serva de Deus, o Altíssimo, é

desejável que, enquanto tiver boa saúde, deve temer a Deus, exaltado seja, e

deve ter a esperança depositada n'Ele. Ambas as coisas são igualmente

desejáveis. Quando estiver doente, deve ter uma esperança convicta. A respeito

disso, os princípios da chari'a, os textos do Alcorão e da Sunna são claros.

Deus, louvado seja, disse:

"Só pensam estar seguros dos desígnios de Deus os desventurados"

(Alcorão Sagrado, 7:99).

E, louvado seja, disse também:

"Não desesperam da misericórdia de Deus senão os incrédulos"

(Alcorão Sagrado, 12:87).

E, louvado seja, disse ainda:

"Chegará o dia em que uns rostos resplandecerão e outros se

ensombrecerão" (Alcorão Sagrado, 3:106).

E, louvado seja, disse mais:

"Em verdade, teu Senhor é Destro no castigo assim como é

Indulgente, Misericordiosíssimo" (Alcorão Sagrado, 7:167).

E, louvado seja, continuou:

"Sabei que os piedosos estarão em deleite; por outra, os ignóbeis

irão para a fogueira" (Alcorão Sagrado, 82:13-14).

E, louvado seja, prosseguiu:

"Porém, quanto àquele cujas ações pesarem na balança, desfrutará

de uma vida prazenteira. Em troca, aquele cujas ações forem leves na

balança, terá como lar um (profundo) precipício" (Alcorão Sagrado, 101:69).

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443. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se o

crente conhecesse o castigo de que Deus dispõe, jamais teria esperanças de

alcançar o Seu Paraíso. E se o incrédulo conhecesse a misericórdia de que Deus

dispõe, jamais perderia a esperança de alcançar o Seu Paraíso." (Musslim)

444. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Quando se prepara o féretro de uma pessoa, e o ataúde é levado pelos homens,

esse féretro, se for de uma pessoa virtuosa, dirá: 'Apressai-vos... apressai-vos!'

Entretanto, se for de uma pessoa não virtuosa, dirá: 'Pobre dela! aonde a levais!?'

Sua voz será ouvida por todas as criaturas, menos pelo ser humano; pois caso a

ouvisse, ficaria atordoado." (Bukhári)

445. Ibn Mass'ud (R) relatou: "O Profeta (S) disse: 'O Paraíso está mais

perto de vós do que o cordão de vosso calçado. O mesmo acontece com o

Inferno.": (Bukhári)

CAPÍTULO 54

o MÉRITO DE SE CHORAR POR TEMOR E AMOR A DEUS,

Deus, louvado seja, disse:

"E caem de bruços, chorando, e isso lhes aumenta a humildade"

(Alcorão Sagrado, 17:109).

E, louvado seja, disse também:

"Por que vos assombrais, então, com esta Mensagem? E rides ao

invés de chorardes?" (Alcorão Sagrado, 53:59-60).

446. Abdullah Ibn Mass'ud (R) relatou que o Profeta (S) lhe disse: "Recita

para mim o Alcorão!" Respondi-lhe: -ó Mensageiro de Deus, como posso

recitar-te o Alcorão, se ele foi revelado a ti!?" Disse: "É que gosto de ouvir a

sua recitação feita por outros!" Assim, comecei a recitar a Surata da Mulheres

(Annissá), até que cheguei ao versículo que diz: 'Que será deles quando

apresentarmos uma testemunha de cada nação e te apresentarmos

testemunha contra eles?' Naquele momento, o Mensageiro de Deus (S) disse:

'Agora, com isto, é o suficiente!' Voltei-me para ele, e vi que os seus olhos

derramavam lágrimas." (Muttafac alaih)

447. Anas (R) relatou que ouvira um sermão do Mensageiro de Deus

contendo algo cuja semelhança nunca escutara antes. Uma das coisas que disse

foi: 'Se soubésseis do que sei, teríeis rido pouco e chorado bastante!' foi então

que vi os companheiros do Mensageiro de Deus (S) cobrirem seus rostos. Seus

soluços se faziam ouvir." (Muttafac alaih)

448. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele que derrama

lágrimas com temor a Deus não irá para o inferno, até que o leite retorne ao

seio, e o pó produzido no Jihad (a luta pela causa de Deus) não se junta à

fumaça do Fogo do Inferno." (Tirmizi)

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449. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Sete

indivíduos serão aqueles que estarão à sombra de Deus no Dia do Juízo Final,

quando não haverá outra sombra além da d'Ele. São: o governante justo, o

jovem que passou a sua juventude adorando a e a serviço de Deus, glorificado

e exaltado seja; aquele que tiver o coração permanentemente ligado à mesquita;

duas pessoas que se amam por amor a Deus; eles se juntam para aprazerem a

Deus e se separam para aprazê-Lo; aquele que for incitado a cometer um pecado

por uma mulher bela e de posição e não aceitar, dizendo: 'Temo a Deus'; aquele

que faz caridade em segredo, sem se mostrar, de tal forma que sua mão esquerda

não sabe o que a direita dá; e aquele que se lembra de Deus com tanta solicitude,

que seus olhos se enchem de lágrimas." (Muttafac alaih)

450. Abdullah Ibn aI Chikhir (R) relatou: "Certa ocasião, entrei na casa

do Mensageiro de Deus (S) para vê-lo; porém, encontrava-se rezando. Chorava

tanto, que seus soluços pareciam o ruído de uma caldeira." (Abu Daúd e Tirmizi)

451. Anas (R) contou que o Mensageiro de Deus (S) disse para Ubai Ibn

Caab (R): "Deus, louvado seja, ordenou-me recitar-te o seguinte: 'Os incrédulos,

dentre o povo da Escritura, e os idólatras não poderiam renunciar (à sua fé), até

que lhes chegasse a prova evidente. '" Ubai perguntou: "Então, Deus me

nomeou?" Disse: "Sim!" Ubai se pôs, então, a chorar. (Muttafac alaih)

452. Anas Ibn Málik (R) relatou que depois do falecimento do Profeta

(S), Abu Bakr (R) disse para Ômar (R): "Vamos visitar Ummu Aiman (R), pois

o Mensageiro de Deus (S) costumava fazê-lo." Quando lá chegaram, ela começou

a chorar. Eles lhe perguntaram: "O que te faz chorar? Tu não sabes que Deus

tem melhor recompensa para o Mensageiro de Deus do que ele possuía aqui na

terra?" Ela disse: "Sei muito bem disso, e não choro por isso. Derramo lágrimas

porque a revelação agorajá parou." Isso comoveu tanto os dois distintos visitantes

que eles também se puseram a chorar com ela. (Musslim)

453. Ibn Ômar (R) relatou que quando a doença do Profeta (S) se tornou

séria, foi-lhe perguntado quem iria liderar as orações. Ele disse: "Deve-se pedir

ao Abu Bakr que lidere as pessoas, na oração." Nisso, a Aicha (R) disse: "O

Abu Bakr (R) é um homem de coração mole; ele poderá interromper e começar

a chorar, quando iniciar a recitação do Alcorão Sagrado!" O Profeta (S) repetiu:

"Pedi-lhe (ao Abu Bakr) que lidere a oração!"

De acordo com outra versão: Aicha disse: "Quando oAbu Bakr (R) estiver

no teu lugar, a congregação não será capaz de ouvi-lo, por cuasa dos seus

soluços." (Muttafac alaih)

454. Ibrahim Ibn Abdur Rahman Ibn Auf (R) relatou que uma vez a

comida foi levada perante o Abdur Rahman bin Auf (R) quando ele estava

jejuando (e estava para quebrar o jejum). Então ele argumentou: "O Mussab

Ibn Umair foi martirizado (quando estava jejuando), e ele era um homem melhor

que eu. Não havia nada disponível, nem para a sua mortalha, a não ser um pano

(tão curto) que se sua cabeça ficasse coberta, seus pés ficariam a descoberto; e

se seus pés ficassem cobertos, sua cabeça ficaria a descoberto. E agora o mundo

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se nos tomou amplamente aberto, e foi-nos concedida generosa riqueza; tememos

que os nossos bons feitos tenham sido recompensados mui rapidamente (isto é,

apenas neste mundo)!" Nisso, ele começou a chorar, e nem mesmo comeu.

(Bukhari)

455. Abu Umama Sudai Ibn Ajlan aI Báhili (R) relatou que o Profeta (S)

disse: "Do que Deus mais gosta é de duas gotas: uma de lágrima derramada por

temor a Ele, e outra do sangue derramado em prol d'Ele; e de duas marcas: uma

adquirida (ferimento) pela causa de Deus, e u'a marca adquirida no decurso do

cumprimento de uma obrigação ordenada por Deus." (Tirmizi)

456. Abu Najih Irbadh Ibn Sáriya (R) relatou: "O Profeta (S) proferiu

um comovente discurso que nos tocou grandemente a todos, causando uma

onda de temor em nossos corações. Dissemos-lhe que aquele sermão mais parecia

uma recomendação, e que ele nos dissesse algo mais como conselho, ao que ele

disse: 'Aconselho-vos a temerdes a Deus (por causa da vossa obrigação para

com Deus), e a ouvirdes e obedecerdes mesmo a um escravo que for posto em

autoridade sobre vós! Aqueles dentre vós que sobreviverem a mim, verão uma

porção de divergências. É da vossa incumbência seguirdes a minha sunna

(prática) e as práticas dos meus sucessores adequadamente dirigidos (califas);

apegai-vos firmemente a esses preceitos e essas tradições, e tende cuidado com

as inovações e invenções quanto à religião! Porque toda inovação leva para um

caminho errado.''' (Abu Daúd)

CAPÍTULO 55

AVIRTUDE DO ASCETISMO, DA AUSTERIDADE E DA POBREZA

Deus, louvado seja, disse:

"O prazer da vida terrena equipara-se à água que enviamos do céu,

a qual mistura-se com as plantas da terra, de que se alimentam os homens

e o gado; e quando a terra se enfeita e se engalana, a ponto de seus habitantes

crerem ser seus senhores, açoita-a Nosso desígnio, seja à noite ou de dia,

deixando-a desolada como se, na véspera, não houvesse sido verdejante.

Assim elucidamos os versículos àqueles que refletem" (Alcorão Sagrado,

10:24).

E, louvado seja, disse também:

"Expõe-lhes o exemplo da vida terrena, que se assemelha à água

que enviamos do céu, a qual se mescla com as plantas da terra, as quais se

convertemem feno que os ventos disseminam. Sabei que Deus é Onipotente.

Os bens e os filhos são o encanto da vida terrena; por outra, as boas ações,

perduráveis, são mais meritórias, e mais esperançosas aos olhos de teu

Senhor" (Alcorão Sagrado, 18:45-46).

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E, louvado seja, disse ainda:

"Sabei que a vida terrena é apenas jogo e diversão, veleidades, mútua

vangloria e rivalidade com respeito à multiplicação de bens e filhos; é como

a chuva que compraz aos cultivadores, por vivificar a plantação; logo,

completa-se seu crescimento e a verás amarelada, e transforma-se em feno.

Na Outra Vida haverá castigos severos, indulgência e complacência de Deus.

Que é a vida terrena senão um prazer ilusório?" (Alcorão Sagrado, 57:20).

E, louvado seja, disse mais:

"Aos homens foi abrilhantado o amor à concupiscência, relacionada

às mulheres, aos filhos, ao entesouramento do ouro e da prata, aos cavalos

de raça, ao gado e às sementeiras. Tal é o gozo da vida terrena; porém, a

bem-aventurança está ao lado de Deus" (Alcorão Sagrado, 3:14).

E, louvado seja, continuou:

-ó humanos, a promessa de Deus é inexorável! Que a vida terrena

não vos alucine, nem vos engane o sedutor, com respeito a Deus" (Alcorão

Sagrado, 35:5).

E, louvado seja, prosseguiu:

"A cobiça vos entreterá, até que desçais aos sepulcros. Qual! Logo o

sabereis! Novamente, qual! Logo o sabereis. Qual! Se soubésseis da ciência

certa!" (Alcorão Sagrado, 102:1-6).

E, louvado seja, foi além:

"E que é a vida terrena senão diversão e jogo? Certamente a morada

no Outro Mundo é a verdadeira vida; se o soubessem!" (Alcorão Sagrado,

29:64).

457. Amr Ibn Auf ai Ansári (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

mandou que o Abu Ubaidah Ibn ai Jarrah (R) fosse a Bahrain cobrar a taxa de

jizya e, como recebedor, ele voltou de lá com o dinheiro. Quando os Ansar

souberam daquilo, juntarm-se à congregação da oração matinal, em que estava

também o Mensageiro de Deus (S). Depois que a oração havia terminado, eles

compareceram perante ele. Ao vê-los, ele sorriu e disse: "Acho que viestes a

saber que o Abu Ubaida trouxe algo de Bahrain!" Eles disseram: "Sim, é isso, ó

Mensageiro de Deus (S)!" Ele disse: "Sede felizes, e esperai pela coisa que vos

dará prazer! Por Deus, não é a vossa pobreza que me preocupa. O que 'me

preocupa é que sereis dotados com bens terrenos e riquezas em abundância, e

então começareis a anelar as mesmas coisas que anelaram os povos antes de

vós. O resultado será que este mundo (vosso desejo pelas aquisições terrenas)

vos destruirá como destruiu os povos que vos precederam." (Muttafac alaih)

458. Abu Saíd ai Khudri (R) disse: "Numa ocasião o Mensageiro de

Deus (S) sentou-se no púlpito, e nós tomamos assento ao redor dele. Ele disse:

'o que me preocupa acerca de vós, depois que eu deixar este mundo, são os

encantos, as atrações e as riquezas deste mundo, que mostrar-se-ão escancarados

para vós, como resultado das vossas conquistas." (Muttafac alaih)

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459. Abu Saíd ai Khudri (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"O mundo é verdejante e doce (é pleno de riquezas e sedução), e Deus vos

apontará (como Seus) legatários nele, e verá como vos comportareis. Portanto,

acautelai-vos quanto a este mundo e às mulheres (ou seja, abstende-vos de muita

indulgência neste mundo, do mau comportamento sexual e da licenciosidade)."

(Musslim)

460. Anas Ibn Málik (R) relatou que o Profeta (S) dizia: -o Deus, não há

outro conforto a não ser o conforto do Mundo Vindouro." (Muttafac alaih)

461. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Três coisas

seguem o féretro de uma pessoa: os membros de sua família, seus pertences e

seus atos. As duas primeiras voltam e a terceira permanece com ele." (Muttafac

alaih)

462. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A mais rica

pessoa do mundo que foi destinada ao Inferno será trazida, no Dia do Juízo

Final, será imersa no Inferno, e lhe será perguntado: -ó filho de Adão,

presenciaste algum bem, tiveste alguma bênção?' Dirá: 'Não, ó Senhor!' Então,

aquele que foi acometido de adversidades e penúria no mundo, e foi destinado

ao Paraíso, será trazido, será imerso no Paraíso, e lhe será perguntado: -ó filho

de Adão, enfrentaste alguma vez a adversidade, tiveste alguma vez uma situação

má?' Ele dirá: 'Por Deus, nunca experimentei qualquer adversidade, nunca estive

em má situação!'" (Musslim)

463. AI Mustaured Ibn Chaddad (R) relatou que o Mensageiro de Deus

(S) disse: "A vida presente é, em relação à Vida Futura, como se alguém

mergulhasse o dedo no mar. Que olhe! Que quantidade (de água) tiraria?"

(Musslim)

464. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) passou, certa ocasião,

pelo mercado, que estava cheio de gente, e viu lá um cabrito morto, cujas orelhas

eram pequenas. Pegou então, por uma das orelhas, e perguntou: "Quem gostaria

de comprá-lo por um só dirham?" Disseram: "Não o queremos para nada. Que

iríamos fazer com ele?" Disse: "Gostaríeis que fosse vosso?" Responderam:

"Por Deus! ainda que estivesse vivo, seria repelido, pois tem as orelhas pequenas;

e, ademais, está morto!" Disse o Profeta: "Por Deus, a vida deste mundo tem

menos valor para Deus do que este cabrito para vós!" (Musslim)

465. Abu Zar (R) relatou: "Em certa ocasião estava passeando com o

Profeta (S). Tínhamos à vista o Monte Uhod. Disse-me: -ó Abu Zar!' Respondi:

-ó Mensageiro de Deus, estou à tua disposição!' Disse: 'Não seria feliz se tivesse

o que é o Uhod em ouro; porém, se o tivesse, não se passariam mais de três dias

para que o distribuísse todo, sem ficar com um só dinar dele, salvo alguma

coisa que haveria de guardar para saldar alguma dívida. Distribuí-lo-ia todo

entre os servos de Deus, assim, assim, e assim' (assinalando com a mão, para a

direita, a esquerda e para trás). Então continuamos andando, e ele me disse: 'Os

que mais têm serão os menos recompensados no Dia do Juízo, salvo aqueles

que distribuírem suas fortunas, assim, assim, e assim (assinalando com a mão,

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para a direita, a esquerda, e para trás). Na realidade, são poucos (que o fazem).'

Um pouco mais tarde, disse-me: 'Não saias deste lugar, até que eu volte!' Então

saíu caminhando pela escuridão, até que o perdi de vista. Momentos depois,

ouvi uma forte voz, e tive medo de que alguém tivesse saído ao encalço do

Profeta (S). Quis alcançá-lo, mas me lembrei do que me havia dito (não saias

deste lugar, até que eu volte). De sorte que permaneci no lugar até que voltou.

Então lhe disse: 'Ó Mensageiro de Deus, ouvi uma voz estranha, e tive medo...'

e lhe contei o que havia ouvido. Ele me perguntou: 'Ah, então ouviste}?' Disse:

'Sim!' Disse ele: 'Era o Arcanjo Gabriel, que veio ver-me, e dizer-me: "Qualquer

um que morrer sem ter associado nada nem ninguém a Deus entrará no Paraíso.'''

Perguntei-lhe: 'Mesmo que haja cometido fornicação ou roubo? E ele me

respondeu: 'Sim, mesmo que haja cometido fornicação ou roubo.'''' (Muttafac

alaih)

466. Abu Huraira (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se

eu tivesse o que é o Monte Uhod, em ouro, comprazer-me-ia distribuí-lo todo

antes que passassem três noites, salvo algo dele, para saldar alguma dívida."

(Muttafac alaih)

467. Abu Huraira (R) relatou-que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deveis

olhar para a pessoa que está abaixo de vós, e não para que está acima de vós.

Assim, tereis a oportunidade de apreciar a benevolência que Deus tem para

convosco." (Muttafac alaih)

468. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (s) disse: "Malditos são

aqueles que vão atrás de dinars e dirhams, e de peças de roupas pretas e listradas

(roupas preciosas). Se (estas) lhes são fornecidas, ficam felizes; e se não lhes

são fornecidas, ficam descontentes." (Bukhári)

469. Abu Huraira (R) relatou: "Vi setenta dos moradores de AI Suffa, e

notei que nenhum deles portava túnica. Tinham somente um camisolão que

usavam para se cobrir, atavam-no aos pescoços. De maneira que para uns a

veste chegava à metade das pernas, e, para outros, aos tornozelos. Por isso

tinham de segurá-Ia com as mãos, pois temiam que as suas partes pudendas

ficassem a descoberto." (Bukhari)

470. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O

mundo é uma prisão para os crentes e um paraíso para os incrédulos" (Musslim).

471. Ibn Omar (R) relatou que uma vez o Mensageiro de Deus (S) o

segurou pelos ombros e disse: "Vive neste mundo como se fosses um estranho

ou viajante." Ibn Ômar costumava dizer: "Quando chegardes ao entardecer,

não espreis que amanheça, e quando amanhecer, não espereis que entradeça.

Aproveitai a vossa saúde para a vossa doença e preparai-vos para a morte

enquanto estiverdes vivos." (Bukhári)

472. Sahl Ibn Sa'ad Al Sá'idi (R) relatou: "Um homem foi ter com o

Profeta (S), e disse: -ó Mensageiro de Deus, indica-me uma ação que, se eu

praticar, Deus e as pessoas me amarão'. Disse-lhe: 'Não dê maior importância

a este mundo, que Deus te amará. Não cobices o que as pessoas têm, que elas te

amarão.''' (Ibn Mája e outros)

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473. AI Numam Ibn Bachir (R) contou que Ômar Ibn al Khattab (R)

falou, quando as pessoas ricas e prósperas: "Vi o Mensageiro de Deus (S)

retorcendo-se de tanta fome, durante o dia todo, pois não tinha com que alimentarse,

nem sequer umas tâmaras de péssima qualidade!" (Musslim)

474. Aicha (R) narrou: "Quando morreu o Profeta (S), não tinha em

minha casa nada que uma criatura pudesse comer, a não ser um pouco de cevada.

Comi dele bastante tempo e, quando fui avaliar o que restara, constatei que

havia terminado." (Muttafac alaih)

475.Amr Ibn Háris (R), irmão do Ummul Muminin Juwairia (R), relatou

que quando o Mensageiro de Deus (S) faleceu, não deixou dinar ou dirham

algum, mulher cativa, ou nada, a não ser uma mula de montaria, suas armas e

sua terra, que havia sido dada em caridade para (uso e conveniência d') os

viajantes. (Bukhari)

476. Khabbab IbnArat (R) relatou: "Nós emigramos com o Mensageiro

de Deus (S) simplesmente para aprazermos a Deus e, assim sendo, nossa

recompensa no Mundo Vindouro é certa. Alguns de nós morreram logo, nada

defrutando das suas recompensas (neste mundo). Um deles foi o Mussab Ibn

Umair (R), que foi martirizado na batalha de Uhud; deixou, após à morte, apenas

um lençol; este era tão pequeno, que se lhe cobrisse a cabeça, seus pés ficavam

descobertos, e se cobrisse os pés, sua cabeça ficava descoberta. Então o Profeta

(S) nos orientou no sentido de que combríssemos a cabeça do defunto, e que

cobríssemos os pés com capim. Há outros entre nós que desfrutam

abundantemente a vida - ou seja, levam uma vida feliz e próspera." (Muttafac

alaih)

477. Sahl Ibn Sa'ad Al Sá'idi (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Se o mundo valesse, para Deus, a asa de um mosquito, Ele não permitiria

que o incrédulo tomasse dele um só gole de água." (Tirmizi)

478. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Este

mundo é maldito, e também as coisas dele, menos a recordação de Deus e do

que Ele gosta, os estudiosos e os estudantes." (Tirmizi)

479. Abdullah Ibn Massud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Não busqueis por demais a aquisição de propriedades, pois isso faria

com que amásseis apenas a vida." (Tirmizi)

480. Abdullah Ibn Amr Ibn al 'Ás (R) afirma: "Estávamos consertando

o nosso teto de palha, quando o Mensageiro de Deus (S) chegou e nos perguntou:

'Que estais fazendo?' Respondemos: O teto ficou fraco, e nós o estamos

consertando! Ele disse: 'Eu vejo a ordem (o Dia do Julgamento) se aproximando

mais rápido que isto." (Abu Daúd e Tirmizi).

481. Kaab Ibn Aiádh (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S)

dizer: "Cada comunidade (nação) é submetida a um teste, e o teste da minha

comunidade é com a riqueza!" (Tirmizi).

482. Abu Amr, que era também chamado Abu Abdullah ou Abu Laila

Osman IbnAfan (R) relatou queo Profeta(S) disse: "O filho de Adão (o homem)

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tem direito a ter apenas três coisas: uma casa onde morar, uma roupa para lhe

cobrir as partes privadas, um pedaço de pão e, naturalmente, água." (Tirmizi)

483. Abdulllah Ibn AI Chikhir (R) relatou: "Apresentei-me ao Profeta

(S) quando ele estava recitando a Surata da Cobiça (Alcorão Sagrado, 102). Ele

acrescentou: 'As pessoas dizem: minha propriedade, minha propriedade; mas,

ó filhos de Adão, o que vos pertence, de vossos bens além do que comeis, que

logo desvanecerá ou o que vestis, que logo se desgastará ou o que dais em

caridade, que perdurará.'" (Musslim)

484. Abdullah Ibn Mughaffal (R) relatou: "Um homem disse para o

Profeta (S): 'Por Deus, ó Mensageiro de Deus, deveras te amo!' O Profeta (S)

disse: 'Vê bem o que estás a dizer!' O homem disse: 'Por Deus, eu te amo!', e

repetiu a frase por três vezes. O Profeta (S) disse: 'Se realmente me amas, então

prapara-te para uma pobreza aguda, porque a extrema pobreza é atraída mais

rapidamente para a pessoa que me ama, do que a correnteza a correr para a sua

meta.'" (Tirmizi)

485. Kaab Ibn Málik (R) contou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Dois lobos famintos que perseguissem um rebanho de ovelhas não causariam

mais danos do que a cobiça do ser humano à religião, quando busca riquezas e

posições de destaque." (Tirmizi)

486. Abdullah Ibn Mass'ud (R) relatou que uma vez o Mensageiro de

Deus (S) dormiu sobre uma esteira feita de folhas de tamareira. Quando ele

acordou, as marcas da esteira estavam visíveis sobre o seu corpo. Dissemos: -ó

Mensageiro de Deus, podemos preparar um colchão macio para ti?" O Profeta

disse: "Nada tenho a ver com este mundo. Estou nele como um viajante que

está sentado à sombra de uma árvore por um pequeno espaço de tempo; e depois

de descansar um pouco, retorna à sua jornada, deixando a árvore para trás."

(Tirmizi)

487. Abu Huraira (R) relatou que O Mensageiro de Deus (S) disse: "Os

pobres entrarão no Paraíso quinhentos anos antes que os ricos." (Tirmizi)

488. Ibn Abbas e Urnran Ibn al Hushain (R) narraram que o Profeta (S)

disse: "Quando observei o Paraíso, notei que a maioria de seus moradores era

de entre os pobres; e quando observei O Inferno, notei que a maioria dos seus

moradores era de entre as mulheres." (Muttafac alaih)

489. Ussama Ibn Zaid (R) relatou que o Profeta (S) disse: "(Na véspera

do lailatul mi 'raj) quando eu estava no portão do Paraíso, constatei que a maioria

das pessoas que nele entrava era de pobres, enquanto aos ricos não era permitido

lá entrarem; mas aos condenados ao Inferno era ordenado que ali ficassem."

(Muttafac alaih)

490. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A coisa mais

acurada que já foi dita é o verso recitado pelo poeta Labib: 'Tudo, além de

Deus, é falso.'" (Muttafac alaih)

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CAPÍTULO 56

AS EXCELÊNCIAS DE SE PASSAR FOME. COISAS SOBRE A

AUSTERIDADE, A SUBSISTÊNCIA COM POUCA COMIDA, POUCA

ÁGUA, VESTIMENTA E DEMAIS COMODIDADES. O ABANDONO

DOS DESEJOS PASSIONAIS

Deus, louvado seja, disse:

"Sucedeu-lhes, depois, uma descendência que abandonou a oração

e se entregou às concupiscências. Porém, logo terão seu merecido castigo.

Salvo aqueles que se arrependerem, crerem e praticarem o bem; esses

entrarão no Paraíso e não serão defraudados" (Alcorão Sagrado, 19:59-60).

E, louvado seja, disse também:

"Então apresentou-se a seu povo com toda a sua pompa. Os que

ambicionavam a vida terrena disseram: Oxalá tivéssemos o mesmo que foi

concedido a Carun! Quão afortunado é! Porém, os sábios lhes disseram:

Ai de vós! A recompensa de Deus é preferível para o crente que pratica o

bem" (Alcorão Sagrado, 28: 79-80).

E, louvado seja, disse ainda:

"Então, sereis interrogados, nesse dia, a respeito dos prazeres"

(Alcorão Sagrado, 102:8).

E, louvado seja, disse mais:

"A quem quiser as coisas transitórias (deste mundo), atendê-lo-emos

prontamente no que desejar; a quem Nos aprouver, porém, destiná-lo-emos

ao Inferno, em que entrará vituperado, rejeitado" (Alcorão Sagrado, 17:18).

491. Aicha (R) relatou: "Os membros da família de Mohammad (S) nunca

comeram pão de centeio, por dois dias seguidos, até à morte dele." (Muttafac

alaih)

492. Urwa (R) relatou, baseado em Aicha (R), que ela costumava dizer:

"6 meu sobrinho, passavam três luas, em dois mêses, sem acendermos um fogo

no lar do Mensageiro de Deus (S)." Perguntei: "Tia, como conseguistes sobreviver?"

Ela disse: "Com duas coisas pretas, tâmaras e água. O Profeta (S) tinha

vizinhos dos ansar, que possuíam camelas leiteiras. Eles costumavam enviar

um pouco de leite para o Mensageiro de Deus (S), e ele dava o leite para nós."

(Muttafac alaih)

493. Abu Huraira (R) passou, certa ocasião, perto de um grupo de

indivíduos que estavam comendo um cordeiro assado. Eles o convidaram a

comer, mas ele declinou do convite, dizendo: "O Mensageiro de Deus (S) deixou

esta vida sem saciar-se sequer de pão de cevada!" (Bukhári)

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494. Anas (R) relatou que o Profeta (S) nunca comeu numa mesa nem

nunca provou um pão de bom trigo, e assim foi, até que morreu. (Bukhári)

495. Annu'man Ibn Bachir (R) relatou: "Vi o Profeta (S) sem ter tâmaras

suficientes para poder matar a sua fome."

496. Sahl Ibn Saad (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) nunca viu

pão branco desde o seu comessionamento como Profeta, até à sua morte. Ele

foi perguntado: "Tinhais, na época do Mensageiro de Deus, peneiras?" Disse:

"O Mensageiro de Deus também não viu uma peneira desde o seu

comessionamento até à sua morte." Perguntaram-lhe mais: "Como comieis o

pão de cevada, sem peneirá-lo?" Disse: "Moímaos a cevada e removíamos a

palha com assopro. Desta forma, a palha voava, e consumíamos o que sobrava."

(Bukhári)

497. Abu Huraira (R) relatou que, em certa ocasião, o Mensageiro de

Deus (S) saiu de sua casa e se encontrou com Abu Bakr e Ômar (R), e lhes

perguntou: "Que foi que vos fez sair das vossas casas a estas horas?"

Responderam: "A fome, ó Mensageiro de Deus!" Disse o Profeta: "A mim

também ... por Aquele Que tem a minh'alma em Suas mãos! Também me fez

sair o que vos fez sair, vós dois. Portanto, vinde comigo!" De maneira que

caminharam juntos até à casa de um dos Ansar; porém, este não se encontrava

em casa. Mas quando a mulher os viu, disse: "Sede benvindos a esta casa!" O

Mensageiro de Deus (S) lhe perguntou: "Onde está o teu marido?" Ela respondeu:

"Foi buscar água fresca." Naquele momento, chegou o dos Ansar e, olhando o

Mensageiro de Deus e os seus dois companheiros, disse: "Louvado seja Deus!

Não há nada que honre tanto a um hospedeiro, como o que hoje acontece a

mim!" Ato contínuo, se foi, e voltou com um racimo de tâmaras verdes e outro

de tâmaras maduras, e lhes disse: "Comei!" Todavia, conforme o dos Ansar

pegava sua faca, o Mensageiro de Deus (S) advertiu: "Toma cuidado em não

sacrificar uma ovelha de leite!" Então o homem sacrificou um cordeiro; comeram

do cordeiro, bem como as tâmaras, e beberam água. Quando se sentiram

satisfeitos, o Mensageiro de Deus (S) disse para Abu Bakr e para Ômar: "Por

Aquele Que tem a minh'alma em Suas mãos, que tereis de prestar contas no

Dia do Juízo, por estes regalos recebidos. Pois a fome vos fez sair de vossas

casas, mas não regressastes a elas sem que encontrásseis estas delícias!"

(Musslim)

498. Khálid Ibn Omar AI 'Adaui relatou: "Uma vez Utba Ibn Ghazawan,

governador de Basra, pronunciou um discurso para nós. Depois de enumerar os

encômios de Deus e de glorificá-Lo, ele disse: 'O mundo está anunciando o seu

fim, já mudou de feição e o tempo está correndo rápido. Muito pouco do mundo

ficou. E é tão pequeno quanto as gotas d'água deixadas depois de se beber a

água da vasilha. São essas gotas que os que amam o mundo estão bebendo.

Sereis transferidos dele para uma morada perene. Portanto, certificai-vos de

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irdes com o melhor que possuírdes. Fomos informados de que uma pedra jogada

na boca do Inferno continuará caindo por setenta anos, e mesmo assim não

alcançará o fundo. Mas, por Deus, será enchido com os pecadores. Estais

surpresos com isso? Fomos também informados de que a distância entre dois

dos portões do Paraíso é igual à distância da jornada de quarenta anos. A despeito

disso, dia virá em que estará lotado com seres humanos. Lembro-me de ser um

dos sete indivíduos, juntamente com o Profeta (S), que não tínhamos para comer

além de folhas de árvores, que machucavam as nossas bocas. De alguma forma,

consegui um pano que dividi em duas partes, uma eu usei e a outra foi usada

por Saad Ib Málik. Hoje, cada um de nós é adminstrador de uma cidade. Peço

refúgio em Deus de me sentir importante, porém ser ínfimo perante Ele.'"

(Musslim)

499. Abu Mussa aI Achari (R) relatou: "Aicha nos mostrou uma túnica

de um tecido grosseiro, e nos disse: 'o Mensageiro de Deus (S) apenas usou

estas peças quando lhe adveio a morte.'" (Muttafac alaih)

500. Saad Ibn Abu Waqas (R) relatou: "Fui o primeiro árabe a disparar

uma flecha pela causa de Deus. Às vezes lutávamos ao lado do Mensageiro de

Deus (S), sem dispormos de comida, a não ser as folhas de sarmento e de junco,

e isso nos fazia defecar como defecam as ovelhas." (Muttafac alaih)

501. Abu Huraira (R) contou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Senhor, faze com que o sustento da família de Mohammad seja suficiente para

satisfazer as suas necessidades de comer!" (Muttafac alaih)

502. Abu Huraira (R) relatou: "Por Deus, que não há outroa divindade

além d'Ele. Durante os dias do Profeta (S), eu costumava apertar o estômago

no chão, devido à fome extrema, ou costumava amarrar uma pedra sobre ele.

Uma dia eu estava sentado ao lado da via pública quando o Profeta (S) passou

por mim. Ao me ver, ele sorriu e percebeu, pela minha cara a minha condição

(de faminto). Ele chamou-me: -ó Aba Her (Abu Huraira)'. Respondi: 'Eis-me

aqui, ó Mensageiro de Deus'. Ele disse: 'Segue-me'; saiu andando, e eu o segui.

Ao chegar em sua casa, ele pediu permissão para entrar e entrou, e também

permitiu que eu entrasse. Dentro da casa ele viu um copo de leite, e perguntou

aos que estavam em casa: 'De onde veio este leite?' Disseram: 'Foi enviado a ti

por fulano ou fulana.' Ele me chamou: -o Aba Her.' Respondi: 'Eis-me aqui, ó

Mensageiro de Deus.' Ele disse: 'Vai e chama os meus companheiros da Suffa.'

Esses companheiros eram os hóspedes dos muçulmanos, que não possuíam casa,

nem propriedade, nem amigos, nem familiares com quem pudessem viver. Por

isso, eram hospedes de todos os muçulmanos. Quando o Profeta (S) recebia

alguma coisa como caridade, ele costumava mandá-la para eles e não guardava

nada dela para si (uma vez que era-lhe e à sua família proibido consumirem

algo das caridades). Porém, quando ele recebia algo como presente, ele dividia

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o presenteado com eles. Nessa ocasião porém, eu não estava gostando de seu

convite a eles, e pensei: 'Como este leite seria suficiente para tanta gente? Eu

merecia aquilo mais do que qualquer um, pois, bebendo-o, adquiriria alguma

energia. Quando os companheiros da Suffa viessem, o Profeta (S) iria me pedir

para servir-lhes o leite. E se eles bebessem, não sobraria nada para mim. Mas, o

que eu poderia fazer? Eu não podia deixar de executar uma ordem de Deus e de

Seu Mensageiro. Por isso, fui chamá-los. Eles vieram e solicitaram pemissão

para entrar, o que lhes foi concedido. Entraram e sentaram. O Profeta (S) me

chamou: -ó Aba Her.' Respondi: 'Eis-me aqui, ó Mensgaeiro de Deus.' Ele

disse: 'Pega o copo de leite e dá a eles para beberem." Peguei o copo e dei para

um deles. Ele bebeu até ficar satisfeito e, então devolveu-o a mim. Dei-o a

outro, que fez o mesmo. Fui repetindo a operação até que chegou a vez do

Profeta (S). Até então, todos haviam bebido até se satisfazerem. O Profeta (S)

pegou o copo, olhou para mim, sorriu e disse: -ó Aba Her.' Respondi: 'Eis-me

aqui, ó Mensageiro de Deus.' Ele disse: 'Só restam duas pessoas, eu e tu.' Disse

eu: 'De certo, ó Mensageiro de Deus.' Então, ele disse: 'Senta e bebe.' Eu sentei

e comecei a beber. O Profeta disse: 'Bebe mais.' Bebi um pouco mais, mas ele

continuou dizendo: 'Bebe; um pouco mais,' até eu dizer: 'Por Deus, que te

enviou com a verdade, não tem mais espaço no meu estômago!' Ele disse: 'Então

deixa eu beber.' Passei-lhe o copo. Ele agradecu a Deus e, em nome de Deus,

bebeu o leite que sobrou no copo!" (Bukhári)

503. Mohammad Ibn Sirin (R) cita, de Abu Huraira, que tenha dito:

"Lembro-me de quando ficava inconsciente e caía ao chão, entre o púlpito do

Profeta (S) e o quarto da Aicha (R), e todos que passavam colocavam os pés no

meu pescoço, achando que eu estava louco. Na verdade, não estava louco; estava

era simplesmente faminto (isto é, devido à fome extrema, eu ficava inconsciente,

e caía ao chão." (Bukhari)

504. Aicha (R) relatou que quando o Profeta (S) faleceu, sua armadura

estava penhorada com um judeu por trinta medidas de aveia. (Muttafac alaih)

505. Anas (R) relatou que o Profeta (S) penhrou seu escudo por uma

quantidade de cevada, e eu levei para ele alguns pães de cevada e um pouco de

gordura derretida. Ouvi-o dizer: "A família de Mohammad nunca possuiu uma

medida de farinha de trigo numa manhã ou numa noite, e era composta de nove

casas." (Bukhári)

506. Abu Huraira (R) relatou: "Vi setenta dos moradores de AI Suffa, e

notei que nenhum deles portava túnica. Tinham somente um camisolão que

usavam para se cobrir, atavam-no aos pescoços. De maneira que para uns a

veste chegava à metade das pernas, e, para outros, aos tornozelos. Por isso

tinham de segurá-la com as mãos, pois temiam que as suas partes pudendas

ficassem a descoberto." (Bukhari)

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507 Aicha (R) relatou: "O colchão do Mensageiro de Deus (S) era feito

de couro cheio de folhas de tamareira." (Bukhári).

508. Ibn Ômar (R) relatou: "Estávamos sentados em companhia do

Mensagerio de Deus (S), quando chegou um homem dos ansar; saudou-nos e

deu meia volta para ir-se. O Mensageiro de Deus (S) o chamou: 'Irmão ansari,

como se encontra o meu irmão Saad Ibn Ubada?' Respondeu: 'Esperando que

Deus lhe devolva a saúde!' Então o Mensageiro de Deus (S) nos perguntou:

'Quem de vós deseja visitá-lo?' E eis que se levantou, e nós com ele. Éramos

mais que dez, e não tínhamos sandálias ou meias de couro, nem gorras ou

camisas. Fomos caminhando por terrenos áridos e salinos, até que chegamos à

casa de Saad. Então os familiares e achegados dele fizeram lugar para que o

Mensageiro de Deus (S) pudesse aproximar-se juntamente com os que o haviam

acompanhado." (Musslim)

509. Imran Ibn AI Husshain (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Os

melhores dentre vós são aqueles da minha geração; então vêm aqueles que os

seguirão (ele repetiu isso duas ou três vezes). Então esses serão seguidos por

aqueles que testemunharão, mas que não lhes será pedido testemunhar (isto é,

seu testemunho não será aceito); eles trairão, e não serão confiáveis; prometerão,

mas não cumprirão, e sofrerão, com a obesidade." (Muttafac alaih)

510. Abu Umama (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: -ó

filho de Adão, se tu gastares as sobras de tua riqueza será melhor para ti; e se as

reteres, será pior para ti. Tu não serás censurado por guardares o dinheiro para

as tuas necessidades. Começa gastá-lo com os membros da tua família." (Tirmizi)

511. Ubaidullah Ibn Mihsan (S) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Aquele de vós que desperta gozando da segurança, de saúde e do sustento

para o dia, é como se estivesse de posse do mundo inteiro." (Tirmizi)

512. Abdullah Ibn Amr Ibn AI 'Ás (R), relatou que o Mensageiro de

Deus (S) disse: "Quanto àquele que abraçar o Islam e cujo sustento for o que

suprir as suas necessidades, e que se sentir satisfeito com o que Deus lhe houver

dado, certamente terá alcançado êxito." (Musslim)

513. Fadála Ibn Ubaid aI Ansári (R) contou que ouvira o Mensageiro de

Deus (S) dizer: "Bem-aventurado seja todo aquele que for guiado ao Islam, e

cuja busca do sustento for apenas para lhe cobrir as necessidades e, com isso,

sentir-se satisfeito." (Tirmizi)

514. IbnAbbas (R) narrou: "Amiúde, o Mensageiro de Deus (S) passava

noites seguidas com o estômago vazio, enquanto sua família tampouco tinha

nada para jantar. O pão que comiam era geralmente de cevada." (Tirmizi)

515. Fadála Ibn Ubaid (R) relatou que (às vezes), quando o Mensageiro

de Deus (S) liderava a oração, algumas pessoas pertencentes aos companheiros

de Suffa sentavam por causa da (fraqueza extrema devido à) intensidade da

fome. O aldeões costumavam dizer que eles estavam loucos. Após concluir a

oração, o Profeta (S) foi até eles, e disse: "Se soubésseis o que haverá para vós,

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junto a Deus, o Exaltado, iríeis gostar de sentir a dor da fome, e intensificada a

falta de provisão." (Tirmizi)

516. Abu Karima Micdad Ibn Madikarib (R) relatou que ouviu o

Mensageiro de Deus (S) dizer: "Nenhum homem enche um pote pior do que

enche seu estômago. Para um indivíduo, uns poucos bocados são suficientes

para lhe manter retas as costas; contudo, se ele quiser encher o estômago, deverá

dividi-lo em três partes, e deverá encher a terça parte da barriga com comida, a

outra terça parte com bebida, e deixar vazia a terça parte para o livre respirar,"

(Tirmizi)

517. Abu Umama Iyas Ibn Salaba al Ansári al Hársi (R) relatou que um

dia os companheiros do Mensageiro de Deus (S) levantaram a questão do mundo

perante ele. Quanto àquilo, o Mensageiro de Deus (S) disse: "Acaso não ouvistes

dizer, não compreendestes que a escassez é um dos símbolos da fé, que,

indubitavelmente, a escassez é um dos símbolos da fé?" (Abu Daúd)

518. Abu Abdullah Jáber Ibn Abdullah (R) relatou: O Mensageiro de

Deus (S) nos enviou, sob o comando de Abu Ubaida (R), para emboscarmos

uma caravana coraixita. Ele nos deu um saco de couro, contendo tâmaras, e

nada mais. Nosso comandante, Abu Ubaida (R), estipulou dar-nos, como ração

diária, uma tâmara. Quando foi questionado de como pudemos sobreviver com

aquela ração, ele replicou: "Nós a sugávamos como criança (suga o seio da

mãe), e bebíamos um pouco de água, depois. Isso nos ajudava passar o dia.

Costumávamos, também amassar folhas de árvores com nossos bastões,

molhávamos as mesmas e as comíamos." Seguimos assim, até alcançarmos a

costa marítima e vimos algo como uma enorme duna. Quando chegamos

perto,vimos que era uma enorme baléia. Abu Ubaida disse: "Está morta, e énos

proibido comê-la." Porém, após pensar um pouco, disse: "Fomos enviados

nessa missão pelo Mensageiro de Deus (S) e estamos empenhados na causa de

Deus. Portanto, somos forçados, pelas circunstâncias, e, por isso, não é mais

proibido o consumo de sua carne." O nosso grupo, que era de 300 pessoas,

subsistiu e engordou, consumindo a carne da baléia durante um mês.

Costumávamos recolher muito óleo através de seus olhos, e cortávamos grandes

pedaços de carne, tão grandes quanto um touro. Uma vez, Abu Ubaida colocou

treze homens dos nossos, sentados, na cavidade do olho da baléia. Em outra

ocasião ele tirou uma de suas costelas, colocou-a de pé, e fez passar o nosso

camelo mais alto por debaixo dela. Quando retornamos a Madina, levamos

conosco grandes pedaços de carne cozida, como ração para nós. Ao chegarmos

a Madina, apresentamo-nos ao Mensageiro de Deus (S) e o informamos a respeito

da baléia. Ele disse: "Isso foi fornecido a vós por Deus, como alimento. Se

tiverdes alguma carne dela, dai-nos um pouco para comermos." Assim, demos

um pouco de carne para o Mensageiro de Deus (S), e ele a comeu. (Musslim)

519. Asmá Bint Yazid (R) relatou que as mangas da camisa do Profeta

(S) lhe chegavam apenas até aos antebraços. (Abu Daúd e Tirmizi)

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520. Jáber (R) relatou: "Durante a batalha da Trincheira, estávamos

cavando uma vala; no decorrer da excavação, deparamos com uma rocha dura,

que ninguém era capaz de quebrar. O Profeta (S) foi notificado sobre ela, e

disse: 'Vou descer àtrincheira, e ver a rocha por mim mesmo.' Dizendo aquilo,

ele se levantou, e foi quando pudemos ver que tinha uma pedra amarrada ao

estômago (para suportar as agruras da fome). Não tínhamos tido nada o que

comer, pelos últimos três dias. Pegou uma picareta e golpeou com ela a dura

rocha, que se tornou mole como areia!" O Jáber relatou: "Sáí de perto do Profeta

(S), fui para casa, e disse para a minha esposa: Vi o Profeta (S) numa condição

tal, que não posso mais suportar; tens alguma coisa (que se coma) na casa? Ela

respondeu: 'Tenho um pouco de cevada e um cabrito.' (Prontamente) eu abati o

cabrito e triturei a cevada; depois pusemos a carne numa panela e, quando o

cozido estava quase pronto, a farinha de cavada tinha sido amassada e estava

pronta para fazer pão. Fui ter com o Profeta (S) e disse: Tenho alguma comida,

ó Mensageiro de Deus! por favor, vem com uma ou duas pessoas, e compartilha

da comida! Ele perguntou: 'Quantas pessoas podem ser acomodadas?' Eu disse:

Já te falei! Ele disse: 'Seria melhor se o número de pessoas fosse maior! Dize

para a tua esposa não tirar o cozido do fogo e o pão do forno, até eu chegar!'

Então ele disse para os Emigrantes (muhajirin) e para os Ansar (auxiliadores):

'Vamos!' Todos ficaram de pé."

O Jáber diz: "Fui ter com a minha esposa, e lhe disse: Que as bênçãos de

Deus estejam sobre ti! O Profeta (S), os muhajirin, os Ansar e outros estão

vindo para cá! Ela perguntou: 'Ele te pediu?' Eu disse: Sim, pediu. O Profeta

(S), que havia chegado à porta da casa, disse para os seus companheiros: 'Entrai,

mas não tumulteis!' Então ele começou a partir o pão em pedaços e a pôr carne

neles. Ele tirou o cozido da panela e o pão do forno; depois ele cobriu a comida

e, aproximando-se dos Companheiros, deu a cada um deles o seu quinhão, um

a um. Voltou àpanela e ao forno, e repetiu o processo. Continuou a fazer aquilo,

até que todos tinham comido a se fartar, e ainda alguma comida restara. Então

ele disse para a minha esposa: 'Come tu, e manda alguma comida de presente

(para os teus vizinhos, etc.), porque eles estão com fome. '" (Muttafac alaih)

521. Anas lbn Málik (R) registra que o Abu Tal-ha (R) disse para sua

esposa, a Ummu Sulaim (R): "Tenho notado alguns sinais de fraqueza na voz

do Mensageiro de Deus (S), que acho que é resultado da fome. Há algo (de

comer) contigo?" Ela disse que sim, e, pegando alguns pedaços de pão de cevada,

amarrou-os numa ponta do seu lenço de cabeça, escondeu-os sob a minha túnica,

e fez com que eu fosse ter com o Profeta (S). Quando os levei para o Profeta

(S), encontrei-o sentado na mesquita juntamente com outras pessoas. Fiquei

perto deles, e o Profeta (S) perguntou: "Foste mandado pelo Abu Tal-ha?" Eu

disse: "Sim, Senhor!" Ele perguntou: "para nos convidar a uma refeição?" Eu

disse: "Sim, Senhor!" O Mensageiro de Deus (S) disse para os Companheiros:

"Levantai-vos, e vamos!" Todos eles se dirigiram para a casa do Abu Tal-ha,

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comigo à frente; quando cheguei a casa dele, informei-o do que havia acontecido

(na mesquita). Ele chamou a Ummu Sulaim e lhe disse: -ó Ummu Sulaim, o

Mensageiro de Deus vem (com um grande número de pessoas), e nós nada

temos para os alimentar!' Ela disse: 'Deus e o Seu Mensageiro (S) bem sabem

do fato!' Depois o Abu Tal-ha saiu e escoltou o Mensageiro de Deus (S) para

dentro da casa. O Mensageiro de Deus (S) disse: -ó Ummu Sulaim, traz o que

tiveres!' Assim, ela pôs perante ele os mesmos pedaços de pão de cevada. O

Profeta (S) pediu que os pedaços de pão fossem partidos, e ela despejou um

pouco de manteiga que havia numa jarra sobre aqueles pedaços, para preparar

uma espécie de caril. Então o Profeta (S) os abençoou com a anuência de Deus,

e disse: 'Permite que dez pessoas entrem (e comam).' O Abu Tal-ha saiu e

trouxe dez indivíduos para dentro. Eles entraram, comeram satisfatoriaente, e

saíram. Então o Profeta (S) disse: 'Permite que mais dez pessoas entrem! I De

acordo, o Abu Tal-ha trouxe mais dez pessoas que, da mesma forma, comeram

e saíram. Novamente o Profeta (S) pediu permissão que dez pessoas viessem e

comessem, o que foi feito.Aquele procedimento continuou, até que todos tinham

comido o seu quinhão.O total dos convidados foi de setenta ou.oitenta, (Muttafac

alaih)

CAPÍTULOS7

o CONTENTAMENTO, A CASTIDADE E AMODERAÇÃO NOS

LUCROS E NOS GASTOS. O DEPLORAR PEDIR ESMOLA SEM

NECESSIDADE

Deus, louvado seja, disse:

"Não existe criatura sobre a terra cujo sustento não dependa de Deus"

(Alcorão Sagrado, 11:6).

E, louvado seja, disse também:

"Concedei-a aos pobres empenhados na luta pela causa de Deus,

que não podem auferir lucros na terra e que o ignorante não os crê

necessitados, porque são reservados. Tu os reconhecerás por seus aspectos,

porque não mendigam impertinentemente" (Alcorão Sagrado, 2:273).

E, louvado seja, disse mais:

"São aqueles que, quando gastam, não se excedem nem mesquinham,

colocando-se no meio-termo" (Alcorão Sagrado, 25:67). -

E, louvado seja, disse ainda:

"Não criei os gênios e os humanos, senão para Me adorarem. Não

lhes peço sustento algum nem quero que Me alimentem" (Alcorão Sagrado,

51:56-57).

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522. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A riqueza não

consiste em termos abundância de bens; a verdadeira riqueza é o contentamento

da alma." (Muttafac alaih)

523. AbduIlah lbn Amr lbn AI 'As (R), relatou que o Mensageiro de

Deus (S) disse: "Quanto àquele que abraçar o lslam e cujo sustento for o que

suprir as suas necessidades, e que se sentir satisfeito com o que Deus lhe houver

dado, certamente terá alcançado êxito." (Musslim)

524. Hakim lbn Hizam (R) contou: "Pedi dinheiro ao Mensageiro de

Deus (S), e ele me deu; mais tarde pedi-o outra vez, e me deu. Depois, voltei a

pedir-lho, e me deu. Ato contínuo, me disse: -ó Haquim, certamente os bens

são como uma fruta doce e apetitosa. Quem a comercom moderação obterá,

com isso, a bênção. E quem a comer com ânsia e avidez não obterá, por isso,

bênção alguma. Seriacomo comer sem se satisfazer. Vê bem; a mão que oferece

é melhor que a mão que pede.' Disse eu: -ó Mensageiro de Deus, juro por

Quem te enviou com as verdades que nada aceitarei depois de ter pedido a ti,

pelo que me resta de vida.' Abu Bakr (R), durante o seu califado, chamou Haquim

para oferecer-lhe algo, mas este se recusou a aceitá-lo. Depois Ômar (R) também

o chamou para oferecer-lhe algo, que tampouco aceitou. Por isso, Ômar disse:

'Muçulmanos, ponho-vos por testemunhar que Haquim se recusou a aceitar a

sua parte, que lhe cabia por direito estabelecido por Deus, destes despojos de

guerra.' Foi assim que Haquim jamais aceitou nada de ninguém, depois do Profeta

até a sua morte. (Muttafac alaih)

525. Abu Burda (R) relatou, baseado em Abu Mussa aI Ach'ari (R):

"Numa ocasião nós acompanhamos o Profeta (S) numa campanhia. (Devido à

carência de animais) apenas um camelo era repartido entre nós - seis pessoas

que montavam em turnos. Assim, nossos pés ficaram feridos, e até minhas unhas

caíram. Para cobrir os ferimentos, eu enrolei meus pés com trapos; e como

havíamos enfaixado nossos ferimentos com trapos, aquela campanha ficou

conhecida como ghazwatir Ricá, ou Campanha dos Farrapos." O Abu Burda

(R) disse que o Abu Mussa narrou esse episódio, mas depois se arrependeu de

havê-lo feito, afirmando: "Gostaria de não ter mencionado esse fato", uma vez

que ele não gostava de publicar algo acerca dos seus atos. (Muttafac alaih)

526. Amr Ibn Taghlib (R) diz: "Alguns espólios ou prisioneiros foram

levados perante o Mensageiro de Deus (S), que os distribuiu, dando para alguns

e omitindo outros. Depois ele foi informado de que aqueles que ele havia

ignorado estavam descontentes. Por isso ele proferiu um sermão no qual louvou

e glorificou a Deus, e depois disse: 'Por Deus, é verdade que eu dou para um e

ignoro outro, mas saiba-se que aquele a quem ignoro é mais caro para mim do

que aquele a quem dou. Dou para as pessoas em cujos corações vejo fraqueza e

indecisão; outros deixo à mercê do bom senso e da auto-suficiência que Deus

pôs em seus corações.''' Entre estes estava o Amr Ibn Taghlib que, enquanto

relatava isso, afirmou: "Certamente eu não trocaria essas (preciosas) palavras

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do Mensageiro de Deus (S), mesmo por camelos vermelhos!" - que são

conveniências preciosas entre os árabes. (Bukhári)

527. Hakim Ibn Hizam (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A mão

superior (a que dá) é melhor do que a mão inferior (a que recebe); começa tua

generosidade com teus dependentes; a melhor espécie de caridade é a que é

tirada do excedente; aquele que quer se tornar virtuoso, Deus assim o tornará, e

aquele que deseja a abundância Deus lho concederá." (Bukhari)

528. Abu Sufyan Sakhr Ibn Harb (R) relatou que o Mensageiro de Deus

(S) disse: "Não me questioneis com obstinação! Se um de vós me pedir algo, e

eu lhe der, mesmo de malgrado, haverá bênção no que eu lhe der. Porém, pedir

por algo, obstinadamente, faz perder a bênção." (Musslim)

529. Abu Abdur Rahman Auf Ibn Málik (R) diz: "Numa ocasião, nove,

oito ou sete de nós estávamos com o Profeta (S), quando ele disse: 'Por que não

fazeis um acordo com o Mensageiro de Deus', embora recentemente já

houvéssemos feito tal acordo. Então argumentamos: Ó Mensageiro de Deus, já

fizemos o acordo contigo! E ele repetiu: 'Por que não fazeis um acordo com o

Mensageiro de Deus?' Então, estendemos nossas mãos e tornamos a agumentar:

Ó Mensageiro de Deus, nós já fizemos um acordo contigo! Que outro acordo

devemos fazer contigo? Ele disse: 'Que cultuareis somente a 'Deus, e não

associareis nada a Ele; que observareis as cinco orações (diárias), e obedecereis

a Deus.' Nisso ele disse algo vagarosamente e acrescentou) ' ... e não pedireis

nada a ninguém!' Desde então eu notei quando o chicote de alguém caia, não

pedia a ninguém que lho pegue." (Musslim)

530. Ibn Ômar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Há alguém de vós

que insistirá em pedir até comparecer (no Dia do Juízo Final) perante Deus sem

um pedaço de carne no rosto." (Muttafac alaih)

531. Ibn Ômar (R) relatou que numa ocasião o Mensageiro de Deus (S)

estava pronunciando, do púlpito, um sermão sobre a doação de esmolas e sobre

a abstenção de se mendigar, e disse: "Amão superior é melhor que a mão inferior;

a mão superior é a mão que dá, e a mão inferior é a mão do pedinte." (Muttafac

alaih).

532. Abu Huraira (R) diz que o Profeta (S) disse: "Aquele que pede

(algo) às pessoas, com o fito de aumentar o seu acúmulo, na verdade está pedindo

uma brasa; depende dele o aumentá-la ou diminuí-la." (Musslim) ,

533. Samura Ibn Jundub (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Ao pedir,

a pessoa inflige uma cicatriz no seu rosto, a não ser que peça algo a uma

autoridade, ou requeira algo que seja essencial." (Tirmizi)

534. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A

pessoa que sofre de fome e pobreza e menciona esse fato às pessoas (com a

intenção de alcançar uma ajuda delas) não será aliviado. Porém, aquele que

pedir o auxília de Deus, cedo ou tarde conseguirá meios de subsistência,

imediatamente ou depois de algum tempo. (Abu Daúd e Tirmizi)

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5J5. Sauban (R) relatou que o Mensageiro de Deusa (S) disse: "Para

qualquer um que me garantir que não irá pedir nada a ninguém, para si próprio,

irei garantir o Paraíso." O Sauban disse: "Eu prometo!" Depois daquilo, o Sauban

não pediu nada a ninguém. (Abu Daúd)

536. Cabisa Ibn al Mukhárek (R) narrou: "Fizeram-me encarregado de

um caso de indenização a um contencioso e, por isso, fui ao Mensageiro de

Deus (S) para pedir-lhe ajuda quanto a cumprir o encargo. Disse-me: 'Espera

até que seja recebido o dinheiro por conta da caridade, para dispor do mesmo

para ti.' Em seguida acrescentou: -ó Cabisa, não é lícito recorrermos à caridade,

a não ser em três situações: a de um homem que toma o encargo de uma

indenização, em cujo caso poderá pedir ajuda para ressarcir o dinheiro gasto; a

segunda é para aquele a quem sobrevém uma calamidade, e perde seus bens,

em cujo caso também poderá pedi-la até que possa superar a sua desgraça; e a

outra é quando um homem se vê numa situação de indigência tal, que três pessoas

idôneas, dentre a sua própria gente, possam dizer: 'Este homem é um indigente!'

Nesse caso também poderá recorrer à caridade, até que saia da dita pobreza. 6

Cabísa, salvo nestes três casos, o recorremos à caridade será ilegal; e quem o

fizer incorrerá em legítima ilegalidade.''' (Musslim)

537. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "O necessitado e

pobre não é aquele que pode ser mandado de volta com uma ou duas tâmaras ou

uma ou duas fatias; uma pessoa realmente pobre é aquela que, apesar da sua

pobreza, abstém-se de pedir." (Mutaffac alaih)

CAPÍTULO 58

A ACEITAÇÃO DA COISA OFERECIDA SEM SER PEDIDA

538. Sálem Ibn Abdullah Ibn Ômar narra, baseado em seu pai, Abdullah

Ibn Ômar, e este em seu pai, Ômar Ibn AI Khattab (R), que o Mensageiro de

Deus (S) usou lhe oferecer alguns presentes, e ele disse: "Dá-os para alguém

mais necessitado do que eu." O Profeta (S) disse: "Leva o que vier a ti desses

bens sem que tenhas pedido, e junta-os aos teus mantimentos. Se quiseres, podes

consumi-los, ou dá-los em caridade. Não aspires conseguir algo através de outros

meios". Sálem diz que seu pai, Abdullah, nada pedia a ninguém, nem recusava

algo que lhe davam. (Muttafac alaih)

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CAPÍTULO 59

A BUSCA DA INTEGRAÇÃO MEDIANTE O ESFORÇO PRÓPRIO, E

AABSTENÇÃO DA MENDICIDADE. A TOMADA DA INICIATIVA

EM DAR.

Deus, Exaltado seja, disse:

"Uma vez observada a oração, dispersai-vos pela terra e procurai as

graças de Deus" (Alcorão Sagrado, 62: 10).

539. Abu Abdullah AI Zubair Ibn AIAwam (R) relatou que o Profeta (S)

disse: "Se alguém de vós pegar uma corda, for até à montanha e trouxer um

feixe de lenha às costas, e o vender, Deus protegerá, assim, seu rosto do castigo,

e será melhor do que pedir às pessoas, que poderão dar-lhe ou negar-lhe."

(Bukhári)

540. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "É

melhor para qualquer um de vós levar uma carga de lenha às costas do que

pedir a alguém, que esse alguém pode dar ou negar." (Muttafac alaih)

541. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "O profeta Davi

(que a paz esteja com ele) não comia nada que não fosse do fruto do seu trabalho."

(Bukhári )

542. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O

profeta Zacarias (R) era carpinteiro de profissão (isto é, ganhava a vida por

meio da carpintaria)" (Musslim).

543. Micdam Ibn M'adiaikarib (R) relatou que o Profeta (S) relatou:

"Ninguém consumiu melhor comida do que a obtida através de um trabalho

árduo de suas mãos. Davi, o Profeta de Deus, costumava comer o fruto do

trabalho de suas mãos." (Bukhári).

CAPÍTULO 60

A GENEROSIDADE E O GASTO EM BOA CAUSA,

COMA CONFIANÇA EM DEUS

Deus, louvado seja, disse:

"Tudo quanto distribuirdes em caridade Ele vo-lo restituirá" (Alcorão

Sagrado, 34:39).

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E, louvado seja, disse também:

"Toda caridade que fizerdes será em vosso próprio beneficio, e não

pratiqueis boas ações senão com a aspiração de contemplardes o Rosto de

Deus. Sabei que toda caridade que fizerdes vos será recompensada com

vantagem, e não sereis defraudados" (Alcorão Sagrado, 2:272).

E, louvado seja, disse ainda:

"De toda a caridade que fizerdes Deus saberá" (Alcorão Sagrado,

2:273).

544. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Somente dois

indivíduos merecem ser invejados: primeiro aquele a quem Deus concedeu

riqueza para gastar numa causa digna; e segundo, aquele a quem Deus concedeu

sabedoria pela qual ele julga e a qual ele ensina." (Muttafac alaih)

545. Ibn Mass'ud (R) contou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Qual

é aquele que de vós que ama os bens que deixará para o herdeiro, mais do que

os seus próprios bens?" Responderam: -ó Mensageiro de Deus, não há ninguém

dentre nós que ame os bens de um herdeiro, mais do que os próprios bens."

Disse o Profeta: "Pois os bens próprios são o que for antecipado, e os que

deixardes serão dos herdeiros." (Bukhári)

546. Adi Ibn Hátem (R) relatou que escutara o Mensageiro de Deus (S)

dizer: "Esquivai-vos do Inferno, ainda que seja dando, em caridade, meia

tâmara." (Muttafac alaih)

547. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) jamais disse não a

qualquer um que lhe pedisse algo. (Muttafac alaih)

548. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Pela

madrugada, todos os dias, dois anjos descem à terra, e um deles diz: 'Senhor

meu, compensa a quem gasta de seus bens!' enquanto o outro anjo diz: 'Senhor

meu, destrói os bens de quem se nega a gastá-los.'" (Muttafac alaih)

549. Abu Huraira relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus,

Exaltado seja, diz: -ó filho de Adão, gasta (pela causa de Deus) que será gastá

comtigo." (Muttafac alaih) .

550. Abdullah Ibn Amr Ibn al 'Ás (R) relatou que um homem perguntou

ao Mensageiro de Deus (S): "Qual é a melhor qualidade de um muçulmano?"

Respondeu: "Convidar para comer e saudar tanto a quem conhece como a quem

não conhece." (Muttafac alaih)

551. Abdullah Ibn Arnr Ibn al 'Ás (R), relatou que o Mensageiro de

Deus (S) disse: "Dentre quarenta boas obras, a melhor consiste em a pessoa

emprestar a sua cabra para que um necessitado lhe beba o leite. E sempre que a

pessoa realizar uma dessas obras, buscando com isso a recompensa de Deus,

com fé em sua promessa, Ele a fará entrar no Paraíso." (Bukhári)

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552. Abu Umama, Sudai Ibn Ajlan (R) relatou que o Mensageiro de

Deus (S) disse: -o filho de Adão, será sempre melhor para ti se ofereceres o

que exceder das tuas necessidades, e sempre será pior para ti a retenção do

excesso. E jamais serás censurado por possuíres uma riqueza de acordo com

tuas necessidades; e começa por gastá-la com a tua família. Fica sabendo que a

mão que dá é preferível à mão que pede." (Musslim)

553. Anas Ibn Málik (R) afirma que, no Islam, sempre que uma pessoa

pedia algo para o Mensageiro de Deus (S), ele lha dava. Numa ocasião um

homem foi ter com o Profeta (S), e ele lhe deu um rebanho de cabras, grande o

bastante para encher um vale. Quando o homem voltou para o seu povo, disse a

eles: -opovo meu, aceitai o Islam, porque o Mohammad (S) dá numa escala

tal, que não deixa temor de pobreza!" Mesmo quando um indivíduo aceitava o

Islam, simplesmente com o fito de ganhos terrenos, o Islam se tornava mais

caro para ele do que o mundo com tudo que nele há. (Musslim)

554. Ômar (R) narrou que uma ocasião o Mensageiro de Deus (S)

distribuíu uma caridade recebida. Então lhe perguntei: -o Mensageiro de Deus,

acaso os que recebem essa caridade a mereciam mais que os outros?" Respondeume:

"Olha, eles só me deixaram duas alternativas: que me pedissem com tanta

insistência até que a desse, ou que me chamassem de mesquinho, quando não o

sou de maneira alguma." (Musslim)

555. Jubair Ibn Mutim (R) relatou que ao final da batalha de Hunain,

quando estava voltando com o Profeta (S), alguns beduínos o detiveram e

exigiram seu quinhão dos espólios. Eles fizeram um círculo ao redor dele, sob

uma árvore, e alguém lhe arrancou a coberta. O Profeta (S) parou e disse:

"Devolvei-me a minha coberta! Se tivesse ao meu dispor espólios iguais ao

número de folhas desta árvore espinhosa; distribuí-los-ia todos entre vós, e vereis

que não sou avaro, nem mentiroso nem covarde." (Bukhari)

556. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A caridade não

faz diminuir a riqueza; Deus intensifica a honra daquele que perdoa e, quanto

àquele que se humilha para o bem de Deus, Ele o exalta em hierarquia."

(Musslim)

557. Abu Kabcha Ômar Ibn Saad alAnmári (R) relatou que ouviu o

Mensageiro de Deus (S) dizer: "Digo-vos estas coisas, e lembrai-vos bem delas,

pois posso jurar por elas; uma: os bens de ninguém ficarão reduzidos pela

caridade; duas: Deus intensificará a honra de quem suportar pacientemente a

injustiça; e terceira: ninguém se curvará para pedir, sem que Deus o sujeite à

fome e penúria", ou ele disse outras coisa como essas. Disse: "Lembrai-vos

bem do que vou lhes dizer: há quatro espécies de indivíduos no mundo; um é

aquele a quem Deus concede riqueza e conhecimento, e ele fica consciente do

seu dever para o seu Sustentador no tocante a essas duas coisas, ajuda seus

parentes e amigos, e cumpre os deveres de Deus quanto a eles; essa pessoa é

posta no mais elevado grau. Dois, é aquele a quem Deus concede conhecimento,

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mas não riqueza, e é honesto e veraz nas suas intenções; poderia realizar os

mesmos (bons) feitos que o outro realizou; como essa era a sua intenção, receberá

a mesma recompensa que o outro. Três, é aquele a quem Deus concede riqueza,

mas não conhecimento: esbanja o seu dinheiro devido à falta de conhecimento,

e não teme a Deus (ou seja, não se importa com o seu dever para com Deus,

nesse particular); nem tampouco cumpre com suas obrigações quanto aos

parentes, nem se conscientiza dos deveres que tem para com Deus. Tal pessoa

está na mais ínfima posição. Quatro, é aquele a quem Deus não concede riqueza

nem conhecimento, e ele diz: 'Se eu tivesse tido dinheiro, teria agido igual a

esse homem (o terceiro)!' Se essa é a sua intenção, então ambos estão iguais em

pecado." (Tirmizi)

558. Aicha (R) relatou que numa ocasião foi abatida uma cabra (e

distribuída a maior parte da carne). Então o Profeta (S) perguntou: "O que foi

deixado?" Ela respondeu: "Nada, além duma perna!" Ele argumentou: "(Como

de fato) tudo dela foi salvo, menos a perna." (Tirmizi)

559. Asmá, filha de Abu Bala Assidik (R), relatou: "O Mensageiro de

Deus (S) me disse: 'Não poupes tanto, a ponto de negares aos demais do que

tens, pois se o fizerdes, Deus o tirará de ti.'" (Muttafac alaih)

560. Abu Huraira (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:

"O caso do avarento e do dispensador é igual ao de dois indivíduos enrolados

em aço, dos peitos até aos pescoços. Quando o generoso gasta, sua armadura se

solta e se expande até cobrir-lhe os dedos das mãos e dos pés. Quando o miserável

decide nada soltar, cada anel da armadura se entranha no seu corpo; ele tenta

soltá-los, mas não consegue." (Muttafac alaih)

561. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Se o indivíduo

der emcaridade algo igual mesmo a uma tâmara, fruto dos seus ganhos legítimos,

Deus irá aceitar a caridade como pura; Ele a aceita com Sua mão direita e a faz

multiplicar para ele, assim como um de vós cuida de um bezerro, até que este se

torne um touro forte e encorpado, feito uma montanha." (Muttafac alaih)

562. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando um homem

caminhava por um pedaço de terra destituído de água, ouviu uma voz vinda

duma nuvem, que dizia: 'Ágüe o pomar de Fulano!' Então a nuvem começou a

se deslocar numa certa direção, e fez chover sobre um pedaço rochoso de terra.

A água, correndo por entre pequenas valetas, fluía para um grande canal. O

homem se pôs a seguir o canal, até que este cricundou um pomar, e ele viu o

dono do horto a trabalhar com uma enxada, distribuindo a água (entre todas as

árvores). Ele perguntou ao dono do pomar: -ó servo de Deus, qual o teu nome?'

Ele lhe disse o nome, que era o mesmo que ouvira dizer a nuvem. O dono do

pomar lhe perguntou: -ó servo de Deus, por que quiseste saber meu nome?' Ele

respondeu: 'É que ouvi uma voz vinda da nuvem que fez essa chuva cair, que

dizia: 'Ágüe o pomar de Fulanol; posso te perguntar o que fazes para que o teu

pomar mereça-este favor? Ele disse: 'Já que me perguntaste, far-te-ei ciente:

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Quando a produção deste pomar está pronta, eu dou um terço em caridade,

separo outro terço para mim e minha família, e uso o terço restante para semear

e fazer crescer outros frutos, no horto.''' (Musslim)

CAPÍTULO 61

A PROIBIÇÃO DAMESQUINHE7?E DA AVAREZA

Deus, louvado seja, disse:

"Àquele que mesquinhar e se considerar suficiente, e negar o melhor,

facilitaremos o caminho para a adversidade. E de nada lhe valerão os seus

bens, quando ele cair no abismo" (Alcorão Sagrado, 92:8-11).

E disse, louvado seja:

"Aqueles que se preservarem da avareza serão os bem-aventurados"

(Alcorão Sagrado, 64:16).

563. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Evitai serdes

injustos, pois a injustiça se transformará, no Dia do Juízo, em trevas. E evitai a

avareza, pois ela levou os povos anteriores a vós à perdição; fê-los derramar,

injustamente, seu próprio sangue e violar as suas sagradas leis." (Musslim)

CAPÍTULO 62

AABNEGAÇÃO E A OFERTA DE AJUDA AOS DEMAIS

Deus, louvado seja. disse:

" •••por outra, preferem-no em detrimento de si mesmos" (Alcorão

Sagrado, 59:9).

E, louvado seja, disse também:

"E porque, por amor a Ele, alimentam o necessitado, o órfão e o

cativo" (Alcorão Sagrado, 76:8).

564. Abu Huraira (R) relatou que um homem foi ter com o Profeta (S), e

lhe disse: "Estou faminto". O Profeta (S) enviou uma mensagem a uma de suas

esposas para ver se ela podia alimentar o hóspede. Ela disse: "Por Deus, Que te

enviou com a verdade, nada tenho além de água." Então ele enviou outra

mensagem para outra e obteve a mesma resposta. Ele obteve a mesma resposta

de todas. O Profeta (S) perguntou: "Quem hospedaria este homem por esta

noite?" Um homem dos Ansar respondeu: "Eu o hospedo, ó Mensageiro de

Deus." Ele o levou para casa e disse à esposa: "Vamos ser generosos com o

hóspede do Mensageiro de Deus (S)." (Muttafac alaih)

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572. Ibn Ômar (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A inveja

só é permitidaem dois casos: o invejarmos um homem a quem Deus fez aprender

o Alcorão, e que ocupa todo o seu tempo a estudá-lo e o pôr em prática, dia e

noite; e o invejarmos um homem a quem Deus concedeu riqueza, sendo que ele

a distribui entre os necessitados dia e noite". (Bukhari e Muslim)

573. Abu Huraira (R) relatou que os pobres, dentre os imigrantes, foram

ver o Mensageiro de Deus (S). e lhe disseram: "Os ricos têm alcançado os mais

elevados graus, além da graça e do favor de Deus!" Disse o Profeta: "Como

assim?" Responderam: "Eis que praticam a oração do mesmo modo que nós,

jejuam do mesmo modo que nós, porém oferecem a caridade que nós não

podemos oferecer,e libertam os escravos, e nós não." Disse o Profeta: "Gostaríeis

que vos ensinasse algo com o qual alcançaríeis a quem vos ultrapassa, e

ultrapassaríeis a quem vos segue, e não haverá alguém melhor do que vós, a

menos que faça o que fazeis?" Responderam: -ó Mensageiro de Deus, claro

que sim!" Disse o Profeta: "Glorificai, magnificai e louvai a Deus, dizendo:

Subhana Allah, AI Hamdu Lillah, Alláhu Akbar, isso, trinta e três vezes, ao

término de cada oração." Mais tarde, os pobres dentre os imigrantes voltaram e

disseram: "Nossos irmãos ricos se inteiraram do que aprendemos, e estão fazendo

o mesmo!" Então o Mensageiro de Deus (S) disse: "É, mas daí advirá um prêmio

da parte de Deus, Que o concederá a quem Lhe aprouver." (Muslim)

CAPÍTULO 65

A RECORDAÇÃO DA MORTE E O ANSEIO POR POUCAS

ASPIRAÇÕES

Deus, louvado seja, disse:

"Toda alma provará o sabor da morte e, no Dia da Ressureição,

sereis recompensados integralmente pelos vossos atos; quem for afastado

do Fogo infernal e introduzido no Paraíso triunfará. Que é a vida terrena

senão um prazer ilusório?" (Alcorão Sagrado, 3:185).

E, louvado seja, disse também:

"Nenhum ser sabe o que ganhará amanhã, tampouco nenhum ser

saberá em que terra morrerá" (Alcorão Sagrado, 31:34).

E, louvado seja, disse ainda:

"E quando seu prazo se cumprir, não poderão atrasá-lonem adiantálo

numa só hora" (Alcorão Sagrado, 16:61).

. E, louvado seja, disse mais:

-o crentes, que os vossos bens e os vossos filhos não vos alheiem da

recordação de Deus, porque aqueles que tal fizerem serão desventurados.

Fazei caridade de tudo com que vos agraciamos, antes que a morte

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surpreenda qualquer um de vós, e este diga: Ó Senhor meu, porque não

me toleras até um término próximo, para que eu possa fazer caridade e ser

um dos virtuosos? Porém, Deus jamais adiará a hora de qualquer alma,

quando ela chegar, porque Deus está bem inteirado de tudo quanto fazeis"

(Alcorão Sagrado, 63:9-11).

E, louvado seja, continuou: ,

"... até que, quando a morte surpreender algum deles, este dirá: O

Senhor meu manda-me de volta (à terra), a fim de eu praticar o bem que

negligenciei! Pois sim! Tal será a frase que dirá! E ante eles haverá uma

barreira, que os deterá até ao dia em que forem ressuscitados. Porém,

quando for soada a trombeta, nesse dia não haverá mais linhagem entre

eles, nem se consultarão entre si. Quanto àqueles cujas ações pesarem mais

serão os bem-aventurados. Em troca, aqueles cujas ações forem leves serão

desventurados e permanecerão eternamente no Inferno. O fogo abrasará

os seus rostos, e estarão com os dentes arreganhados. Acaso, não vos foram

recitados os Meus versículos e vós os desmentistes? Exclamarão: Ó Senhor

nosso, nossos desejos nos dominaram, e fomos um povo extraviado! Ó

Senhor nosso, tira-nos daqui! E se reincidirmos, então seremos iníquos!

Ele lhes dirá: Entrai aí e não Me dirijais a palavra. Houve uma parte dos

Meus servos que dizia: Ó Senhor nosso, cremos! Perdoa-nos, pois, e tem

piedade de nós, porque Tu és o melhor dos misericordiosos! E vós os

escarnecestes, a ponto de (tal escárnio) vos fazer esquecer da Minha

Mensagem, posto que vos ocupáveis em motejar deles. Sabei que hoje os

recompenso porsua perseverança, e eles serão os ganhadores. Dirá: Quantos

anos haveis permanecido na terra? Responderão: Permanecemos um dia

ou uma parte de um dia. Interrogai, pois, os encarregados dos cômputos.

Dirá: Não permanecestes senão muito pouco; se vós soubésseis! Pensais,

porventura, que vos criamos por diversão e que jamais retornareis a Nós?"

(Alcorão Sagrado, 23:99-115).

E, louvado seja, continuou ainda:

"Porventura, não chegou o momento de os crentes humilharem seus

corações à recordação de Deus e à verdade revelada, para que não sejam

como os que antes receberam o Livro? Porém, longo tempo passou sobre

eles, endurecendo-lhes os corações, e sua maioria é depravada" (Alcorão

Sagrado, 57:16).

574. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) o agarrou pelo

ombro, certa ocasião, e lhe disse: "Sê, nesta vida, como se fosses um estranho,

e age como se estivesse de passagem!" E o próprio Ibn Ômar costumava dizer

a respeito: "Se conseguires viver até à tarde, não tenhas muita esperança de

chegar até à amanhã; e se conseguires viver até à manhã, não tenhas muita

esperança de chegar até à tarde. Aproveita a tua saúde para a doença, e a tua

vida, para a morte." (Bukhári)

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575. Abdullah Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Se um muçulmano tiver algo (que possa ser herdado pelos seus sucessores),

não deverá deixar passar duas noites sem executar um testamento escrito."

(Muttafac alaih)

576. Anas (S) narrou que o Profeta (S) traçou, em certa ocasião, umas

linhas, e disse: "Esta é a esperança e este é o período prefixado e, enquanto

assim estiver, vem a linha mais curta." (Bukhári)

577. Abdullah Ibn Mass'ud (R) relatou que o Profeta (S) desenhou uma

figura retangular e, no meio dela, traçou uma linha em toda a extensão; a

extremidade superior dessa linha salientava-se para além do retângulo. Quase

cruzando essa linha mediana ele traçou pequenas linhas verticais. Ele indicou

que a figura representava o homem, que o retângulo circundante era o destino

que o cobria; a linha do meio representa a sua esoerança e as linhas curtas e

transversais a ela eram os testes e os altos e baixos da vida. Ele disse: "Se ele

escapar de uma destas, cairá vítima da seguinte e, caso se livre desta, a terceira

o irá pegar, e assim por diante." (Bukhári) O esboço era assim:

destino

espe""ça~

testes

578. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Tomai

a iniciativa fazendo boas ações, antes que ocorram as sete calamidadess; e tende

cuidado com elas: Acaso, esperais uma pobreza que faz esquecer, ou uma riqueza

que causa despotismo, ou uma enfermidade maligna, ou uma velhice senil

(delirante), ou uma morte repentina, ou o Anti-cristo e o impostor - pois é o

pior ausente esperado -, ou a Hora (do Juízo), pois a Hora será a mais calamitosa

e amarga!" (Tirmizi)

579. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Lembrai-vos com

freqüência da morte, a demolidora dos prazeres." (Tirmizi)

580. Ubai Ibn Kaab (R) relatou que quando um terço da noite se passava,

o Mensageiro de Deus (S) costumava levantar-se e exclamar: "6 gente, lembraivos

de Deus! O primeiro toque {da trombeta do anjo Israfil)já soou; depois virá

o segundo toque; este será acompanhado da morte, com tudo oque ela abrange!"

O Ubai disse para o Profeta (S): -ó Mensageiro de Deus, eu invoco

abundantemente a paz e as bênçãos de Deus sobre ti. Quanto tempo deverei

gastar nisso?" Ele disse: "Tanto tempo quanto achares adequado!" O Ubai

perguntou: "Um quarto do meu tempo?" O Profeta (S) disse: "Tanto quanto

desejares, mas seria melhor para ti se pudesses devotar mais tempo!" O Ubai

disse: "Metade do meu tempo?" O Profeta disse: "O tempo que quiseres, mas

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seria melhor se o aumentasses!" O Ubai disse: "Será que devo dedicar todo o

meu tempo recitando salat (bendição) sobre ti?" O Profeta (S) disse: "Nesse

caso, irei cuidar de todas as tuas preocupações, e teus pecados serão perdoados."

(Tirmizi).

CAPÍTULO 66

A RECOMENDAÇÃO AOS HOMENS QUANTO À VISITA ÀS

SEPULTURAS, E O QUE O VISITANTE DEVE DIZER

581. Buraida (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Eu vos havia aconselhado

a não visitardes as sepulturas, mas agora deveis visitá-las." (Musslim)

582. Aicha (R) relatou que quando era o turno de o Profeta (S) ficar com

ela, ele acordava, na última parte da noite, e ia para o cemitério de Baquí (nos

arredores de Madina) e cumprimentava os habitantes dos sepúlcros, da seguinte

forma: "Que a paz esteja convosco, ó crentes, moradores daqui. Que Deus vos

conceda, no Dia do Jízo Final, o que vos prometeu. Foi-vos dada folgança até a

um término pré fixado. Juntar-nos-emos a vós, se Deus quiser. ó Deus, perdoa

os moradores do Baquí!" (Musslim)

583. Buraida (R) relatou que o Profeta (S) costumava instruir os

muçulmanos que quando visitassem oscemitérios, deveriam dizer: -ó crentes

e muçulmanos, moradores deste lugar, que a paz esteja convosco! Se Deus

quiser, iremos juntar-nos a vós; rogo a Deus por segurança para vós e para nós."

(Musslim)

584. Ibn Abbas (R) narrou que, em certa ocasião, o Mensageiro de Deus

(S) passou pelo cemitério de Madina e, virando para ele oseu rosto, disse: "Que

a paz esteja convosco, moradores das sepulturas, e que Deus perdoe a nõse a

v6s! Sois nossos predecessores, e logo seguiremos as vossas pegadas." (Tirmizi)

CAPÍTULO 67

AABOMINAÇÃO DE SE DESEJAR A MORTE POR CAUSA DE

UMA CALAMIDADE. A JUSTIFICAÇÃO DO CASO QUANDO HÁ

. APREENSÃO DE SE CAIR EM TENTAÇÃO .

585. Abu Huraira (Rjrelatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Ninguém de vós deve suplicar pela morte; porque se foruma boa pessoa, será

possível acrescentar boas obras às suas virtudes; se não for uma boa pessoa,

poderá ter a chance de retificar o seu passado." (Muttafac alaih)

586. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse; "Que ninguém

dentre vós deseje a morte por algo que haja sofrido. Outrossim, que diga: 'Deus

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meu, se a vida é o melhor para mim, faze-me viver; e faze-me morrer, se a

morte é o melhor para miml'" (Muttafac alaih)

587. Cais Ibn Abi Házem relatou: "Fomos visitar Khabbab Ibn ai Arat

(R), que se encontrava enfermo e tinha cauterizações em sete lugares do corpo.

Naquela ocasião, nos disse: 'Nossos companheiros, que nos precederam,

morreram sem que os prazeres desta vida em nada pudessem diminuir-lhes as

recompensas da outra vida. Em troca, nós temos acumulada tanta riqueza, que

não encontramos lugar para guardá-la, a não ser em baixo da terra. E se não

fosse o caso de o Profeta (S) nos ter proibido desejarmos a morte, tê-Ia-íamos

solicitado!" Tempos depois, fomos visitá-lo outra vez, e o encontramos

construindo uma parede. Disse-nos: 'O muçulmano recebe a recompensa de

Deus por qualquer gasto que faz, exceto por algo que o coloca nesta terra. '"

(Bukhári)

CAPÍTULO 68

A CAUTELA E O DEVER DE SE EVITAREM AS QUESTÕES

DUVIDOSAS

Deus, louvado seja, disse:

" ... considerando leve o que era gravíssimo ante Deus" (Alcorão

Sagrado, 24:15).

E, louvado seja, disse também:

"O teu Senhor está sempre alerta" (Alcorão Sagrado, 89: 14).

588. Annu'man Ibn Bachir (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deusa

(S) dizer: "O que é lícito é claro, e o que é ilícito é claro; entre eles há algumas

coisas ambíguas que as pessoas não conhecem. Aquele que evita as coisas

duvidosas salvaguarda a sua fé e sua honra; aquele que se envolve com as coisas

duvidosas cai em atividades ilícitas. O seu caso é como o do pastor que pastoreia

seu rebanho nas vizinhanças de uma reserva exclusiva de pastagens, mas está

sempre apreensivo de que algum dos animais possa invadir a pastagem. Sabei

que cada rei tem uma demarcação exclusiva e proibida, e a demarcação proibida

de Deus são as coisas ilícitas. Sabei também que há no corpo humano um pedaço

de carne: quando este está saudável, todo o corpo fica saudável, e quando está

doente. todo o corpo fica doente. É o coração." (Muttafac alaih)

589. Anas lha Málik (R) relatou que o Profeta (S) viu, numa ocasião,

uma tâmara seca na rua, e disse: "Se eu não temesse que havia sido designada

para caridade, tê-Ia-ia comido" (Muttafac alaih)

590. A1 Nauwas Ibn Sarnan (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Apiedade

está no bom caráter, e o pecado é aquilo que se passa no interior, e que detestas

que seja descoberto pelos demais." (Musslim)

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591.Wábisa Ibn Ma'bad (R) relatou: "Uma vez fui ter com o Mensageiro

de Deus (5), e ele me perguntou: 'Vieste perguntar sobre a virtude?' Respondi:

Sim! Ele disse: 'Pergunta ao teu coração a respeito dela. A virtude é a coisa que

satisfaz a tua alma e sossega o teu coração; e o pecado é a coisa que perturba a

tua alma e desassossega o teu coração, apesar de considerarem isso lícito e

algumas pessoas podem solicitar o teu parecer a respeito disso." (Ahmad e

Dárami)

592. Ucba Ibn Háris (5) narrou que se casara com a filha de Abu Ihab

Ibn Aziz, mas aconteceu que uma mulher se chegou a ele e disse: "Certamente

fui a nutriz de Ucba e da mulher com quem te casaste." Ucba replicou: "Não

tive conhecimento disso, e tampouco me fizeste saber que me havias

amamentado!" De sorte que viajou para Madina para perguntar ao Mensageiro

de Deus (S) sobre o assunto, o qual lhe disse: "Como é que continuais juntos,

uma vez que já foi dito que sois irmãos de leite?" Assim foi que se divorciaram,

e ela se casou com outro homem. (Bukhári)

593. AI Hassan Ibn Áli (R), relatou: "Memorizei, do Mensageiro de Deus

(S), que disse: 'Deixa de lado o que é patentemente duvidoso, e apega-te ao que

não deixa lugar a dúvida!" (Tirrnizi)

594. Aicha (R) relatou: "O Abu Bakr (R) tinha um escravo quc lhe pagava

uma quantia dos seus ganhos diários, e o Abu Bakr utilizava o dinheiro para o

seu sustento. Num dia o escravo apresentou algo de comer, que o Abu Bakr

comeu. O escravo lhe perguntou: "Sabes, acaso, que coisa era essa?" O Abu

Bakr, em vez de responder, perguntou: "Que era?" O outro disse: "Nos dias da

jáihiliya(ignorância), eu costumava predizer o futuro para um indivíduo. Falando

a verdade, eu não predizia o futuro; eu era uma fraude. Bem, quando eu o

encontrei, ele me apresentou essa coisa que acabaste de comer!" Ao ouvir aquilo,

o Abu Bakr (R) enfiou os dedos na boca e vomitou tudo o que havia em seu

estômago. (Bukhári)

595. Náfi (R) relatou que Ômar Ibn al Khattab (R) fixou quatro mil

dirhams para cada pioneiro dos emigrantes, mas para o seu próprio filho ele

fixou apenas três mil e quinhentos. Quando alguém perguntou: "Ele é também

um emigrante; por que fixaste uma qunatia menor para ele?, ele respondeu:

"Ele emigrou junto com o pai dele", querendo dizer que ele não era igual àquele

que emigrara por si. (Bukhári)

596. Atiya Ibn Urwa al Sadi al Sahábi (R) relatou que o Mensageiro de

Deus (S) disse: "Ninguém poderá alcançar o auge da piedade, até que abandone

as práticas inofensivas, meramente para se salvaguardar contra aquelas que são

danosas." (Tirmizi)

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CAPÍTULO 69

A PREFERÊNCIA PELO AUTO-ISOLAMENTO DURANTE AS

ÉPOCAS DE CORRUPÇÃO, OU POR MEDO DE CAIR EM

TENTAÇÃO EM SITUAÇÕES ILÍCITAS OU EM ATOS DUVIDOSOS

Deus, louvado seja, disse:

"Apressai-vos, pois, para Deus, porque sou, de Sua parte, um

elucidante admoestador para vós" (Alcorão Sagrado, 51:50).

597. Saad Ibn Abi Waqas (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus

(S) dizer: "Deus, o Altíssimo, ama e é amigo do servo piedoso, abstinente e

despretcncioso." (Musslim)

598. Abu Saíd aI Khudri (R) relatou que um homem perguntou: "Qué a

melhor pessoa, ó Mensageiro de Deus?" Respondeu-lhe: "O crente que combate

pela causa de Deus com sua vida e propriedade." O homem perguntou

novamente: "Quem vem depois dele?" Respondeu-lhe: "Aquele que se isola

num vale para adorar a seu Senhor."

Uma outra versão diz: "Aquele que teme a Deus e livra as pessoas de

seus males." (Muttafac alaih)

599.Abu Saíd ai Khudri (R)rclatou que o Profeta (S) disse: "Será chegado

o tempo em que a melhor propriedade do muçulmano será um rebanho de cabras

com o qual ele irá para os topos das montanhas ou para um lugar chuvoso, para

salvaguardar a sua fé quanto aos desmandos e às provações" (Bukhari).

600. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Todos os profetas

apontados por Deus tinham por profissão serem pastores de cabras." Foi-lhe

perguntado: "E, até tu?" Ele respondeu: " Sim, eu também as pastoreei, mediante

o pagamento de alguns quilates, para as pessoas de Makka" (Bukhari).

601. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (5) disse: "A

melhor vida é a de uma pessoa que, segurando as rédeas de um cavalo, voa no

lombo do animal, para o bem de Deus. Ele corre para um lugar onde possa

observar o perigo ou ouvir o barulho do inimigo; procurará matar ou o martírio,

enquanto estiver empenhado no jihad, ou viverá num dos vales praticando

regularmente as orações (salat), pagando o zacat, cultuando seu Deus, até ao

seu fim, não intervindo nos assuntos de outras pessoas, a não ser para o bem."

(Musslim)

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CAPÍTULO 70

OS MÉRITOS DE SE MISTURAR COM AS PESSOAS E

PARTICIPAR DE SEUS AJUNTAMENTOS, E ESTAR PRESENTE

NAS SUAS BOAS AÇÕES E PARTICIPAR DE SUAS SESSÕES DE

ZIKR (RECORDAÇAO DE DEUS). VISITAR O ENFERMO, ESTAR

PRESENTE NAS ORAÇÕES FÚNEBRES, SATISFAZER AS

NECESSIDADES DOSNECESSITADOS, ORIENTAR OS

IGNORANTES, E TER O SENSO DE OBRIGAÇÃO E

RESPONSABILIDADE. PRATICAR O LÍCITO E PROIBIR O

ILÍCITO. GUARDAR CORPO E ALMA LIVRES DAS IMPUREZAS

(VÍCIOS) E SER PACIENTE EM CASO DE INJÚRIA

o lmam Nawawi disse que o método de o Profeta (S) tratar com as

pessoas era o melhor e o mais apropriado. O mesmo tipo de conduta foi seguido

pelos profetas anteriores a ele, e esse era o comportamento adotado pelos quatro

califas probos, os honrados companheiros do Profeta (S) e os sábios teólogos, e

as pessoas de bem. Este foi o método da maioria dos seguidores dos

companheiros, o Ismam Cháfi'i e o lmam Ahmad Ibn Hanbal também adotaram

este tipo de conduta em seu relacionamento com as pessoas.

Deus, louvado seja, disse:

"Auxiliai-vos na virtude e na piedade!" (Alcorão Sagrado, 5:2)

Há muitos versículos como este no Alcorão Sagrado.

CAPÍTULO 71

O TRATO CORTÊS E A HUMILDADE PARA COM OS CRENTES

Deus, louvado seja, disse:

"E abaixa tuas asas para aqueles que te seguirem dentre os crentes"

(Alcorão Sagrado, 26:215).

D, louvado seja, disse também:

-ocrentes, aqueles dentre vós, que renegarem sua religião, saibam

que Deus os suplantará por outras pessoas, as quais amará, as quais O

amarão, serão compassivos para com os crentes e severos para com os

incrédulos" (Alcorão Sagrado, 5:54).

E, louvado seja, disse ainda:

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-ó humanos, em verdade, nós vos criamos de macho e fêmea e vos

dividimos em povos e tribos para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que

o mais honrado dentre vós, ante Deus, é o mais temente" (Alcorão Sagrado,

49:13).

E, louvado seja, disse também:

"Não atribuais pois, pureza a vós mesmos, porque Ele bem conhece

o temente" (Alcorão Sagrado, 53:32)

E, louvado seja, continuou:

"Os habitantes dos cimos gritarão a uns homens, os quais

reconhecerão por suas fisionomias: De que vos serviram vossos tesouros e

vosso ensoberbecimento? São estes, acaso, de quem jurastes que Deus não

os agraciariá com Sua misericórdia? (Deus dirá a estes): Entrai no Paraíso

onde não sereis presas do temor nem vos entristecereis" (Alcorão Sagrado,

7:48-49).

602. lyadh lbn Rimar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Deus me revelou que deveis ser corteses e cordiais uns com os outros, de tal

forma que ninguém se considere superior a outro, nem o prejudique." (Musslim)

603. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A caridade não

faz diminuir a riqueza; Deus intensifica a honra daquele que perdoa e, quanto

àquele que se humilha para o bem de Deus, Ele o exalta em hierarquia."

(Musslim)

604. Anas (R) relatou que passou perto de uns meninos e os saudou. E

disse: "Assim o fazia também o Profeta (S)." (Muttafac alaih)

605. Anas (R) relatou: "Mesmo a mais humilde serva de Madina pegava

na mão do Profeta (S) e o levava para onde queria." (Bukhári)

606. AI Asswad Ibn Yazid relatou que Aicha (R) foi interrogada acerca

do que fazia o Profeta (5) quando se encontrava em casa. Respondeu: "Estava

sempre a serviço da sua família; e quando chegava a hora da oração, saía para

fazê-la na mesquita." (Bukhári)

607. Tamim lbn Usaid (R) narrou: "Certa ocasião, fui ter com o

Mensageiro de Deus (S) quando se encontrava pregando a exortação, e lhe

disse: "6 Mensageiro de Deus, sou um estranho que veio perguntar acerca da

religião. Dela, nada sei! Então, aproximou-se de mim, interrompendo a sua

prelação. Trouxe-lhe uma cadeira e, uma vez sentado, começou a me ensinar o

que Deus lhe havia ensinado. Depois voltou, e completou a sua exortação."

(Musslim)

608. Anas lbn Málik (R) diz que quando o Mensageiro de Deus (S)

terminava de tomar sua refeição, costumava lamber os dedos. Anas (R) relatou

também que o Profeta (S) dizia: "Se um pedaço (ou bocado) de comida cair da

mão de alguém, este deverá retirar a poeira ou a sujeira, e comê-lo, e não o

deixar para o diabo!" Depois o Profeta (S) orientou: "A gente deverá limpar a

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vasilha da qual esteve a comer por meio de a lamber, pois a gente não sabe qual

parte da comida é abençoada." (Musslim)

609. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Todos os profetas

apontados por Deus tinham por profissão serem pastores de cabras." Foi-lhe

perguntado: "E, até tu?" Ele respondeu: " Sim, eu também as pastoreei, mediante

o pagamento de alguns quilates, para as pessoas de Makka." (Bukhári)

610.Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aceitarei o convite

para uma refeição, masmo se a comida consistir de uma omoplata ou uma perna

de cordeiro, e aceitarei um presente, mesmo que este seja não mais do que uma

omoplata ou uma perna de cordeiro." (Bukhári).

611. Anas Ibn Málik (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) tinha

uma camela chamada Azba que não permitia que um outro camelo a ultrapassasse

na corrida. Numa ocasião, um aldeião chegou montando um camelo novo, que

corria mais do que a camela do Profeta (S). Os muçulmanos ressentiram-se

muito daquilo. O Profeta (S) notanto o descontentamento dos muçulmanos,

disse: "É da vontade de Deus que Ele rebaixe qualquer coisa que se sobressaia,

no mundo." (Bukhari)

CAPÍTULO 72

A PROIBIÇÃO DA ARROGÂNCIA E DA SOBERBIA

Deus, louvado seja, disse:

"Destinamos a morada no Outro Mundo para aqueles que não se

envaidecem nem fazem corrupção ne terra; e a recompensa será dos

tementes" (Alcorão Sagrado, 28:83).

E, louvado seja, disse também:

"E não te conduzas com jactância na terra, porque jamais poderás

fendê-Ia, nem te igualares em altura às montanhas" (Alcorão Sagrado, 17:37).

E, louvado seja, disse mais:

"E não vires o rosto a gente, nem andes insolentemente pela terra,

porque Deus não estima arrogante e jactancioso algum" (Alcorão Sagrado,

31:18).

E, louvado seja, disse ainda:

"Em verdade, Carun era do povo de Moisés e o envegonhou.

Havíamos-lhe concedido tantos tesouros, que suas chaves eram uma carga

para um grupo de homens robustos. Recordai de quando seu povo lhe disse:

Não te exultes, porque Deus não aprecia os exultantes" (Alcorão Sagrado,

28:76).

612. Abdullah Ibn Mas'ud (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele

que tiver orgulho, do peso de um átomo, no coração não entrará no Paraíso."

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Um homem disse: -ó Mensageiro de Deus, algumas pessoas gostam de belas

roupas e lindos calçados." O Profeta (S) disse: "Deus é Elegante e Belo e gosta

do que é elegante e belo. Ter orgulho significa rejeitar a verdade e considerar os

outros inferiores." (Musslim)

613. Salma Ibn AIAqua' (R), relatou que um indivíduo começou a comer

com a mão esquerda na presença do Mensageiro de Deus (S). Este lhe disse:

"Come com a mão direita." Ele disse: "Não sou capaz de fazer isso!" Foi

simplesmente a sua insolência que o impediu de obedecer as ordens do Profeta

(S). Após aquilo, aconteceu que o dito homem não mais pôde levar a mão à

boca. (Musslim)

614. Háriça Ibn Wahb (R) contou que ouviu o Mensageiro de Deus (S)

dizer: "Quereis que vos fale quem são os moradores do Inferno? Pois são os

cruéis, os impertinentes e os arrogantes." (Muttafac alaih)

615. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Em dada

ocasião, o Paraíso e o Inferno disputam entre si. Diz o Inferno: 'Tenho comigo

os tiranos e os arrogantes!' E diz o Paraíso: 'Eu tenho comigo os débeis e os

modestos!' Porém Deus resolve a disputa, dizendo: 'Tu, Paraíso, és a Minha

misericórdia e to concedo a quem Eu quiser. E tu, Inferno, és o meu castigo.

Contigo farei sofrer a quem Eu desejar. E a ambos abarrotarei.'" (Musslim)

616. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "No

Dia do Julgamento, Deus não irá olhar na direção de quem, por orgulho, deixar

o seu manto arrastando." (Muttafac alaih)

617. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus,

no Dia da Ressurreição, não dirigirá a palavra a três espécies de indivíduos,

nem os purificará, nem tampouco os olhará, e terão um doloroso castigo: o

adúltero recalcitrante, o rei mentiroso, e o pobre arrogante." (Musslim)

618. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus,

exaltado seja, diz: 'A honra é a Minha veste inferior, e a grandiosidade é a

Minha veste superior; quanto àquele que competir coMigo nesses dois itens,

será castigado.?' (Musslim)

619. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Quando andava um homem, admirando-se das suas formosas vestes, dos seus

cabelos bem penteados, com passos ernpavonados, Deus o fez ser tragado pela

terra, onde se agitará até ao Dia do Juízo Final!" (Muttafac alaih)

620. Salama Ibn al Aqua' (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Desde que o homem persista em sua arrogância e altivez, será inscrito

entre os déspotas e, portanto, receberá o mesmo castigo que eles." (Tirmizi)

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CAPÍTULO 73

A EXCELÊNCIA DO CARÁTER

Deus, louvado seja, disse:

"Porque és de nobilíssimo caráter" (Alcorão Sagrado, 68:4).

E, louvado seja, disse também:

"... que reprimem a cólera; que indultam o próximo" (Alcorão

Sagrado, 3:134)

621.Anas Ibn Málik (R) relatou: "O Profeta (S) possuía o melhoro caráter

entre todos os seres humanos". (Muttafac alaih)

622. Anas Ibn Málik (R) relatou: "Nunca senti veludo nem seda mais

macios do que a mão do Mensageiro de Deus (S). Nunca senti um perfume

mais agradável do que o aroma do corpo do Mensageiro de Deus (S). Servi-o

por dez anos. Ele nunca me censurou, e nunca me perguntou: 'Por que fizeste

isso, por algo que eu fiz, ou por que não fizeste isso, por algo que não fiz!' Só

me perguntava: 'Fizeste isso?'" (Muttafac alaih)

623. AI Saab Ibn Jaçáma (R) relatou: "Certa ocasião dei de presente

uma zebra para o Mensageiro de Deus (S), mas ele não a aceitou. Quando me

viu aborrecido, disse: 'O que me veda aceitá-la é que estamos, nestes dias,

consagrados à peregrinação." (Muttafac alaih)

624. Annawas Ibn Sam'an (R) relatou: "Perguntei ao Mensageiro de

Deus (S) acerca da bondade e do pecado. Disse ele: 'A bondade é o excelente

caráter, e o pecado é o que se passa no teu interior, e que detestas que seja

descoberto pelos demais.'" (Musslim)

625. Abdullah IbnAmr Ibn al 'Ás (R) relatou que, por natureza, o Profeta

(S) nunca falava indecentemente, nem nunca ficava a escutar coisas indecentes.

Ele costumava dizer: "Os melhores dentre vós são os que possuem melhores

caráteres." (Muttafac alaih)

626. Abu al Dardá (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Nada será mais

preponderante na balança, no Dia do Juízo, do que a excelência do caráter; e,

certamente, a Deus aborrece o grosseirismo e a indecência." (Tirmizi)

627. Abu Huraira (R) relatou: "Ao Mensageiro de Deus (S) foi

perguntado: 'Que é que mais faz entrar as pessoas no Paraíso?' Respondeu: 'O

temor a Deus e a excelência de caráter.' Foi também interrogado sobre o que

mais faz entrar as pessoas no Inferno. Respondeu: 'A boca e os orgãos genitais. '"

(Tirmizi)

628. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O

mais íntegro dos crentes, em matéria de fé, é o que tem caráter excelente. E os

melhores de vós são os que melhor tratam as mulheres." (Tirmizi)

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629. Aicha (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:

"Certamente o crente alcança, com o seu excelente caráter, o grau daquele que

jejua de dia e, à noite, fica em vigília, rezando." (Abu Daúd)

630. Abu Umama aI Báhili (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Eu garanto uma casa nos arredores do Paraíso a quem abandonar as

dissensões, embora tenha razão. E uma casa no centro do Paraíso a quem

abandonar a mentira, ainda que seja por chacota. E uma casa no alto do Paraíso

a quem mostrar um earáter excelente." (Abu Daúd)

631. Jáber(R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Certamente,

o mais querido, para mim, e que estará sentado ao meu lado, no Dia da

Ressurreição, será o que tiver o caráter mais excelente. E os mais abomináveis,

para mim, e que estarão mais afastados de mim, no Dia da Ressurreição, serão

os charlatães, os presunçosos e os arrogantes." (Tirrnizi)

CAPÍTULO 74

AAFABILIDADE, A TOLERÂNCIA E A BENEVOLÊNCIA

Deus, louvado seja, disse:

"Que reprimem a cólera; que indultam o próximo" (Alcorão Sagrado,

3:134)

E, louvado seja, disse também:

"Conserva-te indulgente, encomenda o bem e foge dos insipientes"

(Alcorão Sagrado, 7: I99).

E, louvado seja, disse ainda:

"Jamais poderão equiparar-se a bondade e a maldade! Retribui o

mal da melhor forma possível, e eis que aquele que nutria inimizade por ti

converter-se-à em íntimo amigo! Porém, ninguém receberá isso senão os

tolerantes, e ninguém receberá isso, senão os bem-aventurados" (Alcorão

Sagrado, 41:34-35).

E, louvado seja, disse mais:

"Em troca, quem perseverar e perdoar, saberá que isso é um fator

determinante em todos os assuntos" (Alcorão Sagrado, 42:43).

632. Ibn Abbas (R) relatou que o Profeta (S) disse para Achaj 'Abd AI

Kaiss: "Tens duas qualidades que Deus gosta e ama: uma é brandura e a outra é

a tolerância." (Musslim)

633. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus é

Benigno, e Lhe apraz a benignidade em todos os cssuntos." (Muttafac alaih)

634. Aicha (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Deus é Benigno, e Lhe

apraz a benigdade; por isso recompensará, pela benignidade, como jamais

recompensou, pela violência ou por qualquer outra coisa parecida." (Musslim)

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635. Aicha (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A benignidade, quando

acompanha qualquer assunto, o embeleza, e, quando é retirada de qualquer

assunto, tira-lhe o encanto." (Musslim)

636. Abu Huraira (R) relatou que, em certa ocasião, um beduíno urinou

na mesquita; por isso as pessoas se levantaram e se arrojaram sobre ele para

castigá-lo; porém, o Profeta (S) disse: "Deixai-o! e, quanto à urina, jogai sobre

ela uma cuba de água para a limpar. Sede benévolos, e não sejais intransigentes!"

(Bukhári)

637. Anas (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Facilitai as coisas; não as

dificulteis! Apresentai as boas-novas, e não intimideis os outros." (Muttafac

alaih)

638. Jarir IbnAbdullah (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S)

dizer: "Quem estiver privado da benignidade haverá perdido toda a bondade."

(Musslim)

639. Abu Huraira (R) relatou que, em certa ocasião, um homem se

aproximou do Profeta (S), e lhe disse: "Aconselha-me!" Disse: "Não te

enfureças!" Porém, aquele homem insistiu em sua petição, e o Profeta repetiu:

"Não te enfureças!" (Bukhári)

640. Chadad Ibn Aus (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Deus prescreveu a benevolência quanto a todos os assuntos, inclusive quando

tiverdes de aplicar a pena de morte. Do mesmo modo, se tiverdes de sacrificar

algum animal, fazei-o com benevolência, afiando bem o cutelo, desejando que

o animal descanse, e que não sofra." (Musslim)

641. Aicha (R) relatou: "Sempre que eram apresentadas ao Mensageiro

de Deus (S) duas alternativas, escolhia a mais fácil, salvo numa transgressão da

lei, pois nesse caso, era o primeiro a evitá-la. E nunca se vingava por questões

pessoais; tão-somente o fazia quando eram violadas as leis sagradas de Deus.

Nesse caso, deixava o revide para Deus, exaltado seja." (Muttafac alaih)

642. Ibn Mass'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Quereis que vos fale de quem estará a salvo do Inferno? Pois estará a salvo

todo aquele que for querido pelas gentes, por sua benignidade, moderação e

atenção com os demais." (Tirmizi)

CAPÍTULO 75

o PERDOAR E O AFASTAR-SE DOS IGNORANTES

Deus, louvado seja, disse:

"Conserva-te indulgente, encomenda o bem e afsta-te dos ignorantes"

(Alcorão Sagrado, 7:199).

E, louvado seja, disse também:

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"Perdoa-os generosamente" (Alcorão Sagrado, 15:85).

E, louvado seja, disse ainda:

"Que os tolerem e os perdoem. Não vos agradaria, por acaso, que

Deus vos perdoasse?" (Alcorão Sagrado, 24:22).

E, louvado seja, disse mais:

"Que perdoam o próximo. Sabei que Deus aprecia os benfeitores"

(Alcorão Sagrado, 3:134).

E, louvado seja, continuou:

"Quem perseverar e perdoar, saberá que isso é umfator determinante

em todos os assuntos" (Alcorão Sagrado, 42:43).

643. Aicha (R) narrou que, em certa ocasião, perguntou ao Profeta (5):

"Tiveste algum dia que fosse mais penoso que o dia de Uhod?" Disse ele: "Pois

eis que tive mais penoso ainda, proveniente do teu povo; e o pior de todos foi o

dia de 'Acaba. quando me apresentei para Ibn Abd Ialil Ibn Abd Culal; pedi-lhe

ajuda, e ma negou. Então me fui dali muito angustiado, até chegar a Carn al

Saáleb. Ao levantar o olhar, vi uma nuvem que provera de uma sombra, e nela

se encontrava o Arcanjo Gabriel, que me chamou, dizendo: 'Deus, exaltado

seja, tem ouvido o que a tua gente te disse, e a resposta que tens dado. Por isso,

envia-te o anjo das montanhas para que mandes fazer com eles o que quiseres.'

Naquele momento, chamou-me o anjo das montanhas, suadando-me, e dizendo:

Ó Mohamrnad, Deus, exaltado seja, ouviu a resposta que a tua gente tem dado;

e eu sou o anjo das montanhas; eis que Deus me envia para que obedeça as tuas

ordens. Que desejas? Se quiseres, derrubarei inclusive as duas montanhas de

Makka sobre eles." Porém (continuou Aicha) o Profeta (5) disse: "Não, pois

tenho esperanças de que Deus fará surgir dentre os descendentes deles quem

adorará o Deus Único, sem Lhe associar nada nem ninguém." (Muttafac alaih)

644. Aicha (R) relatou: "O Mensageiro de Deus jamais pôs a mão (bateu)

numa mulher, num criado, nem em ninguém, salvo combatendo em nome de

Deus, e jamais retaliou, mesmo quando alguém lhe causava dano pessoal, salvo

se violasse alguma das sagradas leis de Deus; nesse caso, retaliava por conta de

Deus." (Musslim)

645. Anas (R) relatou: "Uma vez eu caminhava com o Profeta (S). Ele

usava uma capa de Najran, de forro grosso. No caminho ele cruzou com um

aldeão que o segurou pela capa e deu-lhe um puxão violento. Olhei para o

pescoço do Profeta (S) e vi a marca avermelhada que a capa causara devido à

violência do puxão. O aldeão disse: 'ó Mohammad, ordena que me seja dado

algo da provisão de Deus que se encontra contigo!' O Profeta (5) olhou para o

homem, sorriu, e ordenou que lhe fosse dado algo." (Muttafac alaih)

646. Ibn Mass'ud (R) contou: "Parece-me como se olhasse agora o rosto

do Mensageiro de Deus (S), quando nos falava de um dos profetas (a paz esteja

com eles), que foi golpeado por seu próprio povo, até sangrar e, enquanto limpava

o sangue das faces,dizia: 'Deus meu, perdoa-os, pois não sabem o que fazem!'"

(Muttafac alaih)

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647. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O

forte não é aquele que vence a outros na luta corporal, mas sim aquele que

controla o seu temperamento, no momento da ira." (Muttafac alaih)

CAPÍTULO 76

SUPORTAR AS INJÚRIAS

Deus, louvado seja, disse:

"Que reprimem a cólera; que indultam o próximo" (3:134).

"Quem perseverar e perdoar, saberá que isso éum fator determinante

em todos os assuntos" (42:43).

648. Abu Huraira (R.) relatou que um homem disse: -ó Mensageiro de

Deus, tenho familiares com os quais sempre trato de melhorar os laços, porém,

eles desdenham de mim; cuido deles com generosidade, mas eles me maltratam;

sou indulgente e compreensivo para com eles, mas eles são malévolos e

intransigentes para comigo." O Mensageiro de Deus (S) disse: "Se é assim, tal

como me contas, seria como se te fizessem engolir cinza escaldante; porém,

desde que te mantenhas assim, Deus te dará o Seu apoio e te protegerá deles."

(Musslim)

CAPÍTULO 77

A DEMONSTRAÇÃO DE DESGOSTO QUANDO SÃO VIOLADAS AS

NORMAS DA LEI, E A PRESTAÇÃO DE APOIO AO ISLAM

Deus, louvado seja, disse:

"Quanto àquele que enaltecer os ritos sagrados de Deus, será melhor

para ele" (Alcorão Sagrado, 22:30).

E, louvado seja, disse também:

-ó crentes, se secorrerdes a Deus, Ele vos secorrerá e firmará vossos

passos" (Alcorão Sagrado, 47:7).

649. Ucba Ibn Amr (R) relatou: "Aproximou-se um homem do Profeta

(S), e lhe disse: 'Estou faltando à oração da alvorada, porque fulano a prolonga

muito.' Nunca vi o Profeta (S) tão desgostoso como esteve durante a exortação

que fez, na continuação daquele dia, quando disse: 'Gente, entre vós há alguns

que aborrecem as pessoas. Para evitar isso, aquele que for encabeçar uma oração,

deverá encurtá-la. Saiba-se que há entre os oradores adultos, crianças e outras

pessoas que possuem afazeres. '" (Muttafac alaih)

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650. Aicha (R) relatou: "Certa ocasião, no regresso do Mensageiro de

Deus (S) de uma viagem, aconteceu de eu ter posto uma cortina numa grande

janela, a qual continha imagens (desenhos). Quando o Mensageiro de Deus ~S)

a viu, enfezou-se, e a retirou, dizendo: 'o Aicha, aqueles que vão sofrer o castigo

mais severo, no Último Dia, serão os que pretenderem assemelhar suas obras à

criação de Deus.!" (Muttafac alaih)

651. Aicha (R) relatou acerca da ocasião de um roubo praticado por uma

mulher da tribo Makhzum, que por isso foi condenada. Os coraixitas se

encontravam sumamente preocupados com a questão, e se perguntavam: "Quem

será que poderia interceder por ela junto ao Mensageiro de Deus (S)?" Alguém

disse: "Ninguém, a não ser Ussama Ibn Zaid, pois é o mais querido do

Mensageiro de Deus (S)." Assim foi que Ussama intercedeu por aquela mulher

junto ao Mensageiro de Deus (S), que disse: "Acaso pretendes interceder ante

uma sentença prescrita por Deus?" Ato contínuo, levantou-se e exortou as

pessoas, nestes termos: "O que levou os povos anteriores a vós à perdição e

destruição foi o fato de que deixavam livre o nobre que roubava, ao passo que

condenavam o destituído, se era o que roubava. Juro por Deus que se a Fátima,

a própria filha de Mohammad, tivesse roubado, ter-lhe-ia cortado a mão!"

(Muttafac alaih)

652. Anas (R) relatou que o Profeta (S) viu, certa ocasião, uma nesga de

mouco na parede da mesquita que estava na direção da Quibla. Aquilo o

aborreceu muito, de dar na vista. Inclusive, levantou-se e a raspou, então disse:

"Quando um de vós está rezando, eis que se encontra na presença de Deus, e

em comunhão com Ele. Seu Senhor Se encontra no meio, entre a quibla e ele.

Portanto, que não cuspa na direção da Quibla, quando poderá cuspir para a

esquerda ou debaixo do pé." Em seguida pegou a barra da sua túnica, cuspiu

numa parte dela, e a dobrou, dizendo: "Também se pode fazer deste modo!"

(Muttafac alaih)

CAPÍTULO 78

ASOLICITAÇÃO AOS HOMENS DE AUTORIDADE A SEREM

BENÉVOLOS COM O POVO; O ACONSELHAMENTO A LHE

TERMOS AFETO. A PROIBIÇÃO DO DEFRAUDAR, DO EXIGIR

COMASPEREZA, DO IGNORAR O SEU BEM-ESTAR E DE

MOSTRAR DESINTERESSE POR SUAS NECESSIDADES

Deus, louvado seja, disse:

"E abaixa tuas asas para aqueles que te seguirem dentre os crentes"

(Alcorão Sagrado, 26:215).

E, louvado seja, disse também:

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"Deus ordena a justiça, a caridade, o auxilio aos parentes, e veda a

obscenidade, o ilícito e a iniqüidade. Ele vos exorta a que mediteis" (Alcorão

Sagrado, 16:90).

653. Ibn Ômar (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:

"Cada um de vós é um pastor e, por isso, é responsável por aqueles que se

encontram ao seu encargo. O governador é um pastor, e é responsável por seus

governados; o homem é um pastor de sua família, e é responsável por ela; a

mulher é uma pastora na casa do seu marido, e é responsável por ela; o criado é

um pastor dos bens do seu patrão, e é responsável por eles. Em suma, cada um

de vós é um pastor, e é responsável por aquilo que está ao seu encargo." (Muttafac

alaih)

654. Maquel Ibn Yassar (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S)

dizer: "Quando Deus nomeia alguém autoridade sobre um povo e ele morre

enganando-o, Ele lhe proibirá a entrada dele no Paraíso." (Muttafac alaih)

655. Aicha (R) relatou: "Tenho ouvido, nesta minha casa, o Mensageiro

de Deus (S) dizer: 'Senhor, sê intransigente com aquele que, ao adquirir um

cargo de alguma autoridade, na minha nação, for intransigente para com ela. E

sê benevolente com aquele que, ao adquirir um cargo de alguma autoridade, na

minha nação, for benevolente para com ela!" (Musslim)

656. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Os

filhos de Israel eram governados pelos profetas e, quando morria um profeta,

sucedia-lhe outro. Porém, depois de mim, não haverá outro profeta. Haverá,

sim, califas, e serão muitos." Perguntaram-lhe: "O Mensageiro de Deus, que é

que nos mandas fazer, nesse caso?" Respondeu-lhes: "Sede leais a eles, de acordo

com vossos compromissos junto a eles, e assim sucessivamente. Então,

reconhecei-lhes os direitos, e suplicai a Deus pelos vossos, pois Deus lhes pedirá

contas acerca,das responsabilidades que lhes foram delegadas." (Muttafac alaih)

657. Aiz Ibn Amr (R) se dirigiu a Ubaidulah Ibn Ziad, dizendo-lhe: "O

filho, ouvi o Mensageiro de Deus (S) dizer: 'o pior dos governadores é o severo

e intransigente.' Portanto, cuida de não ser um deles!" (Muttafac alaih)

658. Abu Mariam AI Azdi (R) relatou que ele disse a Muáwiya (R):

"Ouvi o Mensageiro de Deus (S) dizer: 'Se Deus designar uma pessoa para

autoridade sobre os muçulmanos, e ela falhar em compensar as necessidades

deles e remover sua pobreza, Deus não lhe compensará as necessidades e não

lhe removerá a pobreza no Dia do Juízo Final.' Por isso, Muáwiya nomeou uma

pessoa para verificar as necessidades das pessoas." (Abu Daúd e Tirmizi)

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CAPÍTULO 79

o GOVERNADOR JUSTO

Deus, louvado seja, disse:

"Deus ordena ajustiça, a caridade" (Alcorão Sagrado, 16:90).

E, louvado seja, disse também:

"Sede eqüânimes, porque Deus aprecia os eqüânimes" (Alcorão

Sagrado, 49:9).

659. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Sete indivíduos

serão aqueles que estarão à sombra de Deus no Dia do Juízo Final, quando não

haverá outra sombra além da d'Ele. São: o governante justo, o jovem que passou

a sua juventude adorando a e a serviço de Deus, glorificado e exaltado seja;

aquele que tiver o coração permanentemente ligado às mesquitas; duas pessoas

que se amam por amor a Deus; eles se juntam para aprazerem a Deus e se

separam para aprazê-Lo; aquele que for incitado a cometer um pecado por uma

mulher bela e de posição e não aceitar, dizendo: temo a Deus; aquele que faz

caridade em segredo, sem se mostrar, de tal forma que sua mão direita não sabe

o que a esquerda dá; e aquele que se lembra de Deus com tanta solicitude, que

seus olhos se enchem de lágrimas." (Muttafae alaih)

660. AbduIlah Ibn Amr Ibn al 'Ás (R), relatou que o Mensageiro de

Deus (S) disse: "Os justos se encontram perante Deus, sobre estratos de luz.

São os imparciais em suas sentenças, e em suas famílias, bem como nas

responsabilidades a que foram incumbidos." (Musslim)

661. Auf Ibn Málik (R) relatou ter ouvido o Mensageiro de Deus (S)

dizer: "Os melhores dentre vós, governadores, são aqueles que são amados

pelo povo, e que o amam em troca. Imploram a Deus por ele, e ele implora a

Deus por eles, em troca. E os piores dentre vós, governadores, são aqueles que

detestam o povo, e são detestados por ele em troca. Maldizem-no e são malditos

em troca." Perguntamos-lhe: -ó Mensageiro de Deus, poderíamos sublevarnos

contra eles?" Disse: "Não, desde que mantenham a celebração das orações.

IDesde que mantenham as celebrações das orações!" (Musslim)

I 662. Iyadh Ibn Himar (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S)

dizer: "Os moradores do Paraíso serão de três espécies: O governador justo e

Ibem sucedido; o homem de misericórdia, benigno para com todos os seus

lfamiliares e muçulmanos, e o homem honesto que se recusa pedir às pessoas,

laindaque seja pobre e com família numerosa." (Musslim)

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CAPÍTULO 80

A OBEDIÊNCIA DEVIDA ÀS PESSOAS DE AUTORIDADE, EM

TUDO O QUE SE SUPÕE NÃO SER PECADO. A PROIBIÇÃO DESSA

OBEDIÊNCIA QUANTO A ATOS PECAMINOSOS

Deus, louvado seja, disse:

-ó crentes, obedecei a Deus, ao Mensageiro e às autoridades der.tre

vós!" (Alcorão Sagrado, 4:59).

663. Ibn Ômar (R) relatou que ouviu o Profeta (S) dizer: "É dever do

muçulmano ouvir e obedecer, no que gosta e no que não gosta, a menos que

seja ordenado a cometer algum pecado. Nesse caso não deve ouvir nem

obedecer." (Muttafac alaih)

664. Ibn Ômar (R) relatou: "Nós fizemos um voto de fidelidade ao Profeta

(S) de ouvir e obedecer; ele costumava dizer: 'Apenas tanto quento possais."

(Muttafac alaih)

665. Ibn Ômar R) relatou que ouviu o Profeta (S) dizer: "Aquele que

reprimir suas mãos quanto à obediência (ou seja, não fizer voto de fidelidade a

ninguém) irá encontrar-se com Deus, no Dia do Julgamento, sem qualquer

desculpa; e aquele que morrer sem jurar fidelidade terá morrido em estado de

ignorância - jahiliya," (Musslim)

Outra versão diz: "Aquele que morrer estando disassociado da sua

comunidade terá morrido no estado de ignorância."

666. Anas Ibn Málik (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Ouvi e obedecei, mesmo um escravo .egro, cuja cabeça seja igual a uma uva

seca, for apontado como autoridade sob. e vós." (Bukhári)

667. Abu Huraira (R) relatou que o r:ofeta (S) disse: "Devereis ouvir e

obedecer as ordens da autoridade, nas hoir s de agruras e de tranquilidade,

deliberadamente ou constrangidos, mesmo se fordes tratados inj..eramente."

(Musslim)

668. AbdulIah Ibn Ômar (R) relatou: "Estávamos numa jornada com o

Mensageiro de Deus (S), e acampamos num local. Alguns de nós se atarefaram

em armar suas tendas, alguns praticavam esportes ou jogos guerreiros (como

arremesso ao alvo, etc.), outros se oeupavam em atender suas reses, quando o

muézin do Profeta (S) anunciou que era chegada a hora da congregação. Assim,

nós nos juntamos ao redor do Mensageiro de Deus (S); então, dirigindo-se a

nós, ele disse: 'Todos os profetas que me precederam tinham a obrigação de

conscientizar o seu povo quanto ao que ele achava que era bom, e de os prevenir

quanto ao que ele achava que era ruim. Tanto quanto sabeis, (devo dizer-vos)

que estareis protegidos na primeira parte da vossa história mas, subseqüentemente,

ireis deparar com dificuldades e catástrofes que vos serão desagradáveis

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(aos infortúnios seguir-se-ão outros infortúnios). Uma calamidade fará a

calamidade anterior parecer leve. Quando a calamidade surgir, o crente dirá:

'Esta veio para me arruinar!' Quando ela passar e outra surgir, ele dirá: 'Esta é

a que me irá arruinar!' Por conseguinte, a pessoa que desejar estar imune ao

Inferno, e entrar no Paraíso, deverá encarar a morte acreditando em Deus e no

Dia do Julgamento, e deverá tratar os outros do mesmo modo que deseja ser

tratado. Aquele que prestou juramento de fidelidade a um líder (imam), e se

entregou de corpo e alma a ele, deverá obedecê-lo na medida do possível. Se

alguém se opuser e contestar a autoridade desse líder (imam), esse oponente

deverá ser decapitado." (Musslim)

669. Abu Hunaida Wail Ibn Hujr (R) relatou que o Salama Ibn Yazid (R)

pediu para o Mensageiro de Deus (S): -o Profeta de Deus, por favor, faze-me

saber se seremos colocados sob as ordens de governantes que irão exigir de nós

os seus direitos, mas se recusarão a dar-nos os nossos; quais são as tuas ordens

(para nós, nesse caso)?" O Mensageiro de Deus (S) evitou dar-lhe uma resposta,

mas o homem repetiu o pedido. Depois o Profeta (S) disse: "Devereis ouvi-los

e obedecê-los! Eles responderão pelas suas obrigações, e vós respondereis pelas

vossas." (Musslim)

670. Abdullah Ibn Mass'ud (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Depois de mim vereis muitas diferenças e coisas de que não ireis gostar."

Perguntaram: -ó Mensageiro de Deus, que temos de fazer em tais

circunstâncias?" Ele respondeu: "Tendes que cumprir os vossos deveres e pedir

a Deus pelos vossos direitos." (Muttafac alaih)

671. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Aquele que me obedecer obedecerá a Deus; aquele que me desobedecer

desobedecerá a Deus; e aquele que obedecer a pessoa em autoridade, obedecerá

a mim, e quem o desobedecer, desobedecerá a mim." (Muttafac alaih)

672. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Aquele

ao qual lhe desgosta algo da parte de seu governador, que tenha paciência, pois

quem se afasta, nem que seja um palmo, da obediência à autoridade estará na

condição de como se tivesse morrido na situação de ignomínia." (Muttafac alaih)

673. Abu Bacra (R) relatou ter ouvido o Mensageiro de Deus (S) dizer:

"Aquele que humilhar o governador será por Deus humilhado." (Tirmizi)

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CAPÍTULO 81

A PROmIçÃO DA REIVIND~CAÇÃO DE UM ~OSTO DE

AUTORIDADE. ADECLINAÇAO DAACEITAÇAO DE TAIS

POSTOS, SE NÃO FOR POR UMA EXIGÊNCIA OU NECESSIDADE

Deus, louvado seja, disse:

"Destinamos a morada no Outro Mundo para aqueles que não se

envaidecem nem fazem corrupção na terra; e a recompensa será dos

tementes" (Alcorão Sagrado, 28:83).

674. Abdul Rahman Ibn Samura (R) narrou que em certa ocasião o

Mensageiro de Deus (S) lhe disse: -ó Abdul Rahman Ibn Samura, jamais

reivindiques um posto de autoridade; porque se te designarem o posto, sem

teres pedido, eis que te ajudarão a cumprir com a sua responsabilidade. Porém,

se to designarem porque o pedistes, então te deixarão a sós ante tal

responsabilidade. E se jurares quanto a algo, logo verás que seria melhor que

retificasses ... então deverás fazer o que achares melhor - ao tempo que deverás

apresentar uma penitência por teres quebrado o teu juramento." (Muttafac alaih)

675. Abu Zar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) lhe disse: -o

Abu Zar, considero-te fraco, e como tal não estás apto a exercer função

administrativa. Gosto para ti o que gostaria para mim. Não deseja a autoridade,

mesmo sobre duas pessoas, nem queira ser o guardião da propriedade deum

~ ,".

órfão!" (Musslim)

676. Abu Zar (R) relatou: "Perguntei para o Mensageiro de Deus (S):

Por que não me apontas como administrador de algum lugar? Dandotapinhas

no meu ombro, ele disse: -ó Abu Zar, tu és fraco, e o gabinete é uma

responsabilidade, e isso poderá ser a causa de humilhação e tristeza no Dia no

Julgamento, exceto no caso de a pessoa assumir o gabinete com justificativa, e

comprir com as respectivas obrigações'" (Musslim)

677.AbuHuraira (R) relatou queO Mensageiro de Deus (S) disse: "Tempo

virá em que aspirareis por cargo público e por autoridade, mas acautelai-vos,

porque isso poderá ser uma questão de humilhação e de arrependimento, no

Dia da Ressurreição." (Bukhari),

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CAPÍTULO 82

A EXORTAÇÃO AOS GOVERNADORES, AOS JUÍZES E ÀS

DEMAIS PESSOAS DE AUTORIDADE PARA QUE DESIGNEM

BONS CONSELHEIROS; E AADVERTÊNCIA DAS

CONSEQÜÊNCIAS DAS MÁS COMPANHIAS

Deus, louvado seja, disse:

"Nesse dia os amigos tornar-se-ão inimigos recíprocos, exceto os

tementes" (Alcorão Sagrado, 43:67).

678. Abu Saíd e Abu Huraira (R) contaram que o Mensageiro de Deus

(S) disse: "Sempre que Deus envia um Profeta ou dispõe a designação de um

regente, sem que tenha dois conselheiros; um lhes aconselha o bem, e os estimula

a praticá-lo, e o outro lhes aconselha o mal, e os incita a fazê-lo. Por isso, o

protegido será a quem Deus proteger." (Bukhári)

679. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Quando

Deus quer que um governante seja bom, Ele lhe propicia um bomconselheiro,

que lhe aviva a memória quando ele se esquece (de fazer coisas boas), e o

ajuda, quando ele se lembra; e quando Deus deseja para ele algo que não seja

bom, dá-lhe um indivíduo ruim como conselheiro, que não lhe aviva a memória

quando ele se esquece (de fazerbc:ias obras), e não o ajuda, quando ele se lembra"

(Abu Daúd) .

CAPÍTULO 83

A PROmIçÃO DA DESIGNAÇÃO DE POSTOS DE AUTORIDADE,

DE JUSTIÇA, ETC. A Ql)EM OSREIVINDICA OU MOSTRA

. GRANDE ANSIEDADE PELOS MESMOS

680. Abu Mussa ai Ach' ari (R) relatou: "Certa ocasião, encontrávamonos,

dois primos meus e eu, perante o Profeta (S). Um dos meus primos disse: -o Mensageiro de Deus, aponta-me como autoridade sobre alguma parte daquilo

que Deus te concedeu!' O outro lhe pediu algo parecido. Então o Profeta (S)

respondeu: 'Por Deus! Jamais concedemos um posto de responsabilidade a quem

o pedisse, ou demonstrasse muito anseio por consegui-lo.:" (Muttafac alaih)

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LIVRO DAS BOAS MANEIRAS

CAPÍTULO 84

QUANTO À MODÉSTIA, SUAS VIRTUDES, E COMO

DESENVOLVÊ-LAS

681. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) passou por um

homem dos Ansar que estava aconselhando o irmão a não ser muito modesto ou

acanhado. O Mensageiro de Deus (S) disse: "Deixa-o, uma vez que a modéstia

e o acanhamento fazem parte da fé." (Muttafac alaih)

682. Imran Ibn Hushain (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"O pudor e o recato nada podem ocasionar, senão o bem." (Muttafac alaih)

683. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A fé

consta de sessenta ou de setenta e tantos graus; o mais sublime deles é o

testemunho de que não há outra divindade além de Deus; e o menor é o ato de

se retirar os obstáculos do caminho. Contudo, sabei que o pudor e o recato

constituem uns dos graus da fé." (Muttafac alaih)

684. Abu Saíd aI Khudri (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) tinha

mais pudor e acanhamento que uma virgem na noite de suas bodas - nos seus

aposentos. Por isso, davamo-nos conta de qualquer coisa de que o desgostasse.

(Muttafac alaih)

CAPÍTULO 85

O GUARDAR SEGREDOS

Deus, louvado seja, disse:

"Cumpri o convencionado, porque o convencionado será

reivindicado" (Alcorão Sagrado, 17:34).

685. Abu Saíd aI Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: "No Dia do

Julgamento, na estimativa de Deus, a pior posição entre os seres humanos será

a do homem que cohabita com sua esposa, depois toma público esse ato secreto"

(Musslim).

686. Abdullah IbnÔmar (R) relatou que quando Hafsa, a filha de Ômar

(R) ficou viuva, ele conta: "encontrei-me com Osman Ibn Affan (R) e lhe disse:

'Se tu quiseres, conceder-te-ei a mão de minha filha, Hafsa, em casamento.'

Osman (R) disse: 'Vou pensar no assunto.' Depois de alguns dias, ele me

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encontrou e me disse: 'Pensei no assunto e decidi que não deveria casar nesses

dias.' Então, encontrei-me com Abu BakrAssid.k (R), e lhe disse: 'Se tu quiseres,

conceder-te-ei a mão de minha filha, Hafsa, em casamento.' Abu Bakr ficou

calado, e não disse uma palavra em resposta. Sua atitude doeu-me mais do que

a atitude de Osman. Depois de alguns dias, o Profeta (S) pediu-a em casamento,

e eu consenti. Depois de algum tempo, Abu Bakr encontrou-me e disse: 'Tu

deves ter ficado sentido quando sugeriste que eu casasse com Hafsa, e eu não

dei resposta.' Eu disse: 'Sim!' Ele disse: 'Nada me vedou aceitá-la além do fato

de que o Profeta (S) tinha expressado seu interesse em casar com ela, e eu não

podia divulgar o seu segredo. Se o Profeta tivesse desistido dela, eu teria aceitado

a proposta de casar com ela.''' (Bukhári)

687. Aicha (R) relatou que ela mais as outras esposas do Profeta (S)

estavam, certa ocasião, sentadas na presença dele. Em dado momento, viram

que a filha dele, Fátima, encaminhando-se na direção dele. Sua maneira de

andar era idêntica à do Mensageiro de Deus (S). Quando a viu, saudou-a

carinhosamente e lhe disse: "Minha filha, benvinda sejas!" Então a convidou a

se sentar, à sua direita ou à sua esquerda, e lhe sussurrou algo ao ouvido; ela se

pôs a chorar. Quando ele observou a sua grande dor, voltou a sussurar-lhe ao

ouvido, e ela se pôs a rir. Depois lhe disseram: "6 Fátima, és única entre as

mulheres, pois o Mensageiro de Deus (S) jamais sussurrou a pessoa alguma um

segredo! Por que então choraste?" Pouco depois, o Mensageiro de Deus se

levantou e se foi. Então perguntei para Fátima: "Que foi que te disse o Mensageiro

de Deus (S)?" Ela respondeu: "Não serei eu quem revelará os segredos do

Mensageiro de Deus (S)." Quando o Mensageiro de Deus (S) morreu, voltei a

perguntar a ela: "Por que não nos contas o que o Profeta te disse naquela

ocasião?" Disse: "Agora, sim, o farei. Aprimeira vez que me sussurrou foi para

dizer: 'O Arcanjo Gabriel vinha todos os anos, pelo menos uma vez, para escutar

a recitação do Alcorão feita por mim; porém, este ano, veio duas vezes para a

escuta da recitação. Por isso, sinto que o final da minha vida se aproxima. Assim

sendo, teme a Deus e tem paciência, pois fui o melhor pai para ti.' Foi quando

me vistes chorar. Mas quando notou o meu pesar, sussurrou a segunda vez,

dizendo-me: '6 Fátima, não gostarias de ser a primeira dama dentre as crentes,

ou ser a primeira dama dentre as mulheres desta nação?' Foi quando me vistes

rir." (Muttafac alaih)

688. Sábit relatou, baseado em Anas (R): "O Profeta foi ter comigo

enquanto eu brincava com alguns garotos. Ele nos saudou e me enviou para

uma missão e, por isso, demorei a voltar para casa. Quando cheguei em casa,

minha mãe perguntou: 'Por que demoraste?' Respondi: 'O Profeta (S) me enviou

numa missão.' Perguntou: 'Que missão?' Respondi: 'É segredo.' Disse-me: 'Não

deves revelar o segredo do Profeta (S) a nínguém.:" Disse Anas para Sábit:

"Por Deus, se pudesse contar para alguém, contar-te-ia." (Musslim)

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CAPÍTULO 86

o RESPEITO AOS PACTOS, E O CUMPRIMENTO DAS

PROMESSAS

Deus, louvado seja, disse:

"Cumpri o convencionado, porque o convencionado será

reivindicado" (Alcorão Sagrado, 17:34).

E, louvado seja, disse também:

"Cumpri o pacto com Deus se o houverdes feito" (Alcorão Sagrado,

16:91).

E, louvado seja, disse mais:

-ó crentes, cumpri com vossas obrigações" (Alcorão Sagrado, 5:1).

E, louvado seja, disse mais ainda: -ocrentes, por que dizeis o que não fazeis? É enormemente odioso

perante Deus, dizerdes o que não fazeis" (Alcorão Sagrado, 61:2-3).

689. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O

hipócrita será reconhecido por três instâncias: quando conta algo, mente; quando

se compromete com algo, não cumpre, e quando nele se confia, trai a confiança."

(Muttafac alaih)

690. Abdullah Ibn Amr Ibn AI 'Ás (R) relatou que o Mensageiro de

Deus (S) disse: "Existem quatro hábitos; quem os tiver será um autêntico

hipócrita, e quem tiver só um deles terá a característica de hipocrisia, até que a

abandone. Caso se confie nele, trai a confiança; se conta algo, mente, se faz um

pacto, viola-o; e se tem alguma diferença com alguém, age com perversidade."

(Muttafac alaih)

691. Jáber (R) relatou: "Em certa ocasião, o Profeta (S) me disse: "Se

tivesse chegado o capital vindo de Bahrain, ter-te-ia dado tanto e tanto." Porém,

o Profeta (S) morreu antes que o provento chegasse. Quando o tal provento

chegou a Madina, Abu Bakr (R) fez o chamamento: "Que nos venha ver aquele

a quem o Mensageiro de Deus (S) lhe haja prometido algo, ou que Com ele

tinha dívida." Assim, fui vê-lo, e lhe contei que o Profeta (S) me havia dito isto

e aquilo. Então Abu Bakr pegou umas moedas com ambas as mãos e mas

entregou. Contei-as, e vi que eram quinhentas moedas de prata. Em seguida,

Abu Bakr me disse: "Toma o dobro do prometido." (Muttafac alaih)

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CAPÍTULO 87

A PERSEVERANÇA E A MANUTENÇÃO DOS BONS ATOS

Deus, louvado seja, disse:

"Deus jamais mudará as condições que concedeu a um povo, a menos

que ele mude o que têm em seu íntimo." (13: 11).

E, louvado seja, disse também:

"E não imiteis aquela (mulher) que desfiava sua roca depois de havêla

retorcido profusamente" (16:92).

E, louvado seja, disse ainda:

"Que não sejam como os que antes receberam o Livro? Porém, longo

tempo passou sobre eles, endurecendo-lhes os corações." (57:16).

E, louvado seja, disse mais:

"Porém, não o observaram devidamente." (57:27).

692. Abdullah Ibn Amr Ibn al 'Ás (R) narrou que o Mensageiro de Deus

(S) lhe disse: -ó Abdullah, não sejas como fulano, que costumava levantar-se

durante a noite para orar, e depois deixou de o fazer." (Muttafac alaih)

CAPÍTULO 88

A RECOMENDAÇÃO DAS BOAS PALAVRAS E A MANUTENÇÃO

DO ROSTO SORRIDENTE AO NOS ENCONTRARMOS COM AS

PESSOAS

Deus, louvado seja, disse:

".•. e abaixa as asas gentilmente para os crentes" (Alcorão Sagrado,

15:88).

E, louvado seja. disse também:

"Tivesses tu sido insociável ou de coração insensível, eles se teriam

afastado de ti" (Alcorão Sagrado, 3: 159).

693. Adi Ibn Hátim (o neto do grande filântropo e generoso Hátim Tai,

que viveu antes do advento do Profeta, relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Protege-te do fogo do Inferno, dando em caridade mesmo a metade de

uma tâmara. Aquele que nem isso tiver, que a faça com boa palavra." (Muttafac

alaih)

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694. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Mesmo o proferir

boas palavras é caridade." (Muttafac alaih)

695. Abu Zar (R) relatou que em certa ocasião o Mensageiro de Deus

(S) lhe disse: "Não descures praticar qualquer ato de benevolência, nem que

seja o de receberes um irmão com semblante alegre." (Musslim)

CAPÍTULO 89

A RECOMENDAÇÃO DA CLAREZAAO FALARMOS, E A

EXPLICAÇÃO DAS PALAVRAS, REPETINDO·AS, SE

NECESSÁRIO, PARA ELUCIDAÇÃO

696. Anas (R) relatou que sempre que o Profeta (S) falava, repetia três

vezes as suas palavras até que sejam entendidas, e, quando saudava as pessoas,

também repetia três vezes a saudação. (Bukhári)

697. Aicha (R) narrou: "As palavras do Mensageiro de Deus (S) eram

sempre claras e evidentes, sendo que as compreendiam todos quanto as

escutavam." (Abu Daúd)

CAPÍTULO 90

O PRESTARMOS ATENÇÃO NOQUE DIZ O NOSSO

INTERLOCUTOR; ADEMANDA, DA PARTE DE UM SÁBIO, DA

ATENÇÃO DAASSISTÊNCIA

698. Jarir Ibn Abdullah (R) relatou que, na Peregrinação de Despedida,

o Mensageiro de Deus (S) lhe disse: "Dize à gente que escute!" Em seguida,

disse: "Não vos tomeis, depois da minha morte, incrédulos, matando-vos uns

aos outros." (Muttafac alaih)

CAPÍTULO 91

A EXORTAÇÃO; A MODERAÇÃO QUANTO A ELA

Deus, louvado seja, disse:

"Convoca (os humanos) à senda de teu Senhor com sabedoria e bela

exortação" (Alcorão Sagrado, 16:125).

699. Abu Wáil Chak:ik Ibn Salama relatou: "Ibn Mas'ud (R) costumava

nos falar todas as quintas-feiras. Uma vez um homem lhe disse: -ó Abu Adel

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Rahman, gostaria que nos falasse diariamente' . Ele respondeu: 'O que me impede

de fazer isso é o temor de vos cansar. Estou utilizando o mesmo método usado

pelo Mensageiro de Deus (S) para conosco, que tomava o cuidado de não nos

cansar.'" (Muttafac alaih)

700. Abu YakzanAmmar Ibn Yássir (R) relatou que ouviu o Mensageiro

de Deus (S) dizer: "A longa duração da oração e a concisão do sermão provam

a inteligência e a sabedoria da pessoa. Por isso, prolongai a vossa oração e

reduzi o vosso sermão." (Musslim)

701. Muáwiya Ibn al Hacam al Sulami (R) relatou: "Encontrava-me,

certa ocasião, praticando a oração juntamente com o Mensageiro de Deus (S),

quando um homem espirrou. Então eu disse: 'Que Deus tenha misericórdia de

ti!' Então as pessoas me olharam de soslaio, e eu falei: 'Que disse eu de mal?

Por que me olhais assim?' E as pessoas fizeram sinal para que me calasse, e me

calei. Com certeza, jamais vi, em minha vida, um melhor mestre que o

Mensageiro de Deus (S), pois uma vez terminada a oração, dirigiu-se a mim

sem me repreender, me insultar ou me bater, mas me disse: 'Durante a oração,

não fica bem a gente falar com as palavras ordinárias do povo, pois tal expediente

é apenas para louvarmos e glorificarmos a Deus, além de recitarmos o Alcorão.'

Disse eu: -o Mensageiro de Deus, bem sabes que acabo de deixar a idolatria,

porque Deus nos enviou a religião do Islam e acontece que, entre o meu povo,

ainda tem gente que procura os astrólogos para os consultar. Que posso eu

fazer?' Respondeu: 'Não os vás consultar!' Perguntei: 'E quanto àqueles que

pressagiam mau agouro?' Respondeu: 'Esse é um sentimento que têm dentro

de si; porém, não se deve ser influenciado por isso. '" (Musslim)

702. AI Irbadh Ibn Sária (R) narrou: "Certa ocasião, o Mensageiro de

Deus (S) nos exortou com umas palavras que sobrecarregaram os nossos

corações, e fizeram com que derramássemos lágrimas. Dissemo-lhe que parecia

ser a sua última admoestação. Ele então nos dirigiu algo mais como admoestação.

Disse: "Admoesto-vos a temerdes Deus (devido às vossas obrigações para com

Ele) e ouvirdes e obedecerdes mesmo um escravo que fosse designado como

autoridade sobre vós. Aqueles que sobreviverem depois de mim verão muitas

diferenças. Deveis seguir a minha sunna e as práticas de meus bem oreintados

sucessores. Apegai-vos a esses preceitos e tradições e afastai-vos das inovações

na religião, porque cada inovação é um extravio." (Abu Daúd)

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CAPÍTULO 92

A DIGNIDADE, O AUTO-RESPEITO E A CALMA

Deus, louvado seja, disse:

"E os servos do Clemente são aqueles que andam pacificamente pela

terra e, quando os insipientes lhes falam, dizem: Paz!" (25:63).

703. Aicha (R) relatou: "Jamais vi o Mensageiro de Deus (S) dar-se a

gargalhadas a ponto de que se lhe visse a úvula de tanto rir; apenas sorria."

(Muttafac alaih)

CAPÍTULO 93

O ATENDIMENTO À ORAÇÃO, AOS ESTUDOS E AO

CONHECIMENTO, COM DIGNIDADE E CALMA

Deus, louvado seja, disse:

"Quem enaltecer os rituais de Deus, saiba que tal (enaltecimento)

partirá de quem possuir piedade no coração" (Alcorão Sagrado, 22:32)

. 704. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Quando a oração (congregacional) for iniciada, não corras para ela, mas vai

andando normalmente, com calma e dignidade, junta-te à oração no estágio em

que estiver, e completa, então, as partes perdidas." (Muttafac alaih)

705. Ibn Abbas (R) relatou que quando voltava de Arafat, no dia da

peregrinação, juntamente com o Profeta (S), este ouviu, atrás de si o barulho de

um tumulto causado por gritos, cavalgada de animais, e espancamento aos

mesmos. Brandindo o seu chicote, ele disse: -o gente, deveis proceder com

calma! Nada há de bom nessa azáfama." (Buhkári)

CAPÍTULO 94

A HOSPITALIDADE PARA COM OS CONVIDADOS

Deus, louvado seja, disse:

"Tens ouvido (ó Mensageiro) a história dos honoráveis hóspedes de

Abraão? Quando se apresentaram a ele e disseram: Paz! respondeu-lhes:

Paz! (E pensou): "São gente desconhecida". E voltou rapidamente para os

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seus, e trouxe (na volta) um bezerro cevado, que lhes ofereceu... Disse (ante

a hesitação deles): Não comeis?" (Alcorão Sagrado, 51:24-27).

E, louvado seja, disse também:

"E seu povo, que desde antanho havia cometido obscenidades, acudiu

precipitadamente a ele; (Lot) disse: Ó povo meu, eis aqui minhas filhas;

elas vos são mais lícitas. Temei, pois, a Deus e não me avilteis perante meus

hóspedes. Não haverá entre vós um homem sensato?" (Alcorão Sagrado,

11:78).

706. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S} disse: "Quem crê

verdadeiramente em Deus e no Último Dia deve ser generoso com seus

convidados; quem crê verdadeiramente em Deus e no Último Dia deve estreitar

os seus laços consangüíneos; e quem crê em Deus e no Último Dia deve falar

correta e brandamente, ou ficar calado." (Muttafac alaih)

707.Abu Churaih KhuailedIbn 'Amr AIKhuzá'i (R) relatou queo Profeta

(S) disse: "Aquele que crê em Deus e no Dia do Juízo Final deve honrar o seu

hóspede, de acordo com o direito deste." Foi-lhe perguntado: -o Mensageiro

de Deus, qual é o direito dele?" Ele respondeu: "Um dia e uma noite (de bom

banquete) e a hospitalidade é por três dias. O que passar disso será caridade."

(Muttafac alaih)

CAPÍTULO 95

A RECOMENDAÇÃO DO ANÚNCIO DAS BOAS-NOVAS E A

FELICITAÇÃO PELOS BONS ACONTECIMENTOS

Deus, louvado seja, disse:

"Anuncia, pois, as boas notícias aos Meus servos, que escutam as

palavras e seguem o melhor (significado) delas!" (Alcorão Sagrado, 39:17IS).

E, louvado seja, disse também:

"O seu Senhor lhes anuncia a Sua misericórdia, a Sua complacência,

e lhes proporcionará jardins, onde gozarão de eterno prazer" (Alcorão

Sagrado, 9:21).

E, louvado seja, disse ainda:

"Regozijai-vos com o Paraíso que vos está prometido!" (Alcorão

Sagrado, 41:30).

E, louvado seja, disse mais:

"E lhe anunciamos o nascimento de uma criança (que seria) dócil"

(Alcorão Sagrado, 37:101).

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E, louvado seja, disse, todavia:

"E eis que Nossos mensageiros trouxeram a Abraão o anúncio de

boas-novas" (Alcorão Sagrado, 11 :69).

E, louvado seja, disse, contudo:

"E sua mulher, que estava presente, pôs-se a rir, pois lhe anunciamos

o nascimento de Isaac e, depois, deste, o de Jacó" (Alcorão Sagrado, 11 :71).

E, louvado seja, continuou:

"Os anjos o chamaram, enquanto rezava no oratório, dizendo-lhe:

Deus te anuncia o nascimento de João, que corroborará o Verbo de Deus,

será nobre, casto e um dos profetas virtuosos" (Alcorão Sagrado, 3:39).

E, louvado seja, foi além:

"E quando os anjos disseram: ÓMaria, Deus te anuncia o Seu Verbo,

cujo nome será o Messias,(241) Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e

no outro, e que se contará entre os próximos de Deus" (Alcorão Sagrado,

3:45).

708. Abdullah Ibn Abu Aufa (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S)

anunciara a Khadija (R) a boa-nova de que teria, no Paraíso, uma casa feita de

pérolas esponjosas, onde não ouviria ruído algum, nemsentiria cansaço ou

monotonia." (Muttafac alaih)

709. Abu Mussa al Ach'ari (R) relatou que, em certa ocasião, após ter

feito a ablução em sua casa, saíu dizendo: "Gostaria de estar todo o dia de hoje

em companhia do Mensageiro de Deus (S)." Assim, dirigiu-se para a mesquita

e aí perguntou pelo Profeta (S), e lhe disseram que havia ido por tal direção.

Disse AI Ach'ari: "Segui-lhe os passos, sempre perguntando por ele, até que o

vi entrar no horto do distrito de Aris. Esperei que terminasse de fazer suas

necessidades e sua ablução. Entrei lá quando ele se encontrava sentado à beira

do açude, tendo as pernas submersas na água. Saudei-o e, em seguida, voltei à

porta, e disse para comigo: 'Hoje serei o porteiro do Mensageiro de Deus (S).'

Entrementes, chegou Abu Bakr (R), que empurrou a porta, e eu perguntei quem

era. Ele respondeu: 'Abu Bakr.' Disse-lhe que esperasse um momento. Fui ter

com o Profeta, e lhe disse: -ó Mensageiro de Deus, é Abu Bakr pedindo

permissão para entrar.' Disse ele: 'Deixa-o entrar, e anuncia-lhe a boa-nova de

que entrará no Paraíso!' Voltei, e disse para Abu Bakr: 'Entra! ademais, o

Mensageiro de Deus te anuncia a boa-nova de que estarás no Paraíso!' Abu

Bakr entrou e se sentou à direita do Profeta (S), a beira do açude, tendo as

pernas submersas na água, como fez o Mensageiro de Deus (S). Voltei à porta e

me sentei, pois havia deixado meu irmão fazendo ablução, e dizia para mim:

'Se Deus quiser, ele (seu irmão) haverá de vir aqui.' Naquele momento, uma

pessoa mexeu na porta. Perguntei quem era. Respondeu: 'Ômar Ibn ai Khattab.'

Disse-lhe que esperasse um momento. Dirigi-me até o Mensageiro de Deus (S),

saudei-o, e lhe disse que se tratava de Ômar Ibn ai Khattab pedindo permissão

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para entrar. Disse: 'Deixa-o entrar, e anuncia-lhe a boa-nova de que estará no

Paraíso!' Voltei até aonde estava Ômar,e lhe disse: 'O Mensageiro de Deus (S)

te dá permissão para entrar, e te anuncia a boa-nova de que estarás no Paraíso.'

Ômar entrou, e se sentou à esquerda do Profeta (S), e também pôs as pernas na

água. Em seguida voltei para a porta, e me sentei, dizendo para comigo: 'Se

Deus desejar o bem para fulano (seu irmão), fá-lo-á vir.' Naquele momento,

uma pessoa mexeu na porta, e eu perguntei quem era. Respondeu: 'Osman lbn

Affan.' Disse-lhe que esperasse um momento. Fui ter com o Profeta (S), e lhe

disse de quem se tratava. Disse ele: 'Deixa-o entrar, e anuncia-lhe a boa-nova

de que estará no Paraíso, com uma desgraça por que passará.' Voltei, e disse

para o Osman: 'O Mensageiro de Deus (S) disse que entres, e te anuncia a boanova

de que estarás no Paraíso, com uma desgraça por que passarás.' Osman

entrou, e notou que a beirada estava cheia; desse modo, sentou-se na beirada do

outro lado, em frente a eles." (Muttafac alaih)

710. Abu Huraira (R) relatou: "Numa ocasião estávamos sentados em

torno do Mensageiro de Deus (S); Abu Bakr (R) e Ômar (R) estavam também

em nossa companhia. O Mensageiro de Deus (S) se levantou e saiu. Depois de

ter passado um tempo considerável, e ele não ter retornado, começamos a nos

preocupar quanto à sua segurança. Quando isso passou pelas nossas mentes, o

temor se tornou maior. Fui o primeiro a me sentir daquele jeito. e saí a procura

dele até encontrá-lo perto de um muro de Banu Najjar. Rodeei o muro ;J:lm ver

se encontrava uma porta, porém foi em vão. Todavia, descobri um pequeno

côrrego, cuja água provinha de um poço de fora do muro e, através de uma

abertura, corria para o jardim. Forcei o corpo para passar através da abertura, e

lá estava o Mensageiro de Deus (S). Ao me ver, exclamou: -ó Abu Huraira!'

Respondi: 'Sim, ó Mensageiro de Deus' Ele perguntou: 'O que queres?'

Respondi: 'Estávas conosco e, de repente, nos deixase e saíste. Como não voltaste

depois de passar longo tempo, ficamos preocupados contigo. Poderias ter sofrido

algum acidente longe de nós. Todos nós ficamos muito preocupados. Uma vez

que fui o primeiro a me preocupar, saí a tua procura e consegui entrar nesse

jardim, esgueirando-me, como raposa, pela abertura do côrrego. Os outros estão

vindo atrás de mim'. O Profeta (S) me deu suas sandálias e me disse: -o Abu

Huraira, pega minhas sandálias e a quem encontrares, do outro lado do muro e

que afirma sinceramente que não há outra divindade além de Deus, anuncia-lhe

o Paraíso.' Depois disso, Abu Huraira (R) relatou o resto do hadice." (Musslirn)

711. Ibn Chumása relatou que ele e outras pessoas foram visitar Amru

lbn al 'Ás (R), que se encontrava a ponto de morrer. Chorou muito, e voltou o

rosto para a parede. Seu filho exclamou: -ó pai, não te lembras de que o

Mensageiro de Deus (S) te anunciou a boa-nova de tal e tal coisa?" Amru os

olhou, e disse: "O melhor que temos conseguido é o testemunho de que não há

outra divindade além de Deus, e de que Mohammad é o Mensageiro de Deus. A

verdade é que passei por três diferentes situações: Eis que me vi numa disposição

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em que ninguém odiava tanto o Profeta (S) quanto eu. E eis que nada me daria

mais prazer do que o de matá-lo. Se tivesse morrido naquela ocasião, iria contarme

entre os habitantes do Inferno. Porém, quando Deus pôs o Islam no meu

coração, fui ter com o Profeta (S), e lhe disse: 'Dá-me a tua mão direita para

receberes o meu testemunho e o meu compromisso para contigo!' Porém, quando

estendeu a mão direita, retirei a minha. Então me perguntou: -ó Amru, que

acontece?' Disse eu: 'Gostaria que me concedesses uma condição.' Perguntou:

'E que condição é essa?' Respondi: 'Que eu seja perdoado!' Disse ele: 'Não

sabes, acaso, que o Islam apaga todo o passado, quando a pessoa o abraça? Que

a emigração apaga tudo o que ocorreu anteriormente a ela? e que a peregrinação

apaga tudo o que se passou anteriormente a ela?' Foi assim que o Mensageiro

de Deus (S) se tornou para mim a pessoa mais querida e excelsa. Inclusive, não

podia olhá-lo detidamente, por lhe ter muita consideração. E se alguém me

pedisse a sua descrição, não lha poderia dar, uma vez que nunca o havia olhado

detidamente. Se me tivesse chegado a morte naquela situação, poderia ter tido

a esperança de ser um dos habitantes do Paraíso. Então me foram designadas

umas responsabilidades, e não sei se as desempenhei a contento. Quando eu

morrer, não quero que nenhuma carpideira (mulher que chora num funeral)

siga o meu féretro, ou que este seja acompanhado de fogos. Na hora de me

enterrarem, que a terra seja esparramada pouco a pouco sobre o meu corpo.

Então que aguardem um pouco junto à minha tumba, o tempo suficiente para

que um camelo seja sacrificado, e a sua carne distribuída. Desse modo, gozarei

da vossa companhia, ao mesmo tempo que revisarei o que terei de responder

ante os mensageiros do meu Senhor." (Musslim)

CAPÍTULO 96

A DESPEDIDA DE UM AMIGO, E OS CONSELHOS OFERECIDOS

NESSA OCASIÃO. A PRECE POR ELE E A SOLICITAÇÃO DA SUA

PRECE EM TROCA

Deus, louvado seja, disse:

"Abraão legou esta crença a seus filhos, e Jacob aos seus, dizendolhes:

Ó filhos meus, Deus vos legou esta religião; apegai-vos 3 ela para que

morrais muçulmanos. Não estáveis presentes quando a morte se apresentou

a Jacob, que perguntou a seus filhos: Que adorareis após a minha morte?

Responderam-lhe. Adoraremos o teu Deus e O de teu pai, Abraão, Ismael

e Isaac; o Deus Unico, a Quem nos submeteremos" (Alcorão Sagrado, 2:132133).

712. Zaid Ibn Arcam (R) relatou: "Certo dia, o Mensageiro de Deus nos

dirigiu umas palavras, perto de um poço entre Makka e Madina, de nome

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Khumma. E, depois de louvar a Deus e O glorificar, nos aconselhou e nos

admoestou, e nos fez recordar-nos dos nossos deveres. Então disse: 'Em outra

ordem de coisas, Ó povo, não sou mais do que um ser humano, e estou a ponto

de receber uma mensagem do meu Senhor (através do anjo da morte), a quem

devo obedecer. Contudo, deixo em vossas mãos dois legados de capital

importância: o primeiro é o Livro de Deus, aonde se encontra a diretriz e a luz.

Assim, apegai-vos ao Livro de Deus, e sede-lhe fiéis.' Logo depois de instar o

Livro de Deus, prosseguiu: 'E o segundo é o da minha família. Quero que vos

lembreis de Deus quando se tratar de algo acerca da minha família! Que vos

lembreis de Deus quando se tratar de algo acerca da minha família!' Hushain

lhe perguntou: 'Quem são os familiares, não são as esposas?' Disse: 'Sim, as

esposas são parte da família, porém o são também todas as pessoas às quais foi

proibido receber qualquer espécie de caridade.' Hushain voltou a perguntar: 'E

quem são esses?' Respondeu: 'São os descendentes de Áli, Aquil, Jafar, eAbbas...

Todos eles foram privados de receber caridade.'" (Musslim)

713. Málek Ibn al Huairis (R) narrou: "Éramos um grupo de jovens,

mais ou menos da mesma idade, a visitarmos o Mensageiro de Deus (S), com a

disposição de estarmos em sua companhia, bem como aprendermos os

ensinamentos do Islam. Permanecemos em sua companhia uns vinte dias. Era

uma pessoa tão misericordiosa e afável, que chegou a pensar que tínhamos

saudades das nossas famílias. Perguntou-nos acerca delas, e nós lhe falamos da

nossa situação. Então nos disse: 'Voltai para vossas famílias, e permanecei com

elas! Ensinai-lhes e dirigi-as! Realizai tal oração a tal hora! e, quando for tempo

de uma oração, que um de vós faça o chamamento à oração, e que a encabece o

mais idoso dentre vós!'" (Muttafac alaih)

714. Ômar Ibn al Khattab (R) disse: "Pedi ao Profeta (S) permissão para

realizar a Umra, Concedeu-me a sua permissão, e disse: 'Irmão meu, não te

esqueças de rogar por nós outros.' Essas palavras me fizeram mais ditoso do

que se tivesse tudo o que há neste mundo." (Abu Daúd e Tirmizi)

715. Sálim Ibn Abdullah Ibn Ômar (R) relatou que quando uma pessoa

estava pronta para iniciar uma viagem, Abdullah Ibn Omar lhe dizia: "Chega

perto de mim para eu poder despedir-me de ti como o Mensageiro de Deus (S)

costumava fazer. Ele costumava recitar a seguinte prece: 'Deixo a cargo de

Deus a tua crença, a tua confiança e as tuas últimas ações. '" (Tirmizi)

716. Abdullah Ibn Yazid AI Khatmi Assahábi (R) relatou que quando o

Mensageiro de Deus se despedia do exército, dizia: "Deixo a cargo de Deus a

vossa crença, a vossa confiança e as vossas últimas ações." (Abu Daúd)

717. Anas (R) relatou que, em certa ocasião, acercou-se do Profeta (S)

um homem, dizendo: -oMensageiro de Deus, Gostaria de sair de viagem, mas

desejaria que implorasses a Deus por mim!" Disse o Profeta: "Que Deus te

conserve a devoção!" Mas o homem continuou: "Algo mais!" Disse: "Que

Deus te perdoe as faltas!" P. irida assim, o homem insistiu: "Algo mais!" Disse:

"E que te facilite o bem, onde estiveres!" (Tirmizi)

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CAPÍTULO f)7

A BUSCA DA DIRETRIZ DIVINA; A CONSULTA COM OUTROS

Deus, louvado seja, disse:

"Aceita seus conselhos nos assuntos (do momento)" (Alcorão Sagrado,

3-:159).

E, louvado seja, disse também:

"Resolvem seus assuntos em consulta" (Alcorão Sagrado, 42:38).

718. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) ensinava às pessoas

a invocação a Deus, que pedissem o Seu beneplácito em todos os seus assuntos,

e lhes ensinava a fazê-lo, do mesmo modo como lhes ensinava os versículos do

Alcorão. Dizia: "Quando tiverdes intenção de fazer algo, rezai duas rakát que

não sejam das orações obrigatórias, e, em seguida, suplicai: 'Senhor, solicito

Tua ajuda para tal expediente, mediante o Teu conhecimento, Teu poder e Teu

imenso benefício, pois que Teu é o Poder, e eu não o tenho; e Teu é o

Conhecimento, e eu não o tenho. Tu és Quem conhece o incognoscível. Senhor,

se é do Teu desígnio que este assunto seja para o meu bem, em minha religião,

na minha vida presente e na Futura, faze com que o mesmo- seja possível,

facilitado e bendito. Porém, se for do Teu desígnio que este assunto seja mau

para mim, em minha religião, na minha vida presente e Futura, então afasta-o

de mim, e afasta-me dele. E destina-me o bem, onde quer que me encontre, e

que me sinta satisfeito com ele.' Então verbalizai aquilo de que necessitais!"

(Bukhãri),

CAPÍTULO 98

A RECOMENDAÇÃO DE SE IR ASSISTIR AS FESTIVIDADES

RELIGIOSAS, VISITAR O ENFERMO, PEREGRINAR A MAKKA,

LUTAR PELA CAUSA DE DEUS OU ASSISTIR A UM FUNERAL, DE

SE IR POR UM CAMINHO E RETORNAR POR OUTRO, PARA

AUMENTAR OS LOCAIS DE ADORAÇÃO

719. Jáber (R) relatou: "Por ocasião do Eid (festividade), o Profeta (S)

ia para a mesquita por um caminho e voltava por outro diferente." (Bukhãri)

720. Ibn Õmar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S), quando queria

sair de Madina, tomava o caminho de Chajara, e voltava pelo caminho de AI

Muarras. Além disso, entrava em Makka pelo vale norte (em Hujun), e saía

pelo vale sul (de Chalika). (Muttafac alaih)

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CAPÍTULO 99

A RECOMENDAÇÃO DO USO DA MÃO DIREITA EM TODOS OS

BONSATOS

Deus, louvado seja, disse:

"Então, aquele a quem for entregue seu registro na destra, dirá: Eilo

aqui! Lede meu registro" (Alcorão Sagrado, 69:19).

E, louvado seja, disse também:

"O dos que estiverem à mão direita - E quem são os que estarão à

mão direita? O dos que estiverem à mão esquerda - E quem são os que

estarão à mão esquerda?" (Alcorão Sagrado, 56:8-9).

721. Aicha (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) gostava de usar o

lado direito em tudo que fazia: para realizar a ablução, para se pentear, para se

calçar." (Muttafac alaih)

722. Aicha (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) usava a mão direita

em sua ablução e para comer; e a esquerda, quando terminava suas necessidades,

ou para se livrar de alguma sujidade." (Abu Daüd)

723. Umm Atiya (R) relatou que o Profeta (S) disse às mulheres que

estavam dando banho, após a morte, na filha dele, Zainab (R), para começarem

o banho pelo lado direito, e com as partes que são lavadas na ablução. (Muttafac

alaih)

724. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Quando um de vós quiser se calçar, que comece com o pé direito; e quando

quiser se descalçar, que comece com o pé esquerdo. Desse modo, o pé direito

será o primeiro a ficar calçado, e o último a ficar descalço." (Muttafac alaih)

725. Hafsa (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) usava a mão direita

para comer, beber e se vestir; e deixava a esquerda para as outras coisas. (Abu

Daúd e Tirmizi)

726. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Quando quiserdes vestir-vosou fazer ablução, começai pelo vosso lado direito."

(Abu Daoud e Tirmizi)

727. Anas Ibn Málik (R) relatou que quando o Mensageiro de Deus (S)

voltava para Miná (no curso do hajj), ele foi ao Jamara, e atirou seixos nele;

então voltou ao seu acampamento, em Miná, e ofereceu o sacrifício. Depois

pediu ao barbeiro que lhe raspasse a cabeça, começando pelo lado direito e

terminando do lado esquerdo. Depois começou a distribuir os seus cabelos entre

as pessoas. (Muttafac alaih)

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o LIVRO DAS BOAS MANEIRAS NO COMER

CAPÍTULO 100

O DEVER DE COMEÇARMOS A COMER, PRONUNCIANDO O

NOME DE DEUS, E LHE DARMOS GRAÇAS, AO TERMINARMOS

728. Ômar Ibn Abi Salama (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) me

disse: 'Começa a comer em nome de Deus, come com a mão direita, e da parte

que está na tua frente.'" (Muttafac alaih)

729. Aicha (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Quando

um de vós começar a comer, deverá citar o nome de Deus, exaltado seja; e, caso

se esqueça de citá-Lo no princípio, que diga: 'Em nome de Deus,' para o começo

e para o fim." (Abu Daúd e Tirmizi)

730. Jáber (R) relatou que ouvira o Mensageiro de Deus (S) que dizia:

"Quando um homem chega a sua casa e pronuncia o nome de Deus, exaltado

seja, e o faz também ao comer, Satanás diz aos seus companheiros: 'Aqui não

podereis deitar nem ceiar.' Porém, se ao chegar a casa, não pronunciar o nome

de Deus, exaltado seja, Satanás dirá aos seus sequazes: 'Aqui conseguireis

dormir.' E se esse homem não citar o nome de Deus, exaltado seja, ao comer,

Satanás dirá aos seus companheiros: 'Aqui conseguireis dormir e ceiar.'''

(Musslim)

731. Huzaifa (R) relatou que sempre que ele e outras pessoas participavam

de uma refeição com o Mensageiro de Deus (S), nunca começavam a comer

antes deste. Porém, certa ocasião, participavam com ele de uma refeição, quando

apareceu por lá uma menininha, que chegara ao local como se alguém a tivesse

empurrado. Fez menção de estender a mão para comer, mas o Mensageiro de

Deus (S) lhe segurou a mão. Ao beduíno, que chegara como se alguém o tivesse

também empurrado, ele também segurou-lhe a mão. Foi então que o Mensageiro

de Deus disse: "Satanás acha lícito lançar mão da comida sem ser citado o

nome de Deus, exaltado seja, por esse ato. Por isso fez aparecer esta menina

para que lhe fosse lícito comer desta comida, e eis que impulsionou-lhe a mão.

Depois fez aparecer esse beduíno, para fazer com que lhe fosse lícita esta comida;

por isso, também lhe impulsionou a mão. Por Deus, que a mão de Satanás se

encontra nas minhas mãos, juntamente com as mãos destes dois." Em seguida,

pronunciou o nome de Deus, Altíssimo, e começou a comer. (Musslim)

732. Umaia Ibn Makhchi (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) se

achava sentado perto de um homem que começou a comer sem citar o nome de

Deus. No último bocado, aquele homem disse: "Em nome de Deus, pelo começo

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e pelo fim!" O Profeta (S) se riu, e disse: "Satanás estava comendo com ele,

mas quando esse homem citou o nome de Deus, Satanás vomitou o que tinha no

estômago!" (Abu Daúd e Nassá'i)

733. Aicha (R) relatou que em dada ocasião, o Mensageiro de Deus (S)

se encontrava comendo juntamente com outros seis dos seus companheiros. Eis

que apareceu um beduíno que, com dois bocados, acabou com toda a comida.

Então o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se esse homem tivesse citado o nome

de Deus, a comida teria sido suficiente para todos." (Tirmizi)

734. Abu Umama (R) relatou que quando o Profeta (S) se levantava da

mesa, dizia: "Senhor, a Ti elevamos todos os nossos louvores, puros e bem

intencionados. Tua bênção nos é indispensável, e jamais poderemos desdenhar

o Teu sustento!" (Bukhári)

735. Muaz Ibn Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Àquele que come a sua refeição e diz: 'Louvado seja Deus Que me deu de

comer e proveu-me sem nenhum esforço da minha parte', ser-lhe-ão perdoados

todos os pecados passados." (Abu Daúd e Tirmizi)

CAPÍTULO 101

A ABSTENÇÃO DE SE CRITICAR UMA COMIDA. A

RECOMENDAÇÃO DE A APRECIARMOS

736. Abu Huraira (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) jamais criticava

uma comida; se gostava dela, comia-a. Caso contrário, deixava-a." (Muttafac

alaih)

737. Jáber (R) relatou que em certa ocasião o Profeta (S) pediu à sua

mulher algum molho, e ela lhe disse: "Não temos nada além de vinagre!" Então

ele mandou que trouxesse o vinagre. E quando começou a comer, disse: "O

vinagre sim que é bom molho! O vinagre sim que é bom molho!" (Musslim)

CAPÍTULO 102

O QUE DEVE DIZER A PESSOA QUE ESTÁ JEJUANDO, CASO

SEJA CONVIDADO A COMER

738. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Quando um de vós for convidado para comer, que aceite o convite. Caso se

encontre jejuando, que implore a Deus pelos anfitriões; se não estiver jejuando,

que coma." (Musslim)

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CAPÍTULO 103

O QUE DEVE FAZER UM CONVIDADO SE ESTIVER

ACOMPANHADO POR OUTRO QUE NÃO TENHA SIDO

CONVIDADO

739. Abu Mass'ud al Badri (R) relatou que em certa ocasião um homem

convidou o Profeta (S) para uma refeição que havia preparado para cinco pessoas.

Porém, aconteceu que outro homem os acompanhou. Quando o Profeta chegou

à porta da casa, disse para o anfitrião: "Este homem nos seguiu; assim sendo, se

desejares, dá a tua permissão; se não, ele voltará." O anfitrião replicou -ó

Mensageiro de Deus, claro, dou-lhe minha permissão!" (Muttafac alaih)

CAPÍTULO 104

O DEVER DE A PESSOA COMER O QUE SE ENCONTRA DIANTE

DE SI. O ENSINAR E EDUCAR A QUEM DESCONHECE AS BOAS

MANEIRAS QUANTO AO COMER

740. Ômar Ibn Abu Salama (R) relatou que quando era menino,

encontrava-se sob a tutela do Mensageiro de Deus (S). Certo dia, ele, Salama,

estava comendo na presença dele, e sua mão remexia por todo o prato. Então o

Profeta disse: "Jovenzinho, primeiro cita o nome de Deus, Altíssimo, e depois

pega a comida com a mão direitã, e come, do que se encontra no prato, o que

estiver diante de ti!" (Muttafac alaih)

741. Salama Ibn al Acua' (R) contou que em certa ocasião um homem se

encontrava comendo em companhia do Mensageiro de Deus (S), e pegava a

comida com a mão esquerda; por isso, lhe disse: "Come com a tua mão direita!"

O homem respondeu: "Não posso!" Disse: "Olha, oxalá não possas realmente,

e que não seja a tua soberbia que to impeça!" Aquele homem jamais pôde levar

a mão à boca novamente! (Musslim)

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CAPÍTULO 105

A PROIBIÇÃO DE COMERMOS TÂMARAS OU OUTRAS FRUTAS

DE DUAS EM DUAS, SEM A PERMISSÃO DOS PRESENTES

742. Jabala Ibn Suhaim disse: "Durante o mandato de Ibn al Zubair,

tivemos um ano de grande seca. Alguém nos enviou umas tâmaras maduras, e

ocorreu que, quando estávamos comendo aquelas frutas, Abdullah Ibn Ômar

(R), passou perto de nós, e disse: 'Não comais as tâmaras de duas em duas, pois

o Profeta (S) nos proibiu de as comermos de duas em duas, salvo se for com a

permissão dos companheiros.'" (Muttafac alaih)

CAPÍTULO 106

QUE FAZER E QUE DIZER QUANDO UMA PESSOA COME,

PORÉM NÃO SE SATISFAZ?

743. Wahchi Ibn Harb (R) relatou que alguns companheiros do

Mensageiro de Deus (S) disseram: -ó Mensageiro de Deus, comemos e não

ficamos satisfeitos!" Perguntou-lhes: "Comestes, acaso, individualmente?"

Disseram: "Sim!" Ele lhes disse: "Comei juntos e pronunciai o nome de Deus,

que Ele vos abençoará." (Abu Daúd)

CAPÍTULO 107

AS INSTRUÇÕES PARA SE COMER DE UM LADO DO PRATO OU

RECIPIENTE, E A PROIBIÇÃO DE SE PEGAR A COMIDA DO

CENTRO DOS MESMOS

744. Ibn Abbas (R) relatou que o Profeta (S) disse: "A bênção desce

sobre o centro da comida. Portanto, comei dos lados da vasilha e não do centro

dela." (Abu Daúd e Tirmizi)

745. Abdullah Ibn Busr (R) narrou que o Profeta (S) tinha uma grande

caçarola chamada "gharrá" que, para ser transportada, precisava do concurso

de quatro homens. Certa ocasião, após a oração da manhã, foi trazida aquela

caçarola, com pão trociscado, além de carne, com seu caldo. Os companheiros

se reuniram ao redor da caçarola e, como eram muitos, o Mensageiro de Deus

(S) teve que se ajoelhar. Disse um beduíno: "Que espécie de postura é essa?" O

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Mensageiro de Deus (S) respondeu: "Deus fez de mim um servo nobre, e não

um tirano transgressor!" Em seguida acrescentou: "Comei, começando pela

beirada da comida! Deixai a comida do centro para que traga a bênção!" (Abu

Daúd)

CAPÍTULO 108

A REPROVAÇÃO A QUE UMA PESSOA COMA ESTANDO

RECLINADA

746. Wahab Ibn Abdullah (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Nunca toco a comida, estando reclinado." (Bukhari)

747.Anas Ibn Málik (R) relatou que viu o Mensageiro de Deus (S) sentado

(no chão) com os joelhos levantados, enquanto comia tâmaras. (Musslim)

CAPÍTULO 109

A RECOMENDAÇÃO DE SE PEGAR A COMIDA COM TRÊS

DEDOS

748. Ibn Abbas relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Quando

alguém terminar de comer, não deve esfregar os dedos (com algum pano, toalha,

etc.), sem primeiro lambê-los." (Muttafac alaih)

749. Caab Ibn Málek (R) relatou: "Vi o Mensageiro de Deus (S) comer

com três dedos. Quando terminava, lambia-os." (Musslim)

750. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) ordenou que (ao

comer) lambessem os dedos e raspassem a vasilha, e disse: "Não sabeis onde

está a bênção da comida!" (Musslim)

751. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se algum

de vós deixar cair um pedaço (de qualquer alimento) deverá apanhá-lo, tirar a

poeira, etc., e comê-lo, e não deixá-lo para o diabo. Nem tampouco deverá

limpar as mãos com um pano, sem antes lamber (o restante da comida) os dedos,

porquanto não sabe qual parte da comida é abençoada." (Musslim)

752. Jáber (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) revelou: "Satanás

está sempre presente convosco em todas as coisas e em todas as ocasiões, mesmo

quando estais comendo. Portanto, se alguém de vós derrubar um bocado de

comida, deve pegá-lo, limpá-lo da poeira, etc., e comê-lo, e não o deixar para o

espírito maligno." (Musslim)

753. Anas (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) costumava lamber

os dedos três vezes depois de comer, e dizia: "Satanás está sempre presente

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convosco em todas as coisas e em todas as ocasiões, mesmo quando estais

comendo. Portanto, se alguém de vós derrubar um bocado de comida, deve

pegá-lo, limpá-lo da poeira, etc., e comê-lo, e não o deixar para o espírito

maligno." E dizia: "Não sabeis qual parte da comida é abençoada. (Musslim)

754. Saíd Ibn aI Háris perguntou para Jáber (R) se deveria renovar a

ablução depois de comer um guisado. Respondeu: "Não, pois nos tempos do

Profeta (S) comíamos muito pouco guisado. Aliás, se havia guisado, não

tínhamos lenços com que nos limparmos; tínhamos apenas nossas mãos, nossos

braços e pés. Então praticávamos a oração sem renovarmos a ablução." (Bukhari)

CAPÍTULO 110

A SUFICIÊNCIA DE ALIMENTOS

755. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "O

alimento de duas pessoas é suficiente para alimentar três, e o alimento de três

pessoas é suficiente para alimentar quatro." (Muttafac alaih)

756. Jáber (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer: "O

alimento de uma pessoa é suficiente para alimentar duas, o alimento de duas

pessoas é suficiente para alimentar três, o alimento de três pessoas é suficiente

para alimentar quatro, e o alimento de quatro é suficiente para oito." (Musslim)

CAPÍTULO 11

AS BOAS MANEIRAS AO BEBERMOS. A RECOMENDAÇÃO DA

RESPIRAÇÃO FORA DO COPO ENTRE UM GOLE E OUTRO,

TRÊS VEZES. A DESAPROVAÇÃO DA RESPIRAÇÃO DENTRO DO

COPO. A RECOMENDAÇÃO DO OFERECIMENTO DA BEBIDA

PELO LADO DIREITO AO PRIMEIRO A BEBER

757. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) costumava beber

em três goles, e respirava, entre eles, fora da vasilha. (Muttafac alaih)

758. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Não

tomeis água de um só gole (ou um só fôlego), como um camelo, mas bebei-a

em duas ou três vezes (com intervalo para a respiração); depois citai o nome de

Deus (recitai: bismillah...) quando começardes a beber, e louvai-O (dizendo: al

hamdullillah...) quando terminardes" (Tirmizi).

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759. Abu Catada (R) relatou que o Profeta (S) proibiu que, ao beber, a

pessoa respirasse dentro da vasilha. (Muttafac alaih)

760. Anas (R) relatou que uma vez foi levado leite misturado com água,

para o Mensageiro de Deus (S). À sua direita estava sentado um interiorano e à

sua esquerda estava Abu Bakr. Ele bebeu um pouco e passou a vasilha para

quem estava à sua direita, dizendo: "O da direita tem prioridade." (Muttafac

alaih)

761. Sahl Ibn Saad (R) contou que erm certa ocasião foi levada uma

bebida perante o Mensageiro de Deus (S), que bebeu um pouco dela; à sua

direita estava um jovem, e à esquerda estavam umas pessoas de idade. Perguntou

ao jovem: "Permites-me que dê de beber aos maiores, antes que a ti?" Ojovem

respondeu: "Não, por Deus, pois é a minha vez, depois de ti" e não deixarei,

por nada!" O Mensageiro de Deus (S) lhe entregou, então, a vasilha para que

bebesse. (Muttafac alaih)

CAPÍTULO 112

A DESAPROVAÇÃO DE SE BEBER DIRETAMENTE DO CÂNTARO

OU DE UM RECIPIENTE SEMELHANTE

762. Abu Saíd aI Khudri (R) narrou: "O Mensageiro de Deus (S) nos

proibiu torcermos os odres de pele, e bebermos dos mesmos, tocando-os com a

boca." (Muttafac alaih)

763. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) proibiu a

pessoa beber água diretamente da vasilha ou pote." (Muttafac alaih)

764. Ummu Sábit bint Sábit (R), irmã do famoso poeta Hassan Ibn Sábit,

disse: "O Mensageiro de Deus (S) visitou a minha casa. Enquanto ainda estava

de pé, bebeu, pelo gargalo, água de um odre que estava pendurado. Eu me pus

de pé e cortei o gargalo do odre, para o preservar (como uma recordação

abençoada)." (Tirmizi)

CAPÍTULO 113

A DESAPROVAÇÃO DE SE SOPRAR A BEBIDA

765. Abu Saíd aI Khudri (R) relatou que o Profeta (S) proibiu que se

soprasse a bebida. Então um homem lhe perguntou: "E se eu vir algum cisco na

vasilha?" O Profeta respondeu: "Jorra-a do outro lado!" Disse o homem:

"Acontece que eu não fico satisfeito com um só gole!" O Profeta (S) respondeu:

"Então retira a vasilha da boca, respira, e volta a beber!" (Tirmizi)

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766. Ibn Abbas (R) relatou que o Profeta (S) proibiu as pessoas de

repirarem dentro da vasilha e de soprarem sobre ela. (Tirmizi)

CAPÍTULO 114

A INDICAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE PODERMOS BEBER

ESTANDO DE PÉ, TENDO EM CONTA QUE SERIA MELHOR

FAZERMO-LO SENTADOS

767. Ibn Abbas (R) relatou: "Certa ocasião, dei de beber ao Profeta (S)

da água do poço de Zam Zam, e a bebeu, estando de pé." (Muttafac alaih)

768. Nazzal Ibn Sabra (R) disse: "Numa ocasião o Áli (R) chegou a Bab

al Rahba (em Kufa), e bebeu, de pé, água, e disse: 'Vi o Mensageiro de Deus

(S) fazer o que me vistes fazendo'." (Bukhári)

769. Ibn Ômar (R) relatou: "Durante os dias do Mensageiro de Deus

(S), costumávamos comer andando e beber água em pé." (Tirmizi)

770. Amar Ibn Chuaib (R) relatou, baseado na autoridade do pai e do

avô dele, que viu o Mensageiro de Deus (S) beber água tanto estando em pé

como sentado." (Tirmizi)

771. Anas (R) relatou que o Profeta (S) proibira que se bebesse, estando

de pé. Catada perguntou aAnas : "E quanto ao comer?" Respondeu Anas: "Isso

é ainda pior!" (Musslim)

772. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Que

ninguém beba, estando em pé. Quem se esquecer deve vomitar a água."

(Musslim)

CAPÍTULO 115

A RECOMENDAÇÃO DE QUE AQUELE QUE SIRVA A BEBIDA

SEJA O ÚLTIMO A BEBER

773. Abu Catada (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Aquele que servir

a bebida a outros deverá ser o último a beber." (Tirmizi)

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CAPÍTULO 116

AAPROVAÇÃO DE SE BEBER COM QUALQUER ESPÉCIE DE

UTENSÍLIO, À EXCEÇÃO DAQUELES QUE FOREM FABRICADOS

DE OURO OU DE PRATA. AAPROVAÇÃO DE SE BEBER

DIRETAMENTE DO RIO, SEM A UTILIZAÇÃO DE VASILHA. A

PROIBIÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS DE OURO OU DE

PRATA, NA COMIDA, NA BEBIDA, E PARA DEMAIS PROPÓSITOS

774. Anas Ibn Málik (R) relatou que uma vez, quando a hora da oração

se aproximou, aqueles que moravam por perto, foram para casa fazer a ablução;

outros ficaram. Uma vazilha de pedra (contendo água) foi trazida para o

Mensageiro de Deus (S). Era uma pequena vasilha que podia ser coberta com

as mãos dele. Porém, foi suficiente para que todos os presentes fizessem a

ablução. Ao lhe ser perguntado quantas pessoas se abluíram com tão pouca

água, respondeu: "Oitenta ou mais". (Muttafac alaih)

775. Abdullah Ibn Zaid (R) narrou: "Certa ocasião, o Profeta (S) nos

visitou; e para que fizesse suas abluções, levamos-lhe a água num jarro de cobre."

(Bukhári)

776. Jáber (R) relatou que em certa ocasião o Mensageiro de Deus (S)

entrou, com um de seus companheiros, na casa de um homem dos Ansar. O

Mensageiro de Deus (S) disse: "Se tiveres água guardada em um odre

cantimplorado de pele, então dá-nos de beber; se não, inc1inar-nos-emos sobre

a água, para bebermos diretamente do riacho."(Bukhári)

777. Huzaifa (R) relatou: "O Profeta (S) nos proibiu usarmos roupas de

seda ou de brocado, bebermos em vasilhas de ouro ou de prata, e disse: "Isso é

para eles (incrédulos) neste mundo, e tudo será de vós no Outro." (Muttafac

alaih)

778. Ummu Salama (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Aquele que toma uma bebida contida numa vasilha de prata, na verdade está a

ativar o fogo do Inferno no seu estômago." (Muttafac alaih)

Outro relato de Musslim diz: "Qualquer um que comer ou beber de uma

vasilha de ouro ou de prata irá ativar o fogo do Inferno no seu estômago."

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o LIVRO DAS VESTIMENTAS

CAPÍTULO 117

A RECOMENDAÇÃO DA ROUPA DE COR BRANCA. A PERMISSÃO

PARA SE USAR AS CORES VERMELHA, VERDE, AMRELA E

PRETA, BEM COMO A UTILIZAÇÃO DE TECIDO DE ALGODÃO,

DE LÃ E DE OUTRAS VARIEDADES, MENOS A SEDA

Deus, louvado seja, disse:

-ó filhos de Adão, temo-vos provido de vestimentas, tanto para

dissimulardes vossas vergonhas, como para o vosso aparato; porém, o pudor

é preferível! Isso é um dos sinais de Deus para que meditem" (Alcorão

Sagrado, 7:26).

E Deus, louvado seja, disse, ainda:

"E Deus vos proporcionou abrigos contra o sol em quanto criou,

destinou abrigos nos montes, concedeu-vos vestimentas para vos

resguardardes do calor e do frio e armaduras para proteger-vos em vossos

combates. Assim vos agracia, para que vos consagreis a Ele" (Alcorão

Sagrado, 16:81).

779. Ibn Abbas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Vestivos

com roupa branca, pois é a melhor de vossas vestimentas, e utilizai, para

vossos mortos, mortalhas de tecido também branco!" (Abu Daúd e Tirmizi)

780. Samura (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deveis

usar trajes brancos, porque são os mais puros e sempre mais limpos; amortalhai

vossos mortos também com panos brancos." (Nassá'i e Hákim)

781. AI Barrá (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) era de estatura

mediana. Uma vez o vi usar uma capa vermelha. Nunca vi ninguém mais elegante

e belo do que ele, no mundo!" (Muttafac alaih)

782. Wahab Ibn AbdulIah (R) relatou: "Uma ocasião, vi o Profeta (S)

em Makka. Encontrava-se em Abtah, em uma tenda de pele de cor vermelha.

Bilallevou água de ablução para o Profeta (S), e enquanto alguns tiravam água

do poço, outros a transportavam. Um pouco mais tarde, saíu o Profeta (S) vestido

com uma capa de cor vermelha. Parece-me como se ainda agora lhe visse a

brancura das pernas. Bilal fez o chamamento à oração, enquanto que eu lhe

seguia o rosto, que se virava para a direita e para a esquerda, a proclamar:

'Vinde para a oração! Vinde para a salvação!' Em seguida, Bilal fincou no chão

o seu bastão diante do Mensageiro de Deus (S), que se adiantou, e orou. Defronte

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deles passavam cães e burros, e ninguém lhes impedia a passagem." (Muttafac

alai h)

783. Rifá'a aI Taimi (R) relatou: "Vi o Mensageiro de Deus (S) vestido

com duas peças de tecido de cor verde." (Abu Daúd e Tirrnizi)

784. Jáber (R) relatou: "No dia da sua entrada em Makka, o Mensageiro

de Deus (S) portava um turbante de cor preta." (Muslsim)

785. Arnr Ibn Rurais (R) relatou: "É como se eu visse agora o Mensageiro

de Deus (S) portando um turbante de cor preta, com as extremidades a lhe cair

sobre os ombros." (Musslim)

786. Aicha (R) relatou: "O Mensageiro de Deus (S) foi amortalhado

com três peças de algodão do Iêmen, sem inclusão de camisa nem turbante."

(Muttafac alaih)

787. Aicha disse: "Num dia o Mensageiro de Deus (S) saiu (de casa)

coberto com uma peça feita de pêlo preto que continha o desenho da sela de um

camelo" (Muslsim).

788. AI Mughira Ibn Chuba (R) relatou que certa noite acompanhava o

Mensageiro de Deus (S), durante uma viagem. No trancurso da mesma, o Profeta

perguntou: "Trazes água?" Mughira respondeu que sim. Então ele apeou da sua

montaria, e caminhou, até ocultar-se na escuridão da noite. Quando voltou,

derramou a água do cântaro sobre as próprias mãos e, com ela, lavou o rosto.

Naquela noite, o Profeta estava usando uma túnica de lã, e era-lhe difícil levantar

os braços. Por isso, enfiou as mãos por debaixo da túnica; foi assim que pôde

lavar-se, passando as mãos molhadas sobre a cabeça. Mughira inclinou-se para

tirar as sapatilhas do Profeta, mas este lhe disse: "Deixa estar, pois as calcei

tendo os pés limpos, após a ablução." Em seguida, passou as mãos molhadas

sobre elas. (Muttafac alaih)

CAPíTULO 118

A PREFERÊNCIA DE SE VESTIR UM CAMISOLÃO OU UMA

TÚNICA

789. Ummu Salama (R) relatou que de todas as roupas de que o

Mensageiro de Deus (S) mais gostava, era um carnisolão - ou túnica. (Abu

Daúd e Tirrnizi)

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CAPÍTULO 119

A DESCRIÇÃO DA LARGURA DA MANGA, DO TAMANHO DO

CAMISOLÃO, DA TÚNICA, DO TURBANTE, ETC.. PROIBIÇÃO DO

ATO DE SE ARRASTAR A ROUPA EM SINAL DE OSTENTAÇÃO; A

DESAPROVAÇÃO DISSO, MESMO QUE NÃO SEJA COM

INTENÇÃO DE A PESSOA SE MOSTRAR

790. Asmá Bint Yazid - dos Ansar (R) narrou: "As mangas da camisa do

Mensageiro de Deus (S) lhe chegavam apenas até aos pulsos." (Abu Daúd e

Tirmizi)

791. Ibn Ômar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Para aquele que

deixa o seu manto se arrastar no chão, por orgulho, Deus não olhará, no Dia do

Juízo Final". Abu Bala disse: -oMensageiro de Deus, o meu manto escorrega,

a menos que eu o levante." O Profeta (S) disse: "Tu não és daqueles que fazem

isso por arrogância." (Bukhári)

792.Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus

não olhará, no Dia do Juízo Final, para aquele que deixar suas vestes cobrir os

seus calcanhares, por arrogância." (Muttafac alaih)

793. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Toda a parte do

corpo, por debaixo dos calcanhares, que for coberta por uma túnica, estará no

Inferno." (Bukhári)

794. Abu Zar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Deus, no Dia da

Ressurreição, não dirigirá a palavra ou o olhar, nem purificará a três classes de

pessoas, as quais sofrerão, aliás, um doloroso tormento!" E repetiu aquilo por

três vezes. Disse Abu Zar: "Eis que essa gente será condenada ao fracasso e à

perdição; quem serão, ó Mensageiro de Deus?" Disse: "São aqueles que deixam

que sua túnica se arraste, aqueles que exprobam a caridade que fazem, e aqueles

que conseguem vender seus produtos por meio de falsas alegações." (Musslim)

795. Ibn Ômar (R) relatou que o Profeta (S) disse: "No Dia do Juízo

Final Deus não irá olhar na direção da pessoa que baixar as suas roupas, como

manto, camisolão, ou turbante, só por arrogância." (Abu Daúd e Nassá'i)

796. Jáber Ibn Sulaim (R) relatou que em certa ocasião, viu um homem

que, sempre que dava uma ordem, as pessoas se apressavam em cumprir. Então

perguntou quem era aquele homem, e lhe responderam que se tratava do

Mensageiro de Deus. Aproximou-se dele, e o saudou: "Para ti seja a paz, ó

Mensageiro de Deus!" - disse-o duas vezes. Porém, o Profeta lhe replicou:

"Não digas 'Para ti seja a paz' , pois que essa é a saudação dos mortos. Outrossim,

dize: 'Que a paz esteja contigo!" Perguntou-lhe: És tu o Mensageiro de Deus?"

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Respondeu: "Sim, sou o Mensageiro de Deus, o Qual, se te ocorrer uma desgraça

e Lhe suplicares, ta fará desaparecer; e se passares por um ano de seca, e Lhe

implorares, fará com que tua terra produza. E se te encontrares numa terra

desértica e perderes tua montaria, e Lhe suplicares, Ele ta devolverá." Disse

Sulaim: "Aconselha-me, pois!" Disse o Profeta: "Nunca insultes a ninguém!"

(Jáber Ibn Sulaim acrescentou que, depois daquelas palavras, nunca mais voltou

a insultar a ninguém nem a nada, fosse homem, escravo, camelo ou ovelha). E

o Mensageiro de Deus prosseguiu: "Não negligencies o praticar qualquer ato

benigno, ainda que seja o de dirigir, com semblante alegre, palavras para um

irmão, pois que isso é realmente um ato de bem. Contudo, que a tua túnica não

seja tão comprida a ponto de ir além da metade das tuas pernas ou, quando

muito, até os tornozelos. E jamais arrastes tua túnica, porquanto isso é sinal de

arrogância, e Deus não estima os arrogantes. Além do mais, se um homem te

ofender por saber algo sobre ti, não o ofendas por algo que saibas sobre ele,

pois ele arcará com as falhas como consequência das suas ofensas." (Abu Daúd

e Tirmizi)

797. Abu Huraira (R) disse: " A um indivíduo que estava ocupado em

oração, e com o seu manto se arrastando, o Mensageiro de Deus (S) lhe disse:

'Sai, e vai fazer novamente a tua ablução!' O homem foi e voltou, após ter feito

o que o Profeta (S) mandara. Este disse outra vez: "Sai, e vai fazer a tua ablução!'

Alguém que estava presente disse: -ó Mensageiro de Deus, por que pedes a ele

que faça a ablução?' Ele disse: 'Ele está praticando a oração com o seu manto

se arrastando! Deus não aceita a oração da pessoa que deixa o seu manto se

arrastando'." (Abu Daúd)

798. Qais Ibn Bichr al Taghlibi (R) disse que seu pai, que era companheiro

do Abu Dardá (R), disse: "Havia um homem em Damasco cujo nome era Ibn al

Hanzaliya, e que era um companheiro do Profeta (S). Ele levava uma vida de

reclusão, e não passava muito tempo na companhia das pessoas. Utilizava a

maior parte do tempo em salat (orações) e quando estava livreda salat,

costumava lembrar-se de e glorificar a Deus, com um rosário, uma vez que os

membros da sua família lhe proviam as necessidades. Num dia, quando

estávamos sentados com o Abu Dardá (R), ele passou por nós. O Abu Dardá (R)

disse para ele: 'Dize-nos uma coisa que nos irá beneficiar, e não te irá causar

dano!' O Ibn al Hanzaliya (R) disse: 'O Mensageiro de Deus (S) despachou

uma pequena parte dos Mujahidin numa missão e, quando eles voltaram, um

deles veio para um ajuntamento em que estava incluído o Mensageiro de Deus

(S), e disse para a pessoa que estava perto dele: 'Gostaria que nos tivesses visto

quando nos enfrentamos com os inimigos; um deles (um incrédulo) pegou da

lança e golpeou um muçulmano que golpeando de volta, disse: 'Toma isto de

mim, e fica sabendo que eu sou apenas um escravo Ghifari!' Agora, qual a tua

opinião sobre isso?' Uma pessoa que estava sentada por ali disse: 'Acho que ele

perdeu a recompensa por causa da sua arrogância! Outra pessoa, ouvindo aquilo,

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argumentou: 'Não vejo mal algum nisso!' Os dois começaram a discutir, até

que o Profeta (S) os ouviu, e disse: 'Glorificado seja Deus! não há mal algum

em dar-lhe a recompensa na Vida Futura, ou de se elogiá-lo neste mundo!" O

Bichr (R) disse: "O Abu Dardá (R) pareceu contente com aquilo e, levantando

a cabeça, disse: 'Ouviste o Profeta (S) dizer isso?' Quando o Ibn ai Hanzaliya

disse que sim que ouvira, o Abu Dardá (R) repetiu a sua pergunta por várias

vezes. Por fim, eu perguntei para o Abu Dardá (R) por que ele estava a aborrecêlo

(ao Ibn ai Hanzaliya)." O Qais Ibn Bichr disse que o Ibn al Hanzaliya os

encontrou novamente no dia seguinte, e que o Abu Dardá lhe disse: "Dize-nos

algo que poderá ser-nos útil, e não será danoso para ti!" Ele disse: "O Profeta

(S) nos disse que aquele que gasta para alimentar um cavalo é como aquele que

gasta generosamente em caridade, e não pára por aí!" O Ibn ai Hanzaliya (R)

passou por nós num outro dia, e o Abu Dardá (R) lhe disse: "Dize-nos algo que

poderá ser útil para nós, e que não te fará mal!" Ele disse: "O Mensageiro de

Deus (S) disse, numa ocasião: 'O Khuraim ai Assidi poderia ter sido o melhor

indivíduo, não fosse pelos seus cabelos longos e pelo seu manto se arrastando!'

Aquele comentário chegou aos ouvidos do Khuraim e, de pronto, cortou os

cabelos até às orelhas, e encurtou seu manto até aos joelhos." (Abu Daúd)

799. Abu Saíd ai Khudri (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) tenha

dito: "O manto do muçulmano deverá estar para cima da metade das canelas

das suas pernas ou, quando muito, das canelas e das juntas dos joelhos; mas não

haverá mal se estiver acima das canelas (ou ele disse que não haverá pecado). O

que estiver abaixo das canelas será destinado ao Inferno. Deus não olhará na

direção da pessoa que baixar seu manto, por orgulho." (Abu Daúd)

800. Abdullah Ibn Ômar (R) relatou: "Uma vez passei pelo Mensageiro

de Deus (S) e o meu camisolão estava-se arrastando. O Profeta me disse: -o

Abdullah, puxa o teu camisolão para cima' . Eu o puxei para cima. Ele me disse:

'Puxa um pouco mais', e eu puxei-o. Desde então passei a usá-lo curto. Alguém

da sua tribo perguntou: 'Quão curto?' Ele disse: 'Até ao meio da pema."'

(Musslim)

801. Abdullah Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"No Dia do Julgamento, Deus não irá olhar na direção da pessoa que arrastar as

suas vestes, por orgulho."A Ummu Salama (R) perguntou: "O que as mulheres

terão de fazer com suas saias? Desse modo seus pés ficarão expostos!" O Profeta

(S) disse: "Então abaixarão suas saias o comprimento duma braça, nada mais."

(Abu Daúd e Trimizi)

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CAPÍTULO 120

A RECOMENDAÇÃO DE SE EVITAR, POR MODÉSTIA, USAR

ROUPAS DE LUXO

802. Muaz Ibn Anas (R) contou que o Mensageiro de Deus (5) disse:

"Quanto àquele que deixar de usar roupas de luxo, ainda que possa pagar por

elas, em sinal de humildade ante Deus, Ele o levará, no Dia da Ressurreição,

na presença de todas as criaturas, para proporcionar-lhe a escolha de qualquer

túnica que goste, dentre todas as vestes da Fé." (Tirmizi)

CAPÍTULO 121

A MODÉSTIA NO VESTIR

803. Amr lbn Chuaib (R) relatou, baseado na autoridade do seu pai e

seu avô, que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Deus Se satisfaz em ver os

efeitos da Sua graça sobre os Seus servos." (Tirmizi)

CAPÍTULO 122

A PROIBIÇÃO DE VESTIREM-SE COM ROUPA DE SEDA, OS

HOMENS. PERMISSÃO PARA QUE AS MULHERES SE VISTAM

DE SEDA

804. Ômar Ibn aI Khattab (R) relatou ter ouvido o Mensageiro de Deus

(5) dizer: "Não deveis vestir seda, porque quem o vestir neste mundo, não o

vestirá no Outro." (Muttafac alaih)

SOS. Ômarlbn aI Khattab (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus

(S) dizer: "A seda é usada pela pessoa que não terá seu quinhão (de benesses)

na Vida Futura." (Muttafac alaih)

S06. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Aquele

que se vestir de seda neste mundo, não poderá usá-Ia no Outro." (Muttafac

alaih)

807. Áli (R) relatou: "Vi o Mensageiro de Deus (S) pegar uma peça de

seda na sua mão direita e um pedaço de ouro na mão esquerda, e o ouvi dizer:

'Estas duas coisas são ilícitas para os homens da minha umma. " (Abu Daúd)

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808. Abu Mussa al Ach'ari (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

disse: "Não é lícito, para os varões da minha nação, vestirem-se de seda e usarem

ouro, conquanto o seja para as mulheres." (Tirmizi)

809. Huzaifa (R) relatou: "O Profeta (S) nos proibiu bebermos ou

comermos em potes feitos de ouro ou prata, vestirmos roupas de seda natural e

seda trabalhada, ou de nos sentarmos em almofadas feitas de tais tecidos."

(Bukhári)

CAPÍTULO 123

A PERMISSÃO, AOS HOMENS QUE PADECEM DE ESCABIOSE,

PARA USAREM ROUPAS DE SEDA

810. Anas (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) autorizou que AI

Zubair e Abdel Rahman Ibn Auf se vestissem de seda, porque sofriam de

eczemas. (Muttafac alaih)

CAPÍTULO 124

A PROIBIÇÃO DE SE SENTAR SOBRE PELES DE TIGRE OU A SUA

UTILIZAÇÃO COMO APARATO DE MONTARIA

811. Muáwiya (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Não

vos monteis em assentos feitos de seda ou de pele de tigre!" (Abu Daúd)

812. Abu ai Malih transmitiu o que seu pai (R) contara, ou seja, que o

Mensageiro de Deus (S) proibira o uso das peles de animais ferozes." (Abu

Daúd, Tirmizi e Nassá'i)

CAPÍTULO 125

O QUE SE DEVE DIZER AO SE VESTIR UM TRAJE NOVO

813. Abu Saíd ai Khudri (R) relatou que quando o Mensageiro de Deus

(S) vestia um novo traje, costumava dar-lhe nome, como por exemplo, ele dizia:

"Este é um turbante," ou "esta é uma camisa" ou "este é um manto", e fazia a

seguinte prece: -oDeus, o louvor é de Ti, pois Tu é Quem me deste isto para eu

vestir. Peço-Te o bem dele e o bem de propósito para o qual foi feito. Peço-Te a

proteção contra o seu mal e o mal do propósito para o qual foi feito!" (Abu

Daúd e Tirmizi)

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CAPÍTULO 126

AVIRTUDE DE SE COMEÇAR COM O LADO DIREITO, QUANDO

SE ESTÁ VESTINDO UMA ROUPA

Os ahádice pertinentes a este tema já foram citados no capítulo 99

CAPÍTULO 127

LIVRO DA ÉTICA DE DORMIR E DE SE RECLINAR

814. AI Barrá Ibn Ázeb (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S)

costumava, ao ir para a cama, deitar-se sobre o lado direito e dizia: 'Deus meu,

a Ti me entrego, e a Ti oriento o meu rosto, e a Ti encomendo meus assuntos;

em Ti resguardo os meus costados, por amor e por temor a Ti. Não há refúgio

nem salvaguarda de Ti, a não ser em Ti, creio e tenho fé na escritura que me

revelaste e no Profeta que enviaste.' (Bukhari).

815. AI Barrá Ibn Ázeb (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) lhe

disse: "Quando fores deitar-te, faze a ablução como se o fizesses para a oração;

então deita-te sobre o lado direito, e dize: 'Deus meu, submeto a minha alma a

Ti, a Ti volto o meu rosto; a Ti encomendo o meu destino, e em Ti busco refúgio

para os meus costados, com amor e temor, porque não há refúgio nem salvação

de Ti, a não ser em Ti. Creio e tenho fé no Livro que revelaste e no Profeta que

enviaste!' Que essas sejam as últimas palavras que digas antes de dormires."

(Muttafac alaih)

816. Aicha (R) relatou: "Às noites, o Mensageiro de Deus (S) realizava

uma prece de onze racát e, ao chegar a aurora, fazia duas racát breves. Então se

deitava sobre o lado direito, até que o muézin fizesse o chamado para a oração."

(Muttafac alaih)

817. Huzaifa (R) relatou: "Quando o Profeta (S) se deitava, à noite,

colocavaamão sob o rosto e dizia: -ó Deus, em Teu nome eu morro e desperto!'

Quando despertava, dizia: "Louvado seja Deus que nos fez viver, depois de nos

fazer morrer. Por certo que o retorno será a Ele. '" (Bukhári)

818. Yaich Ibn Tikhfah al Ghifári (R) relatou o que ouviu do seu pai: Ele

estava deitado de bruço na mesquita quando alguém o sacudiu com os pés,

dizendo que aquele modo de se deitar desagradava a Deus. Quando ele olhou

para cima, constatou que era o Mensageiro de Deus (S). (Abu Daúd).

819. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Aquele que se sentar em algum lugar sem se lembrar de Deus estará em falta

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para com Ele, exaltado seja; e aquele que se deitar em algum lugar, sem se

lembrar d'Ele, exaltado seja, estará em falta com Deus." (Abu Daúd)

CAPÍTULO 128

AAPROVAÇÃO DE A PESSOA RECLINAR-SE, CRUZANDO AS

PERNAS, SE NÃO HOUVER A POSSIBILIDADE DE AS PARTES

PUDENDAS FICAREM A DESCOBERTO

820. Abdullah lbn Zaid (R) disse que viu o Mensageiro de Deus (S)

deitado, de costas, na mesquita, com um pé em cima do outro. (Muttafac alaih)

821. Jáber lbn Samura (R) relatou: "Quando o Mensageiro de Deus (S)

terminava a oração da madrugada, sentava-se, no seu local (de oração), com as

pernas cruzadas, e assim permanecia, até que saísse o sol e clareasse o dia."

(Abu Daúd)

822. lbn Ômar (R) relatou: "Certa ocasião, vi o Mensageiro de Deus (S)

sentada no pátio da Caaba, com ambas as mãos nos dois joelhos." (Bukhári)

823. CailaBint Makhrama (R) contou: "Certa ocasião, o Mensageiro de

Deus (S) estava sentado, de cócoras, e apoiado em ambas as mãos. Encontravase

tão absorto em sua meditação, que me fez tremer (de tanto respeito para com

ele)." ~AblrDaúd)

824. AI Charid Ibn Suaid (R) narrou que, certa ocasião, o Mensageiro

de Deu (S) passou perto dele, que estava sentado, apoiando-se na palma da mão

esquerda, a qual havia colocado atrás das costas. Disse-lhe: "Queres acaso sentarse

como os abominados?" (Abu Daúd)

CAPÍTULO 129

AS BOAS MANEIRAS NAS REUNIÕES

825. Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Ninguém

deve pedir a outro para dar-lhe o lugar, apesar do que quem estiver sentado

poderá apertar-se um pouco para proporcionar um local para o outro." Se alguém

se levantava para Ibn Ômar para dar-lhe o lugar, ele não aceitava. (Muttafac

alaih)

826. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se

algum de vós tiver deixado o lugar por uns instantes, e retomar pouco depois,

terá mais direito de tomar o lugar, que era dele." (Musslim)

827. Jáber Ibn Samura (R), relatou: "Quando íamos visitar o Mensageiro

de Deus (S), cada um de nós se sentava, sucessivamente, no último assento

vago," (Abu Daúd e Tirmizi)

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828. Salman, o persa (R), relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Quando um homem toma banho, às sextas-feiras, e se purifica o máximo que

possa, perfuma-se e, em seguida, se dirige para a mesquita, aonde se senta sem

separar outros dois, e realiza as orações que Deus prescreveu, e então escuta

com atenção o que diz o imame, Deus lhe perdoa as faltas que havia cometido

desde a sexta-feira anterior." (Bukhári)

829. Amr Ibn Chuaib transmitiu o que relatou seu pai, e este, o que

narrara o seu pai (R), isto é, que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Não é lícito

para um homem sentar-se entre outros dois que estejam sentados juntos, a não

ser que seja com a permissão deles." (Abu Daúd e Tirmizi)

830. Huzaifa Ibn al Yaman (R) contou que o Mensageiro de Deus (S)

maldizia quem se sentasse no centro de um círculo de homens reunidos. (Abu

Daúd)

831. Abu Saíd al Khudri (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Deus

(S) dizer: "As melhores assembléias são aquelas espaçosas e dilatadas." (Abu

Daúd)

832. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Se

alguém participar de uma reunião em que coisas fúteis estão sendo faladas, e se

essa pessoa antes de sair suplicar: -ó Deus, glorificado e louvado sejas. Presto

testemunho de que não há outra divindade além de Ti. Peço-Te perdão e o retorno

será a Ti', essa pessoa será perdoada por sua participação em tal reunião."

(Tirmizi)

833. Abu Barza (R) relatou que ao se aproximar o dia do desfecho da

sua vida, o Mensageiro de Deus (S), vendo que iria deixar uma reunião,

costumava suplicar: -ó Deus, louvado sejas, e todo o louvor é para Ti! Presto

testemunho de que não há outra divindade além de Ti! Peço o Teu perdão, e me

volto a Ti!" Um homem lhe disse: -ó Mensageiro de Deus, estás agora dizendo

palavras que nunca disseste antes!" Ele disse: "Essas palavras são uma expiação

do que se passa numa reunião." (Abu Daúd)

834. Ibn Ômar (R) relatou que sempre que o Mensageiro de Deus (S) se

levantava de uma reunião, implorava a Deus, com estas súplicas: "Deus meu,

infunde-nos o temor a Ti, para que haja uma barreira entre a desobediência a Ti

e nós; outorga-nos a obediência a Ti, com a qual alcançaremos o Paraíso;

concede-nos a convicção com a qual as calamidades da vida nos serão mais

leves! Deus meu, permite-nos desfrutarmos de nossos ouvidos, nossas vistas e

nossas forças - enquanto nos permitires vivermos -, e que nos acompanhem até

ao fim dos nossos dias! E faze com que nossa vingança seja contra aqueles que

nos oprimem, e concede-nos o respaldo contra quem nos declara sua inimizade!

Não deixes que soframos desgraças em nossa religião, e não permitas que a

vida terrena seja o nosso anseio máximo, ou que seja o centro da nossa

preocupação! Deus meu, não nos designes alguém com autoridade, que não

seja benevolente para conosco!" (Tirmizi)

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835. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Aqueles que deixam uma reunião na qual o nome de Deus não foi mencionado,

deixam-na como morta, e isso será uma fonte de pesares para eles." (Abu Daúd)

836. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando um grupo

de homens se reunir, sem se lembrarem de Deus, exaltado seja, e sem Lhe

pedirem a bênção sobre o Profeta, durante essa reunião, isso acarretará em falta

perante Deus. Em conseqüência, se Ele desejar, castigá-los-á ou os perdoará."

(Tirrnizi)

837. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Aquele que se sentar em algum lugar sem se lembrar de Deus estará em falta

para com Ele, exaltado seja; e aquele que se deitar em algum lugar, sem se

lembrar d'Ele, exaltado seja, estará em falta com Deus." (Abu Daúd)

CAPÍTULO 130

A QUESTÃO DOS SONHOS

Deus, louvado seja, disse:

"E entre os Seus sinais está o do vosso dormir a noite e, durante o

dia.~." (Alcorão Sagrado, 30:23).

838. Abu Huraira (R) relatou ouviu o Mensageiro de Deus (S) dizer:

"Não sobrou nenhum sinal de profecia, exceto as boas-novas." Perguntaramlhe:

"Quaissão as boas-novas?" Respondeu: "Os Bons sonhos!" (Bukhári)

839. Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: "Quando o tempo

(o Diado Julgamento) estiver próximo, o sonho do muçulmano não será falso,

eo sonho do muçulmano é uma das quarenta e seis partes da profecia." (Muttafac

alaih)

840. Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A

pessoa que me vir, nos seus sonhos, ver-me-á no estado de vigília, num futuro

próximo", ou ele disse: "como se me visse no seu estado de vigília, porque o

Satanás não me pode personalizar." (Muttafac alaih)

841. Abu Saíd Al Khudri relatou que ouviu o Profeta (S) dizer: "Quando

alguém tem um sonho agradável, isso é uma graça de Deus; ele deve louvar a

Deus, e contá-lo aos seus amigos." (Muttafac alaih)

. 842. Abu Catada (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "A

visão, nos sonhos, agradável em forma e interpretação, provém de Deus, ao

passo que os sonhos desagradáveis provêm de Satanás. Assim sendo, se a pessoa

passar por um sonho desagradável, deve assoprar a mão esquerda, por três vezes,

e-implorar o refúgio em Deus contra Satanás. Desse modo, esse sonho não lhe

causará transtorno." (Muttafac alaih)

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843. Jáber (R) narrou que o Mensageiro de Deus (S) disse: "Quando

alguém passar por sonho desagradável, deve cuspir três vezes para o lado

esquerdo e pedir refúgio em Deus contra Satanás, também por três vezes; ainda

assim, deve mudar de posição." (Muslsim)

844. Wácila Ibn al Asca (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse:

"Entre as piores falácias, está aquela em que um homem reivindique uma falsa

paternidade, ou declare haver visto, em sonhos, algo que não viu; ou que fale

pela boca do Mensageiro de Deus algo que este não disse." (Bukhári)

Deus, Exaltado seja, diz:

"Quanto aos crentes que praticam o bem, seu Senhor os encaminhará,

por sua fé, aos jardins do prazer, abaixo dos quais correm os rios, onde sua

prece será: Glorificado sejas, ó Deus! Aí a sua mútua saudação será: Paz!

E o fim de sua prece será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!" (Alcorão

Sagrado, 10:9-10).

Louvado seja Deus que nos orientou para isso, e não estaríamos orientados

sem a Sua orientação. Ó Deus, cumula a Muhammad' e a seus familiares com as

Tuas bênçãos e graças, como cumulaste a Abraão e a seus familiares. Ó Deus,

abençoa a Mohammad e a seus familiares, como abençoaste a Abraão e seus

familiares. Tu és Louvável, Graciosíssimo.


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